A importância dos gêmeos digitais na personalização da medicina e no futuro da saúde

Colaboração entre países, interoperabilidade, empoderamento e experiência do paciente foram temas abordados por Tobias Zobel, palestrante internacional do FILIS 2023

É fato que o perfil da população mudará em breve e que até 2050 deverá chegar a 10 bilhões. Como consequência desse maior número de pessoas, haverá também um aumento da demanda e saúde de alta qualidade. Por outro lado, ao mesmo tempo, o mundo terá um déficit de 18 milhões de profissionais de saúde até 2030. É exatamente nesse contexto que a automação e a inteligência artificial (IA) tornam-se essenciais para o setor da saúde, sendo inseridas no diagnóstico e no tratamento.

Segundo Tobias Zobel, diretor do Digital Health Innovation Platform (d.hip) e embaixador do Medical Valley – um dos complexos mais ricos para engenharia aplicada à medicina no mundo, localizado na região norte do estado alemão da Bavária -, a automação aumentará continuamente por meio de robôs virtuais e físicos baseados em IA para, desta forma, apoiar os profissionais de saúde e, em última instâncias, os pacientes e indivíduos saudáveis. O executivo foi um dos palestrantes internacionais que participou do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), no dia 31 de agosto, e falou ainda sobre os desafios na saúde no Brasil e na Alemanha e como os países podem colaborar mutuamente para solucioná-los.

Embora na d.hip, que consiste em uma aliança de inovação entre pesquisa industrial, clínica e tecnológica, existam, por exemplo, diversos projetos, que incluem data center de saúde digital e os próprios gêmeos digitais, ainda há muito o que avançar. Também é notável a necessidade de engajar as pessoas na IA. 

“Não sabemos o que vem pela frente, apenas que o resultado será bom. Mas, por hora, o que podemos dizer é que estamos em uma espécie de área cinza e precisamos definir o máximo de padrões possível. Nas legislações existem tópicos que ainda não foram contemplados, é muito parecido aqui no Brasil, onde existem projetos que precisam ser considerados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Governo. É o caso da proteção de dados, que apesar de ser importante, tem o outro lado da equação no sentido do quanto o dado beneficia o diagnóstico? O maior desafio que enfrentamos hoje na Alemanha e que, finalmente, estamos discutindo, está relacionado à identificação dos pacientes”, complementa Zobel.

Gêmeos digitais 

Com relação ao gêmeo digital de saúde, modelo baseado em tecnologia que vincula o mundo real ao digital para tornar os dados em percepções acionáveis, o especialista explicou que existem muitas definições.  Mas, salientou que o digital patient twin aprende e evolui constantemente com uma pessoa para evitar tanto que ela fique doente ou para ajudá-la a recuperar sua condição de saúde o mais rápido possível quando adoecer.

A prevenção, nesse caminho de um gêmeo digital pessoal, é um dos tópicos mais importantes, mas com ela vem o empoderamento do paciente. É preciso garantir que eles compreendam seu estado de saúde e o quanto são responsáveis por ela. Atualmente o princípio está em comparar pacientes com a base toda de dados, identificar semelhanças e diferenças. Porém, a ideia é dar um passo além, coletando dados anteriormente de quando ela ainda é saudável e em seguida olhar para a avaliação do estado de saúde, o risco e criar um plano de prevenção personalizada para que eles possam mudar seu comportamento e detectar precocemente doenças. Trata-se de informações simples, que podem ser extraídas, sem nenhum contato com o paciente. 

“Os dados também podem servir para melhor percepção da situação de saúde. O próprio paciente pode ajudar a fazer monitoramento, olhando para tudo o que impacta em suas vidas. Por isso, os wearables são tão essenciais. E quando chegamos finalmente na etapa da consulta, já conseguimos levar os dados clínicos fornecidos em etapas anteriores em relatório clínico completo, sem perda de nenhuma informação relevante para o diagnóstico e terapia. E quem tem esse dado é o próprio paciente. Um twin digital holístico é o que permite praticar medicina personalizada”, reforça.  

Para Zobel é preciso implementar o máximo de inteligência artificial possível. Exatamente por todas essas questões, ele reforçou a importância da interoperabilidade e da criação de padrões. Porém, enfatizou que, essa, não deve ser uma responsabilidade do Governo.  

“Encabeçar a solução desse desafio é um papel da indústria. A Abramed e outras associações estão fazendo um trabalho excelente neste sentido, e não vemos isso na Alemanha, por exemplo. Mas, se não tivermos esse avanço, não poderemos tirar proveito dos benefícios da IA”, atesta.

Além da criação de um modelo internacional de IA e de parâmetros que norteiam todos os processos desde o processamento até a anonimização, Zobel falou de desafios como integração, normalização e manutenção de dados; implementação nos fluxos de trabalho; acesso dos pacientes aos dados e direito de decidir sobre o uso; considerações regulatórias e interação com outras plataformas e repositórios. Esses, segundo ele, são os pontos que, inclusive, deverão ser olhados pela Anvisa para a regulação desses aspectos. 

“Isso tudo é um grande desafio. Temos que colocar esses pontos em um fluxo de trabalho real nos hospitais, que estão 20 anos atrasados. Em nosso hospital, por exemplo, temos 700 sistemas de TI para extrair dados clínicos de pacientes. E ainda precisamos garantir a proteção e a gestão da informação, bem como o paciente tem que dar consentimento sobre como podemos usar os dados. Esse é um aspecto prévio e primordial nessa discussão toda”, finaliza.

Leaders Connection e Momento Transformação foram as novidades do FILIS 2023

O primeiro focou na conexão entre os participantes do evento, enquanto o segundo foi dedicado a cases de sucesso

Duas novidades marcaram a 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS): o Leaders Connection, períodos de pausa durante a programação do evento focados no networking entre os participantes; e o Momento Transformação, apresentação de cases nacionais e internacionais de inovação na área da Saúde apresentados por grandes players do mercado.

