Sudeste concentra quase metade dos mamógrafos do Brasil

Painel Abramed 2019 ressalta desigualdade na oferta de exames nos estados, ocasionando o chamado vazio assistencial; região Norte possui apenas 6% dos equipamentos do país

Não há dúvidas de que os equipamentos de imagem e sua evolução tecnológica são essenciais para a melhoria na qualidade do diagnóstico e maiores chances de cura de algumas doenças. Esse fato é ainda mais significativo quando falamos em mamografia, exame mais indicado pela Sociedade Brasileira de Mastologia para detecção precoce do câncer de mama – que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), é o câncer que mais acomete as mulheres do país, com um total de novos 59.700 casos previstos para todo o ano de 2019.

“Os casos detectados precocemente têm muito mais chances de cura e melhor tratamento”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed. “Segundo o relatório de auditoria operacional do Tribunal de Contas da União, uma das principais causas para imprevisibilidade da atenção oncológica é o despreparo da atenção primária para rastrear os casos de câncer, refletindo no diagnóstico avançado da doença”, diz.

O relatório demonstra que 53,9% dos pacientes com câncer de mama no Brasil foram diagnosticados em estadiamento avançado, estágios 3 e 4. Para entendimento: o câncer de mama é classificado em 5 estágios principais (0 a 4), tendo chances melhores de tratamento quando detectado entre os estágios 0 e 2. Mesmo sendo um número relevante e desafiador para o sistema de saúde, existem outros entraves que cercam o câncer de mama no país, como o vazio assistencial.

Dados do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico mostram que dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 1.217 (21,8%) possuem ao menos um equipamento de mamografia. Entre esses, o número aproximado de mamógrafos é de 4,7 por cidade, em média. Do total de 5.723 mamógrafos em uso distribuídos no país em dezembro de 2018, 11,4% concentravam-se nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, com um total de 652 unidades.

A região Sudeste concentra quase 47,44% dos aparelhos do país, tanto na esfera pública como na privada. Em seguida vem Nordeste (22,2%); Sul (15,7%), Centro-Oeste (8,5%) e Norte (6%). “Norte e Nordeste, juntos, com todo o seu tamanho de território e população de quase 75 milhões de habitantes, têm um número muito reduzido em relação ao Sudeste, por exemplo”, pontua Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed.

“Nas regiões mais urbanizadas e populosas há maior oferta dos recursos de saúde, além de uma maior presença de hospitais, laboratórios e profissionais da área médica”, comenta Priscilla. “Adicionalmente, os determinantes sociais e outras características individuais ou de grupos da população influenciam a demanda. A consequência desse arranjo é a desigualdade na oferta de bens e serviços de saúde, ocasionando o chamado vazio assistencial”, acrescenta.

MAMOGRAFIA NO BRASIL: VOLUME DE EXAMES ABAIXO DO IDEAL

Considerando a disponibilidade de equipamentos em uso – nas esferas pública e privada –, nota-se que a distribuição geográfica dos equipamentos de mamografia não é homogênea ao longo do território nacional. O resultado dessa discrepância é a cobertura insuficiente de exames de mamografia.

Pesquisadores da Sociedade Brasileira de Mastologia, em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia, divulgaram em 2018 um estudo revelando que o percentual das mulheres da faixa etária entre 50 e 69 anos, em 2017, atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi o menor dos últimos cinco anos. Para se entender o contexto, eram esperadas 11,5 milhões de mamografias e realizaram-se apenas 2,7 milhões, uma cobertura de 24,1%, bem abaixo dos 70% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Por um lado, na saúde suplementar, dados do Painel Abramed mostram que o número de mamografias apresentou ligeira redução, registrando 5 milhões de exames entre 2017 e 2018, queda de 0,4%. Por outro, o número de mamografias em mulheres de 50 a 69 anos alcançou 2,3 milhões e cresceu 1,8%, no mesmo período. “Na saúde suplementar, considerando o número de exames realizados e a quantidade de mulheres com idade entre 50 e 69 anos, a taxa de cobertura para o exame alcançou 48,6% das mulheres, ou seja, 1/3 das mulheres nessa faixa etária não realizou o exame preventivo. Para atender esse público seria necessário a realização de aproximadamente 3,3 milhões de mamografias, ou seja, cerca de 1 milhão acima do observado em 2018, segundo a recomendação da OMS de 70% de cobertura para o grupo de risco”, diz Priscilla

“Mesmo com as campanhas de conscientização, o número de exames de mamografia ainda é abaixo do ideal, tanto no setor público como no setor privado. Confrontando esses dados, é alarmante ver, em algumas áreas críticas da saúde, tanta deficiência em exames para detecção precoce de doenças graves”, finaliza Shcolnik.

Dados destacados (2018):

• Mamógrafos em uso distribuídos no país em dezembro de 2018: 5.723*

• Número de mamógrafos simples: 3.963*

• Número de mamógrafos computadorizados: 889; eram 456 em 2014 (aumento de 95%)*

• 1.217 (21,8%) municípios brasileiros possuem ao menos um equipamento de mamografia*

• Distribuição de mamógrafos por região brasileira: Sudeste (47,44%); Nordeste (22,2%); Sul (15,7%), Centro-Oeste (8,5%) e Norte (6%)*

• Distribuição de mamógrafos na rede privada, por região brasileira: Centro-Oeste (78%), Nordeste (72,90%), Sudeste (70,90%), Sul (67,40%), Norte (58,4%)*

• Distribuição de mamógrafos na rede pública e sem fins lucrativos, por região brasileira: Norte (41,6%), Sul (32,6%), Sudeste (29,1%), Nordeste (27,1%), Centro-Oeste (22%)*

• Número de mamografias apresentou ligeira redução e registrou 5 milhões na saúde suplementar entre 2017 e 2018, com redução de 0,4%**

*Fonte: Ministério da Saúde – Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil (CNES)

**Fonte: Painel Abramed 2019 – O DNA do Diagnóstico

Abramed solicita à Anvisa liberação imediata de insumos para exames de diagnóstico do novo coronavírus

A criação de um canal direto de comunicação entre as entidades ajudará com que os materiais cheguem rapidamente aos laboratórios, garantindo o atendimento à população durante o pico da pandemia

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) encaminhou nesta quinta-feira (19) um ofício ao diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, solicitando a liberação imediata de insumos necessários para exames laboratoriais para diagnóstico do COVID-19. As empresas associadas à Abramed representam mais de 50% de todos os exames realizados pela saúde suplementar no país.

