FILIS 2021 – Palestrantes internacionais confirmados na programação

5ª edição do fórum será 100% digital e gratuita; inscrições estão abertas

6 de agosto de 2021

A 5ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), marcada para 13 e 14 de outubro, já tem palestrantes internacionais confirmados em sua programação. Duas grandes personalidades do setor no mundo confirmaram presença neste evento que é reconhecido por promover debates extremamente relevantes sobre o setor de saúde. Este ano, o encontro será 100% digital e gratuito e terá, como tema principal, “A medicina diagnóstica de hoje na construção do sistema de saúde do amanhã”.

No dia 13 de outubro, Paul Epner será o responsável pela palestra de abertura do módulo de Economia. Epner é diretor-executivo e co-fundador da Society to Improve Diagnosis in Medicine (SIDM) e preside a Coalition to Improve Diagnosis, uma coalizão com mais de 60 sociedades profissionais, sistemas de saúde, organizações de pacientes e entidades focadas na melhoria da qualidade da assistência.

Para o FILIS, Epner, que é membro do National Steering Committee for Patient Safety e já se apresentou em todo o mundo, trará sua vasta expertise na busca pela melhoria da medicina diagnóstica sempre focada na segurança do paciente. Logo após a apresentação de Epner, executivos de grandes empresas brasileiras do setor de saúde debaterão o futuro e os impactos econômicos no pós-pandemia.

Já no dia 14, Andrew Morris abrirá o módulo Inovação e Futuro. Morris é diretor do Health Data Research UK (HDR UK), instituto britânico da ciência de dados em saúde que tem, como missão, promover descobertas que tragam melhorias para a vida das pessoas e reúne 38 instituições acadêmicas do Reino Unido. Um dos projetos atuais da HDR UK envolve a criação de um ecossistema aberto de pesquisa de dados em saúde, interoperável e confiável para os 66 milhões de habitantes do Reino Unido.

Na sequência da apresentação de Morris, especialistas em atuação no mercado brasileiro debaterão sobre a transformação e o futuro da medicina diagnóstica.

Warm up FILIS – No dia 14 de setembro, a partir das 17h30, a Abramed realizará o Warm Up FILIS, um encontro online com o objetivo de promover um aquecimento para a 5ª edição do FILIS. Com abertura de Milva Pagano, diretora-executiva da entidade, o evento trará uma apresentação de Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração, com dados setoriais que compõem o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico. Na sequência, parceiros e associados debaterão sobre os movimentos empresariais que vêm transformando a medicina diagnóstica. Acompanhe a Abramed nas redes sociais (Instagram + Facebook + LinkedIn) para ficar por dentro.

Inscrições abertas para o FILIS – A 5ª edição do FILIS será 100% digital e gratuita. As inscrições estão abertas e podem ser feitas em www.abramed.org.br/filis. Neste portal também é possível conferir a programação completa. Inscreva-se!

Testagem diária nos Jogos Olímpicos 2020 reforçou importância da medicina diagnóstica para controle da pandemia

No Japão, atletas, comissões técnicas e organizadores passaram por triagem diária; objetivo era identificar rapidamente pessoas infectadas – mesmo que assintomáticas – para isolá-las e evitar a disseminação do novo coronavírus entre os participantes

6 de agosto de 2021

Adiada por um ano, a edição 2020 dos Jogos Olímpicos do Japão foi iniciada em 20 de julho, ainda sob a pandemia de COVID-19. Para ampliar a segurança das provas e permitir que a competição fosse realizada, muitas medidas não farmacológicas para evitar a disseminação do novo coronavírus foram tomadas. Além de extinguir o público das provas, foram implementados rígidos protocolos de proteção. A máscara facial devia ser usada por todos os participantes que foram, também, instruídos a reduzir a interação física. Além disso, o Comitê Olímpico Internacional (COI) apostou na medicina diagnóstica para identificar o mais rápido possível qualquer participante infectado, garantindo o seu isolamento e o rastreio de seus contatos.

“O sistema de testagem aplicado pelo COI soava muito eficiente, pois utilizava testes com bastante sensibilidade e especificidade, sempre processados dentro dos ambientes altamente controlados dos laboratórios clínicos”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

Antes mesmo de embarcar para a jornada competitiva, os atletas tiveram de apresentar dois testes negativos para coronavírus nas 96 horas que antecediam o voo. Os testes válidos para essa etapa eram aqueles capazes de identificar a doença na fase ativa, ou seja, testes de anticorpos não eram aceitos. Na lista divulgada pelo Japão, constavam apenas os testes realizados com amostras nasofaríngeas, orofaríngeas e de saliva, entre eles o RT-PCR, padrão ouro para detecção da infeção pelo novo coronavírus, e o RT-LAMP.

Na chegada ao Japão, ainda no aeroporto, todos realizavam um novo exame, desta vez um teste de antígeno do SARS-CoV-2 feito com amostra de saliva. Se o resultado fosse positivo, os responsáveis realizavam um novo exame com a mesma amostra para confirmação do diagnóstico.

Mas a testagem não parava por aí. Durante os jogos, todos os participantes foram submetidos à triagem diária feita com o mesmo teste aplicado no aeroporto: detecção qualitativa de antígenos em amostras de saliva. A logística para que essa triagem funcionasse foi muito bem planejada, visto que eram cerca de 11 mil atletas, suas comissões técnicas e mais uma grande leva de profissionais que atuavam para que os jogos pudessem acontecer.

Dessa forma, todos os participantes receberam recipientes com códigos de barra que os identificavam. Todos os dias eles deviam depositar, nesses frascos, uma amostra de saliva, entregando essa amostra nos locais previamente indicados pela organização. Essas amostras eram recolhidas e transferidas para um laboratório que processava o exame em aproximadamente 12 horas. “A identificação das amostras com códigos de barras representa parte crítica do processo pré-analítico, pois contribui para evitar trocas e dar credibilidade aos resultados. Esse processo já está bastante consolidado aqui no Brasil e é amplamente utilizado pelos melhores laboratórios brasileiros”, comenta Shcolnik.

Com o resultado negativo, o participante seguia normalmente na competição. Porém, se o resultado fosse positivo, ele era notificado e o laboratório reanalisava a mesma amostra. Quando o resultado da nova análise também era positivo, o atleta era convocado para realização de um RT-PCR com amostra nasofaríngea. O prazo máximo para a entrega desse laudo era de cinco horas.

