Série de eventos virtuais da Abramed ganhou segunda temporada em 2021

Debates apontaram a relevância da medicina diagnóstica e da troca de experiências para o setor

Adaptando seu calendário de eventos ao cenário digital devido à pandemia de covid-19, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) lançou, em 2020, a série #DiálogosDigitais, uma sequência de bate-papos online que promoveu debates sobre os mais variados assuntos que afetam toda a complexa cadeia de saúde. Com o êxito do projeto, ele ganhou uma segunda temporada em 2021.

A partir de abril, foram realizados episódios bimestrais, ao vivo, com a participação de 20 lideranças do setor de saúde, mais de oito horas de conteúdo, com cerca de mil visualizações.

“Em um momento de tantos desafios, como o que estamos vivendo devido à pandemia, fica ainda mais clara a importância do diálogo aberto e da troca de experiências”, explica a diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano.

Confira a seguir um compilado das principais discussões.

#Diálogos1

No primeiro episódio de 2021, em abril, representantes de toda a cadeia produtiva debateram sobre o futuro da saúde suplementar, abordando os reflexos da pandemia, a incorporação tecnológica e a responsabilidade compartilhada rumo à sustentabilidade do sistema.

Foram discutidas questões como formas de dar vazão a todos os procedimentos represados no último ano em decorrência do afastamento dos pacientes das consultas, exames e cirurgias eletivas; os processos de inclusão de novos exames e procedimentos no Rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); e os testes sorológicos feitos após a imunização. Clique aqui para assistir.

#Diálogos2

Em junho, foi ao ar o segundo episódio, com especialistas debatendo a gestão da saúde corporativa e da medicina diagnóstica, o que alavancou discussões extremamente relevantes sobre o papel das corporações na saúde populacional.

O debate ainda ressaltou a relevância do empoderamento do paciente para a manutenção da sua saúde e bem-estar; a importância fundamental da medicina diagnóstica na prevenção no contexto da saúde corporativa; o desafio na interoperabilidade; e a busca pela eficiência como melhor caminho para a sustentabilidade do setor. Clique aqui para assistir.

#Diálogos3

A saúde é um dos setores que mais se apoiam na inovação tecnológica para prover atendimentos de qualidade e melhorar tanto as ações de prevenção quanto os prognósticos dos pacientes. Esse foi um dos assuntos abordados no terceiro episódio dos #DiálogosDigitais, em agosto, com uma discussão que mesclou vários temas que permeiam o setor com o objetivo principal de esclarecer: medicina diagnóstica é custo ou investimento? 

Os especialistas apontaram que a pandemia colocou em evidência a medicina diagnóstica e o quanto o investimento no segmento é importante, podendo, inclusive, gerar economia ao sistema de saúde ao indicar a terapia certa para o paciente certo. Clique aqui para assistir.

#Diálogos4

Exames genéticos, diagnósticos mais precisos, oncologia de precisão, painéis hereditários e mapeamento genético foram os assuntos abordados no quarto episódio dos #DiálogosDigitais, em novembro.

No bate-papo, os especialistas explicaram que o monitoramento de tumores já é uma realidade, pois há algoritmos para identificar modificações no DNA que são muito específicas para cada categoria de câncer; e que a medicina personalizada, inclusive, pode ser uma luz para a evolução dos tratamentos, mas é preciso acender esse interruptor para que seja possível influenciar positivamente o cenário da saúde no país, com profissionais, pacientes, familiares e gestores, todos focados na conscientização.

Também foi apontado que previsão, prevenção e medicina personalizada estão interligadas, e a partir do mapeamento da população será possível ter um perfil dos polimorfismos de uma comunidade e colocar os indivíduos em percentil de risco, o que permitirá, daqui a um tempo, fazer programas de rastreamento de forma muito mais dirigida. Clique aqui para assistir.

#Diálogos5

As tendências e os desafios da medicina diagnóstica foram debatidos no quinto e último episódio de 2021 da série #Diálogos Digitais Abramed. Os palestrantes destacaram a importância da colaboração entre todas as áreas da saúde para alavancar a aplicação de inovações que agilizem a transferência de informações e contribuam para a velocidade e a segurança no setor de diagnósticos.

Apontaram a gestão de dados e como usá-los para produzir novas ferramentas de gestão do cuidado como muito relevantes para o setor; que as novas tecnologias colaboram para mitigar o problema de não atendimento ao cliente; e que o foco da empresa na área de saúde deve ser unir os elos da cadeia e disponibilizar ferramentas e tecnologias para facilitar o acesso do paciente final ao produto ou ao material necessário para o seu diagnóstico. 

Para os especialistas, a grande questão agora é como as inovações se encaixam no modelo de remuneração, tanto das fontes pagadoras quanto dos clientes particulares, pois o setor ainda não conseguiu atingir o equilíbrio. Clique aqui para assistir.

Todos os episódio da primeira e segunda temporada de #DiálogosDigitais Abramed podem ser acessados no canal do Youtube da entidade.

Último episódio de 2021 da série #DiálogosDigitais Abramed abordou tendências e desafios da medicina diagnóstica

Palestrantes destacaram a importância da colaboração entre todas as áreas da saúde para alavancar a aplicação de inovações que agilizem a transferência de informações e contribuam para a velocidade e a segurança no setor de diagnósticos

As tendências e os desafios da medicina diagnóstica foram debatidos no quinto e último episódio de 2021 da série #DiálogosDigitais Abramed. Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, foi o moderador do bate-papo, que contou com a participação de Cristovão Mangueira, diretor médico de Medicina Laboratorial do Hospital Israelita Albert Einstein; Flávio Chaves de Souza, general manager da Stark-4PL; Gustavo Meirelles, VP Médico da Alliar Médicos à Frente e diretor do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed; e Lincoln Moura, diretor da Accenture.

Cristovão começou destacando que o Einstein tem investido muito em inovação, formalizando uma diretoria exclusiva para a área e uma estrutura de incubadora de startups, o que deu à instituição o protagonismo no setor. “Muito do que investimos está relacionado a laboratórios clínicos. O setor de diagnóstico foi a grande estrela dos investimentos em inovação feitos pelo hospital”, disse.

O Einstein tem focado, também, na área de genômica, criando uma massa crítica nessa área, e em ciências “ômicas” – campos de estudo que fazem parte das ciências biológicas e compreendem os estudos que terminam com -omics, como Genômica, Proteômica, Metabolômica e Transcriptômica –, principalmente com tecnologia de espectrometria de massas, ICP e outras metodologias químicas ou bioquímicas que possibilitam o desenvolvimento das áreas de proteômica e metabolômica. “Se eu fosse citar uma inovação relevante para a área de saúde, citaria a gestão de dados e como usá-los de forma a produzir novas ferramentas de gestão do cuidado da saúde”, acrescentou Cristovão.

Especificamente sobre a área de logística, Souza, da Stark-4PL – empresa do ramo de Supply Chain em saúde, explicou como as tecnologias colaboram para mitigar o problema final de não atendimento ao cliente. “O foco da empresa na área de saúde é unir os elos da cadeia e disponibilizar ferramentas e tecnologias para facilitar o acesso do paciente final ao produto ou ao material necessário para fazer o diagnóstico ou o acompanhamento de sua saúde. Logística não é só transporte, ela envolve tudo entre planejar, executar e entregar”, disse.

