Novas contribuições da medicina laboratorial no diagnóstico da COVID-19

Assinado por Carlos Eduardo Ferreira, presidente da SBPC/ML, artigo detalha atuação do setor frente a crise

03 de fevereiro de 2021

* Por Carlos Eduardo dos Santos Ferreira

Quase um ano se passou desde a detecção do primeiro caso do novo Coronavírus no País em fevereiro do ano passado. Foram diversas contribuições da Medicina Laboratorial e da SBPC/ML ao longo de 2020. A implantação das reações de PCR em tempo real “in house”, a chegada dos primeiros ensaios imunocromatográficos, a automação na reação de RT-PCR, os ensaios sorológicos de primeira geração, os POCTs de biologia molecular, as otimizações nos protocolos de extração do RNA viral, as novas gerações dos ensaios automatizados, testes de antígenos, LAMP (amplificação isotérmica), entre outras. Sem contar com o pioneirismo do Brasil nas alternativas diagnósticas, como a utilização de sequenciadores de última geração (NGS) e a espectrometria de massas na identificação de metabólitos dos vírus. E nesta leva a validação de métodos utilizando outras amostras alternativas ao uso das secreções de naso e oro faringe; tais como saliva e fezes na identificação dos vírus.

Já a SBPC/ML contribuiu em diferentes frentes no combate a pandemia. Criação do programa de avaliação de kits diagnósticos (testecovid19.org), estruturação de cursos, webinars em parcerias com outras sociedades médicas, o primeiro congresso virtual focado na infecção pelo Sars-CoV-2, veiculação de informação de qualidade na mídia aberta e fechada, entre outras inciativas.

As novidades e iniciativas não pararam por aí e não podem parar pois o vírus ainda circula mundo a fora. Com essa disseminação nos diversos continentes, o vírus foi se adaptando e mutando ao infectar diferentes organismos. A identificação destas mutações se faz necessária para o reconhecimento de novas linhagens do vírus. Estas novas cepas devem ser avaliadas do ponto de vista da infectividade e gravidade das mesmas. Por isso a genotipagem do vírus se faz necessária para que possamos avaliar estas diferenças nos pacientes, o impacto no tratamento e na prevenção com as diferentes vacinas que estão no mercado. Outro ponto de destaque na utilização prática da genotipagem se faz na identificação de surtos por cepas específicas em ambientes específicos. Esta genotipagem antes restrita aos laboratórios de pesquisa está ganhando mais relevância na condução da pandemia.

Outro ponto de destaque da Medicina Laboratorial é a evolução dos testes sorológicos. No início da pandemia os ensaios foram desenvolvidos avaliando as diferentes classes de imunoglobulinas (IgA, IgM e IgG) em resposta a diferentes epítopos proteicos.  Com o avanço das pesquisas verificou-se que a produção destas classes anticorpos aconteciam praticamente de forma simultânea e que grande parte destes anticorpos não ofereciam capacidade de neutralizar o vírus. A resposta imune natural e vacinal é melhor avaliada com anticorpos mais maduros (IgG) contra um epítopo spike (S1). Esses anticorpos apresentam capacidade de impedir que o vírus entre na célula para se replicar.  Os chamados anticorpos neutralizantes ligam-se à ligação ao receptor (RBD) da proteína epítopo viral, bem como a outros domínios, evitando que o vírus se ancore em seu receptor de entrada (ACE2), este presente em grade parte das células do nosso organismo.  A indústria diagnóstica já começou a disponibilizar ensaios avaliando a produção destes anticorpos contra estes epítopos.

Para fechar as novidades, a SBPC/ML em parceria com a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) em parceria com laboratórios públicos e privados em um projeto inédito em parceria com a Agência Nacional Vigilância Sanitária (Anvisa) está revalidando os kits diagnósticos destinados ao diagnóstico da COVID-19 que já estão expirados. Os testes rigorosos de revalidação já estão sendo realizados e a Anvisa determina se o produto pode ou não continuar a ser utilizado para a prática clínica.

O diagnóstico laboratorial ganhou e vem ganhando protagonismo desde o início da pandemia. Um diagnóstico rápido e preciso contribuiu no controle da disseminação do vírus permitindo um isolamento rápido do paciente infectado. Vamos em frente buscando sempre uma melhoria contínua para que possamos superar este momento difícil para todos.

* Carlos Eduardo dos Santos Ferreira é Presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML)

Abramed tem nova diretora-executiva

Milva Pagano é advogada e assumiu o cargo em 18 de janeiro

19 de janeiro de 2021

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) tem uma nova diretora-executiva. Profissional com vasta experiência no segmento da saúde, Milva Pagano é advogada e tem MBA em direito da economia e da empresa pela Fundação Getúlio Vargas.

Com destacado perfil de liderança, Milva reúne as características ideais para a posição por ter atuado com reestruturação organizacional e institucional e por sua vivência significativa no segmento de gestão de saúde, inclusive no âmbito da saúde suplementar.

“Minha trajetória no complexo segmento de gestão da saúde suplementar e corporativa e minha atuação junto às associações fortaleceram meu olhar para a construção social. Acredito que, na Abramed, poderei agregar valor aos desafios da medicina diagnóstica, um importante elo do ecossistema da saúde”, pontua.

Com expertise na área de consultoria, Milva também auxiliou a construção de experiências oferecendo apoio às ações estratégicas devido à sua habilidade de converter dados em inteligência. Além disso, a executiva construiu bons caminhos de contato com públicos estratégicos, poder executivo, órgãos de proteção e defesa do consumidor e, também, com a imprensa, característica indispensável a quem está na direção de uma entidade como a Abramed.