No texto, a Abramed alerta que a alta demanda de exames laboratoriais para o diagnóstico do COVID-19 trouxe ao setor de medicina diagnóstica brasileiro a preocupação com a falta de insumos necessários para a realização desses exames. “Os reagentes usados nos exames laboratoriais para o diagnóstico do coronavírus são importados e enfrentam os trâmites estabelecidos pela Anvisa para entrada no Brasil. Entretanto, diante de um cenário de crise, solicitamos a colaboração da Anvisa para imediata liberação destes insumos ao chegarem ao país”, destacou a Associação em nota.

Os exames laboratoriais e de imagem são responsáveis pelo diagnóstico do novo coronavírus, etapa fundamental não apenas para o tratamento de casos detectados, mas também para o isolamento de pacientes durante o período recomendado pelas autoridades médicas, segundo recomenda o Ministério da Saúde. A finalidade deste ofício é desburocratizar a importação desses materiais a fim de ampliar a capacidade de testes no país e, assim, garantir o atendimento à população durante pico da pandemia. Com esse procedimento, os insumos importados serão enquadrados na categoria prioritária das petições de registro. 

A Abramed também destaca no documento a solicitação da criação de um canal direto de comunicação à Anvisa. O objetivo é que a Associação possa informar a chegada dos insumos importados para a imediata liberação por parte da Agência para que os insumos cheguem rapidamente aos laboratórios que realizam os exames. “Diante da grave situação de saúde pública que atravessa nosso país devido a pandemia do novo coronavírus, a Abramed está empenhada em contribuir e agradece a oportunidade de interlocução com a Anvisa”, diz texto.

Quase 1/5 dos exames têm resultados acessados por meio da internet

Acesso online a exames fortalece o empoderamento do paciente no ciclo de cuidado; entre 50% e 70% das condutas médicas são baseadas em exames de diagnóstico

Quase 1/5 dos exames realizados têm seus resultados acessados por meio da internet. É o que revela a edição do Painel Abramed 2019 – O DNA do Diagnóstico, publicação anual elaborada pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

De acordo com dados do estudo, as empresas associadas à Abramed – que representam 56% do mercado de diagnóstico brasileiro na saúde suplementar – foram responsáveis por 480,8 milhões de exames em 2018. Desse total, 83,4 milhões (17,5%) foram acessados online.

Os acessos online de exames são impulsionados progressivamente pela expansão da internet no país. De acordo com dados publicados em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 79,9% dos brasileiros vivem em lares com internet, fixa ou móvel. Isso quer dizer que 166 milhões de brasileiros já têm algum acesso à rede.

“Os acessos online ainda vão aumentar muito, uma vez que a maioria da população brasileira já está conectada e que recursos e ferramentas para esse tipo de acesso são disponibilizados pela grande maioria das empresas. 100% de nossas associadas oferecem essa conveniência a seus clientes”, conta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed. A executiva destaca ainda que as plataformas online para leitura e retirada de exames são facilitadoras no ciclo do cuidado do paciente e proporcionam, por exemplo, que usuários retirem seus resultados em regiões distantes de centros urbanos, reduzindo custos de locomoção.

O valor da medicina laboratorial no tratamento do paciente é inquestionável. Segundo dados do Painel 2019, entre 50% e 70% das condutas médicas são baseadas em exames de diagnóstico, ou seja, trata-se de um relevante elemento no sistema de saúde que subsidia as decisões clínicas por meio de informações de prevenção, diagnóstico e tratamento.

O Painel informa também que 15,9 milhões de laudos não teriam sido acessados e/ou retirados pelos pacientes em 2018. O número equivale a somente 4% do total de exames de imagem e análises clínicas realizados durante o período. Muitas vezes, a razão do não acesso do laudo acontece devido ao mesmo ser acessado diretamente pelos profissionais de saúde, sem sequer passar pelo paciente.

O acesso de exames online fortalece o empoderamento do paciente, que assume a corresponsabilidade no cuidado com sua saúde. “O processo de diagnóstico tem implicações importantes no ciclo de cuidado com o paciente. Por isso, é importante que ele acompanhe seu estado de saúde e participe de diálogos e decisões sobre as melhores possibilidades de tratamento, minimizando riscos e ampliando resultados positivos”, finaliza Priscilla.

Canal de denúncias contribui para manutenção da ética

Ao receber informações sob confidencialidade e garantir o sigilo do denunciante, ação atua fortemente no combate a fraudes

Nos últimos anos, a presença constante de matérias sobre corrupção de agentes do governo, fraudes em licitações e desvios de dinheiro público veiculadas na grande imprensa despertou a atenção das empresas que, extremamente preocupadas com perdas financeiras e com sua imagem e reputação perante seus clientes e stakeholders, passaram a investir em ações para combater qualquer atitude que fugisse às normas de ética e compliance.

Contribuindo com o combate à desvios de conduta, o Canal de Denúncias associado a um Programa de Compliance lastreado por um Código de Conduta é de fundamental importância, como comenta Marisol Peña Rodriguez, gerente administrativa de Riscos e Compliance e membro do Comitê de Governança e Compliance da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). “O canal atua como um norteador dos valores da instituição para funcionários, parceiros e fornecedores, sobrepondo-se de forma ética e responsável”, explica.

No segmento de medicina diagnóstica essa busca pela transparência tem sido constante e o que no passado era tolerável, já não passa mais no crivo dos programas de ética que buscam, sempre, bloquear qualquer atitude suspeita desde seu surgimento.

Na Abramed, por exemplo, o Canal de Denúncias – criado para que qualquer pessoa possa comunicar anonimamente ações que violem o código de conduta e as boas práticas tanto da Associação quanto do segmento – recebe e registra as informações de forma sigilosa e sem qualquer conflito de interesses. Na sequência, a alta administração da entidade direciona a denúncia ao seu tratamento adequado.

“O Canal de Denúncias pode se tornar uma excepcional ferramenta de registro capaz de identificar falhas nos processos e riscos na gestão”, comenta Marisol, enfatizando que a Lei Anticorrupção (lei nº 12.846/2013) prevê que se a instituição que trabalha com o poder público comprova possuir um canal de denúncias bem estruturado, ela terá benefícios caso haja alguma transgressão por parte de seus colaboradores.

Construção de um canal de denúncias eficaz

Marisol também menciona que algumas ações são fundamentais para que instituições lancem seus canais de denúncia. Entre os tópicos listados pela especialista está a comunicação eficiente. “A comunicação é indispensável para que o canal seja visto como uma boa iniciativa”, pontua. “Auxilia, também, no reforço do profissionalismo do canal e de que todas as denúncias serão apuradas, sempre filtrando àquelas inconsistentes, incompletas ou que sirvam apenas para prejudicar gestores e colegas de trabalho”, complementa.