Na Internet, o atleta Douglas Souza, da equipe masculina de vôlei de quadra, foi um dos responsáveis por divulgar a exigência. Em seu perfil no Instagram, Douglas mostrou, por diversas vezes, a realização cotidiana dos testes enquanto esteve no Japão.

Segundo Shcolnik, a testagem durante a competição envolvia duas metodologias diagnósticas muito eficientes. “Primeiramente eles investiam no teste por amostra de saliva, visto que isso facilita a logística, já que o próprio participante podia coletar e entregar sua amostra para a avaliação laboratorial. Caso o resultado desse exame fosse positivo ou suspeito, eles seguiam com o cronograma podendo solicitar ao participante a realização de um RT-PCR com amostra nasofaríngea, tipo de exame e de amostra mais certeiros para a confirmação diagnóstica”, explica.

Além da triagem diária, os atletas também eram instruídos a ficarem atentos a qualquer mínimo sintoma de COVID-19, comunicando a organização para que o melhor teste fosse aplicado.

Em lista divulgada pelo COI, ao longo dos jogos foram realizados mais de 571 mil testes de triagem para COVID-19 com uma taxa de positividade de 0,02%. No geral, 198 pessoas tiveram diagnóstico confirmado para COVID-19 durante a realização dos Jogos Olímpicos de 2020.

Abramed atua em prol da telessaúde no país

Entidade está envolvida nos debates quanto ao projeto de lei 1998/20

5 de agosto de 2021

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) está atuando em conjunto com a Saúde Digital Brasil (SDB) e a Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) em prol do projeto de lei 1998/20, que autoriza e define a prática da telemedicina em todo o território nacional.

Em análise na Câmara dos Deputados, a proposta prevê a realização dos atendimentos remotos, sendo que o Conselho Federal de Medicina poderá regulamentar os procedimentos mínimos para a prática. De acordo com o texto do projeto de lei, telemedicina é a transmissão segura de dados e informações médicas, por meio de texto, som, imagens ou outras formas necessárias para prevenção, diagnóstico, tratamento (incluindo prescrição medicamentosa) e acompanhamento de pacientes.

Na opinião de Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, esse debate é de extrema importância. “Precisamos trabalhar pelo futuro da telessaúde no Brasil, atividade presente em muitas das nossas empresas associadas e que auxilia na ampliação de acesso ao diagnóstico de qualidade em todo o país”, pontua.

O projeto sugere que a telemedicina deve ser realizada por livre decisão do paciente ou de seu representante legal e sob responsabilidade do médico. Além disso, enfatiza que o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) devem ser respeitados.

Em 13 de julho, Shcolnik esteve em Brasília (DF) para uma reunião com a deputada estadual Aline Gurgel (Republicanos/AP), que se declarou a favor do projeto em seu formado original; Eduardo Cordioli, presidente da SDB; e Marco Aurélio, diretor de Relações Governamentais da Anahp. Dois dias depois, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados promoveu uma audiência pública para ampliar a discussão quanto ao projeto de lei 1998/20 (é possível assistir AQUI).

Importante lembrar que, devido à pandemia de COVID-19, em abril do ano passado a telemedicina foi autorizada em caráter temporário no Brasil.

A medicina do futuro será mais humanizada e baseada em dados

Assinado por Renato Casarotti, presidente da Abramge, artigo aborda coordenação do cuidado como ferramenta da medicina

25 de julho de 2021

* Por Renato Casarotti

coordenação do cuidado é uma ferramenta da medicina que auxilia os pacientes a navegar pelo sistema de saúde de forma mais eficaz e eficiente, de acordo com as suas necessidades clínicas e em sintonia com a evolução do conhecimento sobre doenças crônicas e as diversas formas de prevenção.

Diante da mudança no perfil demográfico e epidemiológico da população, sujeita a enfermidades que se desenvolvem ao longo do tempo e podem ser evitadas ou amenizadas por diagnósticos precoces, não faz mais sentido insistir em um modelo de oferta de tratamento focado quase que exclusivamente em situações críticas ou quadros agudos, adotado pela saúde suplementar no século passado.

Nesse contexto, ganha importância o acompanhamento constante dos usuários dos planos de saúde por médicos da família, com o compartilhamento de prontuários, históricos e exames, quando realmente for preciso encaminhá-los a especialistas. A gestão integrada de recursos e informações economiza tempo, evita desperdícios e proporciona um entendimento da saúde global do paciente, que não pode mais ser tratado de forma fragmentada.

De acordo com pesquisa recente do Conselho Federal de Medicina (CFM), o número de profissionais dedicados à Medicina da Família e Comunidade cresceu, no Brasil, 30% em dois anos e 171% na última década. Esses índices têm correspondência com os investimentos em atenção primária (o atendimento inicial dos pacientes) feitos pelos planos de saúde e healthtechs. A mesma pesquisa aponta que 80% dos casos dos pacientes podem ser solucionados por esse tipo de atendimento, evitando hospitalizações e exames desnecessários.

O modelo baseado na atenção primária concentra-se no cuidado ao longo da vida e não quando o paciente já está em uma fase aguda. Assim, o médico da família e comunidade é protagonista da manutenção da saúde e do bem-estar. Diante do melhor uso da rede assistencial, os beneficiários e toda a cadeia produtiva ganham com a otimização de exames e procedimentos.

O médico da família é mais do que aquele profissional que acompanha o paciente em todas as fases da vida: trata-se de um especialista em pessoas, pois possui um amplo conjunto de informações, que vão muito além dos dados exigidos para um prontuário comum.

Assim, conhece as emoções, a rotina, as dificuldades e os sonhos de cada um, com capacidade para fazer uma avaliação mais aprofundada do quadro clínico, que nem sempre requer o direcionamento para especialistas. Por manter um acompanhamento frequente, ele mesmo pode pedir exames ou apontar tratamentos de diferentes especialidades pela vasta compreensão que tem de seu paciente.

No entanto, isso não exclui o direcionamento e o trabalho em parceria com especialistas. A diferença é que, com o acompanhamento do médico da família, as pessoas são orientadas a procurá-los em situações mais complexas. A partir da necessidade de encaminhamento, os profissionais trocam informações para a realização de exames e a escolha do tratamento mais indicado para o caso em questão.

Atualmente, com base em dados divulgados pela plataforma de inovação aberta Distrito, há 747 healthtechs no Brasil. Parte delas vem investindo na oferta de atendimento primário digital a partir do médico de família e comunidade, reflexo de como a transformação digital das empresas e da sociedade tem impactado a medicina.