Idealizadora, coordenadora e coautora do livro “Boas práticas de gestão em saúde corporativa”, lançado com a Editora Leader, Milva coordena o curso de extensão em Gestão de Saúde Corporativa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e já assumiu desafios diversos presidindo, ao longo de sua jornada, entidades como a Associação Brasileira dos Profissionais de Recursos Humanos (ABPRH) e a Aliança para Saúde Populacional (ASAP).

Consolidando nossa evolução

Assinado por Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, artigo destaca desenvolvimento da medicina diagnóstica

15 de janeiro de 2021

*Por Wilson Shcolnik

Qual o limite da nossa evolução? Na medicina diagnóstica, a pandemia de COVID-19 veio para mostrar que não há um ponto final quando o assunto é o desenvolvimento de novas tecnologias e novas formas de atendimento para otimizar testes e exames indispensáveis à saúde humana e às necessidades de isolamento e distanciamento social recomendadas pelas autoridades sanitárias.

Quando o novo coronavírus começou a se disseminar rapidamente pelo mundo, nosso segmento assumiu posição de protagonista. Precisávamos de uma quantidade suficiente de kits para detectar os infectados e, assim, tentar conter a transmissão desse patógeno que há um ano aflige o globo. Cumprimos essa etapa e seguimos contribuindo. Vencemos as barreiras que uma crise dessa proporção nos impôs, a indústria aumentou a produção dos insumos necessários e os especialistas mergulharam na necessidade de desenvolver novas metodologias tanto no âmbito laboratorial quanto em novas aplicações para o diagnóstico por imagem.

Além do teste molecular RT-PCR, considerado padrão ouro para esse diagnóstico, aqui no Brasil os laboratórios privados rapidamente passaram a oferecer alternativas como o teste por proteômica, que detecta a proteína do novo coronavírus em amostras nasofaríngeas; o RT-LAMP, capaz de identificar material genético do vírus em amostras de saliva; e o sequenciamento genético de nova geração.

Importante lembrar, também, dos testes sorológicos. Diferentemente dos testes rápidos, quando realizados em ambientes controlados dos laboratórios, são bastante confiáveis para identificar anticorpos e, assim, auxiliar no diagnóstico tardio e em inquéritos epidemiológicos. Esses exames, inclusive, serão muito importantes agora nessa nova fase da pandemia, quando as populações começam a ser vacinadas. Para isso, os laboratórios já estão se preparando para oferecer a pesquisa de anticorpos neutralizantes. O exame consegue comprovar a eficácia do imunizante.

O suporte do segmento de imagem para a comprovação do diagnóstico de COVID-19 também foi muito relevante. Projetos de automatização auxiliaram as equipes quanto aos principais achados tomográficos originados da infecção pelo novo coronavírus – como as opacidades em vidro fosco – e há estudos internacionais sugerindo a utilização da ultrassonografia point-of-care (PoCUS) para análise de aspectos respiratórios, cardiovasculares e tromboembólicos da COVID-19 como alternativa eficiente a outros exames de imagem. Com todo esse empenho, hoje a demanda mundial pelo melhor diagnóstico e monitoramento de pacientes com a COVID-19 está sendo plenamente atendida.

É inegável que a pandemia acendeu um holofote ainda maior sobre nossas atividades. Mas importante frisar que o setor não se debruçou unicamente sobre a COVID-19. Todos os segmentos seguiram seus cursos evolutivos trazendo possibilidades fantásticas para o nosso futuro.

Entre esses avanços, podemos destacar a genômica que evolui de forma impressionante desde o Projeto Genoma Humano, iniciado no começo da década de 1990 e que contribuiu para a redução dos custos para realização desses exames. Essas conquistas possibilitaram a ampliação do acesso para que cada vez mais gente tenha a oportunidade de realizar testes capazes de detectar doenças raras antecipadamente e direcionar tratamentos mais assertivos, entre eles as terapias genéticas personalizadas e extremamente eficientes.

Na outra ponta da cadeia está o paciente, que também se mostra interessado em tecnologias focadas em otimizar seus cuidados com a saúde. Os smartwatches, capazes de fazer eletrocardiogramas (ECG), registrando o tempo e a intensidade dos sinais elétricos das batidas do coração, já estão sendo popularizados e provam que muitas pessoas querem aderir a dispositivos vestíveis para monitoramentos diversos. É o diagnóstico chegando à casa das pessoas por meio da integração da tecnologia e do conhecimento. Tudo isso nos traz esperança e a certeza de que ainda podemos vislumbrar evoluções incríveis para os próximos anos.

* Wilson Shcolnik é presidente do Conselho de Administração da Abramed

Canal de Denúncias é importante ferramenta de gestão e compliance

Ação é fundamental para o fortalecimento de uma cultura ética e transparente nas organizações

14 de janeiro de 2021

O Canal de Denúncias no setor da saúde é uma das ferramentas essenciais para o fortalecimento de uma cultura ética e transparente na gestão, no relacionamento com pacientes, funcionários, médicos, indústria, governo, operadoras de planos de saúde e demais stakeholders.

Por meio desse instrumento de gestão, é possível que as instituições de saúde sejam comunicadas sobre eventuais irregularidades, fraude, corrupção, vazamento de informações, condutas inadequadas, conflito de interesse e possam adotar as medidas corretivas necessárias.

Nesse sentido, o Canal de Denúncias funciona como um dos principais meios de detecção de violações às leis, políticas e normas internas, assim como de prevenção, pois permite, depois de investigada e confirmada eventual procedência da denúncia, que a instituição adote ações corretivas e mitigatórias, aprimore controles e implemente outras medidas preventivas, como, por exemplo, a elaboração de novas políticas, treinamentos e comunicação.