Com a crescente importância da colaboração e da interconexão entre os atores do sistema de saúde, o Leaders Connection se revelou uma iniciativa estratégica e bem-sucedida. Líderes de diferentes áreas tiveram a oportunidade de se reunir informalmente para um momento de verdadeira interação.

O FILIS propicia um ambiente onde profissionais altamente qualificados se congregam para discutir temas essenciais para a sustentabilidade do sistema, como gestão e inovação. “A Abramed preza muito pelo relacionamento, pela troca de boas práticas e pela comunicação entre os diferentes elos da cadeia de saúde. É no momento de intervalo entre as apresentações do FILIS que se torna possível fazer esse networking qualificado com o público”, ressaltou Milva Pagano, diretora-executiva da entidade.

Espaços como esse são essenciais para ampliar horizontes, explorar novas perspectivas e estabelecer conexões que podem impactar positivamente o futuro da saúde no Brasil e no mundo.

Cases de sucesso

Já o Momento Transformação foi dividido em duas apresentações. A primeira com a participação da palestrante internacional Wendi Mader, Vice President Employer da Quest Diagnostics, que abordou gestão e saúde populacional, ressaltando o papel dos insights diagnósticos nos programas de saúde corporativa e como essas informações podem direcionar as pessoas ao cuidado adequado no momento certo, aproveitando soluções tecnológicas inovadoras que aprimorem o acesso ao cuidado.

A segunda apresentação foi do Presidente da Roche Diagnóstica Brasil, Carlos Martins, que expôs o tema “A integração de dados aumenta a eficiência e melhora os cuidados com os pacientes”. Ele mostrou as soluções digitais utilizadas por Unimed Sorocaba, Hospital Israelita Albert Einstein, Grupo Fleury e Ministério da Saúde para integrar seus processos na área de diagnóstico, bem como os resultados obtidos.

Ao destacar casos de inovação na área da saúde, o Momento Transformação buscou inspirar líderes a abraçar mudanças, adotar novas tecnologias e aprimorar suas estratégias, se baseando no que o mercado vem praticando.

“O sucesso do Leaders Connection e do Momento Transformação ressaltaram mais uma vez a importância do FILIS como um espaço crucial para a integração de toda a cadeia da saúde”, finalizou Milva.

Professor Alberto Duarte é homenageado da 5º edição do Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld

Honraria criada pela Abramed reconhece profissionais e especialistas que promovem desenvolvimento e melhoria da saúde no País

O Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld, homenagem criada pela Abramed, foi entregue ao Professor Doutor Alberto Duarte durante a 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS. Graduado em Medicina pela Universidade de Pernambuco, com doutorado em Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pós-doutorado em Nefrologia da Harvard Medical School, Dr. Duarte conquistou livre-docência no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP) em 1983 e implantou o serviço de imunologia clínica do HC, além de ser responsável pela criação do Laboratório de Investigação Médica também nessa faculdade.

Duarte iniciou seu percurso na FMUSP como Livre Docente e depois tornou-se Professor Titular da Disciplina de Patologia Clínica. Foi diretor da Divisão de Laboratório Central do HC/FMUSP. Possui experiência na área de Imunologia, com ênfase em Imunologia Celular, atuando principalmente nas seguintes linhas de pesquisa: Imunomodulação Experimental, Imunopatologia da Infecção pelo HIV, Imunopatologia das Imunodeficiências Secundárias, Infecciosas ou Metabólicas e Imunopatologia das Infecções Primárias. Durante todo esse período formou 78 mestres e 68 doutores, 16 deles, pós-doutores. Possui mais de 350 artigos científicos publicados.

“Para mim é uma surpresa muito grande essa homenagem e me sinto extremamente honrado, pois quem conheceu Gastão, ter um prêmio com o nome dele é algo muito especial”, disse o professor emocionado.

Ainda de acordo com ele: “tudo o que foi dito sobre mim, jamais pode ser só meu. Porque você não trabalha sozinho! Você trabalha com sua família, mas o que mais me agrada é que tudo o que eu fiz no sentido de treinar e desenvolver pessoas é o que fica. É o que se pode perpetuar e ajudar que isso traga benefícios ao País e ao nosso paciente, que é a nossa meta”. 

Um dos momentos de maior emoção na entrega do Prêmio foi quando Duarte lembrou que teve a “grande honra de orientar” o presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik, em seu doutorado. “Tem umas coisas muito interessantes da vida que quando você se propõe a orientar, mas é o seu aluno que te ensina”. 

Luiz Gastão Rosenfeld

Considerado uma das maiores autoridades em patologia clínica e hematologia do Brasil, o médico Luiz Gastão Rosenfeld foi um dos fundadores do Centro de Hematologia de São Paulo (CHSP) e presidiu a Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH), hoje Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular.

Também foi diretor do laboratório do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, além de ter coordenado o laboratório do Hospital Albert Einstein (HIAE), foi vice-presidente clínico e diretor de Relações Institucionais da DASA e coordenador científico da Câmara Técnica da Abramed.

De acordo com Shcolnik, “o doutor Luiz Gastão Rosenfeld foi um visionário”. Chefiou o laboratório do Hospital Albert Einstein, liderando certificação de qualidade internacional nesse laboratório de forma pioneira.

O prêmio foi criado em 2018 pela Abramed. Entre os homenageados das edições anteriores estão Jarbas Barbosa, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em 2018; Mayana Zatz, bióloga molecular e geneticista, em 2019; Dra. Margareth Dalcolmo, médica pneumologista, professora e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 2021, e o professor Dimas Covas Tadeu, presidente do Instituto Butantan e do Conselho Curador da Fundação Butantan, em 2022.