Segundo Souza, a logística é uma parte sensível do processo, pois pode tanto facilitar quanto aumentar os custos, se não gerida corretamente. “A ideia da Stark-4PL é gerar sinergia entre os fornecedores, os operadores logísticos e os transportadores para que os recursos cheguem ao laboratório ou ao hospital, garantindo os ganhos em custo e em produtividade”, salientou.

A respeito das inovações em diagnóstico por imagem, Meirelles, da Alliar, lembrou dos avanços que por muito tempo ficaram restritos a hardwares. Ele citou um novo tomógrafo por contagem de fótons e ressonâncias magnéticas de baixo campo, com imagens excelentes. “O tema da vez é a inteligência artificial e ela tem muito a agregar não só no diagnóstico por imagem, mas no setor de saúde como um todo.”

A grande questão agora, segundo Meirelles, é como as inovações se encaixam no modelo de remuneração, tanto das fontes pagadoras quanto dos clientes particulares. “Ainda não conseguimos atingir o equilíbrio. A inteligência artificial é vista apenas como custo adicional, mas ela permite tirar o médico de atividades repetitivas, agilizar a realização de alguns exames e melhorar a avaliação global, reduzindo custos e fazendo o paciente viver mais.”

A estratégia de saúde digital foi um dos focos da participação de Moura, da Accenture – multinacional de consultoria de gestão, tecnologia da informação e outsourcing. De acordo com ele, a visão dessa estratégia é clara: fazer com que a Rede Nacional de Dados em Saúde seja a plataforma nacional de plataformas de saúde, ou seja, que várias plataformas se conectem a ela. “A grande questão é que precisa existir um espaço de colaboração. O Ministério da Saúde está focado em resolver muitos problemas da saúde pública e nós, empresas, hospitais, centros de diagnósticos, podemos trabalhar juntos para desenvolver soluções que interessem a todos e que sejam disponibilizadas na plataforma nacional.”

Mas aí, Moura chamou a atenção para o problema sério de governança. Quem é que pode se beneficiar da inovação feita, como se remunera o esforço e o investimento feito na inovação? “É um universo muito novo para nós, mas não é impossível. Sou muito otimista sobre isso. Há um potencial enorme para desenvolver esse mercado, mas precisa de ação coordenada”, ressaltou, citando que os laboratórios privados já começaram a depositar o resultado de exames na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) usando padrões internacionais.

Shcolnik, por sua vez, lembrou que durante a pandemia o governo brasileiro conseguiu obter dados sobre exames de Covid-19 por meio da colaboração direta da Abramed. “Conversei com o pessoal do DataSUS no sentido de esclarecer que metodologias poderiam ser usadas para gerar os resultados dos exames e não tenho dúvida que esta foi uma grande contribuição que demos para o Ministério da Saúde, para o DataSUS e para a Rede Nacional de Dados em Saúde.”

Os participantes do encontro também comentaram como a saúde digital acabou sendo impulsionada pela pandemia. E então veio a provocação: se já foi possível fazer a interoperabilidade com os exames de Covid-19, por que não tentar fazer o mesmo sobre as doenças de notificação compulsória e depois ampliar para outras doenças? A resposta está ligada, mais uma vez, à importância fundamental da colaboração entre todos os atuantes na cadeia da saúde.

O quinto e último episódio da série #DiálogosDigitais Abramed 2021 está disponível na íntegra no canal do YouTube da entidade. Clique aqui para assistir.

Evento Abramed e Asap traz a relevância da medicina diagnóstica na gestão da saúde

Wilson Shcolnik participou do webinar e destacou que a manutenção sustentável do sistema de saúde é importante para enfrentar o problema do desperdício e dos custos no setor

A Aliança para a Saúde Populacional (Asap) em parceria com a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) realizou o evento virtual com o tema “O papel da medicina diagnóstica na gestão de saúde populacional – O que podemos e devemos incentivar sem gerar desperdícios?”.

O encontro, realizado em 18 de novembro, foi coordenado pelo presidente da Asap, Cláudio Tafla e participação do presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik que ressaltou logo no início que a gestão de saúde populacional passa pelos  pilares que compõe o triple aim, amplamente defendido pelo Institute for Healthcare Improvement), que é baseado em três objetivos: melhorar a experiência do paciente/indivíduo em relação à assistência, aumentar a qualidade da saúde e reduzir custos per capita da assistência de saúde.

Questionado por Tafla sobre a medicina diagnóstica representar o segundo item que impacta no orçamento do setor, ficando atrás apenas das internações, que representam de 40% a 60% dos custos na saúde, Shcolnik explicou que o segmento estimula o uso racional de qualquer recurso dentro do sistema de saúde público e privado, pois os recursos são limitados e precisam ser empregados de modo que tragam valor  para o cuidado geral em benefício dos usuários/pacientes.

“Os exames são essenciais para os cuidados em saúde, tanto para a confirmação do diagnóstico, como para a promoção e prevenção”, ressaltou o presidente do Conselho de Administração da Abramed, lembrando que atenção primária sem exames complementares não é plena e que a medicina personalizada, que é praticamente baseada em exames laboratoriais, pode trazer mais eficiência ao sistema de saúde.

Mas, Shcolnik reconhece que existe um desperdício que precisa ser combatido no setor e que as operadoras de planos de saúde têm os melhores dados sobre utilização de exames e que poderiam fazer estudos de uso regionais para gerar indicadores. Tema, aliás, considerado muito relevante para a medicina diagnóstica, que possui alguns indicadores de qualidade laboratorial e que estão, de alguma forma, vinculados ao desfecho e ao resultado da assistência à saúde.

Para Tafla, este é um assunto muito relevante para a gestão da saúde populacional,  pois no desfecho está inserida a questão do que cada ação acrescenta em valor ao sistema.

“Tudo tem custo, mas se agregar valor à jornada do paciente, ao melhor diagnóstico  no momento correto e ao melhor desfecho, teoricamente estamos fazendo a coisa certa”, comentou o presidente da Asap.

Shcolnik esclareceu que em medicina diagnóstica é muito difícil conseguir vincular cada procedimento realizado ao desfecho final da assistência. Ele explicou que esse resultado depende de muitas variáveis, como os recursos disponíveis, o ambiente onde o cuidado é oferecido, do nível de capacitação que cada profissional possui e do nível do cuidado em enfermagem.

“Os exames são mais um elo na cadeia da assistência. Eles têm o seu papel e a sua importância, sobretudo nos desfechos intermediários. Isso quer dizer que se um laboratório ou uma clínica de diagnóstico por imagem atrasa a liberação de um laudo, do resultado de um exame, ele pode estar atrasando a definição de um diagnóstico, com repercussão direta na decisão que será tomada pelo médico e que, certamente, trará impacto direto ao paciente e ao desfecho da assistência”, afirmou o presidente da Abramed.

Para ele, cabe aos gestores do sistema de saúde como um todo aperfeiçoar os processos e o modo da solicitação de mais recursos, para que quando ofertados não tenham o destino de desperdício.

Também salientou que os prestadores de serviços de saúde devem ter o entendimento de que é necessário interagir cada vez mais com quem utiliza esses serviços, colocando sempre o paciente no centro do cuidado, entendo suas necessidades e de cada médico, pois manter esse canal de comunicação aberto é uma obrigação do setor.

Shcolnik ainda mencionou a relevância da medicina personalizada que é uma ferramenta que traz economia ao indicar a direção exata de tratamentos efetivos.

“É uma inovação que tem trazido benefícios a muitos pacientes e às fontes  pagadoras, pois mesmo sendo mais custosa, terá o recurso empregado com segurança e resultará em cuidado efetivo ao paciente”, frisou.