Segundo a Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), desde abril de 2020, foram feitas mais de 3 milhões de teleconsultas entre as operadoras filiadas, que atendem quase 9 milhões de beneficiários no país. Pode-se dizer que o sucesso da telessaúde impulsionou não apenas o modelo de atendimento focado na atenção primária, mas também o comportamento das pessoas quanto à adoção da saúde digital.

A chegada iminente da internet 5G, aliada à Internet das Coisas (IoT) e à inteligência artificial, resultará em um salto na digitalização da saúde, com a integração de dispositivos e máquinas. Haverá maior armazenamento de dados em nuvem, mais velocidade na transmissão desses registros e eficiência no cruzamento de informações para a definição de protocolos de tratamento ainda mais precisos.

Esse movimento também impactará o setor de medicina diagnóstica a partir da realização de exames inovadores, como aqueles via telecomando, em que uma equipe opera o aparelho remotamente e especialistas trabalham no laudo e pós-laudo. Tais avanços tornarão factível a chamada Medicina 4P (preditiva, preventiva, personalizada e participativa) em um curto espaço de tempo.

As operadoras de planos de saúde caminham para esse futuro cada vez mais próximo. O envolvimento dos médicos nesse processo é fundamental para facilitar o acesso aos beneficiários e lhes proporcionar um tratamento mais completo, eficiente e humanitário.

* Renato Casarotti é presidente da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde)

Warm Up FILIS – Abramed realiza evento online com debate sobre os movimentos setoriais que estão transformando a medicina diagnóstica

Marcado para 14 de setembro, warm up também trará uma prévia das informações da nova edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico

14 de julho de 2021

Em 14 de setembro, a partir das 17h30, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) realizará o Warm Up FILIS, um encontro online com o objetivo de promover um aquecimento para a 5ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), marcada para 13 e 14 de outubro.

Com abertura de Milva Pagano, diretora-executiva da Associação, o evento trará uma apresentação inicial de Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração da entidade. Na ocasião, Figueira apresentará uma atualização dos principais dados setoriais que compõem o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico.

“Chegando à quinta edição, o FILIS já é reconhecido por promover debates extremamente importantes sobre o setor de saúde, com participação de palestrantes internacionais. O Warm Up trará, assim como o FILIS, lideranças do setor para discussão de temas atuais e relevantes, uma amostra ao público do que será o nosso evento em outubro”, explica Milva.

Além dos dados trazidos pelo vice-presidente da Abramed, que remontam um panorama da medicina diagnóstica nacional, o encontro também receberá parceiros e associados para um debate sobre os movimentos empresariais que vêm transformando a medicina diagnóstica.

“Temos assistido a uma grande movimentação no setor privado de saúde onde muitas fusões e aquisições vêm se concretizando, tanto na área de operadoras dos planos de saúde quanto nos vários segmentos de prestação de serviços. Nesse sentido, o setor de medicina diagnóstica também está se movimentando e para tratar de todo esse cenário, traremos ao Warm Up FILIS alguns dos agentes envolvidos nessa movimentação para discutir quais as principais estratégias adotadas”, comenta Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed. Reserve sua agenda para 14 de setembro e acompanhe-nos nas redes sociais (Instagram + Facebook + LinkedIn), pois as inscrições serão abertas em breve.

Cultura acolhedora das lideranças contribui para o crescimento das empresas

Líder deve atuar com empatia para a construção de um ambiente de confiança, visando ao bem-estar dos colaboradores

13 de julho de 2021

O líder tem papel fundamental como facilitador e tradutor da cultura organizacional para os liderados, é responsável por conduzir a equipe para atingir os objetivos da companhia. E a liderança que atua na área de saúde trabalha com algo muito valioso que é a vida das pessoas, o que traz responsabilidade ainda maior e aumenta os desafios na busca contínua por melhorias.

Como o mundo mudou, evoluiu e ficou mais dinâmico, os responsáveis por liderar as equipes nas organizações atualmente têm de ter um diferencial que pouco se via antigamente: a diversidade na era da tecnologia, em que as informações chegam de forma rápida e que os times exigem mais transparência e participação nas decisões.

“O líder do século passado, muitas vezes, era autoritário o que hoje dificilmente funciona. A liderança deve atuar com muito mais empatia e democratização do conhecimento, participação ativa das equipes e como facilitadora nos processos de trabalho”, explica Lucilene Costa, gerente de Saúde Corporativa do Grupo Fleury e diretora do Comitê de RH da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

Em um cenário de pandemia, algumas características de gestão de pessoas são importantes e precisam ser valorizadas. Segundo Lucilene, diante de tanta incerteza e insegurança, o líder precisa ter humildade para assumir quando não tem as respostas e a algumas características são fundamentais para enfrentar qualquer tipo de crise.

A especialista lista como iniciativas mais importantes: a comunicação clara e realista do momento; manter a serenidade e otimismo para equipe entender que sempre haverá caminhos a serem percorridos, mas que todos estão ligados ao mesmo propósito; buscar e se apoiar em ações conforme os problemas forem surgindo; ser empático, entendo que cada um reage à crise de uma forma; não adiar decisões, mesmo que difíceis; revisar os objetivos e metas traçados anteriormente; cortar custos; e manter o olhar no longo prazo

“Enfim, é estar aberto para o novo, entender que a crise, na maioria das vezes, tira as pessoas da zona de conforto e que novas ideias surgem, assim como muitos processos precisam ser revisados”, ressalta Lucilene.

Também é preciso lembrar que o líder é humano e não um super-herói, então, diante dos problemas que afetam um colaborador ou a equipe, a gerente de Saúde Corporativa do Grupo Fleury sugere mapear a situação, dividi-la em fases e buscar apoio de áreas especialistas, como RH, Departamento Médico, ou fóruns e grupos que tratem do tema na organização.

“As questões geralmente são deflagradas por fatores multicausais, por isso, o líder não deve apostar numa fórmula mágica. São diversos desafios e para cada um cabe uma série de ações, desde iniciativas de cuidado à saúde do colaborador até outras ações governamentais de apoio ao trabalhador, como orientação jurídica e financeira”, diz Lucilene, para quem a construção de um ambiente seguro e empático é tão importante quanto a promoção de ações de bem-estar ou o estabelecimento da confiança como base para todas as relações nas empresas.

As organizações, para a especialista, precisam dar atenção ao clima organizacional, serem claras em suas comunicações e, na medida do possível, garantir flexibilidade e autonomia ao trabalho na rotina diária.

“Essas são algumas ações práticas que podem ajudar na redução do estresse e para que as pessoas se sintam mais compreendidas e dispostas a falar sobre seus sentimentos”, afirma Lucilene.