Insights diagnósticos são fundamentais para mudar o cenário da saúde corporativa, diz palestrante do 7° FILIS

Wendi Mader, da Quest Diagnostics, reforça a importância de acompanhamento e de gestão da saúde populacional nas empresas, e ações que foquem em prevenção para a redução de elevados custos de saúde 

Conhecer a saúde de sua população e trabalhar na prevenção são aspectos que ganham cada vez mais relevância no mercado corporativo. Considerando que qualquer adiamento no cuidado pode impactar não somente quem está negligenciando esse cuidado, como também os empregadores e até o próprio sistema de saúde, estratégias de gestão populacional fazem total diferença nesse contexto.

“Atualmente passamos entre oito e até 12 horas trabalhando. Tudo é sobre trabalho e acontece nesse ambiente. Além disso, não podemos fazer prevenção apenas em casa. Isso precisa ter continuidade”, explicou Wendi Mader, Vice-presidente Employer da Quest Diagnostics, que nos últimos 20 anos, tem atuado com foco em encontrar formas de controlar os custos de saúde e prevenir condições crônicas. 

Mas quais os caminhos a seguir? Foi exatamente visando esclarecer esses aspectos e mostrar a importância dos insights diagnósticos para melhorar a experiência do cuidado, a saúde populacional e reduzir os custos da saúde, que Wendi compartilhou sua experiência com os participantes do 7º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS). Ela foi uma das convidadas do “Momento Transformação”, uma das novidades desta edição, que trouxe para a programação a apresentação de cases de inovação na área da Saúde.

Com o objetivo de melhorar esse cenário, a Quest Diagnostics nos Estados Unidos tem adotado iniciativas para manter as populações saudáveis, mas que podem ser aplicadas em empresas no Brasil e em outros países. A companhia investe anualmente 400 milhões de dólares na saúde dos seus 45 mil colaboradores, o que é de extrema relevância, especialmente pelo tipo de serviço crítico que prestam.

A ideia é melhorar a saúde desde o momento de admissão até a aposentadoria, além de criar produtos que tornam os testes de diagnósticos mais simples. Atualmente são mais de 18 mil clientes e mais de 7 milhões de colaboradores testados. “A saúde e a segurança de um colaborador deve ser um comprometimento a longo prazo e deve considerar as especificidades de cada um deles”, complementa.

Reflexos da pandemia

Segundo Wendi, dados da empresa mostram que houve uma diminuição de 70% no número de idas ao médico durante a pandemia. O cuidado tardio, sem dúvidas, causa impactos a longo prazo, como agravamento dos sintomas, atraso no tratamento, maior estresse com relação à condição de saúde e impactos negativos na longevidade. Cerca de um em cada três pessoas nos 67% com alguma doença crônica disseram ter sua condição de saúde piorada durante a emergência sanitária. No entanto, os colaboradores reconhecem a necessidade de focar em sua saúde e dois a cada cinco têm a preocupação de ter alguma condição desconhecida. 

“Será que as pessoas sabem o que acontece em seu corpo? Será que elas relatam tudo o que têm com veracidade. 59% dos colaboradores com níveis de colesterol alto, por exemplo, não sabem que possuem essa condição crônica”, provoca a executiva. 

Por outro lado, os elevados custos que a falta de prevenção pode gerar também são pontos de atenção, que foram também salientados por Wendi. Nos Estados Unidos, por exemplo, um paciente com doença crônica custa em média 125 mil dólares. “Um caso somente basta para causar um desequilíbrio financeiro”, enfatiza. 

A Quest Diagnostics é especialista em dados clínicos e diagnósticos e oferece soluções que garantem às pessoas não apenas o acesso a testes onde quer que estejam, mas também a compreensão dos resultados deles. O objetivo é capacitar as pessoas a entenderem melhor seu estado de saúde, permitindo que elas se tornem consumidores mais informados e alcancem uma melhor gestão de sua saúde. Um desses produtos é o Blueprint Welness que ajuda a ter uma visão real dos dados e não suposições e já realizou a triagem de mais de três milhões de colaboradores no mundo. 

O objetivo é mudar o cenário atual, educar os colaboradores, dar acesso à assistência médica e colocá-los na trajetória correta do seu cuidado. “Temos que pensar diferente a respeito de como usamos a tecnologia. Podemos levar os profissionais da saúde para cada paciente. E não podemos nos esquecer também da saúde mental. Pessoas estão estressadas e tudo bem. A questão é que podemos ajudá-los. Ao final, o objetivo é alcançar uma saúde mais igualitária e reduzir os custos com ela”, finaliza.

Casos de covid-19 mais que dobram em laboratórios privados, segundo Abramed

A positividade passou de 6,3%, na semana de 27 de julho a 4 de agosto, para 13,8%, na semana de 12 a 18 de agosto

A taxa de positividade dos exames de covid-19 realizados em laboratórios e clínicas privadas do Brasil mais do que dobrou nas últimas três semanas. O índice, que ficou em 6,3% na semana de 29 de julho a 4 de agosto, subiu para 13,8% na semana de 12 a 18 de agosto, ou seja, cresceu 7,5 pontos percentuais. Os dados são das empresas participantes da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que representam 65% do volume de exames realizados pela saúde suplementar no país.

Em relação ao número de exames de covid-19 realizados de 29 de julho a 4 de agosto comparado à semana de 12 a 18 de agosto, o aumento foi de 13,7%, passando de 5.383 para 6.124 exames.

Caso a comparação seja com a semana imediatamente anterior, de 5 a 11 de agosto, o aumento foi de 10,8% no número de exames (de 5.526 para 6.124) e de 5,8 pontos percentuais na positividade (de 8% para 13,8%), em relação ao período de 12 a 18 de agosto. Há semanas que registram aumento do número de exames, sem que isso indique uma nova onda. Por exemplo, em junho, foi registrado um aumento da primeira para a segunda semana de 6% no número de exames realizados. E, na semana subsequente, voltou a cair.