A garantia da confidencialidade do início ao fim é ponto-chave para um canal de denúncias funcionar de forma correta. “É extremamente recomendado que esse canal seja independente para proporcionar total confidencialidade e proteção tanto do denunciante quanto do denunciado e que conte, inclusive, com incentivo e reforço do grupo gerencial a fim de evitar o medo e o receio”, relata lembrando que, na Abramed, as denúncias são recebidas pela ICTS, empresa independente e especializada.

Também são imprescindíveis a criação de mecanismos de tratamento adequado às denúncias, com total isenção e sigilo a fim de evitar constrangimentos e descréditos do canal; acompanhamento do denunciante mesmo que a apuração não tenha o resultado por ele esperado; e elaboração de uma política de consequências para tratar casos recorrentes, além de transparência para com os envolvidos.

Acesse o Canal de Denúncias da Abramed aqui.

Sudeste concentra quase metade dos mamógrafos do Brasil

Painel Abramed 2019 ressalta desigualdade na oferta de exames nos estados, ocasionando o chamado vazio assistencial; região Norte possui apenas 6% dos equipamentos do país

Não há dúvidas de que os equipamentos de imagem e sua evolução tecnológica são essenciais para a melhoria na qualidade do diagnóstico e maiores chances de cura de algumas doenças. Esse fato é ainda mais significativo quando falamos em mamografia, exame mais indicado pela Sociedade Brasileira de Mastologia para detecção precoce do câncer de mama – que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), é o câncer que mais acomete as mulheres do país, com um total de novos 59.700 casos previstos para todo o ano de 2019.

“Os casos detectados precocemente têm muito mais chances de cura e melhor tratamento”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed. “Segundo o relatório de auditoria operacional do Tribunal de Contas da União, uma das principais causas para imprevisibilidade da atenção oncológica é o despreparo da atenção primária para rastrear os casos de câncer, refletindo no diagnóstico avançado da doença”, diz.

O relatório demonstra que 53,9% dos pacientes com câncer de mama no Brasil foram diagnosticados em estadiamento avançado, estágios 3 e 4. Para entendimento: o câncer de mama é classificado em 5 estágios principais (0 a 4), tendo chances melhores de tratamento quando detectado entre os estágios 0 e 2. Mesmo sendo um número relevante e desafiador para o sistema de saúde, existem outros entraves que cercam o câncer de mama no país, como o vazio assistencial.

Dados do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico mostram que dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 1.217 (21,8%) possuem ao menos um equipamento de mamografia. Entre esses, o número aproximado de mamógrafos é de 4,7 por cidade, em média. Do total de 5.723 mamógrafos em uso distribuídos no país em dezembro de 2018, 11,4% concentravam-se nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, com um total de 652 unidades.

A região Sudeste concentra quase 47,44% dos aparelhos do país, tanto na esfera pública como na privada. Em seguida vem Nordeste (22,2%); Sul (15,7%), Centro-Oeste (8,5%) e Norte (6%). “Norte e Nordeste, juntos, com todo o seu tamanho de território e população de quase 75 milhões de habitantes, têm um número muito reduzido em relação ao Sudeste, por exemplo”, pontua Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed.

“Nas regiões mais urbanizadas e populosas há maior oferta dos recursos de saúde, além de uma maior presença de hospitais, laboratórios e profissionais da área médica”, comenta Priscilla. “Adicionalmente, os determinantes sociais e outras características individuais ou de grupos da população influenciam a demanda. A consequência desse arranjo é a desigualdade na oferta de bens e serviços de saúde, ocasionando o chamado vazio assistencial”, acrescenta.

MAMOGRAFIA NO BRASIL: VOLUME DE EXAMES ABAIXO DO IDEAL

Considerando a disponibilidade de equipamentos em uso – nas esferas pública e privada –, nota-se que a distribuição geográfica dos equipamentos de mamografia não é homogênea ao longo do território nacional. O resultado dessa discrepância é a cobertura insuficiente de exames de mamografia.

Pesquisadores da Sociedade Brasileira de Mastologia, em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia, divulgaram em 2018 um estudo revelando que o percentual das mulheres da faixa etária entre 50 e 69 anos, em 2017, atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi o menor dos últimos cinco anos. Para se entender o contexto, eram esperadas 11,5 milhões de mamografias e realizaram-se apenas 2,7 milhões, uma cobertura de 24,1%, bem abaixo dos 70% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Por um lado, na saúde suplementar, dados do Painel Abramed mostram que o número de mamografias apresentou ligeira redução, registrando 5 milhões de exames entre 2017 e 2018, queda de 0,4%. Por outro, o número de mamografias em mulheres de 50 a 69 anos alcançou 2,3 milhões e cresceu 1,8%, no mesmo período. “Na saúde suplementar, considerando o número de exames realizados e a quantidade de mulheres com idade entre 50 e 69 anos, a taxa de cobertura para o exame alcançou 48,6% das mulheres, ou seja, 1/3 das mulheres nessa faixa etária não realizou o exame preventivo. Para atender esse público seria necessário a realização de aproximadamente 3,3 milhões de mamografias, ou seja, cerca de 1 milhão acima do observado em 2018, segundo a recomendação da OMS de 70% de cobertura para o grupo de risco”, diz Priscilla

“Mesmo com as campanhas de conscientização, o número de exames de mamografia ainda é abaixo do ideal, tanto no setor público como no setor privado. Confrontando esses dados, é alarmante ver, em algumas áreas críticas da saúde, tanta deficiência em exames para detecção precoce de doenças graves”, finaliza Shcolnik.

Dados destacados (2018):

• Mamógrafos em uso distribuídos no país em dezembro de 2018: 5.723*

• Número de mamógrafos simples: 3.963*

• Número de mamógrafos computadorizados: 889; eram 456 em 2014 (aumento de 95%)*

• 1.217 (21,8%) municípios brasileiros possuem ao menos um equipamento de mamografia*

• Distribuição de mamógrafos por região brasileira: Sudeste (47,44%); Nordeste (22,2%); Sul (15,7%), Centro-Oeste (8,5%) e Norte (6%)*

• Distribuição de mamógrafos na rede privada, por região brasileira: Centro-Oeste (78%), Nordeste (72,90%), Sudeste (70,90%), Sul (67,40%), Norte (58,4%)*

• Distribuição de mamógrafos na rede pública e sem fins lucrativos, por região brasileira: Norte (41,6%), Sul (32,6%), Sudeste (29,1%), Nordeste (27,1%), Centro-Oeste (22%)*

• Número de mamografias apresentou ligeira redução e registrou 5 milhões na saúde suplementar entre 2017 e 2018, com redução de 0,4%**

*Fonte: Ministério da Saúde – Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil (CNES)

**Fonte: Painel Abramed 2019 – O DNA do Diagnóstico

Reforma Tributária, fator de risco para a saúde

As propostas de reforma tributária representam grande avanço em direção à modernização de estruturas arcaicas que subsistem no Brasil do século XXI. A ideia de simplificação do modelo arrecadatório é muito bem-vinda, mas precisa contemplar especificidades de setores estratégicos para evitar distorções.