“Por meio da denúncia, é possível encontrar os problemas na fonte, nomeando os envolvidos e conseguindo sanar a questão antes de gerar prejuízos graves para o negócio”, comenta Ana Luísa Bernardes de Sousa Broch Pinheiro, coordenadora de Compliance do Hospital Sírio-Libanês (HSL) e membro do Comitê de Governança, Ética e Compliance (GEC) da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

A presença de um canal de denúncias na empresa traz uma série de vantagens, como a melhoria da gestão de conflitos; aumento da confiança dos colaboradores e outras partes que se relacionam com a instituição; auxilia no fortalecimento de uma cultura mais ética; possibilita a tratativa de várias questões internamente, evitando possível vazamento; prevenção contra crises de imagem; adoção de medidas disciplinares, demostrando que a instituição não tolera descumprimento de suas normas internas e leis; redução de prejuízos gerados com possíveis fraudes e atos ilícitos; minimiza ou até mesmo evita discussões judiciais que possam acarretar multas e outras sanções, alinha a organização com as políticas de compliance e com a Lei Anticorrupção (lei nº 12.846/2013); possibilita a redução de multas e sanções; entre outros benefícios.

Também um pilar fundamental para a efetividade de programas de integridade em instituições de qualquer porte ou localização, o Canal de Denúncias é, segundo Ana Luísa, um instrumento essencial à governança das organizações, não só na manutenção da transparência como ainda na diminuição de riscos. “Em tempos de Covid-19, por exemplo, essa ferramenta tem sido um importante aliado das instituições de saúde no que tange ao monitoramento, controle e mitigação de riscos atrelados aos novos desafios impostos pela pandemia e na tomada de decisões para o enfrentamento desse momento de crise”, explica.

Além disso, é importante ter em mente que ao estabelecer um Canal de Denúncia, a instituição de saúde não está criando simplesmente uma ferramenta de coleta de dúvidas, queixas e reclamações, ou um mecanismo para estar em conformidade com as leis e diretrizes de compliance. “Trata-se da adoção de uma posição estratégica que a organização decide carregar consigo, à medida que fortalece a disseminação da cultura de integridade e reforça a transparência e sustentabilidade de seu negócio”, destaca a especialista.  

Confiança e efetividade

A coordenadora de Compliance do HSL menciona que algumas ações são fundamentais para que as instituições lancem seus canais de denúncias. Entre os tópicos listados pela especialista está a comunicação eficiente, que é indispensável para que essa ferramenta de gestão seja vista como uma boa iniciativa. “Auxilia, também, no reforço do profissionalismo do canal e de que todas as denúncias serão apuradas, sempre filtrando àquelas inconsistentes, incompletas ou que sirvam apenas para prejudicar gestores, colegas de trabalho e/ou terceiros”, complementa.

Com o aumento da integração das cadeias de suprimentos, maior interdependência de fornecedores, terceirizados e parceiros, além do uso intensivo de tecnologia nos negócios, a empresa deve avaliar a necessidade de adotar diferentes meios para facilitar o recebimento das denúncias, como telefone, site, endereço de e-mail etc. É importante também que os canais de denúncias sejam acessíveis a terceiros e ao público externo (fornecedores, clientes e parceiros).

Para garantir a efetividade da ferramenta de gestão, é necessário que a instituição preveja regras de confidencialidade para assegurar o anonimato ao denunciante que não deseja se identificar, bem como a proibição de retaliação, prevista em política interna ou no próprio Código de Conduta, e que o Canal de Denúncias seja independente dos domínios internos das organizações. Essas ações são essenciais para a conquista da confiança daqueles que tenham algo a reportar. Além disso, segundo Ana Luísa, é desejável que a organização tenha meios para que quem fez a denúncia possa acompanhar seu andamento, por meio de protocolo, por exemplo, para conferir transparência ao processo e maior credibilidade aos procedimentos. “O objetivo do Canal de Denúncias deve ser garantir que as melhores práticas sejam respeitadas, que as irregularidades sejam apuradas e que haja a adoção de medidas adequadas para cada caso”, finaliza.

Abramed aborda múltiplos assuntos setoriais em webinars no último bimestre de 2020

Entre os temas debatidos estão reforma tributária, pandemia de COVID-19 e telediagnóstico

12 de janeiro de 2021

Com a disseminação mundial do novo coronavírus e as rígidas recomendações globais para distanciamento social, os eventos presenciais foram bloqueados e muitas atividades passaram a ser realizadas virtualmente. Ao longo de 2020, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) esteve presente em dezenas de debates on-line para tratar sobre inúmeros assuntos inerentes ao setor de diagnóstico.

Nos meses de novembro e dezembro, a entidade marcou presença em quatro discussões virtuais sobre assuntos de grande relevância para o atual cenário nacional. As conversas envolveram desde apontamentos sobre os impactos da reforma tributária até as benesses do telediagnóstico e a utilização da tecnologia para melhor manejo da pandemia de COVID-19. Confira as coberturas completas:

Gigantes da saúde, corrupção e o papel das associações são temas de debate virtual
Wilson Shcolnik participou de encontro no FHCB 2020 e enfatizou o empoderamento da Abramed no diálogo setorial [Leia mais]

Representante do Ministério da Economia dialoga com executivos da saúde sobre ‘Projeto Custo Brasil’
Reforma tributária foi tema de webinar com participação de Lídia Abdalla, membro do Conselho de Administração da Abramed [Leia mais]

Saúde 4.0 – Com ampla geração de dados, medicina diagnóstica depende de tecnologia
Debate virtual promovido pelo Sebrae-PB também abordou os aprendizados da pandemia [Leia mais]