Desde o começo de 2023, a maior taxa de positividade em exames de covid-19 foi registrada na semana de 4 a 10 de março: 22,7%. A partir daí, essa porcentagem foi diminuindo, assim como o total de exames realizados. Na semana de 29 de abril a 5 de maio, o índice de positividade  chegou a um dígito: 8,8%. Só agora na semana de 12 a 18 de agosto passou para dois dígitos: 13,8%. O índice mais baixo de positividade registrada no ano foi na semana de 24 a 30 de junho: 3,5%.

Jacson Barros ensina como potencializar o uso de dados para a inovação na saúde

O gerente de desenvolvimento de negócios em saúde na Amazon provocará reflexões sobre o tema durante o FILIS 2023

Transformar um dado em informação é um dos fatores mais importantes para a tomada de decisão. Até que ponto utilizamos nossos dados para isso? Essa é a provocação que Jacson Barros, gerente de desenvolvimento de negócios em saúde na Amazon, fará em sua palestra durante a sétima edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS).

“A ideia é trazer algumas reflexões sobre o assunto para que realmente os estabelecimentos sejam data-driven”, explica Barros. Data-driven é um termo que se refere à abordagem de tomada de decisão e execução de atividades com base em dados e evidências coletadas e analisadas. Isso implica que as decisões e ações são informadas e influenciadas pelas informações obtidas a partir de conjuntos de dados relevantes.

Segundo Barros, em qualquer setor, quanto mais se conhecem os desafios, melhor serão as ações e as ferramentas para enfrentá-los. “Podemos ter perspectivas mais personalizadas sobre os nossos pacientes, uma abordagem populacional que nos permita a criação de políticas que realmente tragam valor e possam ser medidas, ampliar a pesquisa e inovação e garantir um ambiente sustentável e resiliente”, explica.

Sobre as implicações para maior desenvolvimento desse tema, ele reconhece que não é uma tarefa trivial, pois há diversos pontos de atenção que precisam ser superados. Entre eles: a falta de comunicação entre os diversos níveis de serviços, a dificuldade da digitalização dos serviços e a falta de uma visão estratégica sobre o tema. 

“Vejo vários projetos de interoperabilidade que não saem do papel, pois não se sustentam. Para mim, todos os sistemas deveriam, por obrigação, serem interoperáveis, cabendo ao usuário decidir o que fazer com a informação, e não o estabelecimento de saúde”, afirma Barros.

Quanto à segurança, embora reconheça que existam profissionais qualificados no mercado, bem como ferramentas adequadas para cada situação, ainda nota a necessidade de amadurecimento no tratamento do evento adverso. “De que adianta termos todo um arcabouço de recursos humanos e tecnológicos se no momento de um evento qualquer não tivermos um comportamento emocional compatível para o enfrentamento do cenário adverso?”, questiona.

Falando de novas soluções que prometem grandes transformações no setor, cita a Inteligência Artificial Generativa, que traz novas expectativas para a área da saúde. “Com oportunidades na casa de trilhões de dólares, segundo o Fórum Econômico de Saúde, não há como ignorar seu impacto. Ela poderá ser importante na decisão clínica, na previsão de riscos de surtos, na medicina personalizada e no desenvolvimento de novos medicamentos”, exemplifica.

Com 31 anos de experiência em Health IT, Gestão Pública e Privada, Barros é graduado em Engenharia Elétrica e Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Sua palestra “Potencializando o uso de dados para a inovação na saúde” acontecerá no dia 31 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo.

Organizado pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), o FILIS objetiva promover o debate, a troca de experiências e a geração de parcerias entre líderes da área da saúde, enfocando a gestão e a tecnologia no papel de instrumentos para a melhoria dos cuidados de saúde.
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O Momento Transformação, uma novidade na programação do FILIS, traz cases de inovação e promete inspirar participantes

Quest Diagnostics e Roche Diagnóstica mostrarão resultados práticos de melhorias nos processos usando tecnologia

No cenário em constante evolução da saúde, é fundamental que os profissionais da área compartilhem experiências e aprendizados que impulsionem a inovação e o progresso. Pensando nisso, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) traz para a sétima edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS) uma novidade: o “Momento Transformação”.

O evento, que acontecerá em 31 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo, terá duas apresentações de cases de inovação em saúde que prometem inspirar e estimular novas estratégias, enriquecendo a experiência dos presentes. Do primeiro momento participa a palestrante internacional Wendi Mader, Vice President Employer da Quest Diagnostics, que abordará gestão e saúde populacional.

Em sua palestra, mostrará de que modo as empresas podem e devem desempenhar um papel fundamental na promoção da saúde, na saúde populacional e na prevenção. Os presentes também aprenderão sobre o papel dos insights diagnósticos nos programas de saúde populacional das empresas e como essas informações podem direcionar as pessoas ao cuidado adequado no momento certo, aproveitando soluções tecnológicas inovadoras que aprimorem o acesso ao cuidado.

“O propósito da Quest Diagnostics é colaborar para criar um mundo mais saudável, e participar do FILIS é uma grande oportunidade para compartilhar a mensagem sobre a importância dos insights diagnósticos para melhorar a experiência do cuidado, a saúde populacional e reduzir os custos da saúde”, explica Wendi.

Na posição de especialista em dados clínicos e diagnósticos, a Quest Diagnostics oferece soluções que garantem às pessoas não apenas o acesso a testes onde quer que estejam, mas também a compreensão dos resultados deles. “Capacitar as pessoas a entenderem melhor seu estado de saúde permite a elas se tornarem consumidores mais informados e, assim, alcançarem resultados positivos”, diz.

Integração de dados

O Presidente da Roche Diagnóstica no Brasil, Carlos Martins, apresentará o segundo case do “Momento Transformação”, sobre o tema “A integração de dados aumenta a eficiência e melhora os cuidados com os pacientes”.