Espera-se de um bom sistema tributário que seja simples e transparente para os contribuintes, neutro para não prejudicar a organização eficiente da produção e equânime para não onerar cidadãos com menor capacidade contributiva. A matriz arrecadatória brasileira, no entanto, não apresenta nenhuma dessas características: é complexa e onera excessivamente o consumo, contribuindo para aumento da regressividade; é cumulativa, desorganizando a produção; gera distorções alocativas, estimulando tensões federativas; além da absoluta falta de transparência, causando insegurança jurídica e altos custos de litígio. Neste sentido, os projetos em discussão no Congresso trazem esperança de superação dessa estrutura paquidérmica e ineficiente, rumo a um caminho de estímulo aos investimentos e ao crescimento do país.

Apesar dos benefícios que podem advir da reforma, havemos de nos atentar para seus problemas escondidos, sob pena de prejudicar setores estratégicos para a sociedade, como a saúde. Não obstante as diferenças presentes nos textos em análise, o principal objetivo é reunir todos os tributos incidentes sobre o consumo em um único imposto, com previsão de regime não cumulativo e alíquota uniforme para todos os bens e serviços. Tais características impedem que as particularidades do setor sejam consideradas.

A cadeia de prestadores de serviços da saúde é de complexidade e de capilaridade muito grandes, mas a folha de pagamentos – maior parte da despesa do setor – não poderá ser deduzida do imposto único sobre a receita bruta, resultando em significativo aumento da carga tributária. Nas simulações que fizemos, se a tributação do setor da saúde (ISS + PIS/Cofins) for substituída por uma alíquota de 25% de IBS, haverá aumento de aproximadamente 100% sobre a atual carga tributária!

Em um cenário já combalido pela prolongada crise econômica aliada às altas taxas de desemprego, a saúde tem sido pressionada tanto pelo lado do consumidor, que gradativamente perde capacidade de arcar com os custos dos planos de saúde, quanto pelo lado das fontes pagadoras, que veem suas receitas diminuídas com a perda de usuários. Se acrescentarmos a isso o ônus para o setor da transformação no modelo tributário, a saúde comprometerá seu potencial de contratações e investimentos em inovação.

Fabio Cunha, Diretor da Câmara Jurídica da Abramed

2020 DESAFIOS E TENDÊNCIAS NA VISÃO DE LIDERANÇAS DA SAÚDE

Uma das principais demandas da população, o setor da Saúde começa o novo ano com grandes expectativas.

O Brasil vem de uma das maiores crises de sua história. As turbulências não ficaram totalmente para trás, mas sinais de recuperação e estabilidade, mesmo que tímidos, já podem ser vislumbrados. As reformas têm caminhado em Brasília, a inflação está sob controle e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) registrou no país um discreto aumento do número de beneficiários de planos de assistência médica, de 0,1% (outubro/2019). “Porém, ainda existe a desconfiança acerca do ritmo de crescimento, mesmo diante de uma retomada lenta e gradual da atividade econômica”, comenta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Mas a conjuntura que se apresenta já indica que 2020 será o ano da retomada, com reflexo positivo para o setor de Saúde? Para Sérgio Rocha, presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi), a Associação projeta 2020 com otimismo. “Vemos um país que se movimenta novamente para frente e enxergamos que a economia começa a mostrar reações positivas, o que nos faz pensar em resultados melhores em nossa área”, sublinha. Confira a seguir, na visão de diferentes lideranças e especialistas da Saúde, quais são as tendências e os grandes desafios do setor para o ano que se inicia.

MEDICINA DIAGNÓSTICA

O mercado de medicina diagnóstica é um dos que mais evolui e inova a cada ano. O avanço de tecnologias permite que os exames de diagnóstico sejam realizados em grande escala, em menor tempo, com melhor qualidade e precisão. Este segmento movimenta entre R$ 42 e R$ 43,7 bilhões por ano. E as tendências apontam para um cenário de desenvolvimento, com o surgimento de diversas healthtechs focadas em soluções nos diversos segmentos que permeiam os cuidados do paciente. Mas o país está atrasado quando a gente fala em incorporação tecnológica e uso de alta tecnologia. Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica).

LGPD

Em 2020, precisamos falar abertamente em inserção de novas tecnologias, com o máximo de transparência. Este, em nosso entendimento, é o principal assunto. O governo precisa esclarecer melhor o que quer fazer na saúde e de que forma. Ser mais transparente em suas possíveis ações para que haja previsibilidade e planejamento. Outro assunto é a Lei Geral de Proteção de Dados, sobre a qual nada está claro ainda. Há certa dificuldade de entendimento no setor, uma vez que, além da LGPD, há legislações sanitárias que também lidam com dados dos pacientes e tudo isso precisa ser bem esclarecido. Sérgio Rocha, presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi).

SAÚDE 5.0

Acredito que a Saúde no Brasil tem evoluído muito nos últimos anos com a chegada de novas tecnologias, como soluções paperless, telemedicina, inteligência artificial, IoTs, wearables e a própria medicina de precisão, que possibilita tratar o paciente de modo personalizado através de estudo genômico. Um dos desafios já em discussão da Saúde 5.0 é manter o paciente como o foco principal do processo contando com a otimização no atendimento e tratamento por meio da automação desta jornada, mas ainda assim, proporcionando um cuidado humanizado. Andréa Rangel, CEO da Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS).

ATENÇÃO PRIMÁRIA

Muitos não entenderam quando começamos dizendo que iríamos reorganizar o sistema partindo da atenção primária. No ato mais primário da atenção [a vacinação], vimos que os índices caíram. Então iniciamos um movimento para recuperar um dos orgulhos do SUS: o programa nacional de imunização. Já o Médicos pelo Brasil é um programa em que os critérios não serão mais políticos. Uma série de indicadores apontarão quais unidades e cidades precisam de profissionais. Vamos colocar médico contratado, com carteira assinada, ganhando bem, capacitado em atenção primária. Luiz H. Mandetta, ministro da Saúde, em entrevista para a imprensa no final de 2019.

SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA

Uma das maiores expectativas do setor para este ano é a retomada no crescimento da economia. Acreditamos que os impactos serão positivos para a Saúde no que diz respeito à geração de empregos e ao aumento de beneficiários dos planos de saúde, o que reflete em um maior acesso à saúde privada. Já um dos grandes desafios é a busca pela redução de custos e maior sustentabilidade do sistema. Muitos investimentos estão sendo feitos por nossos hospitais, como modernização de sistemas, melhoria de processos, uso de big data, inteligência artificial, entre outros. Marco Aurélio Ferreira, diretor-executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).