Fusões e aquisições

O presidente do Conselho de Administração da Abramed ainda foi questionado sobre a grande movimentação no setor privado de saúde, onde muitas fusões e aquisições vêm se concretizando, tanto na área de operadoras dos planos de saúde quanto nos vários segmentos de prestação de serviços. Nesse sentido, ele ressaltou que o segmento de medicina diagnóstica também está se movimentando.

“São movimentações atrativas para ganho de escala. Além disso, há um aumento no número de empresas, já que a realização de exames tende a crescer devido ao envelhecimento populacional,  ao predomínio de doenças crônicas e degenerativas, e isso atrai o interesse de investidores, inclusive estrangeiros, para o setor e estimula o crescimento”, declarou Shcolnik.

Ele concluiu comentando sobre o interesse das empresas de medicina diagnóstica na aquisição de outras organizações dentro do ecossistema da saúde.

“Há redes de laboratório adquirindo hospitais, clínicas oftalmológicas, por exemplo. Com isso, o objetivo dessas instituições é integrar e facilitar, cada vez mais, a jornada do paciente, de maneira disciplinada, e obter dados que serão transformados em informações que, integradas por meio de inteligência artificial, devem resultar na melhoria do atendimento para todos”, concluiu.

ABRAMED promove discussões no Global Summit 2021 sobre transformação digital na medicina diagnóstica

A convite da entidade, especialistas em tecnologia e em telessaúde falaram sobre o 5G e as inúmeras possibilidades de aplicações, bem como os desafios e as oportunidades que ajudarão a aprimorar a qualidade do diagnóstico e a experiência do paciente 

A Abramed participou da edição 2021 do Global Summit Telemedicine & Digital Health visando discutir a saúde digital e os seus impactos na medicina diagnóstica. O evento é promovido anualmente pela Associação Paulista de Medicina (APM) em parceria com o Transamerica Expo Center e aconteceu de 9 a 13 de novembro. 

No segundo dia de evento, Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, moderou o painel “Empresas de Diagnóstico”, com participação de Daniella Maria M. Bahia, diretora Médica do Grupo Fleury; Victor Gadelha, head de Inovação Médica de Operações Hospitalares e Cuidados Integrados da DASA; Gustavo Meireles, vice-presidente médico do Grupo Alliar Médicos à Frente; e Istvan Camargo, head do Skyhub do Grupo Sabin.

Eles abordaram temas como a saúde digital no diagnóstico a serviço da melhor experiência na Saúde, a inovação como caminho para saúde baseada em valor, as estratégias para geração de valor, eficiência e qualidade em diagnóstico por imagem e a transformação da user experience de análises clínicas. 

Shcolnik acentuou que a saúde digital tem papel importante na eficiência do diagnóstico, na melhoria da experiência do paciente, na qualidade do atendimento e também na redução de custos. “Este é um processo irreversível e vem acontecendo aceleradamente no setor”, ressalta. 

Daniela trouxe diversos aspectos sobre como a experiência do usuário, médico ou paciente, deve ser agradável e reforçou como isso conquistou relevância nos últimos dez anos. No entanto, segundo a médica, ainda existe um questionamento a respeito de ainda ser possível conciliar a humanização e o digital mantendo uma boa experiência e respondeu à pergunta afirmativamente. “Fazemos telemedicina desde os primórdios da medicina diagnóstica se pensarmos nos 95 anos do Fleury, por exemplo, e nas inteirações entre os profissionais discutindo casos clínicos. No contexto do diagnóstico, na radiologia especificamente, isso é uma realidade, e sabemos quanto a digitalização nos auxiliou no contexto da covid-19 e também na hematologia, o quão é possível uma centralização de laudos. São recursos que agilizam o diagnóstico, que permitem acurácia e qualidade no nosso dia a dia. A mesma coisa na patologia digital, trazendo flexibilidade no local de trabalho”, enfatiza.

E é exatamente a experiência do paciente que embasa esse processo de transformação digital tão importante para a saúde que foi contextualizado por Victor Gadelha. Nesse cenário, os pacientes têm conquistado cada vez mais força e estão engajando-se cada vez mais em seu tratamento, demandando do profissional de saúde outro comportamento. Segundo ele, a medicina baseada em evidência mudou a saúde e a colocou um patamar muito avançado, mas a medicina de precisão e os algoritmos permitem um passo a diante. 

Com esse aprendizado profundo e inteligência artificial, é possível descer ao nível do indivíduo, o que está muito forte, por exemplo, na genética. “O algoritmo é importantíssimo para diagnosticar precocemente as doenças e fazer uma terapia que entregue muito valor em saúde, melhorando muito o desfecho clínico e fazendo as pessoas viverem por mais tempo. Esse é um atributo fundamental. E já estamos vendo isso. Criamos esse mundo real baseado em dados”, complementa. 

Ainda sobre agregar valor, Gustavo Meireles trouxe um exemplo real sobre algumas estratégias de geração de valor, eficiência e qualidade em diagnóstico por imagem. O executivo detalhou um modelo que já vem sendo operado no Grupo Alliar há alguns anos, que é a IDR (Inteligência Diagnóstica Remota), uma plataforma de soluções em saúde que congrega um command center, treinamentos, protocolos padronizados, algoritmos de inteligência artificial, serviços de telemedicina – incluindo telerradiologia e telecardiologia – e reconstruções avançadas. Na radiologia e no diagnóstico por imagem, por exemplo, ela surge como apoio para a realização de exames à distância, comandados remotamente por médicos especialistas e feitos por braços robóticos. 

“Isso permite não só ampliar o acesso, levando os exames para regiões mais distantes, como também diminui o tempo de realização e aumenta a assertividade dos diagnósticos, inclusive com apoio da inteligência artificial para fazer as primeiras triagens e reconstruir as imagens em 3D. O objetivo é aumento das receitas, disponibilidade maior de ativos, redução de custos, a qualidade médica e de gestão, gerando, claro, valor para o cliente final”, ressalta Meireles. 

Voltando um pouco para experiência do paciente e entrando especialmente na esfera das transformações nas análises clínicas, Istvan Camargo contextualizou que esse conceito de inovação mudou, assim como no mercado como um todo. Ela está deixando de ser direcionada somente a novos produtos, medicamentos, testes, vacinas, e volta-se, especialmente, à geração do valor, com foco mais do que nunca na experiência do usuário. “É aqui que a inovação deve acontecer daqui para diante. Nesse ponto, o setor de saúde sempre foi muito criticado e apontado como conservador, mas é preciso quebrar esse dogma. De fato, sempre investimos muito em produto e temos uma prestação de serviços de excelência. Mas, o consumidor quer mais e busca uma experiência mais similar com a que está acostumado em outros setores de sua vida. A boa notícia é que não estamos parados: a pandemia acelerou isso e mexeu profundamente com a UX.” 

No caso do usuário de análises clínicas, Camargo ressalta que a aplicação da tecnologia já avançou e está desde a consulta e o pedido médico, agendamento do exame, preparação e orientação, até a realização dos exames e o envio dos resultados, ajudando a trazer mais fluidez e otimização dos processos. 