Saúde mental

A pandemia mudou a realidade, os aspectos sociais, pessoais e a relação com o trabalho. O novo cenário fez surgir também um outro ponto de atenção aos gestores: a saúde mental dos colaboradores e como mantê-la em dia.

O acolhimento e o pertencimento nunca foram pontos tão importantes de união da gestão e da cultura empresarial nos cuidados com os aspectos emocionais e mentais dos trabalhadores.

Nesse contexto, segundo Lucilene Costa, cada indivíduo deve ser visto e entendido como biopsicossocial e o desafio para o líder está em gerir pessoas em diferentes estágios, sabendo escutar, orientar, dar feedback e apoiar de forma a tornar o indivíduo cada vez mais autônomo.

“Isso gera um ambiente agradável, sentimento de trabalho em equipe, desperta a humanidade, estimula a capacidade analítica, traz reflexões e tomadas de decisões mais assertivas. Sendo o resultado benéfico para todos”, esclarece a gerente de Saúde Corporativa do Grupo Fleury.

Para as empresas de medicina diagnóstica, que assim como outros setores da saúde também vêm tendo papel fundamental na luta contra a Covid-19, com um trabalho contínuo, equipes de forma geral se desdobrando para atender à enorme demanda de casos, e não só o volume, mas o tempo que já perdura a pandemia, o agravo para a saúde mental dos trabalhadores também tem acontecido.

“Por um lado, esses profissionais têm o propósito legítimo do cuidado e do outro, o cansaço e o estresse de também ter o incerto em sua frente, familiares em casa com medo de contaminação, perdendo entes queridos e se expondo aos riscos do dia a dia”, alerta Lucilene.

A situação dos agravos em saúde mental não é uma situação nova. A cada ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem divulgando o elevado número de casos de suicídio, pessoas com depressão e estresse generalizado e, por consequência, aumento no número de afastamentos previdenciários e de pessoas impossibilitadas de retornarem aos seus postos de trabalho por doenças mentais. A síndrome de Burnout (distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema relacionada ao trabalho) tornou-se uma das causas recorrentes de dias de trabalho perdidos.

“Vemos hoje alta carga horária, dupla jornada de trabalho, esgotamento físico e mental. A durabilidade da pandemia e a incapacidade do governo em estruturar políticas públicas claras e falíveis também têm gerado o esgotamento dos trabalhadores”, lamenta a especialista.

Outro obstáculo quando o tema é a saúde mental é o preconceito. Procurar um psicólogo ou um psiquiatra ainda é um tabu muito grande, mesmo dentro do setor da saúde, e isso aumenta a gravidade da doenças emocionais e mentais.

“Profissionais de saúde são educados nos bancos das universidades ou durante seus cursos técnicos a cuidar e olhar a saúde do outro, pouco consideram olhar sua própria saúde. A automedicação ou tratamento no corredor, com algum colega próximo, impera na maioria das vezes”, adverte Lucilene.

Por isso, ela afirma ser fundamental que as lideranças, frente aos problemas de saúde mental nas organizações, hajam com humanidade, entendendo que hoje o sofrimento é de determinado colaborador e amanhã pode ser deste líder.  

“A empatia é o melhor remédio para a quebra do preconceito, assim como as rodas de conversas falando sobre as fragilidades das situações e aflições que acontecem com todos, lembrando que cada pessoa é única e enfrenta as intempéries de forma particular. Então, observar a equipe, conversar, entender as fraquezas e fortalezas para apoio mútuo é a melhor forma de agir”, acredita a gerente de Saúde do Grupo Fleury.

O impacto da cultura acolhedora das lideranças, na opinião de Lucilene, é benéfico e mútuo e ainda contribui para o crescimento das empresas.

“Pensemos nas organizações como organismos vivos que cada um é uma parte do todo. Empresas que trabalham com esta cultura crescem e são duradoras. No fim todos aprendem, crescem e ganham”, destaca Lucilene.

Ela ainda salienta ser importante que as instituições conheçam seus colaboradores, avaliando o perfil demográfico, epidemiológico e cultural, para que, com olhar mais amplo para o cuidado dos seus trabalhadores, adote políticas de benefícios mais claras e coordenadas com o seu público. “A recomendação é atenção holística à saúde do colaborador”, finaliza.

Com retomada econômica após COVID-19, setor de diagnóstico por imagem conta com a tecnologia para se desenvolver

Irineu Monteiro, da Carestream Brasil, fala sobre como a inovação pode ajudar a sanar os desafios que estão por vir

7 de julho de 2021

Em entrevista exclusiva à Abramed em Foco, Irineu Monteiro, CEO da Carestream Brasil, reconhece o grande sofrimento que a pandemia de COVID-19 vem gerando desde que o novo coronavírus se espalhou pelo mundo no início de 2020. Porém, com a imunização que está avançando, o executivo é otimista ao falar do período pós-pandemia, que deve envolver uma boa recuperação econômica para o setor de diagnóstico por imagem, fundamental para que a sociedade possa retomar os cuidados preventivos.

Confira o papo na íntegra.

Abramed em Foco – Quais foram os principais desafios da Carestream ao longo da pandemia? E como a empresa atuou para vencê-los?

Irineu Monteiro – Já estamos em julho de 2021 e temos a impressão, pelo menos aqui no Brasil, que o ano de 2020 teima em não acabar. Desde o início de 2020 o mundo está sendo desafiado a superar o sofrimento, a dor e as sequelas deixadas por um cenário desolador decorrente da pandemia do novo coronavírus. As pessoas, as famílias, os negócios, a sociedade em geral, estão enfrentando uma realidade diferente da qual estavam acostumadas a encarar até o final de 2019. Estamos sendo obrigados a encontrar novas formas de trabalho, soluções criativas, diferentes maneiras de fazer negócios e flexibilizações que pareciam impossíveis pouco tempo atrás. Esta é a nova realidade a qual todos nós estamos expostos e para a Carestream não tem sido diferente.

Desde o ano passado, as funções administrativas e de suporte, passaram a operar de forma remota no modelo home office. As atividades que requerem presença física dos nossos colaboradores, caso de Manufatura e Logística, se adaptaram aos procedimentos sanitários recomendados pelas autoridades e especialistas da área. Os times de Engenheiros de Campo e Gerentes de Contas, continuam a atender nossos clientes, visitando clínicas, hospitais e laboratórios, porém seguindo protocolos rígidos de higiene e proteção pessoal para evitar contaminação.