Painel Abramed no Global Summit apresenta as benesses do telediagnóstico
Com o tema ‘O telediagnóstico dentro do ciclo de cuidados’, encontro virtual trouxe casos de sucesso e dados que validam a necessidade da telessaúde [Leia mais]

Após vencer meses de pandemia com crescimento e sem demissões, IACS encara novos desafios para expansão

Confira a entrevista com Arthur Ferreira, diretor-executivo do Instituto de Análises Clínicas de Santos

08 de janeiro de 2021

Diante de uma crise de grandes proporções gerada pela disseminação do novo coronavírus, a prioridade do Instituto de Análises Clínicas de Santos (IACS) sempre foi preservar seu capital humano e trabalhar pela sustentabilidade dos negócios. Para isso, lideranças de todas as 14 unidades da rede se uniram em um comitê de crise focado em respostas estratégicas. Após muitas mudanças ao longo dos últimos meses, o IACS está fortalecido com atendimento 20% superior ao anotado na pré-pandemia.

Para entender como a empresa está vencendo as mazelas da COVID-19 e quais os desafios que vislumbra para o futuro, a Abramed em Foco conversa com o diretor-executivo, Arthur Ferreira, que detalha as ações adotadas pela companhia nos últimos dez meses e abre as expectativas para o primeiro semestre de 2021.

Confira a entrevista completa!

Abramed em Foco – O ano de 2020 foi atípico. A pandemia de COVID-19 impactou drasticamente todos os setores e exigiu, da medicina diagnóstica, mudanças rápidas e drásticas para a manutenção dos serviços. Como o IACS reagiu às necessidades geradas pelo novo coronavírus?

Arthur Ferreira – Em meados de março nos deparamos com a necessidade urgente de uma tomada de ação estratégica. Quando os serviços começaram a fechar, tentamos nos preparar para enfrentar tudo isso. Reunimos as lideranças estratégicas e táticas das nossas 14 unidades em um comitê de crise que apontou, como prioridades, a proteção de todo o nosso capital humano e a sustentabilidade da nossa rede.

Abramed em Foco – E quais foram as principais medidas desse plano estratégico?

Arthur Ferreira – A primeira atitude foi afastar todos os nossos colaboradores do grupo de risco. Era fundamental, na nossa visão, preservar a saúde do nosso pessoal. Física e mental. Para isso, criamos programas de monitorização dos colaboradores infectados e investimos na contratação de apoio psicológico para todos os profissionais afastados, deixando o atendimento à disposição de quem necessitasse. Assim, conseguimos manter todo nosso corpo de trabalho. Não aderimos a nenhum programa de demissão ou redução de salários. Paralelamente, fechamos 10 das nossas 14 unidades pois sabíamos que, em um primeiro momento, teríamos uma debandada de pacientes. A partir daí, foram tomadas atitudes estratégicas para gestão dos estoques pela maior aquisição de insumos como álcool em gel, luvas e seringas – pois fatalmente haveria uma supervalorização desses produtos e possível escassez; alterações de infraestrutura para instalação de proteção em acrílico nos guichês e implementação de EPIs como o face shield para os profissionais responsáveis pelo atendimento no front; e a corrida para aquisição dos kits de testes para diagnóstico da COVID-19.

Abramed em Foco – Essa disputa pelos kits foi uma das demandas mais estratégicas dentro do IACS?

Arthur Ferreira – Talvez tenha sido a tarefa mais árdua que enfrentamos, pois essa ação não se limitava à compra dos kits. Era necessário cuidar da qualidade desses kits. Para isso foi criado um braço no nosso comitê de crise que se responsabilizou pela aquisição. No começo da pandemia vimos até mesmo fornecedores que antes não comercializavam reagentes vendendo testes rápidos sem comprovação de eficácia. E a posição do IACS foi de não adotar testes rápidos de anticorpos devido à incerteza de resultados confiáveis. Nunca colocamos nossa credibilidade em jogo e fazer essa aposta não era interessante nem para nós nem para a segurança dos pacientes. Portanto optamos por testes já consagrados. Como já contávamos com um setor de biologia molecular, passamos a fazer o RT-PCR [padrão ouro para diagnóstico da COVID-19] dentro de um protocolo validado pelo Instituto Adolfo Lutz que não exigia a contraprova, o que nos deu força e agilidade na entrega dos laudos.

Abramed em Foco – O IACS também ampliou a forma de atendimento para garantir acesso seguro aos pacientes?

Arthur Ferreira – Aos poucos fomos adequando nosso atendimento. Precisávamos encontrar um caminho para chegar até as pessoas, então montamos um centro avançado para coleta de exames de COVID-19 fora das nossas unidades, em sistema drive-thru, permitindo aos pacientes a realização do teste sem risco de contaminação. Além disso, melhoramos e ampliamos nossa coleta domiciliar que cresceu 200%.

Abramed em Foco – Acredita que essas modalidades de atendimento vieram para ficar?

Arthur Ferreira – A médio prazo, nossa expectativa é de que o volume por esse atendimento permaneça o mesmo. Considerando que uma imunidade pela vacina deve começar entre março e abril, pelo menos nos próximos seis meses devemos manter o ritmo atual. Creio que depois, no segundo semestre, o ritmo deve diminuir, mas não voltará ao basal do ano de 2019. Ainda permaneceremos com um volume aumentado de coleta domiciliar, tanto para os exames de COVID-19 quanto para outros testes, visto que muitas pessoas “descobriram” esta comodidade.

Abramed em Foco – As unidades fechadas já foram reabertas? Quais os novos desafios do IACS a partir de agora?