Painel Nacional – Abramed e Anahp

No dia 11, representando a Abramed, Carlos Figueiredo, superintendente de Negócios e Operações do HCor, abordou os desafios da telessaúde na medicina diagnóstica. Figueiredo contou como o telediagnóstico já vem sendo usado na prática, por meio do TeleCG, um programa no HCor com o PROADI-SUS, que atende os pacientes nas ambulâncias do SAMU. Os exames à distância ampliam o acesso ao diagnóstico em regiões com escassez de recursos, equilibrando a oferta e a demanda, bem como aumentam a qualidade da avaliação diagnóstica, em especial se combinados a ferramentas de suporte à decisão clínica e algoritmos de inteligência artificial que ajudam na priorização dos diagnósticos, evidenciando o que, talvez, não seria percebido pelo olho humano. Além, claro, de proporcionar redução de custos. 

“Às vezes não temos disponibilidade de profissionais para fazer uma avaliação de um eletro em tempo real. Com o telediagnóstico, atingimos uma população que, se não fosse através de uma ferramenta digital, não teria acesso no tempo necessário e no local necessário”, enfatiza. 

Sobre os desafios, Figueiredo ressaltou que nesses dois anos a adoção de métodos digitais acelerou de uma forma que, em períodos normais, aconteceria em décadas. No entanto, enfatizou que ainda existem muitos problemas relacionados a infraestrutura no país. Muitas cidades no Brasil ainda não têm acesso a conexão de qualidade para a integração e para que o diagnóstico aconteça no tempo e na forma adequada, com discrepâncias entre regiões. A segurança da informação também foi apontada como desafio recente e deve ser olhada com atenção, assim como as barreiras culturais, que, dependendo do tipo da aplicação, principalmente na área diagnóstica, ainda existem. Além disso, outro ponto é a dificuldade de dar seguimento ao cuidado, seja no tratamento, seja na orientação do profissional que está recebendo o laudo a respeito da conduta a ser seguida. “É preciso oferecer não só o diagnóstico e orientação, mas também mecanismos e ferramentas que gerem disponibilidade no sistema para continuidade no tratamento”, reforça.

Participaram ainda do debate Eduardo Cordioli, gerente médico de telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein e presidente da Saúde Digital Brasil e Felipe Cabral, Coordenador Médico de Saúde Digital do Hospital Moinhos de Vento.

Cordioli complementou um ponto importante colocado por Figueiredo, que é a falta de estrutura. Para o especialista, a chegada do 5G será uma importante alavanca para levar ao cenário ideal da saúde: médicos e pacientes conectados ao longo de toda a jornada do cuidado. Cabral também colocou a interoperabilidade e a colaboração entre todos os stakeholders da saúde também foi apontada como uma condição essencial. Assim como, a educação e o treinamento dos profissionais para estarem aptos a exercerem com excelência a telemedicina, que nada mais é do que medicina.

Diagnóstico e genética foram tema do quarto episódio de #DiálogosDigitais Abramed

Exames genéticos, diagnósticos mais precisos, oncologia de precisão, painéis hereditários e mapeamento genético estiveram entre os assuntos debatidos no encontro virtual

O quarto episódio de 2021 da série #DiálogosDigitais Abramed abordou o tema “A prevenção é mesmo o futuro? Diagnóstico e Genética”. O bate-papo aconteceu no dia 16 de novembro e contou com a moderação de Cristovam Scapulatempo Neto, diretor médico de Anatomia Patológica e Genética da DASA e diretor do Comitê de Anatomia Patológica da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

Participaram como convidados Fábio Ferreira, coordenador da Clínica de Alto Risco da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Mariano Zalis, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da OC Precision Medicine; e Marlene Oliveira, presidente e fundadora do Instituto Lado a Lado pela Vida.

Zalis explicou que desde o momento que se tem um câncer e o tumor começa a crescer, é importante entender quais foram as mudanças que geraram a doença, ou seja, não apenas os riscos genéticos, mas também a influência do sol, do tabaco, do álcool e do meio ambiente onde a pessoa vive. “Saber quais são essas mudanças está muito relacionado com o tipo do tratamento. Há, atualmente, drogas-alvos associadas a uma mutação específica de um gene e cada vez mais surgem novas drogas, novas terapias, referentes às mudanças genéticas do câncer”, expôs.

Ele disse que o monitoramento do tumor está virando uma realidade, pois já existe exame de sangue para detecção precoce do câncer. “Atualmente há algoritmos para identificar modificações no DNA que são muito específicas para o tumor e o tecido. O sistema de acetilação consegue identificar a origem do DNA tumoral. Chegaremos ao ponto onde o paciente terá um rastreamento precoce, principalmente pessoas com alto risco de ter câncer. E depois ainda tem o monitoramento com drogas específicas, sendo uma terapia de precisão.”

Também foi comentado que a biópsia líquida não substitui o patologista, mas veio para ficar. “Chega o momento em que não se tem o material e não adianta utilizar o mesmo de um ano atrás, pois ele se tornou geneticamente outro e agora está muito mais complexo, com muito mais mutações perigosas, não tem mais como consertar o DNA. Hoje é possível sequenciar os genes sem precisar expor o paciente”, contou. 

Por sua vez, Marlene apresentou o trabalho do Instituto Lado a Lado pela Vida, que percorre o país inteiro para orientar e conscientizar a população, com foco na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer. “Hoje, o tumor tem nome e sobrenome. Como traduzir isso para o paciente, os familiares e o cuidador? É isso que fazemos através de nossas campanhas, como a de Novembro Azul e Outubro Rosa.”

A instituição foi uma das primeiras do país a falar do câncer de pulmão além do tabaco. Antigamente, 7% dos pacientes com câncer nunca fumaram. Hoje, já são 22%. Vários fatores precisam ser entendidos e orientados. “Estamos realizando um trabalho muito forte também de políticas públicas. Não adianta a medicina avançar e as pessoas não terem acesso a ela.”

Marlene destacou que a medicina personalizada pode ser uma luz e que a instituição precisa acender esse interruptor, pois só assim será possível influenciar positivamente o cenário da saúde no país, com profissionais de saúde, pacientes, familiares, gestores, todos focados na conscientização.

O Instituto Lado a Lado pela Vida foi a primeira organização social a incluir, em 2015, a medicina personalizada na agenda, tanto na comunicação com a sociedade, quanto realizando eventos com formuladores de políticas públicas. “A medicina personalizada pode organizar todo o sistema de saúde. Precisamos avançar nessas discussões e nos aproximar dos legisladores. Temos de ampliar o acesso aos testes, o que ainda está muito longe no sistema público de saúde”. Ao que Scapulatempo Neto comentou: “são dois caminhos, primeiro acesso ao teste e depois acesso ao tratamento.”

De acordo com Fábio Ferreira, medicina personalizada, de prevenção e previsão estão muito interligadas. “Ao ter uma medicina de precisão baseada em dados genômicos, acaba-se personalizando ainda mais o tratamento, sem esquecer o lado humano, a importância da consulta médica, o histórico familiar e o risco de fatores ambientais. Com isso, a longo prazo, diminuímos o custo do sistema de saúde. Trocaremos o diagnóstico em fase avançada por uma situação de risco pré-diagnóstico de câncer, permitindo que se invista em orientações e mudança de estilo de vida baseados naquele risco individual, genético, determinado pela tecnologia atual.” 

Segundo Ferreira, em pouco tempo, será possível, através de um simples exame de sangue, visualizar um painel de risco para câncer, doença cardiovascular e neurológica, por exemplo. “Isso é fundamental em termos de saúde pública. O caminho não é focar exclusivamente em mutações conhecidamente patogênicas, mas na ideia de desenvolvimento de estratégias de registro que permitam, em algum momento, também fazermos estudos poligênicos, que são os estudos de associação de genoma completo.” 