Abramed em Foco – A divisão de diagnóstico da empresa teve um desempenho muito diferente das outras áreas?

Irineu Monteiro – A pandemia de COVID-19 atraiu muito interesse da área de radiologia e dos profissionais do segmento de Diagnóstico por Imagem, pois a radiografia torácica é um dos primeiros e mais econômicos exames feitos em pacientes com dificuldade respiratória. Muitos serviços de radiologia sofreram uma redução significativa nos exames quando a infecção pela COVID-19 atingiu seu pico. A queda na receita afetou as equipes, assim como o resultado dos departamentos de radiologia. A grande maioria dos hospitais e clínicas de imagem por diagnostico precisaram adotar soluções criativas e versáteis para superar os novos desafios.

A Carestream vem inovando no desenvolvimento das suas soluções, não só na parte física (hardware) mas principalmente na parte de inteligência (software), como por exemplo a solução Smart Grid, que acompanha a recém lançada sala de Raios X, o DRX Compass, que simula o efeito da grade, trazendo uma imagem melhor definida, a qual permite a realização de exames em pacientes acamados e/ou com limitações de movimentação, sem a necessidade de uma grade física e proporciona uma melhor resolução de imagem e comodidade ao paciente sem a necessidade de remoção para exames na mesa.

O setor de saúde demanda e a Carestream está sempre buscando e desenvolvendo soluções para tornar o atendimento aos pacientes mais eficaz; este cenário se tornou ainda mais crítico durante a pandemia de COVID-19 que estamos enfrentando desde o início de 2020.

No âmbito da obtenção de imagens médicas, isso significa aprimorar o diagnóstico utilizando a menor dose possível, mantendo o nível de qualidade diagnóstica das imagens. E a Carestream entende que existem quatro fatores críticos para aprimorar o diagnóstico por imagem, mantendo a menor dose possível:

  1. A aquisição mais rápida das imagens permite melhor qualidade das mesmas para um diagnóstico acurado
  2. Ganhos em eficiência de dose ideal
  3. Captura de imagens em 2D evoluindo para 3D
  4. Inteligência Artificial como ferramenta auxiliar para a análise de imagens médicas

Abramed em Foco – Quais as perspectivas da Carestream para o pós-pandemia no Brasil? Há potencial para crescimento?

Irineu Monteiro – A Carestream enxerga o pós pandemia com muito otimismo. Acreditamos em uma retomada robusta econômica no Brasil, especialmente para o setor de saúde, pois haverá o retorno vigoroso de exames e procedimentos eletivos que foram praticamente paralisados ou sofreram uma redução significativa devido ao temor das pessoas em seguir com estes exames e procedimentos ou ainda por limitação das entidades de saúde que estão com maior prioridade no tratamento de pacientes contaminados pelo coronavírus.

Além destes fatores, outra tendência que moldará o futuro da radiologia será o aumento das doenças crônicas, tais como doenças cardíacas, câncer e diabetes. As estimativas é que estas doenças crescerão de forma exponencial nos próximos anos, demandando exames de imagens para o diagnóstico e prevenção.

Abramed em Foco – A pandemia bloqueou – ou atrasou – os investimentos em tecnologia, automatização e inteligência artificial do setor de diagnóstico por imagem? Ou mesmo diante da crise os projetos conseguiram avançar?

Irineu Monteiro – A pandemia trouxe muito sofrimento e desafios, mas ao mesmo tempo criou oportunidades e pressionou a sociedade, empresas e governos a encontrarem soluções para o diagnóstico de doenças de forma mais rápida, com maior precisão e maior segurança para os pacientes.

A Carestream está comprometida em trazer ao mercado soluções aos nossos clientes, disponibilizando um portifólio de produtos com recursos avançados que superem suas expectativas a um custo competitivo. Em meados de 2021, lançou o Detector Focus 35 C e 43 C, que fornecem alternativa acessível e econômica para que nossos clientes possam realizar upgrade das suas operações de exames de radiologia baseadas em filme de Raio – X ou de Radiologia Computadorizada, para um modelo de operação de diagnóstico por imagem totalmente digital.

Abramed em Foco – Sabemos que a COVID-19 trouxe uma necessidade emergencial de otimizar os processos de diagnóstico a fim de expor o paciente ao menor risco possível. Quais os caminhos para que consigamos tornar os exames mais eficazes, principalmente no setor de imagem?

Irineu Monteiro – Para atender a demanda de exames para pacientes em centro de terapia intensiva ou com limitação de movimentação, a Carestream expandiu a produção e aprimorou a sua solução de Raio-X Móvel, DRX Revolution, que produz imagens de radiografia digital de alta qualidade em tempo real para auxiliar no diagnóstico do paciente quando e onde for necessário.

Estas soluções estão suportadas por recursos de softwares desenvolvidos pela Carestream, habilitados por inteligência artificial e algoritmos avançados que tornam os departamentos de radiologia mais produtivos e eficientes.

Abramed em Foco – Temos, hoje, um cenário que mescla uma população em envelhecimento, aquelas pessoas acometidas pela COVID-19 e que podem sofrer com algumas sequelas relativas à infecção, e um grupo grande de pessoas que deixaram de realizar seus exames de rotina ou de diagnosticar diversas doenças por medo de sair, ir ao médico e se expor. Como a medicina diagnóstica, com foco no setor de imagem, poderá trabalhar para reverter um cenário complicado de diagnósticos mais urgentes e atrasados?

Irineu Monteiro – O rápido crescimento da população idosa alcançará cifras recordes no Brasil nos próximos 40 anos, com isso o país terá que lidar com uma estrutura etária desfavorável do ponto de vista econômico e de produtividade e precisa se preparar para lidar com esta realidade e as consequências deste novo cenário demográfico. A tecnologia e a inovação são aliadas fundamentais para que possamos superar as dificuldades e os desafios apresentados por esta nova realidade.

Dentro disso, a Carestream está comprometida em trazer ao mercado soluções aos nossos clientes, disponibilizando um portfólio de produtos com recursos avançados que superem suas expectativas a um custo competitivo.

O setor de saúde tem buscado há anos, focar mais na prevenção do que no tratamento de pacientes com enfermidades, entretanto esta tendência foi duramente impactada com a chegada do coronavírus. Estamos otimistas que em breve as instituições de saúde voltarão a expandir o foco na realização de exames para prevenção das doenças e estarão trabalhando com os pacientes para ajudá-los a manter uma vida saudável.