Arthur Ferreira – Fomos reabrindo nossas unidades de acordo com a demanda. Estamos presentes em seis cidades do litoral paulista. Quando víamos que os pacientes de uma cidade estavam buscando atendimento em unidades de outros municípios, começamos a reabrir nossa rede. Dessa forma, em 15 semanas estávamos com todas as nossas unidades funcionando novamente. Dentro desse cenário, percebemos que em pouco mais de três meses conseguimos contornar a queda de movimento que ocorreu em função do novo coronavírus. Hoje, então, já estamos trabalhando com um número de pacientes que supera em 20% o ritmo pré-pandemia. Notamos que as pessoas, além de terem tido sua atenção despertada para o auto cuidado, tiveram de retomar seus exames que estavam represados.

Infelizmente o planejamento de 2020 não pode ser plenamente executado. Mas mesmo diante de uma situação totalmente adversa, pensamos estrategicamente e positivamente para agir. Esse foi nosso intuito dentro da pandemia. Agora miramos, claro, na COVID-19, mas não deixamos de lado os outros braços do IACS. Assim, pretendemos expandir nossos setores de cardiologia e de diagnóstico por imagem, bem como investir na medicina ocupacional. Temos metas arrojadas para 2021.

Abramed em Foco – Evolução e inovação são termos que comandam o setor de medicina diagnóstica. O que, na sua opinião, balizará as demandas do futuro nesse segmento?

Arthur Ferreira – Acredito no poder da comunicação como ferramenta para incentivar o autocuidado. Mensagens que levem a população a melhorar seu estilo de vida, não com foco em comercialização de saúde, mas com o intuito do fortalecimento da prevenção. Para isso, teremos de encarar o desafio do tratamento de dados. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) está em vigor e interfere diretamente nessa abordagem. Acho que essa será nossa grande balança: como tratar os dados, investir em comunicação sem ferir a privacidade dos pacientes.

Abramed em Foco – Como enxerga a atuação da Abramed e o que espera da entidade para esse ano desafiador?

Arthur Ferreira – Somos caçulas dentro da Abramed, pois nos associamos recentemente, porém acompanhamos a atividade da entidade há bastante tempo, participando, inclusive, de reuniões como convidados. E nos associamos justamente por conta do trabalho exemplar que a Associação vem fazendo junto aos órgãos reguladores da saúde, especialmente junto à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além claro, de engrossar o grupo bastante qualificado dos maiores players do mercado. Vemos, também, como essencial, o envolvimento dos comitês técnicos e dos grupos de trabalho nos nossos principais pleitos setoriais, atividades que agregam muito valor tanto ao nosso trabalho regional quanto à medicina diagnóstica nacional. Contar com o suporte de uma entidade que direciona tantas ações pertinentes é uma boa oportunidade para todos nós.

Painel Abramed – Três anos compartilhando informações estratégicas com o mercado

Relatório publicado anualmente compila dados do setor e informações das associadas; edição 2020 lançada em novembro traz seção exclusiva sobre a COVID-19

8 de dezembro de 2020

Há três anos a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) revolucionou o mercado ao compilar, pela primeira vez em um documento único, indicadores setoriais que balizam a percepção acerca do desenvolvimento do diagnóstico no Brasil. O Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico de 2018 foi amplamente divulgado e abasteceu a mídia com dados populacionais e econômicos; informações sobre a inversão da pirâmide etária no país e o impacto do envelhecimento no setor; e as inovações tecnológicas que comandavam as principais tendências do momento.

Além de reunir informações de bancos já consolidados como os da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde, a publicação conta com dados das empresas associadas que, hoje, são responsáveis por cerca de 60% dos exames realizados na rede suplementar nacional, uma representatividade alta e relevante.

“Me lembro como o processo de consolidação desses dados exigiu a construção de laços de confiança entre as empresas que, apesar de concorrentes, se beneficiavam com o compartilhamento dessas informações”, diz Fernando Lopes Alberto que hoje é vice-presidente do Conselho de Administração do Fleury e, na ocasião do lançamento do relatório de 2018, integrava o Conselho de Administração da Abramed e teve participação ativa na elaboração do material. “Foi um processo longo, mas muito gratificante. Um marco para a nossa história”, completa.

Evolução reconhecida

O Painel Abramed soma melhorias a cada ano, cumprindo o que profetizou Claudia Cohn, que presidia o Conselho de Administração da Abramed, durante evento para lançamento da primeira edição: “a evolução do nosso painel será contínua”.

O relatório de 2018 ganhou ampla repercussão pelo ineditismo. Em 2019, já contando com a expertise de Álvaro Almeida, economista e analista de inteligência que passou a integrar o time da Associação, o painel apresentou dados que ajudaram a desvendar entraves do diagnóstico no país, entre eles a informação de que somente um em cada cinco municípios brasileiros tem equipamentos de mamografia, o que configura um vazio assistencial para a detecção do câncer de mama, uma das doenças que mais mata mulheres no mundo.

A edição de 2020, lançada em novembro, inovou ao trazer uma seção exclusiva sobre a pandemia de COVID-19 elencando informações sobre o perfil epidemiológico da doença, o diagnóstico, o tratamento e o impacto da crise no setor. Entre os dados apresentados que já ganharam repercussão na grande mídia, estão o fato de que as empresas associadas realizaram, de março a outubro, mais de 6 milhões de testes entre RT-PCR, padrão ouro para diagnóstico da infecção, e sorológicos. Esse montante representa 41% de todos os testes feitos em território nacional.