Disse ainda que ao mapear a população, é possível ter um perfil dos polimorfismos daquela comunidade e colocar os indivíduos em percentil de risco, o que permitiria, daqui a um tempo, fazer programas de rastreamento de forma muito mais dirigida.

Confira o quarto episódio desta temporada na íntegra clicando aqui.

5° FILIS discute a transformação e o futuro da medicina diagnóstica

Debate reuniu especialistas de mercado no segundo dia do evento

Moderado pelo conselheiro da Abramed e sócio da Clínica Imagem, Ademar Paes Junior, o debate “Transformação e o Futuro da Medicina Diagnóstica” marcou o segundo dia do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS).

Abordando temas relacionados à pandemia e a inovação, o painel contou com a participação de relevantes nomes do mercado como Armando Lopes, Diretor de Diagnósticos por Imagem e Digitalização da Siemens Healthineers na América Latina; Carlos Martins, presidente Roche Diagnóstica no Brasil; Cleber Morais, diretor-geral da Amazon Web Services; e Rafael Palombini, presidente e CEO da GE Healthcare para a América Latina. Juntos, eles discutiram como a Covid-19 transformou a visão da indústria diagnóstica, quais mudanças e oportunidades de avanços tecnológicos nos últimos 18 meses trouxeram para o Brasil e a humanidade.

“Na pandemia, a tecnologia passou a ser o grande habilitador de tudo, da manutenção preventiva, consulta remota, mas o mais importante é entender o paciente como o core de tudo isso, como a tecnologia pode ajudar o paciente nesta jornada”, afirmou Cleber Morais, da Amazon Web Services.

Para Morais, como divisão da Amazon que leva serviços de computação, armazenamento e segurança aos clientes através da internet, o apoio da empresa foi fundamental para ajudar os clientes a passar por este período pandêmico, destacando o papel da empresa na elaboração de uma das vacinas contra a Covid-19. “A Moderna utilizando uma tecnologia nossa, da WS, para conseguir desenvolver a vacina em um tempo recorde, por meio inteligência artificial, elasticidade e capacidade tecnológica maior”, reafirmando que o período consolidou a tecnologia como grande habilitador de redução de custos e acelerador de benefícios para os pacientes.

Mas antes da vacina ficar pronta, Carlos Martins, da Roche, lembrou que o teste diagnóstico foi “um herói silencioso no meio de tudo isso que ocorreu”. “Isolar doentes para separar da população saudável foi o que pode nos salvar antes da vacina”, pontuou ele, que utilizou dados significativos para contextualizar a relevância da medicina diagnóstica na prevenção e cura de doenças: “70% das decisões clínicas são baseadas em exames diagnósticos, seja in vitro, de laboratório; ou in vivo, no doente, de imagem”.

Segundo ele, devido à demanda, foi necessário um foco muito grande para que o primeiro teste de RT-PCR fosse lançado em janeiro de 2020. Deste esforço, ele acredita que nasceu um dos principais aprendizados da pandemia. “Vimos do que nós, seres humanos, fazemos quando estamos focados em um tema, qual o poder que temos quando estamos determinados a realizar algo conjuntamente”, afirmou.

Nesta linha, Rafael Palombini, da GE Healthcare para a América Latina, compartilha que “pessoas, empatia e relacionamento” foram a chave para toda uma nova perspectiva decorrente da pandemia. “ Precisamos entender como gerar valor em termos de relacionamento, de apoio, de estar próximo e se reinventar na busca do que fosse melhor para manter o setor de saúde funcionando e operando”, afirmou ele, contando que a partir daí, foi possível apoiar o time da linha de frente na utilização de equipamentos diferenciados, buscando ritmo e eficiência.

“Adicionalmente aos temas de volumetria de atendimento, acesso à saúde e utilização de máquinas está esse olhar no paciente em uma visão completa da sua jornada, como antecipamos buscando a saúde do indivíduo, o que em cima do hoje podemos prevenir o amanhã, essa conscientização”, explicou.

O nível de conscientização das pessoas com relação ao valor do zelo da saúde também foi destaque na fala do diretor da Siemens- Healthineers, Armando Lopes, explicando que essa conscientização “mudou de patamar”, lembrando que a taxa de abandono de exames diminuiu brutalmente. “A pessoa faz e no mesmo dia ou no dia seguinte quer saber o resultado. A discussão sobre comorbidades, como pressão alta, diabetes e sobrepeso também passou a ser discutida inclusive à luz da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados)”.

Tecnologia, convívio e investimentos – Outro aspecto citado por Lopes foi o fato de que embora muitas das ferramentas utilizadas na pandemia já estivessem disponíveis antes de 2020, foi durante essa “tragédia que se abateu sob a humanidade” que a telemedicina, por exemplo, foi usada com sofisticação tecnológica. “A maneira que enfrentamos esta pandemia é o que deixará um legado muito grande. O desafio do pós-pandemia será o modelo híbrido, que precisará manter o legado do afastamento, mas resgatar coisas anteriores importantes do convívio do nosso antigo normal”.

“O Brasil já consome tecnologia há muito tempo, no mundo ocidental somos o segundo maior mercado de full service depois dos Estados Unidos, temos uma rede pública bastante ampla, população grande, mas em alta tecnologia acabamos consumindo mais que desenvolvendo“, pontuou o moderador Ademar Paes Junior, que também preside a Associação Catarinense de Medicina (ACM). Segundo ele, o pós-pandemia traz a oportunidade de tornar o Brasil mais relevante no cenário de desenvolvedor de tecnologia e soluções para a saúde.

Para isso, Carlos Martins, da Roche, destaca a importância da proatividade da indústria na busca por parcerias. “Temos que nos conectar com todos os stakeholders, autoridades e profissionais de saúde, pois há necessidade de investimentos”, apresentando dados de que embora 2% de todo o valor associado à saúde esteja associado à medicina diagnóstica ao nível mundial, no Brasil este percentual é de apenas 0,5%.

Os demais debatedores também concordam que ainda há muitas lacunas a serem preenchidas no segmento de medicina diagnóstica no Brasil, responsável por suprir a necessidade de 25% da população que utiliza a saúde suplementar. “Investimos US$ 5 bilhões de dólares em desenvolvimento e pesquisa de healthcare e o fato da população brasileira ser heterogênea é muito importante para os algoritmos da inteligência artificial”, explica Rafael Palombini, da GE Healthcare para a América Latina.

Outro desafio citado no debate foi o envelhecimento da população. “O Brasil está se preparando para fazer uma transição demográfica muito grande. A população envelhecerá      nos próximos anos”, afirmou Ademar, que lembrou o pioneirismo do segmento da Abramed. “A medicina diagnóstica sempre foi pioneira em levar inovação para o paciente, e tenho certeza de que continuaremos a fazer esse trabalho de antecipar o futuro lá na ponta com o paciente, no consultório médico, na sala de cirurgia, no laboratório, na sala de imagem, para oferecer uma saúde cada vez melhor para o brasileiro”, completou.

O 5º FILIS foi realizado de forma totalmente digital, em dois dias com intensa programação. Confira aqui, a cobertura completa desta e das demais palestras e painéis concretizados nesta edição. A gravação estará disponível até o final do mês de outubro.