EXPECTATIVA DA SOCIEDADE

Dentre os principais desafios estão as definições de melhores políticas públicas, que sejam capazes de atender os direitos e as expectativas da sociedade e o equilíbrio financeiro do setor para que sejamos capazes de manter e melhorar a estrutura e também adquirir novas tecnologias. Quanto aos assuntos mais abordados neste ano, estão o desenvolvimento e a aquisição de novas drogas; a ampliação do controle e da rastreabilidade dos medicamentos; e a aquisição de novas tecnologias para o tratamento de doenças. Paulo Cesar Maia, presidente-executivo da Associação Brasileira dos Distribuidores de Medicamentos Especializados, Excepcionais e Hospitalares (Abradimex).

TEMPO DE RECUPERAÇÃO

As perspectivas são boas. Vivemos um período consistente de recuperação econômica, tendo no ano de 2019 PIB positivo e com previsões melhores para 2020. Com a economia aquecida, a expectativa é que a geração de emprego ganhe fôlego e isso reflita também no número de vidas na saúde suplementar. Outro cenário de grandes perspectivas é o de fusões e aquisições, que a cada ano ganha destaque. Apenas no ano passado foram registradas 80 operações do ramo no setor Saúde, melhor ano desde 2000, com um número 50% maior que no ano anterior. Breno de Figueiredo Monteiro, Presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) e da Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Fenaess).

MELHOR CUSTO BENEFÍCIO

A perspectiva é dar prosseguimento ao engajamento das entidades de ensino no projeto de integridade na formação dos profissionais de saúde e médicos. Existem desafios no setor, como a escassez de recursos, seja no público ou privado, obrigando a melhoria da gestão através da formação e informação dos gestores em todos os níveis, por meio da digitalização dos processos – de forma confiável -, visando o melhor custo benefício. Outros temas que tendem a ganhar destaque são Telemedicina, LGPD e o cadastro único de pacientes, o qual, na minha avalição, é o grande passo inicial para toda essa revolução. Gláucio Pegurin Libório, presidente do Conselho de Administração do Instituto Ética Saúde.

CAPACITAÇÃO FREQUENTE

Diante das mudanças que a Saúde apresenta ao longo dos anos, com o turbilhão de novas tecnologias, modelos de atendimento e regulações, é necessário que gestores setor estejam sempre engajados com melhores práticas e procurem atualizações constantes. Não basta ter ciência de que transformações existem, é preciso capacitar-se para lidar com elas e estar preparado para resolvê-las. Nós, gestores, não devemos nos acomodar. É preciso ter como hábito o estudo e a capacitação frequentes. É desta maneira que alcançamos o modelo de saúde que esperamos. Líderes bem formados e organizados podem transformar o mercado de Saúde. Francisco Balestrin, presidente do Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXS).

ROTA DA PRODUTIVIDADE

A perspectiva é sempre positiva. Com as movimentações políticas que levam à aprovação de importantes reformas para a transformação do atual cenário econômico do país, a indústria tende a ganhar. Acreditamos que somente as reformas poderão nos colocar novamente na rota da produtividade. É o caminho para aumentarmos a nossa competitividade dentro e fora do país. Do lado de cá, seguimos batalhando por uma indústria inovadora, em parceria com universidades e institutos de pesquisa, a fim de desenvolver soluções disruptivas capazes de atender às demandas de um país em desenvolvimento e que está em processo de envelhecimento. Franco Pallamolla, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (ABIMO).

QUALIDADE DE VIDA

Embora existam motivos para preocupações, a indústria farmacêutica tem sido otimista com o futuro imediato do País. Quanto à ciência, tem caminhado cada vez mais para tratamentos personalizados e complexos, como as terapias gênicas e novos tratamentos biológicos. Ao observar essas abordagens, precisamos levar em conta não apenas a sobrevida do paciente, mas também a qualidade de vida, com controle de sintomas e resgate da autonomia. O papel do setor produtivo é participar da discussão com o governo e as agências reguladoras, para que as novas tecnologias possam ser trazidas ao Brasil de maneira segura para o paciente. Elizabeth de Carvalhaes, presidente-executiva da Interfarma.

ATENÇÃO AO PACIENTE

Com a tecnologia cada dia mais presente em nossas vidas, a expectativa é que possamos estar preparados para atender nossos pacientes da melhor forma, com agilidade e precisão das informações. Assim, temas como Internet das Coisas e Transformação Digital, devem ser olhados com muita atenção pelos Gestores da Saúde. Mesmo com toda tecnologia a nosso favor, não podemos deixar de lado itens como Atenção ao Paciente e tudo que o cerca. Em 2020 temos que observar e dar atenção para temas como Maturidade de Gestão; Projetos de Longevidade; e Neuroética. Marcio Moreira, presidente da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares (FBAH).

QUALIFICAÇÃO HUMANA

Depois de muitas perdas de leitos e fechamento de hospitais, desejamos e seguimos confiantes com o crescimento da economia, o desenvolvimento da saúde, mas, também, da educação, pois, para se ter um setor de qualidade, a qualificação é o principal instrumento de avanço e evolução. Acredito que estamos no momento de investir na qualificação humana. Não há dúvidas de que a tecnologia continuará evoluindo e se inovando. O que precisamos é de cuidar da formação dos profissionais. Acredito que 2020 será o ano da consolidação de tecnologias digitais, não apenas como ferramentas de gestão, mas também de assistência, a exemplo da telemedicina e da tecnologia 3D. Adelvânio Francisco Morato, presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH).

DEMANDA PERMANENTE

Os principais desafios da saúde para 2020 são: mudanças nas relações entre pagadores e fornecedores; restrições do orçamento público para o setor da saúde; maior demanda da população em relação à saúde, principalmente pelo envelhecimento populacional; maior demanda por novas tecnologias e novos tratamentos. E três temas tendem a ser bastante abordados neste ano: modelos de pagamento, tabelas SUS e saúde corporativa. Acredito que a saúde tem perdido espaço nas discussões públicas. Nos períodos eleitorais, a Saúde é a demanda número um da população. É preciso que esta demanda seja permanente. Ruy Baumer, diretor titular do Comitê da Cadeia Produtiva da Saúde e Biotecnologia (ComSaude) da Fiesp.