“Estou muito feliz por testemunhar o nascimento da terceira edição do Painel Abramed não somente pelo seu conteúdo, que está excelente e representa uma fonte completa e confiável do setor de medicina diagnóstica no Brasil, mas por saber que o documento é resultado do esforço e da competência de toda uma cadeia focada em seu desenvolvimento e, também, nos benefícios para o paciente. O Painel Abramed é uma expressão dos nossos valores”, relata Alberto.

Processo construtivo

A elaboração do painel leva, em média, sete meses e envolve diversas atividades de planejamento e execução com atuação multiprofissional. “No último ano criamos o Comitê de Dados Setoriais, uma iniciativa que visa aproximar ainda mais as associadas no processo de desenvolvimento do relatório, visto que essas empresas são essenciais para que os indicadores setoriais possam ser apresentados”, explica Almeida.

Apontada como extremamente importante pelo executivo, a segurança das informações compartilhadas pelas associadas é prioridade. “O processo de coleta é criptografado e os dados são armazenados no exterior em um ambiente cloud robusto. Todos os dados recebem tratamento confidencial e isso é garantido por meio de um termo de confidencialidade assinado pela área de inteligência setorial da Associação”, explica o especialista. As informações são analisadas de forma agrupada e utilizadas exclusivamente para composição do relatório.

Todas as edições do Painel Abramed possuem as versões português, inglês e espanhol e podem ser acessadas no portal www.abramed.org.br clicando na aba “publicações”.

#especial10anos

Fundada por oito empresas, Abramed hoje representa cerca de 60% do volume de exames realizados pela saúde suplementar

Com 27 associados, entidade ganha voz e relevância em um cenário de protagonismo da medicina diagnóstica

8 de dezembro de 2020

Há dez anos, oito instituições privadas que se destacavam no cenário nacional de medicina diagnóstica tiveram a percepção de que, com tantas mudanças e evoluções no sistema de saúde brasileiro somadas ao desenvolvimento de um novo perfil empresarial e ao estabelecimento de regulamentações determinantes para o futuro do segmento, a união se fazia necessária como forma de ampliar a visibilidade do setor e, assim, vencer os desafios que estavam por vir. Nascia, então, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

Ao longo da década, o crescimento foi constante e os oito associados iniciais hoje são 27, sendo que o grupo responde por cerca de 60% do volume de exames realizados dentro da saúde suplementar do Brasil. “A Abramed foi um sonho que se tornou realidade. Tudo começou quando vimos que o mercado de medicina diagnóstica estava crescendo e se consolidando como um setor preponderante à saúde de todos”, explica Luis Natel, fundador e primeiro presidente do Conselho de Administração da Abramed, hoje CEO do Grupo Oncoclínicas.

Unir as empresas foi um desafio, como comenta Lídia Abdalla, CEO do Sabin e associado fundador. “Quantas ideias surgem, mas não passam da primeira ou da segunda conversa? Até 2010 éramos apenas concorrentes, mas a história mudou. Hoje somos concorrentes, amigos e associados. Estamos juntos nas dificuldades e na celebração das nossas conquistas”, diz.

A executiva reforça a qualidade da atuação da Abramed ao longo dos anos. “Sabemos o quanto a gente pensa e o quanto a gente sonha. Sabemos, também, que as coisas só têm valor quando são bem executadas. Como Associação, no final do dia temos que apresentar resultados que validam tudo o que planejamos. E continuamos sonhando. Sonhar pequeno ou sonhar grande dá o mesmo trabalho. Então sonhamos grande e vamos realizar”, completa.

A união em prol do setor venceu o espírito de concorrência, como enfatiza Carlos Jader Feldman, que também estava presente na fundação da entidade e é diretor do Sidi – Medicina por Imagem. “A Abramed representa o esforço de um setor fundamental para o progresso da medicina brasileira, além de ter se transformado em uma oportunidade de manutenção do diálogo com colegas que praticam o mesmo tipo de atividade. É um espaço de progresso individual, porém consolidado por todos”, comenta.

Representando a DASA e seu pai, Edson Bueno, figura indispensável à criação da Abramed, Pedro Bueno que é presidente da empresa, diz que a união entre os players, sem favoritismo, foi uma das grandes vitórias. “O setor de medicina diagnóstica melhorou a relação custo-efetividade, resultado da atuação dos associados que privilegiaram a entidade e não questões individuais”, relata. Segundo ele, a Abramed priorizou as necessidades do setor para que as empresas que nele atuam pudessem ser mais sustentáveis dentro da cadeia de saúde, gerando valor ao paciente e contribuindo com o desenvolvimento econômico do país.

O relacionamento intrasetorial era fundamental, mas a possibilidade de ganhar voz junto a outros atores que também atuam na complexa cadeia de saúde surgia como uma necessidade cada vez mais latente. “Precisávamos ter essa participação próxima aos tomadores de decisão. Além de servir de elo entre profissionais da saúde, empresários, fabricantes e distribuidoras de equipamentos, a Abramed nos aproximou de órgãos fiscais e deliberativos”, diz Delfin Gonzales, da Delfin Medicina Diagnóstica, executivo presente na fundação da entidade.

Essa proximidade com poderes executivo e legislativo tem sido importante para a sustentabilidade do segmento, como relata Gilberto Minguetti, diretor do Cetac Diagnóstico por Imagem. “O cenário político-social conturbado dos últimos anos trouxe desequilíbrio econômico para o setor, gerando complexidades técnicas e jurídicas. Em razão disso, muita energia tem sido consumida nesses aspectos”, pontua ao enfatizar que é preciso dedicar ainda mais esforços ao desenvolvimento tecnológico e científico do grupo.