Abramed em Foco – Por sua vasta extensão territorial, temos muitos vazios assistenciais no Brasil. Locais onde ainda faltam equipamentos para diagnósticos que são rotineiros nas grandes capitais. Como a indústria do diagnóstico por imagem pode auxiliar na ampliação do acesso? Existem, por exemplo, ferramentas que estão sendo testadas e implementadas para garantir o telediagnóstico seguro?

Irineu Monteiro – O processo de urbanização no mundo é caracterizado pela transformação dos espaços rurais em espaços urbanos. No Brasil, o processo de urbanização aconteceu com a maior parte das grandes formações urbanas localizada nas zonas litorâneas, mas entendemos que seguiremos ainda por muitos anos com uma densidade demográfica elevada nos principais centros urbanos do país, demandando aumentos constantes de serviços médicos que poderão ser supridos de forma mais adequada através da retomada do crescimento econômico, expansão do emprego formal e políticas de proteção social.

As regiões mais remotas e com menor densidade demográfica apresentam um enorme desafio para que a população destas geografias possa ter acesso a serviços de saúde de qualidade a um custo adequado. Também nestas regiões, a retomada do crescimento econômico, a redução do desemprego e políticas sociais customizadas são fatores críticos para equacionar e endereçar a demanda por serviços de saúde que atendam a população.

A tecnologia e a inovação são ferramentas de vital importância para solucionar a escassez de serviços médicos, tanto nas áreas urbanas como nas regiões mais remotas do nosso país. Inteligência Artificial em conjunto com “machine learning” e outros aspectos tecnológicos, potencializam o telediagnóstico seguro e tem causado uma revolução em muitos aspectos das nossas vidas e não é diferente no segmento de imagens médicas de diagnóstico.

Estas ferramentas têm ajudado os radiologistas a acelerar a triagem de pacientes, otimizar fluxos de trabalho, reduzir desperdícios e especialmente aprimorar o processo de diagnóstico. Empresas como a Carestream estão se tornando cada vez mais flexíveis e adaptáveis a fim de criar soluções eficazes para atender as várias regiões geográficas no Brasil e no mundo. Ocupamos uma posição de liderança no mercado de filmes médicos e temos expandido nossa atuação oferecendo soluções de Radiologia Computadorizada (CR), Radiologia Digital (DR), Equipamentos de Raio-X Móveis e Detectores.

Abramed em Foco – Como enxerga a atuação da Abramed na medicina diagnóstica? O que espera da entidade como parceira para melhoria do setor?

Irineu Monteiro – É um orgulho para nós da Carestream estarmos em associação com a Abramed. Esta entidade tem demonstrado elevada relevância na cadeia de saúde no nosso país e em especial na medicina diagnóstica. Seus dirigentes e associados são expoentes do setor de saúde no Brasil, com reconhecida capacidade de articulação, diálogo e apoio ao setor.

A edição anual do Painel ABRAMED tem sido uma base importante de informações sólidas e estratégicas para planejamentos de ações futuras e de entendimento de resultados de anos anteriores no mercado de medicina diagnóstica. Estamos ansiosos pela retomada dos eventos presenciais promovidos pela Associação, pois propiciam excelentes ambientes para troca de experiências e de desenvolvimento para todos os participantes.

Saúde no Brasil depois da Pandemia – Provocações para uma agenda de debate

Assinado por Antônio Britto, diretor-executivo da Anahp, artigo reflete sobre os principais pleitos do setor

* Antônio Britto, diretor-executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp)

Depois de 500 mil mortes, milhões de famílias destroçadas financeira ou emocionalmente e um país paralisado há ano e meio, o que pedir, além de uma imediata superação da pandemia?

Pessoalmente, tenho um sonho: que passado isso tudo o Brasil faça a mais efetiva e produtiva homenagem às vítimas da Covid e inicie, de forma construtiva e séria, uma grande revisão do nosso sistema de saúde.

Os problemas que a pandemia evidenciou, sabemos, existiam antes dela. O que ocorreu foi uma dolorida e intensa demonstração deles – das consequências da desigualdade social à má distribuição de nossos recursos humanos e tecnológicos; da falta de coordenação entre entes públicos ao desperdício na integração destes com o setor privado; da insuficiência de nossa pesquisa, por falta de políticas sustentáveis, a desestruturação do Ministério da Saúde.

A questão é: vamos virar a página, depois que a pandemia se for e não refletir nem mudar nada? Precisaremos esperar pela próxima pandemia? A Associação Nacional de Hospitais Privados – Anahp, na permanente parceria com entidades como a Abramed, tem reunido seu Conselho, seus associados, dialogado com médicos, profissionais de saúde, acadêmicos, representantes de pacientes, pagadores e fornecedores de serviços. E discutido muito alguns temas que não sendo uma agenda completa e extensiva ao menos indicam pontos que não deveriam estar fora de mudanças que precisamos encarar com seriedade e em respeito a tudo que todos nós, nossos familiares e nosso País está sofrendo. Apresento aqui, com visão pessoal, uma breve síntese desses pontos.

1. MAIS FORÇA, GESTÃO E RECURSOS PARA O SUS. Deve começar, sim, pela saúde suplementar, da qual fazemos parte, o respeito à organização ditada pela Constituição e a solidariedade com o Brasil mais profundo e mais pobre. Vale dizer: como a pandemia mostrou, por maiores que sejam suas dificuldades, viva o SUS. Não são mais adiáveis a discussão sobre fontes novas de financiamento e uma urgente revisão da forma como ele é gerido e, principalmente, é coordenado entre os governos federal, estaduais e municipais, problema que a pandemia transformou em festivais diários de idas e vindas, conflitos e ineficiência entre autoridades ao longo desses últimos meses.

2. PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E PRODUÇÃO. A pandemia popularizou expressões como o insumo farmacêutico ativo, o IFA, e ao fazer isto denunciou o que se vive há anos: o Brasil consegue conciliar excelentes cientistas com, na média (como sempre) péssimas políticas de inovação. As boas, não se prolongam no tempo. Algumas bem-intencionadas acabam sendo dominadas por outros interesses. Então, passamos a ter dois tipos de cientistas brasileiros: os que fogem para o exterior na busca de condições à altura de seus talentos e os teimosos que insistem em aqui permanecer sem verbas, sem bolsas, sem segurança.  Quando descobrimos nossa constrangedora dependência de insumos farmacêuticos ou mesmo equipamentos hospitalares, estamos apenas reproduzindo o que já era o dia a dia do setor de saúde.  Por isso, repensar pesquisa, desenvolvimento e produção de forma moderna, integrada às melhores cadeias mundiais de produção, mas com forte estímulo ao nacional já era uma necessidade. Agora é uma emergência.