Ele destacará casos práticos mostrando como tecnologias digitais da Roche implantadas em quatro clientes – dois do mercado privado (um laboratório e um hospital), um do público e uma verticalizada – impactaram diretamente suas operações por meio da inteligência de dados aplicadas à tomada de decisão, integração de soluções e otimização de processos. Isso gerou aumento da eficiência, redução de erros e melhorou a entrega de resultados aos pacientes. 

Martins explica que são casos reais de clientes, com todos os seus desafios e particularidades. Eles traçam as necessidades e mostram como a tecnologia tem o poder de trazer integração, inteligência e eficiência. “E todo mundo ganha com isso: o cliente, que tem uma operação mais eficiente e com menos desperdício; os pacientes, com resultados mais rápidos e seguros – além de mais valor agregado na análise de alguns exames, o que apoia a tomada de decisão do médico; e, por fim, o ecossistema de saúde, que ganha com instituições mais eficientes e sustentabilidade financeira”, ressalta.

Para Martins, o FILIS é um dos mais importantes eventos do setor, trazendo discussões altamente qualificadas e convidados que têm poder para influenciar o mercado e tomar decisões que guiem a forma como a medicina diagnóstica é feita no Brasil. “Estar em um evento desse porte, com um espaço para apresentar alguns de nossos cases de sucesso, é um privilégio enorme para a Roche Diagnóstica e para mim, especialmente quando o assunto é integração de dados”, revela.

A empresa tem um amplo portfólio de soluções digitais que levam mais inteligência e eficiência não só para dentro dos laboratórios, mas também para hospitais e para o Point of Care – que é o primeiro ponto de contato com os pacientes. “Poder mostrar os resultados práticos disso para as pessoas evidencia o quanto estamos comprometidos com a inovação e a sustentabilidade do ecossistema de saúde, afinal, dados usados de forma inteligente reduzem custos, melhoram a operação e trazem agilidade e segurança aos pacientes”, finaliza.

Faça já sua inscrição neste link e não perca esse encontro fundamental para promover a integração de todo o ecossistema de saúde.

IA, 5G e automação redefinem diagnósticos, tratamentos e cuidados

O avanço da tecnologia tem mudado a forma como os diagnósticos são realizados e afetando positivamente a prática médica.

A indústria da saúde está sendo profundamente impactada pela combinação de tecnologias avançadas, como: a Inteligência Artificial (IA), a implementação da rede 5G para melhorar a conectividade e ampliar o acesso à saúde em escala e a automação de processos para ganho de eficiência e produtividade.

Segundo Adriana Costa, diretora geral da Siemens Healthineers no Brasil, essas convergências estão revolucionando o campo do diagnóstico médico e impulsionando a inovação em dispositivos médicos. Veja como a seguir.

– Inteligência artificial para análise de imagens: algoritmos de inteligência artificial são capazes de analisar e interpretar imagens médicas com uma precisão surpreendente. Isso é especialmente útil, por exemplo, na radiologia. A IA pode auxiliar radiologistas na detecção de doenças em radiografias, ressonâncias magnéticas, tomografias computadorizadas e ultrassonografias. “Essa análise assistida por IA resulta em diagnósticos mais rápidos e precisos, permitindo o início do tratamento mais cedo”, ressalta Adriana.

A IA também ganha cada vez mais espaço no tratamento oncológico, como a utilização de ferramentas automáticas para delinear precisamente o tumor e preservar as estruturas sadias, além da personalização do tratamento (chamado de Radioterapia Adaptativa). 

Adriana explica que, nessa última modalidade, é possível adequar ou até mesmo modificar o tratamento devido às alterações anatômicas e/ou fisiológicas do paciente em tempo real, utilizando-se de ferramentas baseadas em IA, sem aumentar o intervalo de tratamento, mesmo com as novas configurações.

– Telemedicina habilitada pelo 5G: a tecnologia 5G proporciona velocidades de transmissão de dados ultrarrápidas e baixa latência. Isso é fundamental para a telemedicina, pois permite consultas em tempo real, sem atrasos ou interrupções significativas na transmissão de áudio e vídeo. “Com o 5G, médicos podem realizar exames virtuais com mais qualidade, ao mesmo tempo que pacientes podem receber cuidados remotos de forma mais eficiente”, acrescenta a diretora geral da Siemens Healthineers no Brasil.

– Automação laboratorial: no campo de tecnologias que visam trazer maior eficiência para a cadeia da saúde, Adriana destaca a automação no processo de diagnósticos em análises clínicas que já é utilizada em larga escala. 

A automação permite a realização de exames a partir de menos tubos e menor quantidade de sangue coletado para formação das amostras, o que gera menos incômodo ao paciente e mais agilidade no atendimento. Ela possibilita também maior segurança, pois elimina grande parte da manipulação humana na plataforma laboratorial e reduz o índice de reconvocação de pacientes e novas coletas.

Avanços na medicina diagnóstica

O avanço da IA e do aprendizado de máquina na medicina diagnóstica conta com diversas implicações significativas, que estão mudando a forma como os diagnósticos são realizados e afetando positivamente a prática médica. Algumas das principais implicações, como salienta Adriana, são:

  1. Diagnósticos mais precisos e rápidos: os algoritmos de IA podem analisar grandes quantidades de dados médicos, incluindo imagens de exames, dados clínicos e históricos do paciente, a fim de identificar padrões sutis que podem não ser detectados facilmente pelos profissionais de saúde. Isso resulta em diagnósticos mais precisos, aumentando a taxa de acerto e diminuindo a margem de erro.
  1. Detecção precoce de doenças: a IA tem o potencial de identificar sinais precoces de doenças em estágios iniciais, quando o tratamento é mais eficaz. Isso é especialmente relevante para condições crônicas e cânceres, condições médicas em que a detecção precoce pode salvar vidas e melhorar os resultados do tratamento.
  1. Auxílio aos profissionais de saúde: a IA não substitui os médicos, mas atua como uma ferramenta complementar, fornecendo informações adicionais e insights valiosos para apoiar os profissionais de saúde em suas decisões clínicas. Isso permite que os médicos se concentrem mais no atendimento direto ao paciente e em temas mais complexos, enquanto a IA lida com tarefas mais operacionais e de análise de dados.