Pesquisas em saúde ganham escala na quarta revolução industrial

Em palestra no 5° FILIS, especialista britânico destaca necessidade de maturidade digital nos sistemas 

“Com muito investimento, existe a aplicação de ciência de dados e inteligência artificial para a pesquisa na área da saúde do diagnóstico ao tratamento”, afirmou o britânico Andrew Morris, Diretor do Health Data Research UK no segundo (14) no Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS). Diretamente da Escócia, ele ministrou ao vivo e de maneira remota a palestra “Ciência de Dados e Tecnologia em Medicina Diagnóstica” .

O médico destacou que a ciência e a pesquisa em saúde estão prestes a vivenciar a quarta revolução industrial que unirá disciplinas como robótica, sensores e tecnologia web para criar produtos incríveis. “A segunda coisa que será abraçada é a escala com grandes números, com mais pessoas participando de estudos clínicos”, explicou. Para ele, outra vantagem conquistada por meio da big data e de estudos mais amplos é a possibilidade de uma mesma pesquisa mapear diferentes tipos de doenças.

Após citar dados históricos da pesquisa em saúde – como o estudo realizado por cientistas de Boston (EUA) com 5.200 pessoas que, em 1948, levou a criação do termo fator de risco para englobar hipertensão, tabagismo, colesterol e diabetes; e a criação do National Health Service (NHS), o amplo sistema público de saúde britânico; Morris destacou os atuais desafios dos estudos globais do setor.

De acordo com ele, o nível de maturidade digital dos sistemas é o principal deles. “É tudo muito fragmentado, então precisamos pensar como impulsionar o acesso e o compartilhamento de dados de grandes sistemas e isso precisa de uma equipe de ciência bem escolhida”.

Para enfrentar tamanho desafio, o NHS criou a organização que Morris dirige atualmente – a Health Data Research UK (HDRUK) – que conta com 12 financiadores nacionais e internacionais independentes. Por meio da organização, o Reino Unido consegue trabalhar com dados diversos de seus 68 milhões de habitantes. “É a democratização da ciência de dados e saúde. O setor precisa saber que tem dados com confiabilidade e transparência para serem usados de maneira escalada em benefício público”.

Nos últimos três anos, o HDRUK criou quatro institutos nacionais de dados, compostos por 86 organizações em 32 localizações do Reino Unido. “Isso mostra como conseguimos juntar a comunidade para compartilhar as políticas, os insights, as tecnologias de maneira escalada”. Além disso, foram instituídos subgrupos temáticos, os hubs, focados em câncer e saúde mental, por exemplo. “É uma coordenação para apuração e mentoria de dados, com evidências, que disponibilizamos para mais de 400 projetos da academia e do governo”, completou.

Segundo ele, o modelo de banco de dados da organização permite que sejam realizados diferentes tipos de pesquisa em todo o Reino Unido. Para exemplificar essa capilaridade geográfica e temática, ele apresentou alguns estudos de caso promovidos por meio do HDRUK, como a pesquisa da British Heart Foundation que conectou dados de doenças cardiovasculares com a Covid-19 através de dados de 54 milhões de pessoas cujas informações de cuidados primários e secundários estavam catalogados.

Outro exemplo citado pelo palestrante foi o estudo relacionado à eficácia das vacinas. “Sei que existem parcerias de trabalho com o Brasil nesta questão, mas o nosso time foi o primeiro a mostrar a eficácia de uma dose das vacinas da Astrazeneca Biontech e da Pfizer em termos de proteção, infecção, hospitalização e mortalidade”, lembrando que tais informações foram muito importantes na tomada de decisões políticas. “Em termos de genômica viral, o Reino Unido conseguiu sequenciar mais de 1,1 milhão de genomas virais para saber também a eficácia de vacinas, dados e resultados para demonstrar como esses diagnósticos podem influenciar políticas públicas”, afirmou ele, lembrando que há 18 meses a sequência viral era uma ferramenta de pesquisa e agora é uma ferramenta de uso clínico, que detecta, inclusive, a importação de novas variantes da Covid.

Internacionalmente, o HDRUK está trabalhando com diferentes organizações com o mesmo modelo. “É um cenário bem amplo de alianças de dados de Covid-19. Agora estamos com 12 grandes projetos e dois deles são em parceria com a Fiocruz para responder perguntas importantes globalmente”, completou ele, explicando que este esforço internacional possui liderança, inovação e especialização muito fortes também vindas do Brasil.

O 5º FILIS foi realizado de forma totalmente digital, em dois dias com intensa programação. Confira aqui a cobertura completa desta e das demais palestras e painéis concretizados nesta edição. A gravação estará disponível até o final do mês de outubro.

Especialistas debatem o legado e os desafios da medicina diagnóstica no pós-pandemia

Bate-papo abordou temas relevantes para o segmento no primeiro dia do 5° FILIS

O paciente no centro do atendimento, o acesso aos cuidados, a sobrecarga do sistema no pós-pandemia, a formação de profissionais e a fragmentação da saúde são alguns dos desafios econômicos para o segmento de diagnóstico debatidos na 5° edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS). Moderado pelo médico sanitarista e professor da Universidade de São Paulo, Gonzalo Vecina, o painel com o tema “Futuro da Saúde e os impactos econômicos no Pós Pandemia” reuniu para a conversa o CEO da DB Diagnósticos do Brasil, Antonio Fabron Junior; o General Manager da Abbott no Brasil, Julio Aderne; o CEO Americas Serviços Médicos – UHG, Marco Costa; e o Presidente do Hospital Albert Einstein, Sidney Klajner.

De acordo com Vecina, é preciso articular como ficará a questão do acesso à saúde em um sistema sobrecarregado que ainda tem o ônus de muitos exames não realizados durante a pandemia de Covid-19. “É preciso discutir a questão do abalo econômico do setor que trabalha tanto com o Sistema Único de Saúde (SUS) quanto com a iniciativa privada”, disse ele, que destacou que a Abramed é um elemento fundamental para construir essa colaboração no segmento.

Adepto deste conceito de união do setor, Sidney Klajner afirmou que para alcançar o propósito de levar saúde para todos os cidadãos são necessárias ações colaborativas e que, neste sentido, “nenhuma organização conseguirá fazer nada sozinha”. O presidente também falou sobre a diferença entre custos e valor quando se trata de saúde. “Valor não é previsibilidade de custos. A entrega em saúde, o tratamento ou a alta complexidade podem ser o maior valor”, explicou.

Para Julio Aderne, o paradigma central no processo de criar valor no sistema de saúde é colocar o paciente no centro das decisões. “Cada elemento da cadeia de saúde, complexa e fragmentada, precisa colocar verdadeiramente o interesse do paciente no centro”, lembrando que, uma enquete realizada pela Abbott em maio com mais de duas mil pessoas de todas as regiões do Brasil revelou ser esse exatamente o desejo da população “estar no centro do atendimento”.

A pesquisa mostrou ainda que 70% das pessoas querem utilizar tecnologia para interagir com seus médicos, o que, segundo Aderne, se relaciona diretamente ao compromisso da Abbott como desenvolvedor de tecnologia: gerar informação através da tecnologia para permitir a maximização da eficiência do sistema.

“Nosso setor tem grande potencial, mesmo na crise econômica, nós crescemos, mas temos que acelerar as transformações em tecnologia e a qualidade do atendimento aos pacientes, colocando-os no centro dos cuidados e investindo em ações preventivas”, comentou Antonio Fabron Junior, ponderando que elementos culturais institucionais brasileiros – como a corrupção e a falta de articulação dos agentes públicos –devem impactar a curva de recuperação da economia no pós-pandemia.