3. O PAPEL FUNDAMENTAL DA SAÚDE SUPLEMENTAR. A participação decisiva de hospitais privados, filantrópicos ou não; a intensa contribuição da rede de diagnósticos, liderada pela Abramed; o pagamento de serviços por empresas e cidadãos, através de operadoras de planos de saúde – tudo isto, espero, deve ter contribuído para que definitivamente tiremos do cenário o maniqueísmo entre os poucos que ainda defendem um País “só com SUS ou sem SUS.”  A mesma Constituição Federal de 1988 e a realidade brasileira – de interação e interdependência entre serviços públicos e facilidades privadas – deveria nos enviar à agenda real: como melhor integrar esses serviços. O que se fez no desespero com a falta de UTIS, nós deveríamos transformar agora em um construtivo exercício para evitar redundância, retrabalho e desperdício de profissionais e equipamentos em algumas regiões e escassez extrema em outras.

4. REDISCUTIR A FORMAÇÃO DOS MÉDICOS E DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE. De forma heroica, os recursos humanos do setor de saúde tiveram que aprender sobre a doença, enfrentar turbilhões de filas desesperadas e aprender a trabalhar de uma forma mais integrada. Revelou-se, pela milésima vez, a péssima distribuição dos recursos humanos pelo País e o caminho cada vez perigoso seguido na formação de médicos – o abandono, por falta de estímulos, dos generalistas, médicos de família, pediatras. Uma proliferação de cursos desacompanhados de qualificação mínima. A formação de quantidade de médicos mais que de médicos em condições de um exercício hoje exigido da profissão. Aqui, como em outros temas, a aumentar quantidade (desejável) não ser feita ao preço do abandono da qualidade e do rigor na formação.

5. DEFINIR BASES QUALIFICADAS PARA APOIAR ACESSO COM TECNOLOGIA. A pandemia teve minoradas algumas de suas consequências graças à vigorosa ampliação da utilização de tecnologia para tele consultas, telediagnósticos, enfim os benefícios da telemedicina. Vamos agora, através do exercício do papel regulador do Conselho Federal de Medicina e do poder legislativo do Congresso Nacional regulamentar essa questão. Temos aí chance extraordinária de ampliar acesso, aproximar o Brasil dos rincões desassistidos com o Brasil de excelência. Como fazer isso estabelecendo um equilíbrio realista entre a preservação do papel do médico e a necessidade de aumentar a presença da medicina? Como evitar que a telemedicina tenha como eixo a simples redução de custos em vez de ser acima de tudo ampliação qualificada de acesso integrado ao menor custo. Vale dizer: pela ordem acesso coordenado e com qualidade/dignidade depois o custo e não o contrário.

6. DAR SUSTENTABILIDADE A QUALIDADE. Não é privilégio do setor de saúde. No Brasil, dadas as médias precárias em setores como o nosso, mas também em educação, segurança, e tantos outros cria-se uma espécie de “ciúme” do que está bem-organizado, oferecendo qualidade, olhando e comparando-se aos melhores padrões mundiais. No jargão da retórica nacional, fala-se que isso “é coisa de Suécia”. Na pandemia, nosso lado “sueco”, através de hospitais e laboratórios acreditados ofereceu saber, distribuiu conhecimento e equipamentos de forma solidária, acelerou com eficiência pesquisas para vacinas, estabeleceu padrões e disseminou condutas ainda que em meio ao turbilhão causado pela Covid-19 e aos períodos de perda de receita e de recursos humanos. Os melhores resultados no tratamento vieram claramente de hospitais privados e públicos de excelência, com recursos tecnológicos atualizados, equipamentos sofisticados e gente, gente capacitada. Esses mesmos hospitais e laboratórios continuarão sendo penalizados pela obsessão de seguirem trabalhando atualização tecnológica e qualificação acreditada e certificada de pessoas, processos e gestão? Queremos estar mais próximos ou ainda mais distantes da “Suécia”?

7. O FINANCIAMENTO DAS ATIVIDADES PRIVADAS. Uma síntese muito precária do que ocorre hoje mostra um esgotamento do sistema previsto para estimular e financiar a saúde suplementar. Um país que oferece níveis baixíssimos de empregos qualificados e renda média retira boa parte das possibilidades de adesão a planos de saúde. Estes, concentram-se então em uma fonte pagadora essencial – as empresas que por sua vez, pressionadas pela crise econômica, reduzem seus aportes. O sistema fica então girando em torno de 45 a 50 milhões de vidas, mais ao sabor dos soluços para cima ou para baixo da economia do que de crescimento orgânico, números muito abaixo do que podemos e necessitamos. Em vez de rompermos os limites, os planos de saúde (ou na feliz expressão do Adriano Londres, “planos de doença”) pressionam por redução de custos (o que é saudável) em grande parte às custas de cortes de qualidade (o que é inaceitável). Os prestadores de serviços médico-hospitalares, elo seguinte da pressão, reduzem sua segurança financeira, mesmo muitos dos maiores, e passam a depender de fontes como o trabalho de ministrar medicamentos. Ao fim desse carrossel de responsabilidades transferidas sem o efetivo endereçamento das causas, fica o paciente…

8. OS ELOS PARTIDOS DA CADEIA DE SAÚDE. Se pacientes, profissionais de saúde, operadoras de planos de saúde, prestadores de serviços médico-hospitalares, fornecedores, contratantes de planos de saúde etc. – se todos estão insatisfeitos não seria isto sinal mais que evidente que o problema está no sistema como um conjunto e, portanto, a solução deveria depender de uma revisão do todo? Não no Brasil. Os elos da cadeia de saúde têm se dedicado, como mostra o noticiário, à tentativa inútil de salvar o seu terreno sem se darem conta que vivem em um condomínio sem cercas nem muros… Parece uma obviedade desmentida pelo dia a dia, mas ainda assim repetida cansativamente que, por exemplo, aumentar a receita de planos de saúde com planos populares não adianta se estes não permitirem acesso. O que os planos de “uma só consulta/um só exame” respondem se o cliente/paciente precisar de mais? Ao contrário de outros setores da vida brasileira, a cadeia da saúde tem claras dificuldades em atuar como tal e tentativas nesse sentido em geral mostram-se no máximo anêmicas, vitimadas pelo vírus das individualidades ou da visão apenas segmentada. A cadeia da saúde acaba se apresentando como uma sucessão de elos partidos.