VALOR EM SAÚDE

Precisamos avançar na pauta relativa à melhoria da atenção primária. E temos que encontrar caminhos para melhorar a sustentabilidade financeira do setor de saúde, em função das questões de orçamento público, o aumento das contribuições privadas para os planos de saúde e o impacto do envelhecimento da população nos custos da Saúde. Teremos um aprofundamento não apenas dos debates, como também das experiências práticas na implantação de modelos de gestão relacionados a oferecer valor em Saúde. Já no setor de dispositivos médicos, vamos continuar observando o rápido avanço da tecnologia. Fernando Silveira Filho, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed).

Abramed participa de debate no Welcome Saúde 2020

Com o tema “Despertar de uma nova era”, evento discute perspectivas econômicas e políticas para o setor na nova década

28 de Janeiro de 2020

O vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed, Leandro Figueira, foi um dos executivos da saúde convidados a participar do Welcome Saúde 2020, promovido pelo Grupo Mídia, no dia 28 de janeiro, em São Paulo, e que reuniu líderes e representantes de indústrias, laboratórios, hospitais, operadoras de planos de saúde e fornecedores do setor. Figueira compôs a mesa que discutiu “A busca por um ambiente seguro e estável de negócios na saúde em 2020”, com a participação de Valdir Ventura, CEO do Grupo São Cristovão; Rodrigo Lopes, CEO do Grupo Leforte; Amaury Guerrero, CEO do Grupo Opty; moderado pelo doutor em filosofia e direito pela Universidade de Frankfurt, Giovanni Agostini Saavedra.

De acordo com Figueira, poucas áreas foram tão beneficiadas pelo avanço da tecnologia como a saúde, e a medicina diagnóstica tem sido um dos segmentos que têm aproveitado muito essa oportunidade, evoluindo a ponto de permitir que, por exemplo, se detecte a probabilidade de alguém desenvolver determinadas doenças. “Há casos também em que patologias são identificadas muito precocemente, aumentando as chances de sucesso no tratamento”, ressaltou. 

Destacou ainda ser importante que se continue investindo em tecnologia e inovação para a descoberta de novos exames e processos que irão fazer com que a sociedade esteja mais segura. Trouxe como exemplo, o mapeamento do código genético do coronavírus, realizado em menos de dez dias. “Isso vai acelerar a busca por uma vacina eficaz no combate ao vírus e mostra que investir em tecnologia e em segurança fará a sociedade mudar a história no mundo”, completou Figueira.

Já Valdir Ventura, aposta em planejamento estratégico e qualidade para a obtenção de um ambiente seguro nos negócios em saúde. Segundo ele, planejar estratégias trouxe confiança à economia para desenvolver ações dentro da organização que realmente tivessem retorno financeiro, visando o crescimento no mercado.

Outro ponto fundamental, segundo Ventura, foi a mudança na cultura da instituição, investindo em qualidade e transparência. “Temos trabalhado em processos, por meio das certificações, na busca por qualidade no plano de saúde, hospital e unidades ambulatoriais, e vamos trabalhar com muita força em 2020 na sustentabilidade e nos pilares: transparência, iniciativa, comprometimento, criatividade e velocidade das ações para melhor atender os nossos beneficiários”, disse.

Rodrigo Lopes, concordou com Ventura, afirmando que a saúde precisa de transparência em todos os segmentos, mudança no modelo atual de investimentos em políticas de saúde e mais parcerias com a iniciativa privada. “É impossível se pensar em sustentabilidade no setor sem passar pela mudança no modelo de assistência. É fundamental investir em atenção primária, prevenção de doenças, em compliance e em análise de dados, já que informações temos muitas. Precisamos também de parcerias entre os sistemas público e privado para que a saúde, a partir de 2020, possa debater gestão, encontrar seus gargalos e voltar a crescer”, alertou.

O moderador da mesa, Giovanni Agostini Saavedra, comentou que o Brasil é tradicional importador de tecnologias e que as normativas do Estado acabam por atrapalhar os processos de inovação e integração tanto com universidades quanto com o mercado. “As grandes invenções no mundo surgiram em universidades. Por sua vez, temos iniciativas como a telemedicina, que amplia o acesso ao atendimento em saúde, sendo barradas por entidades. Algum dia teremos condições de acompanhar o processo de inovação mundial?”, questionou.

Nos dias atuais, segundo Amaury Guerrero, em que está difícil a sobrevivência no mercado, ainda há a cautela na manutenção da sustentabilidade, o que acaba por atuar como barreira para a inovação. “A modernização faz-se necessária em qualquer cenário, e isso significa incorporar inovações. Não acompanhar esse fluxo pode levar ao desaparecimento de suas empresas. Isso inclui, por exemplo, a automação de processos e telemedicina. Quem não está acompanhando essas modernizações corre o risco de enfrentar dificuldades e perder competitividade”, falou Guerrero.

Segundo Figueira, é preciso que haja mudança da mentalidade de que a incorporação de tecnologia é irreversível e que a telemedicina é real. “Falta regular e estabelecer a remuneração para essa prática, que é um estímulo às inovações e ao desenvolvimento sustentável do setor”, reforçou o vice-presidente, abordando ainda a necessidade de se ter atitudes positivas para conquistar resultados. “Com investimento em tecnologia, busca por eficiência e uso racional de recursos, é possível ofertar mais qualidade ao paciente. Além disso, quando trazemos transparência às ações, a sociedade vive melhor”, pontuou.

Saúde 5.0

Claudia Cohn e Lídia Abdalla, membros do Conselho de Administração da Abramed, também participaram do evento integrando a mesa de debate “Os desafios das Organizações de Saúde rumo à saúde 5.0”, com Irene Minikovski, presidente da Qualirede, e Francisco Balestrin, presidente do CBEXs, moderados por Lauro Miquelin, CEO da L+M.

Na visão de Lídia, a tecnologia e a chegada da internet colocaram todos no mundo globalizado, o que foi positivo do ponto de vista da evolução da medicina, mas há de se saber como aplicar esse conhecimento. “Falar de saúde 5.0 é ter a responsabilidade de que as inovações irão servir à humanidade, e não a sociedade servirá à tecnologia. Cabe aos líderes ver que este é um universo incrível, mas que o princípio de tudo são as pessoas, o paciente no centro do cuidado; e o papel das lideranças é melhorar isso”, disse ela.

Claudia reforçou que os líderes devem sanar as dúvidas e incertezas para as novidades que o advento 5.0 trará à saúde. “Mais do que tudo, não temos de ter pessoas para substituir, temos de ter indivíduos melhores”, afirmou, reforçando que será importante a evolução da sociedade individualista para uma com pensamento de colaboração e busca do bem comum.

De mesma opinião, Francisco Balestrin reforçou que “os líderes precisam ser figuras inspiradoras, que buscam conhecimento e renovação todo dia. O método antigo não vai mais funcionar nesse mundo novo”.