Além disso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente, o mundo sofre uma escassez de aproximadamente 43 milhões de profissionais de saúde, e esse mercado ainda tem o desafio de manter os profissionais devidamente treinados e atualizados, bem como atender à alta demanda devido ao envelhecimento populacional.

“Por meio da tecnologia de realidade aumentada, é possível democratizar o conhecimento clínico, elevar a eficiência da mão de obra e melhorar a produtividade dos prestadores de serviço à saúde”, frisa Adriana.

  1. Medicina personalizada: com base nos dados do paciente, a IA pode ajudar a personalizar tratamentos e terapias para indivíduos específicos, levando em conta suas características genéticas, seu histórico médico e seu estilo de vida. Isso pode resultar em abordagens de tratamento mais eficientes e menos invasivas.
  1. Redução de custos de saúde: a IA pode ajudar a otimizar o uso de recursos médicos, evitando testes desnecessários e direcionando os pacientes para o tratamento mais adequado. Isso pode levar a uma redução nos custos de saúde, tornando os serviços médicos mais acessíveis para uma parcela maior da população.
  1. Melhoria da triagem: algoritmos de IA também podem ser usados para triar grandes grupos de pacientes com base em fatores de risco e sintomas, identificando aqueles que precisam de atenção imediata ou acompanhamento mais próximo.

Integração e interoperabilidade

A integração de sistemas de informações médicas e a interoperabilidade de dados são questões fundamentais para melhorar a eficiência, a qualidade e a segurança dos cuidados de saúde. No entanto, Adriana aponta que elas também apresentam desafios e oportunidades significativas. Entre os principais desafios, estão:

Padrões e formatos diferentes: os sistemas de informações médicas são frequentemente desenvolvidos por diferentes fornecedores, utilizando padrões e formatos de dados variados. Isso dificulta a comunicação e o compartilhamento de informações entre os sistemas, resultando em falta de interoperabilidade.

Questões de segurança e privacidade: compartilhar informações médicas sensíveis entre diferentes sistemas pode aumentar os riscos de violações de segurança e privacidade dos pacientes. Garantir a proteção adequada dos dados é um desafio importante.

Custos e investimentos: a integração de sistemas e a interoperabilidade geralmente requerem investimentos significativos em infraestrutura e tecnologia. Isso pode ser um obstáculo, especialmente para organizações de saúde com recursos limitados.

Diversidade de usuários e necessidades: os sistemas de saúde atendem a uma variedade de usuários, incluindo médicos, enfermeiros, administradores e pacientes. Cada grupo pode ter necessidades diferentes de acesso e uso de informações, tornando a integração complexa.

Resistência à mudança: a adoção de novos sistemas e processos de integração pode encontrar resistência por parte de profissionais de saúde que estão acostumados com sistemas existentes e que podem sentir que a mudança afeta negativamente sua produtividade.

Por outro lado, temos como oportunidades:

Melhoria na tomada de decisões clínicas: a interoperabilidade de dados permite que os profissionais de saúde acessem informações abrangentes do paciente em tempo real, o que pode levar às decisões mais corretas e aos tratamentos mais adequados.

Redução de erros médicos: com o compartilhamento eficiente de informações, há menos chances de erros médicos causados por falta de dados ou registros desatualizados.

Melhoria da eficiência operacional: a integração de sistemas pode melhorar a eficiência operacional, eliminando a necessidade de inserir manualmente dados em diferentes sistemas e reduzindo redundâncias e erros.

Facilitação da pesquisa e avanços em saúde: dados interoperáveis podem impulsionar a pesquisa médica, permitindo que os pesquisadores acessem grandes conjuntos de dados de pacientes e realizem estudos mais abrangentes.

Engajamento do paciente: a interoperabilidade pode permitir que os pacientes acessem as próprias informações médicas, aumentando o envolvimento, a responsabilidade e o engajamento deles na gestão de sua saúde.

Sistemas de saúde mais conectados: a interoperabilidade facilita a comunicação entre diferentes instituições de saúde, melhorando a coordenação do cuidado e facilitando a transferência de pacientes entre instalações.

Futuro da saúde 

Ao projetar o futuro da saúde em termos de dispositivos médicos e soluções, Adriana tem uma visão bastante otimista. Algumas de suas perspectivas são: 

– Foco na prevenção e medicina preditiva: com a coleta contínua de dados de saúde por meio de dispositivos conectados, haverá um monitoramento da saúde e, consequentemente, um foco maior na prevenção de doenças e na medicina preditiva, permitindo a intervenção antes que problemas se tornem mais graves. Para esse avanço, é fundamental a colaboração entre setores com foco em toda a jornada do paciente.

– Implementação de estratégias ESG envolvendo toda a cadeia produtiva: não é mais possível lançar produtos, serviços e processos na área de saúde sem considerar os impactos ambientais, sociais e de governança. “Vejo uma expansão no mercado de produtos recondicionados em prol de uma economia circular e centros de serviço ao paciente mais eficientes e inclusivos, desde o aspecto de infraestrutura até a formação de profissionais multidisciplinares, considerando os pilares de diversidade, equidade e inclusão”, expõe. 

Novos modelos de negócio: baseados em desfechos clínicos, eficiência e resultados compartilhados para reinvestimento em pesquisa e desenvolvimento de soluções sustentáveis.  

– Inteligência artificial integrada: a IA desempenhará um papel cada vez mais significativo na análise e interpretação de dados de saúde, permitindo diagnósticos mais precisos, tratamentos personalizados e melhor gerenciamento de doenças crônicas.

– Realidade aumentada e realidade virtual: essas tecnologias serão mais amplamente incorporadas em treinamentos e educação médica, planejamento cirúrgico, terapia de reabilitação e até mesmo em procedimentos médicos para aprimorar a precisão e a eficácia dos tratamentos. 