A relação com órgãos reguladores também se faz presente e necessária. “Espero contar com a Abramed nos auxiliando nas discussões junto à Anvisa, a ANS e ao Ministério da Saúde atuando sempre com isenção, de forma transparente e profissionalizada, reforçando seus valores”, comenta Bueno. “Que siga trabalhando por uma medicina baseada em valor, prezando pela qualidade médica e pela eficiência operacional”, completa.

Reconhecimento

A pandemia de COVID-19 trouxe peso às abordagens encabeçadas pela Abramed, visto que o setor de medicina diagnóstica tem sido protagonista no combate ao novo coronavírus. “A atuação frente à pandemia é digna de nota, uma vez que a Abramed foi a principal entidade procurada pelos meios de comunicação para explicar, à sociedade, a importância dos exames laboratoriais, suas principais aplicações e limitações para diagnóstico da infecção”, diz Guilherme Collares, membro do Conselho Fiscal da Abramed e diretor de Operações do Hermes Pardini, instituição também fundadora da Associação.

Pensando no futuro

A entidade tem uma meta muito clara, posta em palavras por Lídia. “Hoje representamos cerca de 60% do volume de exames da saúde suplementar, mas queremos representar 70%, 80%, 90%. Para isso, precisamos reunir mais laboratórios e clínicas, somar mais associados de todos os portes e de todas as regiões do país. Nossa riqueza está na diversidade”, declara chamando as empresas do setor a se unirem aos propósitos da Abramed.

Ao ampliar sua representação, a entidade também amplia sua voz. “Foram anos de muita luta e não será diferente daqui para frente, sobretudo agora nesse momento de tantas incertezas e que não sabemos, ao certo, o que iremos enfrentar. É essencial, então, que a Abramed esteja firme e sempre disposta a lutar pelos interesses comuns do setor”, finaliza Boris Berenstein, também fundador da Associação e da rede de laboratórios que leva seu nome.

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Relacionamento com poderes executivo e legislativo exige consistência

Pautada pela ética, Abramed conquistou proximidade com governo levando as principais demandas do setor aos tomadores de decisão

3 de dezembro de 2020

A construção de bom relacionamento com o governo é uma atividade indispensável à vida associativa. Criar uma via de diálogo com os principais formuladores de políticas públicas, garante que as demandas do setor que está sendo representado sejam exibidas com clareza e objetividade, além de permitir que os processos decisórios se baseiem na realidade vivida por cada segmento. Em uma década de atuação, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) evoluiu consideravelmente suas relações governamentais vencendo obstáculos e conquistando notoriedade.

O acesso aos poderes executivo e legislativo – no atual cenário vivido no país – é envolto em questionamentos. “Sabemos que nos últimos anos as relações entre o setor público e o setor privado ficaram estigmatizadas no Brasil. No entanto, esse relacionamento somado à troca de informações dele decorrente é fundamental para garantir uma regulação equilibrada”, comenta Armando Monteiro Bisneto, advogado e especialista em Relações Governamentais.

Para ele, a melhor forma de quebrar esse preconceito que leva muitas pessoas a olharem com desconfiança para essa relação está na transparência. “O diálogo deve respeitar a ética, a legalidade e o compliance. A Abramed, bem como seus associados, sempre se pautou por esses valores. Assim, a aproximação com o governo precisou apenas de uma organização de rotinas e de uma ‘tradução’ do peculiar ambiente de Brasília”, completa.

Ao longo de dez anos, foram diversas as conquistas obtidas na conversa direta com o governo e o diálogo segue cada vez mais fortalecido. Atualmente, a Associação tem apresentado estudos e pesquisas para fundamentar seus questionamentos a respeito dos impactos da reforma tributária no setor de saúde. “Acredito que esse tema, que é muito complexo, é a nossa meta mais ambiciosa da atualidade”, relata o advogado.

Com a pandemia – que impactou absolutamente todos os setores sem exceção – houve um impulso a essa aproximação. “Ficou ainda mais clara a relevância da medicina diagnóstica para a saúde da população, o que nos permitiu evoluir muito na relação com nossos stakeholders, especialmente do legislativo”, comenta Fábio Cunha, diretor do Comitê Jurídico da Abramed. Essa vitória se deu, pois, apesar da pandemia, as atividades governamentais seguiram e a entidade se manteve ativa nas discussões junto aos tomadores de decisão, inclusive defendendo os pleitos relativos à reforma.

É importante lembrar que o diálogo não pode ser pontual para suprir uma ou outra necessidade esporádica, como reforça Cunha. “Temos que construir relações duradouras, consistentes e frequentes. Esse é um relacionamento de confiança que tem que ser fortalecido ao longo dos anos tendo em vista a relevância institucional”, diz. O executivo complementa afirmando que a Abramed é encarada como uma associação bastante conceituada e que essa credibilidade deve ser mantida ao longo dos anos.

Mesmo com os avanços, o executivo acredita que ainda há muito a ser feito, já que o setor de saúde, de forma geral, não está no mesmo nível de organização de outros setores que há muito tempo atuam de forma conjunta e estratégica na defesa de seus interesses. “Precisamos cada vez mais unir os diversos atores da complexa cadeia de saúde em agendas positivas para que possamos atuar em bloco defendendo a saúde do Brasil”, afirma.

Para vencer esse desafio, é preciso quebrar uma barreira mencionada por Monteiro Bisneto. “Há, ainda, uma cultura vigente no nosso país onde o agente público ou político é visto como uma autoridade, e não como um servidor”, finaliza.