O evento ainda discutiu políticas inovadoras para o país, os reflexos na saúde com a reforma previdenciária e digital health como estratégia para um novo modelo de saúde.

Healthtechs brasileiras apresentam soluções tecnológicas para saúde no 4° FILIS

CUCOhealth, GlucoGear e Neoprospecta participaram do painel “Healthtechs: transformando o acesso à saúde”

As healthtechs – empresas com propostas inovadoras e disruptivas na área da saúde – têm mudado, em todo o mundo, a maneira com que muitos pacientes vêm interagindo com os serviços de saúde.

Três startups brasileiras apresentaram suas soluções para o mercado durante o 4º FILIS (Fórum Internacional de Lideranças da Saúde), evento promovido pela Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), que aconteceu em São Paulo, dia 30 de agosto. Entre os cases apresentados estavam um aplicativo para engajar os pacientes em tratamentos médicos, outro que ajuda a controlar o diabetes e entender melhor como a glicemia se comporta, e o diagnóstico microbiológico digital, que utiliza marcadores genéticos para a identificação de micro-organismos.

A CEO e fundadora da CUCOhealth, Lívia Cunha, foi a primeira a apresentar sua solução. Fundada em 2015, a healthtech trouxe para o mercado um aplicativo gratuito de engajamento de pacientes em tratamentos médicos. Funciona como um enfermeiro digital na vida dos pacientes em tempo integral, oferecendo conteúdo segmentado para educá-los sobre a condição crônica, alertas para lembrança dos compromissos de saúde como medicamentos e medições, além de trabalhar com gamificação para beneficiar os pacientes mais engajados.

Lívia ressaltou que a empresa ajuda os pacientes a aderirem ao tratamento médico, uma vez que a cada 100 diagnósticos, somente 20 voltam na farmácia para comprar remédios. “A não adesão gera mais custos na saúde. Nós trabalhamos com hospitais e temos o paciente no centro do processo”, afirmou. A empresa atende mais de 100 mil pessoas no Brasil e outros países da América Latina, além de Estados Unidos e Alemanha.

Já o fundador e CEO da GlucoGear, Yuri Matsumoto – startup que utiliza inteligência artificial para controle do diabetes – apresentou a estratégia da empresa de oferecer tecnologias preditivas como informações para bomba de insulina. Segundo o empresário, foram desenvolvidos algoritmos para produção de canetas inteligentes de insulina com um ecossistema integrado a outras empresas para garantir um sistema 100% autônomo para as pessoas com diabetes.

Seu primeiro produto é um aplicativo chamado GlucoTrends, que tem como objetivo ajudar pacientes a controlar o diabetes e entender melhor como a glicemia deles se comporta. “Utilizando inteligência artificial, a tecnologia consegue prever a curva glicêmica futura de cada usuário e alertar para possíveis eventos de hipo ou hiperglicemia, bem como recomendar ações preventivas”, disse. “Além disso, oferece um histórico digital de glicemia, medicamentos administrados, calculadora de insulina, tabela de alimentos com contagem nutricional e registro de atividades físicas com estimativa de consumo energético.” O aplicativo traz ainda conteúdo publicado por experts em diabetes para orientar os usuários sobre os desafios do dia a dia, e também uma interação social para que usuários encontrem outros com perfil similar para compartilhar momentos, experiências e suporte emocional.

A Neoprospecta foi a última startup a se apresentar no 4º FILIS. O CEO Luiz Felipe Oliveira iniciou ressaltando que o corpo humano produz milhões de bactérias a partir do intestino e que a solução da empresa é realizar testes para saber se a microbiota do paciente está ligada à situação diagnosticada. Isso acontece através do diagnóstico microbiológico digital, que utiliza marcadores genéticos para a identificação de micro-organismos, utilizando como base as novas tecnologias de sequenciamento de DNA em larga escala. “Trabalhamos a estratégia B2B com principais players do mercado, como Dasa e Albert Einstein”, afirmou Oliveira.

Segundo ele, esse pipeline tecnológico possui duas etapas principais: a laboratorial, que compreende a purificação e extração do DNA, o preparo molecular da amostra e o sequenciamento do DNA; as etapas computacionais, que consistem em análises de bioinformática; e a implementação dos dados na plataforma de visualização.

Após a apresentação das healthtechs, Antônio Vergara, CEO da Roche Diagnóstica Brasil; iniciou o debate ressaltando que a contribuição das startups é bem-vinda, uma vez que traz interação com modelos de negócios inovadores. “Essa cooperação entre healthtechs e grandes empresas é importante, pois o setor de saúde está em constante busca de melhorias, seja para garantir a segurança dos pacientes quanto para prover uma gestão mais eficiente e sustentável”.

Pedro de Godoy Bueno, presidente da Dasa, mencionou que as grandes empresas têm processos mais lentos e atuações em diversas áreas, enquanto as startups conseguem mirar em um problema específico. “Essa cooperação é um caminho sem volta”, afirmou. “Trazer cultura de startup para dentro das empresas é um desafio. Temos várias que funcionam dentro da Dasa, e essa parceria é importante para nós e para elas também, já que é uma possibilidade de escalar. Unir é o caminho”, defendeu.

Para convergir com as grandes e garantir as parcerias, as healthtechs precisam ter, segundo ele, persistência, ciclo comercial largo e defensor interno dentro das grandes empresas. Bueno defendeu também que o capital precisa migrar para onde há mais retorno e lembra que os médicos não estão 100% prontos para o que está vindo.

Durante a discussão, Rodrigo Aguiar, Diretor de Desenvolvimento Setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), lembrou que a Agência precisa tratar a inovação dentro da regulação, porém sem inibir os avanços. “Se conseguirmos não atrapalhar, já ajudamos, uma vez que a regulação é muitas vezes a antítese da inovação”, afirmou. Dessa forma, ele considera que é papel também da ANS fomentar o ambiente para novas healthtechs. “Queremos que floresçam a inovação e novas plataformas de cuidado. Temos que evitar as más práticas, sem brecar as novas”, resumiu.

Carlos Marinelli, CEO do Grupo Fleury, reforçou que as soluções oferecidas precisam estar casadas com as intenções do médico. Ele avalia, no entanto, que o momento atual oferece muitos recursos, mas não novas ideias. “Temos o big data, mas não a big idea. Há ideias muito segmentadas, que não são escaláveis”, provocou.

Renato Buselli, head LATAM da Siemens Healthineers, indicou que há verbas disponíveis no fundo de pensão do governo federal e que vivemos um momento de transformação cultural. “Precisamos de novas práticas para construir essa história de transformação”, avaliou. Ele indica, ainda, que as novas empresas devem buscar inovações disruptivas, mas também adaptar soluções que já existem, contribuindo para a evolução do mercado.