– Telemedicina e saúde digital: eles ganharão ainda mais destaque, possibilitando consultas médicas remotas, monitoramento à distância e acesso facilitado aos serviços de saúde.

– Conectividade 5G e Internet das Coisas (IoT): o 5G e a IoT fornecerão a infraestrutura para uma rede de dispositivos médicos conectados, permitindo uma troca mais rápida e segura de dados entre dispositivos e sistemas de saúde.

À medida que nos aproximamos desse futuro visionário, surge uma mensagem clara: a convergência tecnológica está redefinindo o que é possível, inspirando um mundo onde a saúde é mais acessível, personalizada e poderosa do que jamais imaginamos.

Tobias Zobel apresenta inovações que impactam no Valor em Saúde

Palestrante confirmado para o FILIS 2023, o diretor do D.Hip e embaixador do Medical Valley falará sobre gêmeos digitais e estará disponível para parcerias 

Um dos principais clusters nas áreas de engenharia biomédica e saúde digital do mundo quer estreitar relações com o Brasil. Tobias Zobel, diretor do Digital Health Innovation Platform (D.Hip) e embaixador do Medical Valley, estará no país como palestrante do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), que será realizado pela Abramed no dia 31 de agosto, em São Paulo.

Formado por mais de 500 empresas parceiras, o Medical Valley é um top cluster de saúde focado em inovação e colaboração, localizado em Erlangen, Alemanha. “Um cluster não é só um líder; nós também oferecemos serviços, como treinamento e educação, para capacitar nossos parceiros a melhor se posicionarem no mercado e aprimorarem suas habilidades inovadoras”, conta Zobel.

O Medical Valley é um modelo de sucesso, contando com uma ampla infraestrutura que inclui diversos hospitais, institutos de pesquisa e universidades. Essa colaboração é vital para impulsionar a inovação tanto na indústria quanto nos hospitais. O cluster não apenas busca o desenvolvimento tecnológico, mas também contribui para moldar políticas públicas, fazendo recomendações ao governo alemão que possam facilitar diagnósticos e terapias avançadas. “Para nossos parceiros, criamos modelos de business de acordo com as novas leis”, conta.

Além da Alemanha, o Medical Valley tem forte presença na China e nos Estados Unidos. No entanto, as mudanças nas leis e no cenário de desenvolvimento de produtos durante a pandemia levaram o cluster a enfocar parcerias dentro da Europa, com Suíça, Espanha, Portugal, Dinamarca e Itália. “A parceria com o Brasil é uma grande oportunidade para nós também”, disse.

Falando em Brasil, Zobel admite que os últimos dois anos foram desafiadores devido à pandemia. No entanto, ele expressa otimismo quanto ao futuro: “Estamos ansiosos para retomar nossas parcerias e colaborações no país. Nosso objetivo não é apenas promover intercâmbio científico, através de workshops, mas também garantir que as empresas alemãs do Medical Valley se beneficiem dessas relações, assim como as brasileiras, permitindo acesso a ambos os mercados”.

Zobel destaca parcerias já em andamento com instituições brasileiras, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Hospital das Clínicas de São Paulo, para desenvolver novos algoritmos na área de imagens e tratamento de dados. Além disso, está iniciando uma aproximação com a Abramed, para colaboração entre os mercados e compartilhamento de tecnologias.

Sua agenda para o Brasil, durante a estada para o FILIS, consiste em visitas a hospitais, empresas e universidades. “Estou aberto a explorar novas oportunidades, tanto na Europa quanto no Brasil. Se há interesse em colaborar e inovar, estou disposto a discutir como podemos unir forças.”

Algo importante na colaboração entre o Brasil e a Alemanha é atender às rigorosas normas éticas de proteção de dados na Alemanha, o que permite a implantação da solução em qualquer lugar do mundo. “Esse intercâmbio promove um diálogo transcultural rico, que é fundamental para a inovação e soluções médicas eficazes em escala global”, expõe Zobel.

Gêmeo Digital

Em se tratando de novas tecnologias no setor de saúde, Zobel conta que o Instituto D.Hip tem se concentrado na pesquisa e no desenvolvimento de um gêmeo digital de saúde, tema que também será abordado por ele no FILIS. 

Um gêmeo digital é uma representação em tempo real de um paciente específico, incorporando informações médicas, histórico de tratamentos, exames, dados genéticos, estilo de vida e muito mais. Isso permite que os profissionais de saúde tenham uma visão abrangente do estado de saúde do paciente e possam tomar decisões informadas.

Além disso, os gêmeos digitais podem ser usados para simular cenários e procedimentos, permitindo que os médicos testem diferentes abordagens antes de realizar uma intervenção real em um paciente. Isso pode ser útil em situações complexas e de alto risco.

“Criamos um centro de dados clínicos interno em nosso hospital, mantendo assim todas as informações dentro da instituição. Não removemos nenhum dado do hospital, mas integramos os algoritmos para aprimorar a inteligência artificial. Diversos países são relevantes para esses estudos, cada qual com suas particularidades, e também para o constante refinamento dos algoritmos”, explica Zobel.

Há alguns anos, o foco era na obtenção massiva de dados, contudo os pesquisadores perceberam que a qualidade deles e a consistência das fontes são essenciais. A grande quantidade é refinada em fragmentos relevantes para treinar algoritmos. Hoje, o interesse mudou para projetos exploratórios prospectivos, em que pacientes consentem em compartilhar diversos dados, complementando o conhecimento clínico. Isso leva ao aprimoramento do sistema de suporte clínico.

No âmbito da colaboração entre governo, hospitais e indústria, é crucial haver diálogo transparente. O governo pode não compreender totalmente o desenvolvimento desses produtos de dados, então a informação técnica deve ser compartilhada. Questões éticas, como a proteção de dados e a reidentificação de pacientes, são relevantes. 