De acordo com Fabron, para diminuir os impactos econômicos do pós-pandemia, os gestores de empresas de medicina diagnóstica precisam acelerar a transformação tecnológica que aumenta eficiência e produtividade, bem como a qualidade da relação com os clientes, lembrando ainda da relevância da medicina preventiva.

Nesta linha, Marco Costa destacou os Sistemas de Excelência de Cuidados Avançados voltado às doenças crônicas. “Temos uma campanha de tentar resolver o problema da fragmentação do cuidado da saúde suplementar no Brasil e estamos tentando criar um sistema de saúde integral da saúde”. Com uma visão otimista sobre o futuro, Costa afirma que a Americas está investindo na digitalização dos serviços e no oferecimento do acesso à saúde. “E assim vamos avançando na redução do atendimento em pronto-socorro tratando esse paciente em casa ou no sistema ambulatorial e assim diminuir um pouquinho essa fragmentação na saúde”, completou.

Papel fundamental no futuro da saúde, a formação em novos médicos e profissionais da saúde também foi abordada. Segundo Klajner, o investimento na área acadêmica veio para suprir a necessidade de atualização dos currículos das instituições tradicionais de ensino. “Não cabe mais a formação de um profissional que não contenha temas como transformação digital e gestão.  É obrigação de todo médico poder antever o que a sua caneta consegue realizar com o sistema de saúde”, disse, completando que as iniciativas de ensino do Einstein cresceram 80% em 2000, chegando a 85 mil alunos por conta da ampliação de ambientes virtuais.

Confira aqui o debate na íntegra deste e das demais palestras e painéis concretizados nesta 5° edição do FILIS. A gravação estará disponível até o final do mês de outubro.

Debate do 5° FILIS discutiu as consequências da pandemia no desenvolvimento da medicina no Brasil

Representantes de instituições de pesquisa, da indústria de produtos para a saúde e da medicina diagnóstica apontaram erros e acertos do período e quais pontos merecem maior atenção

“O avanço da medicina sob pressão” foi tema da sala paralela no segundo dia do 5° Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), evento promovido pela Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica). Patrocinada pela Thermo Fisher, a sessão contou com a moderação de Cláudia Cohn, CEO do Alta Excelência Diagnóstica e Diretora-Executiva da Dasa.

Participaram do debate Ester Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da      Universidade de São Paulo (USP); Esper Kallas, professor titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da USP; Roberto Santoro, CEO do Grupo Pardini; e Nicolas Marchon, diretor de marketing Latam da Thermo Fisher.

Para iniciar, Claudia contextualiza explicando que a medicina sofre pressão em todos os aspectos e durante a pandemia continuou em plena ação, mesmo com os desafios remotos na organização e gestão da saúde, na produção de equipamentos e insumos, no transporte e logística dos materiais, enfrentando novos casos e diagnósticos variados nestes quase dois anos. Segundo ela, um Brasil sofrido que continuou a exercer sua atividade incansavelmente na área médica. 

“Vimos a medicina pública e privada contribuindo entre si, eliminando todo o viés político. Foi muito importante termos entes públicos que continuaram a regular e a definir políticas de diagnóstico e tratamento”, disse a moderadora, citando também a importância da indústria nesse período e convidando Nicolas Marchon  para iniciar sua fala.

Para ele, a velocidade de resposta da indústria à pandemia foi ímpar, após o momento inicial de surpresa. Entre os fatores primordiais que geraram este resultado citou o senso de urgência, devido ao potencial pandêmico; o avanço na pesquisa voltada aos testes de Covid-19, pois não foi necessário      desenvolver nenhuma tecnologia nova; e a colaboração entre os stakeholders da saúde. “Vimos indústria, universidades, agências reguladoras e      governo      atuando de forma uníssona”, ressaltou.

Na sequência, Ester Sabino contou que quando os casos de covid-19 começaram, a entidade já estava trabalhando em como responder de forma rápida a epidemias. “Tão logo apareceram os casos na China, nós nos organizamos. A resposta imediata depende do fortalecimento pré-pandemia. Por isso é importante investir em ciência”, expôs.

Outra questão importante citada foi o fato de a ciência ter passado a fazer parte do dia a dia das pessoas, recebendo seu merecido reconhecimento. “Isso estava faltando, não se conhecia o que a ciência vem produzindo no Brasil”, disse, comentando, inclusive, como o conceito de fator R0 (R zero) acabou se tornando assunto entre os leigos. 

Já Esper Kallas  aproveitou para chamar a atenção para as zoonoses, que podem dar um salto e causar outras pandemias. “Precisamos crescer na identificação dos vírus e outros patógenos que estão em circulação, temos um longo caminho para nos desenvolvermos nesta área. As iniciativas de enfrentamento que surgiram no Brasil se deram através da colaboração entre grupos que já existiam. Não há investimento em estudo de novas zoonoses. Veja, ainda, o recente corte no orçamento para pesquisas. É ultrajante”, comentou.

Segundo ele, o país não está preparado para enfrentar as próximas doenças, não tem fortalecido grupos para estudar pandemias, como de zika, nem criado estratégias racionais de enfrentamento, tampouco investido em ciência. “Claro que sempre há a possibilidade de erro. Erramos em vários momentos durante a pandemia. Poderíamos ter evitado mortes, mas, na posição de médicos, tivemos de encontrar uma solução. Tentamos algumas estratégias de tratamento, mas o que faltou, de forma geral, foi entender que a ciência é construída e se desenvolve ao longo do acúmulo do conhecimento”, frisou Esper.

O professor também criticou a politização durante a pandemia no Brasil, que acabou gerando a morte de muitas pessoas. “O conhecimento científico deveria ser respeitado. Essa interferência externa prejudicou ainda mais a situação. A saúde pública tem de ser, sim, uma conjunção entre ciência e política, mas, no nosso caso, a integração foi muito danosa. Faltou construir com a população, ao longo dos anos, a aceitação da importância da ciência. E faltou nutrir os nossos políticos de opiniões mais especializadas para a tomada de decisão. Temos de trazer essa discussão para a sociedade. A ciência é um método para encontrar soluções para a saúde coletiva.”

Claudia Cohn aproveitou a ocasião para ressaltar que a Abramed vem fazendo seu papel de levar luz a essas questões, para que políticos e sociedade entendam a importância do conhecimento científico. “Não dá para transformar o Brasil em uma referência sem construirmos isso juntos.”

Para Roberto Santoro, durante a pandemia, foi evidenciada a importância da medicina diagnóstica no Brasil e a sua adaptação sob pressão. “A medicina diagnóstica é infraestrutura, é logística, é capacidade de produção, é pesquisa & desenvolvimento, é interface de sistemas. A pandemia trouxe a visão da necessidade de uma infraestrutura melhor no Brasil”, disse.

Quando a demanda aumentou, o Pardini, que tem 10 mil laboratórios em todo o Brasil, desenvolveu inovações tanto na produção quanto na logística. “Hoje percorremos 90 mil quilômetros por dia, estamos em mais de dois mil municípios e temos mais de 100 bases logísticas. Nunca atuamos nesta dimensão.”

Um ponto que preocupa Santoro está relacionado justamente a esse crescimento e ao futuro. Uma projeção sobre a necessidade de laboratórios nos próximos cinco anos mostra que haverá um déficit no setor. Outro ponto que merece atenção é a falta da medicina diagnóstica na atenção primária e secundária e também na área oncológica. “Receio que este gap pode evoluir levando ao aumento da mortalidade desses pacientes”, expôs.