Entidades debatem os rumos do Brasil para 2020

Evento destacou a importância da união e sustentabilidade para o setor de saúde

06 de dezembro de 2019

A Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), em parceria com Abramed, Abiis, Abimed, Abimo, Abraidi, CNSaúde, Instituto Ética Saúde (IES), Fehoesp, Sbac e SBPC/ML, realizou no dia 5 de dezembro, no auditório do Grupo Fleury, em São Paulo, o encontro “Brasil 2020 – Quebrando barreiras e estabelecendo novos paradigmas para o crescimento sustentável”. Wilson Shcolnik e Claudia Cohn, respectivamente, presidente e membro do Conselho de Administração da Abramed, bem como Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva, estiveram presentes. Líderes de todas as entidades realizadoras também participaram do evento.

Na abertura do encontro, o presidente do Grupo Fleury, Carlos Iwata Marinelli, disse que é o momento de todos do setor unirem-se em um compromisso em prol da saúde. “Vivemos um momento de retomada da atenção à saúde primária e de pacientes cada vez mais participativos. Cabe às lideranças buscar conhecimento para conquistar a sustentabilidade e a excelência do setor. Temos que acreditar que em 2020 viveremos momento melhores.”

Fábio Accury, presidente da CBDL, falou que os tempos são difíceis mais que a troca de experiências pode ajudar na busca por soluções para a saúde. “Os desafios são grandes, principalmente no que se refere ao acesso a novas tecnologias e convergências regulatórias, num cenário político e econômico difícil. Precisamos ser otimistas e entender que juntas, as entidades representantes da saúde são mais fortes, até porque sozinho não se chega a lugar algum.”

A primeira palestra do evento foi do economista, empresário do ramo imobiliário e montanhista Juarez Gustavo Pascoal Soares, 24° brasileiro a atingir o cume do Monte Everest, o topo do mundo, em 2019.  Ele falou sobre “Estresse, auto sabotagem, burnout e superação: do Everest para as empresas”, em que faz uso de suas experiências em escaladas para discutir a importância do planejamento e autoconhecimento para definição de estratégias para ajudar pessoas e empresas.

“Minha atuação junto às companhias, entidades e conselhos é marcada pela busca de convergência entre os interesses dos diversos profissionais que os compõem. Meu trabalho é construir pontes, definir propósitos e estratégicas, estabelecer vínculos de confiança e prevenir danos”, explicou, comentando a importância da tomada de decisão. “Num ambiente de extrema pressão e risco, quando se precisa tomar decisões responsáveis, é necessária autoconfiança na dose certa. Em um ambiente corporativo, por exemplo, onde boa parte das decisões têm consequências significativas, em geral, não se pode ter muita tolerância com desempenhos ruins. Confiar na capacidade de tomar boas escolhas passa pelos nossos dilemas éticos, que nos irão proporcionar resultados mais seguros.”

Soares também disse que ser agente de mudanças significa compartilhar aprendizado, experiências e conhecimento. Nesse ponto, as habilidades emocionais podem ajudar em questões cruciais, como decisões sob pressão, estratégia flexível, performance e mudanças. “Contribuir na maneira como um líder enfrenta os desafios relacionados à mudança, sejam elas desejáveis ou inevitáveis, tendo por princípios o resultado, a segurança e a ética, bem como ajudá-lo a conciliar seus objetivos profissionais e seus sonhos pessoais, é pré-requisito para se alcançar o cume, o topo do reconhecimento pessoal ou profissional”, garantiu.  

Também alertou que é preciso estar preparado para o empoderado, porque é a partir dos medos que superamos as dificuldades e alcançamos o sucesso. “A provação que deixo é: como queremos que nossas empresas sejam lembradas depois dessa jornada?”, concluiu Soares. 

A segunda palestra foi do economista sênior do Banco Mundial, Edson Araújo, sobre “Desafios para sustentabilidade do sistema de saúde brasileiro – perspectivas do BM”. 

Nos últimos 30 anos, o Brasil fez progressos notáveis na construção e expansão do Sistema Único de Saúde (SUS), que contribuiu para melhorar os resultados de saúde da população, a proteção financeira e reduzir as desigualdades na distribuição e acesso dos recursos de saúde em todo o país, exemplificou Araújo. No entanto, ainda existem desafios para consolidar essas conquistas e responder às pressões existentes e crescentes, como o envelhecimento da população e o crescimento de doenças não transmissíveis. 

Outro ponto destacado pelo economista do BM foi sobre a questões do subfinanciamento relativo do SUS. “Existe consenso de que há escopo claro para alcançar melhores resultados com o nível atual de gastos. O Brasil, como a maioria dos países ao redor do mundo, enfrenta desafios relativos à sustentabilidade do sistema tendo em vista que os gastos em saúde frequentemente aumentam a taxas superiores às taxas de crescimento do produto interno bruto (PIB). Mantido o padrão atual de crescimento nominal dos gastos, os custos com o SUS chegarão R$ 700 bilhões em 2030.”

 A melhoria da eficiência poderia resultar em ganhos (nominais) de até R$115 bilhões em 2030 (ou aproximadamente R$ 989 bilhões no período). Conquistas essas que, segundo Araújo, poderiam amenizar os impactos e possibilitar a consolidação do sistema. Na opinião dele, para lidar com a expansão necessária na demanda por serviços de saúde, esperada a partir da transição demográfica, o sistema de saúde do Brasil precisa de reformas estratégicas: consolidação da atenção  hospitalar para maximizar escala, qualidade e eficiência; melhorar o desempenho da força de trabalho em saúde, com expansão da oferta de profissionais e a introdução de incentivos para aumentar a produtividade; e integrar melhor os vários níveis de prestação de serviços, por meio de redes integradas de atenção à saúde, incluindo a saúde suplementar. “A experiência dos países que consolidaram seus sistemas de saúde, com reformas periódicas, mostra que a consolidação do SUS depende da capacidade de adotar medidas avançadas para sua modernização”, justificou. 

Na visão de Araújo, para se alcançar mais qualidade, com melhor experiência ao paciente e mais eficiência, com foco nos resultados e melhorar o acesso e a proteção financeira, é preciso fazer reformas de gestão do sistema, de demanda, da oferta e do financiamento. “O sistema de saúde como um todo exigirá um redesenho dos modelos de prestação, gestão e financiamento dos serviços do SUS, assim como melhorar a coordenação com o setor privado, expandir a cobertura e os recursos para a atenção primária em 100% e racionalizar a oferta de serviços ambulatoriais e hospitalares”, finalizou.