“Devemos avaliar os riscos em relação aos benefícios, ponderando preocupações legítimas dos pacientes com os resultados positivos para muitas vidas. O desafio é equilibrar esses aspectos ao influenciar regulamentações de proteção de dados eficazes e abrangentes. Isso assegurará uma abordagem equitativa que considere várias perspectivas”, conta Zobel.

Experiência do paciente

Sobre o impacto das tecnologias na experiência dos pacientes, Zobel explica usando o exemplo do gêmeo digital, que possibilita às pessoas ter as informações de sua saúde nas mãos, no próprio celular. Para pacientes com doenças crônicas ou em grupos de risco, por exemplo, isso é especialmente útil.

As pessoas podem ver de que modo suas ações, como exercício e alimentação saudável, impactam diretamente os parâmetros vitais. Isso não apenas educa o paciente, mas também constrói confiança no próprio comportamento e na assistência médica.

Essa abordagem, chamada de “Behavioral Health Care” (Cuidados de Saúde Comportamentais), permite personalizar as recomendações com base nos dados individuais do paciente, ajudando-o a entender seus sintomas e ações específicas necessárias. Isso funciona tanto para pacientes já diagnosticados como para pessoas em busca de prevenção.

Zobel ressalta que essa tecnologia não substitui o papel do médico, mas fornece uma nova opção de melhoria, sugestão e apoio baseados em estatísticas. Os algoritmos permitem uma visão holística e ajudam a encontrar conexões entre sintomas e condições, mas a decisão final continua sendo tomada pelos médicos. “Portanto, embora a inteligência artificial possa ser uma ferramenta poderosa, não substituirá o médico no processo de tomada de decisão clínica”, salienta.

Além da palestra, Zobel também participará do debate “Avanços e efetividade para a Gestão da Saúde”, junto a outros líderes do setor. O FILIS objetiva promover a troca de experiências e a geração de parcerias entre líderes da área, enfocando a gestão e a tecnologia como instrumentos para a melhoria dos cuidados de saúde. Faça já sua inscrição neste link.

Programação do FILIS 2023 inclui debates sobre gestão da Saúde, Integração e tecnologia, além da apresentação de cases nacionais e internacionais

O evento acontece no próximo dia 31 de agosto, em São Paulo, e visa promover o debate e o networking entre profissionais da saúde

A 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS) está chegando! O evento, organizado pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), acontecerá no dia 31 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo, enfocando a gestão, a integração e a tecnologia como instrumentos para a melhoria dos cuidados de saúde. O “Leaders Connection”, uma novidade desta edição, trará um período de parada na programação, direcionado ao relacionamento e à troca entre os participantes do evento.

A programação iniciará com palestra do Diretor de Desenvolvimento Setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Maurício Nunes da Silva. Após apresentação, o primeiro debate discutirá o “Valor da Medicina Diagnóstica para integração da Saúde”, moderado por Carlos Figueiredo, CEO do Cura Grupo, com participação de Cesar Nomura, Presidente do Conselho Consultivo da Sociedade Paulista de Radiologia (SPR); Alberto Duarte, Pesquisador e Diretor de Análises Clínicas da Rede D’Or SP; Ademar Paes Jr., Presidente da Associação Catarinense de Medicina (ACM); e Clóvis Klok, Presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).

O “Momento Transformação” é uma das novidades e destaque da programação neste ano, com apresentação de cases de inovação na área da Saúde. Participa do primeiro momento a palestrante internacional Wendi Mader, Vice President Employer da Quest Diagnostics, que abordará gestão e saúde populacional.

Após, haverá uma palestra internacional sobre “Digital Health Twin: Desafios e impactos para a inovação”, com Tobias Zobel, Diretor do Digital Health Innovation Platform (D.Hip) e embaixador do Medical Valley, da Alemanha.

Momento ainda mais especial é a entrega do Prêmio Dr. Luiz Gastão, que está em sua 4ª edição. Trata-se de um reconhecimento da Abramed a profissionais que estimulam o desenvolvimento e a melhoria da saúde brasileira. O vencedor será reconhecido e homenageado durante o evento.

O segundo painel de debates discutirá “Avanços e efetividade para a gestão da Saúde”, com moderação de Claudia Cohn, Diretora-Executiva na Dasa, e participação de Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin; Paulo Nigro, Diretor-Executivo do Hospital Sírio-Libanês; Alexandre Fioranelli, Diretor da Diretoria de Normas e Habilitação dos Produtos (DIPRO), da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); e Tobias Zobel.

O Presidente da Roche Diagnostics no Brasil, Carlos Martins, apresentará o segundo case transformação sobre “A integração de dados aumenta a eficiência e melhora os cuidados com os pacientes”.

Com a palestra “Potencializando o uso de dados para a inovação na saúde”, Jacson Barros, Healthcare Business Development Manager da Amazon, antecederá o terceiro e último debate do fórum, sobre “Novas tecnologias e seus impactos na Saúde: o que esperar do futuro?”. Eliezer Silva, Diretor do Sistema de Saúde Einstein, do Hospital Israelita Albert Einstein, será um dos debatedores e também fará o papel de moderador da discussão. Participarão com ele Ana Estela Haddad, Secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde; Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury; Gustavo Fernandes, Diretor Geral de Oncologia na Dasa; e Jacson Barros.

O evento terá a participação especial da Secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, com apresentação sobre a “Saúde Digital no Brasil”.

A abertura e o encerramento do FILIS ficarão a cargo de Milva Pagano, Diretora-Executiva, e Wilson Shcolnik, Presidente do Conselho de Administração da Abramed. “Com o evento, a Abramed coloca em pauta assuntos pertinentes a toda a cadeia de saúde, além de ser uma importante plataforma de conexão entre os profissionais e as empresas do setor”, finaliza Milva.

Faça já sua inscrição neste link e não perca este encontro fundamental para promover a integração de todo o ecossistema de saúde.