Santoro também citou a questão da interoperabilidade no Brasil. “Utilizar os dados coletados para construir modelos preditivos através de analytics e fazer interface com operadores de saúde, atenção pública e privada são grandes desafios. Na Europa, os setores público e privado compartilham dados, mas isso ainda é difícil no Brasil.”

Confira aqui o debate na íntegra deste e das demais palestras e painéis concretizados nesta 5° edição do FILIS. A gravação estará disponível até o final do mês de outubro.

Medicina diagnóstica brasileira investiu em diferentes ações sociais para minimizar os impactos da pandemia

Empresas atuaram para a ampliação da testagem, arrecadação e distribuição de doações diversas

Para encerrar a 5ª edição do FILIS (Fórum Internacional de Lideranças da Saúde), empresas associadas e parceiras da Abramed estiveram reunidas na sala paralela com o tema “O papel social da Medicina Diagnóstica no enfrentamento da Pandemia”. Com moderação de Cesar Higa Nomura, superintendente de Medicina Diagnóstica do Hospital Sírio-Libanês, o encontro promoveu um debate interessante sobre a importância da responsabilidade social em momentos de crise como o que estamos vivendo.

“A pandemia impactou todos os setores. Vimos um lado triste, mas pudemos notar também uma grande preocupação social que merece ser destacada”, comentou Nomura ao abrir as apresentações realizadas por Caio Duarte Hashimoto, diretor administrativo financeiro da DMS Burnier; Daniel Marques Perigo, gerente de Sustentabilidade do Grupo Fleury; Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin; e Raquel Dilguerian de Oliveira Conceição, gerente médica de Saúde Populacional e Saúde Corporativa do Hospital Israelita Albert Einstein.

Na visão de Lídia, a pandemia ampliou dois problemas que já enfrentávamos enquanto comunidade: a desigualdade social e a violência doméstica. “No Sabin sempre pensamos a responsabilidade social de dentro para fora. Então cuidamos dos nossos colaboradores e familiares, assumindo o compromisso de não fazer demissões durante os quatro primeiros meses da crise, já que não existe nada mais sério do que garantir o emprego e, consequentemente, a dignidade das pessoas”, comentou. Além disso, o Sabin também investiu em uma campanha interna e externa de quarentena sem violência, promovendo um trabalho bastante forte junto à comunidade. 

Na sequência, Raquel falou um pouco sobre o empenho do Hospital Israelita Albert Einstein diante de tantas dificuldades enfrentadas pela população brasileira nos últimos meses. Entre colaboradores e dependentes, a instituição somou quase 5 mil infectados e para o melhor controle desse cenário investiu em um monitoramento forte, promovendo a assistência segura de forma remota. 

“Criamos um cinturão de segurança durante o qual foram realizados mais de 150 mil contatos para identificação das necessidades básicas das pessoas, inclusive daquelas que viviam nas comunidades e tinham dificuldade de manter o isolamento”, explicou. Nesta ação, o Albert Einstein fez um mapeamento da força interna de trabalho, detectou necessidades básicas de alimentação em 30% da equipe, e para isso fez a opção de, mesmo com a pandemia, manter o refeitório aberto de modo a prover refeição de qualidade para todos. Para a comunidade, além de doação de cestas básicas, foram feitas captação e distribuição de máscaras e álcool gel para que as pessoas pudessem evitar a disseminação do novo coronavírus em casa.

Já no Grupo Fleury, a gestão definiu iniciar com ações filantrópicas de responsabilidade social baseadas em parcerias com outras empresas e entes públicos para a realização de exames de covid-19 e, na sequência, buscou formas de promover ações de voluntariado engajando os colaboradores sem que eles tivessem de se expor a riscos.

De acordo com Perigo, ao longo de 2020 foram investidos mais de R$ 14 milhões em pesquisa e desenvolvimento. “Trabalhamos inclusive com a criação do teste de proteômica, técnica que permite uma maior estabilidade das amostras, o que é excelente para a testagem em regiões mais afastadas onde há maior tempo de transporte”, explicou. No grupo também foram desenvolvidas diversas ações para cuidado e apoio aos colaboradores e suas famílias, o que inclui um benefício oferecido durante três meses para todas as famílias com crianças acima de 12 anos. “Foi a maneira que a empresa entendeu ser mais efetiva para apoiar os times inclusive financeiramente”, disse Perigo.

Hashimoto também compartilhou as experiências sociais da DMS Burnier. Segundo o diretor, a empresa já promovia ações sociais como a doação de alimentos e brinquedos, mas com a chegada da pandemia, essas ações foram intensificadas. “Começamos a colocar metas de arrecadação e contrapartida da empresa quando alcançávamos essas metas. Assim estabelecemos maior frequência e criamos o nosso braço social”, declarou.

Na visão do executivo, a percepção de que o setor se movimentou para auxiliar não só no aspecto da medicina diagnóstica, mas também com preocupações comunitárias, merece ser destacada. “O objetivo principal das campanhas sociais da DMS Burnier está alinhado com os valores da empresa, de nos colocarmos sempre no lugar do outro. Não só dos nossos clientes, mas de toda a comunidade que participa da nossa cadeia de valor”, disse.

Parceira da Abramed, a BioMérieux foi representada por Barros, que reforçou duas preocupações da empresa durante a pandemia: a resistência antimicrobiana ocasionada pelo uso indevido de antibióticos para tratamento da covid-19 e os impactos alimentares gerados pela crise na sociedade.

“A carência alimentar foi uma grande preocupação, pois sabemos que no nosso país esse já era um problema. Assim, contribuímos com esse cenário global e localmente conquistando engajamento importante dos nossos colaboradores. A cada R$ 1 real doado, a empresa colocava mais R$ 2. Arrecadamos cerca de 15 toneladas de alimentos”, comentou. Quanto à resistência antimicrobiana, a empresa utilizou estudos diversos da União Europeia para desenvolver medidas educativas e evitar o uso indiscriminado desses medicamentos.

Para finalizar, Nomura falou um pouco sobre as ações criadas pelo Hospital Sírio-Libanês como, por exemplo, o projeto Radvid, que uniu diagnóstico por imagem e inteligência artificial para otimizar o manejo dos pacientes com covid-19. “Qualquer instituição de saúde, de qualquer região do Brasil, que contasse com um equipamento de tomografia podia enviar imagens para esse servidor que utilizava dois algoritmos para detectar a probabilidade de uma infecção pelo novo coronavírus e quantificar o acometimento pulmonar em cada exame de imagem compartilhado”, explicou.

O hospital também investiu no treinamento das equipes que passaram a atender os novos leitos de UTI do Hospital das Clínicas. “Eram profissionais que nunca trabalharam em unidades de terapia intensiva. Então desenvolvemos essa capacitação para cerca de 700 enfermeiros e técnicos de enfermagem”, comentou Nomura.

Para encerrar o painel, Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, comentou sobre o espírito de colaboração que tomou conta do setor de medicina diagnóstica durante a pandemia. “Foi encantador perceber a união das empresas em prol de um bem maior independentemente de bandeira, marca e do seu papel corporativo”, finalizou.

Os apontamentos feitos pelos participantes foram apenas algumas das ações desenvolvidas pelas empresas desde o início da crise no primeiro trimestre de 2020. 

O 5º FILIS foi realizado de forma totalmente digital, em dois dias com intensa programação. Confira aqui a gravação completa deste debate e de todas as palestras e painéis concretizados nesta edição. O conteúdo gravado ficará disponível até o final do mês de outubro.

Clique aqui acesse o resumos dos cases enviados pelas empresas que participaram do evento.