9. CUIDA-SE DA SAÚDE? NÃO, DA DOENÇA. Como referido antes, uma obviedade exaustivamente repetida por qualquer iniciante em políticas públicas de saúde, no Brasil é fato raro: nenhum sistema no mundo torna-se justo, eficiente e sustentável se não intervier fortemente na prevenção e proteção à saúde. O país que um dia combateu o tabagismo e registrou sucesso exemplar, dá as costas à atenção primaria à saúde. Prefeitos não gostam de inaugurar “equipes de saúde de família”. Preferem dar início às obras inacabadas e tecnicamente inviáveis de prédios que chamam de hospitais e que são insustentáveis em todos os sentidos. Perguntem a ANS quantos produtos registrados contêm efetiva atuação na proteção à saúde, no combate a obesidade, hipertensão, diabetes. Ou seja: entre nós a atenção primaria à saúde NÃO CONQUISTOU STATUS POLÍTICO NEM RECEBE ESTÍMULOS FINANCEIROS. Resultado: próximo de zero. Nossa cultura, nossos produtos e principalmente nossos estímulos apontam na direção oposta e errada: tentar cuidar da doença em um País com longevidade cada vez maior.

10. NÃO HÁ SAÚDE NA DESIGUALDADE. Os primeiros estudos e a própria observação cotidiana apontam outro fato que, não sendo novo, ficou “escancarado” pela pandemia: a doença, entre nós, é filha, acima de tudo, da desigualdade.

As mortes anônimas diárias por desnutrição, falta de saneamento, violência, miséria, enfim, não mudaram na pandemia. Apenas chegaram às televisões. Um sistema de saúde sustentável, pós pandemia, não pode dar as costas as discussões gerais sobre a economia, a geração de emprego e de renda. Ou seguiremos enxugando gelo e contando mortos que mereciam e poderiam estar entre nós.

Abramed em Foco está de cara nova

Novo layout da newsletter mensal da Abramed traz mais detalhes sobre os pleitos setoriais

09 de junho de 2021

Após 34 edições trazendo informações relevantes sobre o mercado de medicina diagnóstica e compartilhando as realizações da entidade, o principal informativo da Associação passou por uma reformulação a fim de atender à novas demandas.

A partir de junho de 2021, o informativo traz ainda mais ênfase à atuação dos comitês e grupos de trabalho da Abramed com uma seção exclusiva para compartilhamento de algumas discussões e resoluções que são geradas dentro de cada área específica de atuação da entidade.

“A Abramed tem muito orgulho dos seus Comitês e grupos de trabalho que, através da dedicação dos executivos de suas empresas associadas, constituem verdadeiros fóruns de debate e desenvolvimento, promovendo a melhoria contínua e sistemática da qualidade dos serviços de medicina diagnóstica”, comenta Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.

A cada edição, a Abramed em Foco trará uma matéria de destaque com o assunto de maior relevância de um Comitê ou Grupo de Trabalho (GT). A edição de junho apresenta um conteúdo elaborado com informações coletadas junto aos integrantes do Comitê Padrão TISS, responsável pela disseminação de conhecimentos quanto às definições da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e por ações que visam a sinergia e a melhoria da comunicação a fim de mitigar potenciais riscos (clique AQUI para ler).

Logo abaixo do destaque, a newsletter também traz uma sequência com os principais highlights de todos os grupos. Além do Comitê Padrão TISS mencionado acima, hoje a Abramed conta com outros oito comitês: Jurídico; Técnico de Análises Clínicas; Técnico de Anatomia Patológica; Técnico de Radiologia e Diagnóstico por Imagem; Comunicação; Governança, Ética e Compliance; Recursos Humanos; e Dados Setoriais. A estrutura ainda conta com o grupo de trabalho de Proteção de Dados. Nesta edição apresentamos cada um dos comitês.

Essa nova seção dedicada aos comitês e grupos de trabalho se soma às outras tantas notícias do setor de medicina diagnóstica mensalmente compartilhadas na Abramed em Foco. Clicando AQUI você confere as edições anteriores da publicação.

Abramed participa de lançamento do Índice de Serviços (ISe)

Indicador econômico reúne dados estratégicos para valorização do segmento

09 de junho de 2021

Em um webinar realizado na manhã de 8 de junho e transmitido ao vivo pelo YouTube, a Frente Parlamentar do Setor de Serviços (FPS) lançou o Índice de Serviços (ISe), indicador econômico que surge como um grande avanço para o acompanhamento de dados do segmento no país. A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) apoia o projeto e Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração, marcou presença no encontro representando a entidade.

Ao iniciar a apresentação, o deputado Laércio Oliveira (PP-SE), coordenador da FPS, trouxe um breve panorama. “O nosso setor de serviços foi o mais penalizado pela pandemia, mas sustentou a empregabilidade e a renda e continua sendo o fio condutor da recuperação econômica pós-COVID-19. O ISe vai nos permitir demonstrar a nossa realidade, principalmente para que haja mais clareza na valorização da importância desse segmento em várias frentes”, disse.

De fato, o setor de serviços tem alta relevância para a economia no país. Representa 70% do PIB Nacional e tem grande poder de empregabilidade. Na saúde, o setor de medicina diagnóstica representado pela Abramed também tem grande desempenho no contexto socioeconômico. Segundo dados do último Painel Abramed, o segmento foi responsável pela manutenção de 264,2 mil postos de trabalho em 2019. Somente as empresas associadas à Abramed empregam mais de 66 mil pessoas.

A participação da Abramed nos debates promovidos pela FPS leva os pleitos do setor que coincidem com as demandas de tantos outros subsetores. São debatidos, por exemplo, os impactos da Reforma Tributária, bem como questões trabalhistas, econômicas e de gerenciamento de dados.

Participaram do webinar, além de Oliveira, Rafael Sampaio, secretário executivo da Secretaria de Governo, representando a ministra Flávia Arruda; e Jorge Luiz de Lima, secretário de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação (SDIC/SEPEC).

Além da Abramed, outras 10 entidades do setor de serviços apoiam o projeto: Instituto Gestão de Excelência Operacional em Cobrança (GEOC), Associação Nacional de Segurança e Transporte de Valores (ANSEGTV), Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios (ABAC), Associação Nacional de Fomento Comercial (ANFAC), Associação Nacional dos Profissionais e Empresas Promotoras de Crédito e Correspondentes no País (ANEPS), Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP), Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de Recursos Humanos, Trabalho Temporário e Terceirizado (Fenaserhtt), Federação Nacional de Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (FENINFRA) e Associação de Marketing Promocional (AMPRO).