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De presenciais para virtuais – Pandemia exigiu adaptações, mas Abramed manteve ampla agenda de eventos

Quinta edição do FILIS foi adiada para 2021; crise estimulou a criação da série #DiálogosDigitais Abramed

3 de dezembro de 2020

Devido a pandemia de COVID-19 e ao necessário distanciamento social como estratégia para reduzir a disseminação do novo coronavírus, o Brasil está, desde março, sem os eventos corporativos presenciais que rotineiramente possibilitavam o encontro profissional e a troca de conhecimentos. A solução, adotada por muitos setores, foi converter os encontros físicos em virtuais mantendo, assim, a capacidade dos líderes dialogarem.

Para a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), essa interrupção no calendário de eventos inviabilizou a realização da quinta edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS) – promovido anualmente para debater os desafios da medicina diagnóstica no país junto com as principais lideranças do setor –, assim como de outros eventos organizados pela entidade e sua presença em congressos e feiras de parceiros da saúde.

Porém, o afastamento físico não atravancou a história de sucesso da Associação na promoção de eventos de qualidade. Durante a pandemia, além de os executivos da entidade participarem semanalmente de diversos webinars e congressos on-line, foi ao ar o #DiálogosDigitais Abramed, uma série de oito episódios de debates virtuais reunindo toda a cadeia de saúde.

Confira, abaixo, um pouco do histórico Abramed na promoção de encontros altamente relevantes para o setor.

Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS

A decisão de adiar o encontro para 2021 foi tomada ainda no mês de março, visto que o cenário era de muita incerteza diante da rápida disseminação de um patógeno desconhecido. “Compreendemos, na ocasião, que todos os esforços deveriam estar direcionados ao combate ao novo coronavírus e ao gerenciamento do seu impacto ao longo dos meses e que o segundo semestre deste ano estaria repleto de desafios. Vemos, hoje, que foi uma decisão bastante acertada”, comenta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed.

A não realização este ano não afeta a trajetória de sucesso do evento que reúne mais de 500 participantes a cada edição. “Lá atrás, ao planejar o fórum, fomos ousados, mas o sonho de contribuir e inspirar as lideranças da saúde nos permitiu sonhar alto”, comenta Claudia Cohn que, durante sua gestão como presidente do Conselho de Administração da Abramed (entre 2011 e 2019), foi uma das grandes responsáveis pela idealização e concretização da primeira edição do projeto, em 2016.

Aumentar a qualidade da assistência pela troca de experiências foi o motor propulsor do FILIS. “O fórum nasceu da necessidade de trazer luz a um importante elo que permeia todo o sistema de saúde e que é fundamental para a melhor assistência aos pacientes: a medicina diagnóstica”, diz Guilherme Ferri, consultor de Marketing da Associação na ocasião do lançamento. O executivo relata que, desde a concepção, o FILIS sempre teve, como premissa, a promoção de um debate saudável, construtivo e que envolvesse todo o setor a fim de explorar conceitos e novos modelos tendo a saúde do cidadão brasileiro sempre no centro da conversa.

Quando se pensa em abrir espaço para que todos os atores da complexa cadeia de saúde possam dialogar e se apresentar, o evento não encontra barreiras setoriais tampouco geográficas. “Já trouxemos, para a agenda do FILIS, um procurador do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para comparar nossos conceitos a modelos internacionais, e uma mulher, advogada e negra, referência nos Estados Unidos, para falar sobre compliance e enfatizar os importantes debates que circundavam o segmento na ocasião”, diz Claudia.

Para a executiva, que hoje segue atuante na Abramed, porém agora como membro do Conselho de Administração, o sucesso do evento está na busca do crescimento pela qualidade, e não pela quantidade. “Construímos plateias e debates diferenciados”, relata.

A quinta edição está planejada 2021. “Não realizar o evento em meio à pandemia não fez com que nossas equipes deixassem o planejamento da próxima edição de lado. Seguimos trabalhando para, no próximo ano, entregarmos um fórum ainda mais completo, robusto e especializado. Com tantos acontecimentos que colocaram a medicina diagnóstica como protagonistas da saúde, teremos muito o que debater e não há dúvidas de que o conteúdo terá uma qualidade surpreendente”, diz Priscilla.

Além de uma agenda de alto nível, Ferri acredita que o pensamento coletivo comandará muitas das discussões nas próximas edições. “Teremos debates saudáveis sobre como a união pode levar à uma melhor gestão do setor e falaremos muito sobre inovação, impactos regulatórios setoriais e em como tornar a medicina diagnóstica ainda mais integrada como vetor de solução, prevenção e acesso”, comenta.

Para Claudia, sonhar com uma saúde melhor sempre será uma meta. “O diagnóstico virou protagonista e teve sua importância ainda mais reconhecida durante a pandemia. Assim, a pesquisa e o desenvolvimento, bem como o cuidado incondicional, certamente serão parte das discussões que veremos nas próximas edições do FILIS”, finaliza.

Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld – Criado pela Abramed em 2018, na terceira edição do FILIS, o Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld faz uma homenagem ao médico hematologista e patologista clínico que foi membro da Câmara Técnica da Abramed, além de diretor de Relações Institucionais do DASA e conselheiro do Hospital Israelita Albert Einstein. A premiação destaca, anualmente, profissionais que fomentam o desenvolvimento e a melhoria da saúde no Brasil.

“Reconhecer o legado de Rosenfeld é mais do que uma obrigação. Se a Abramed existe e, depois de uma década, comemora sua consolidação, devemos muito a esse profissional que também enxergou a necessidade de o setor de medicina diagnóstica ser uníssono, provocando todos os atores a trabalharem em conjunto”, comenta Priscilla.

#DiálogosDigitais

A série #DiálogosDigitais Abramed nasceu, em 2020, durante a pandemia de COVID-19, como forma de manter, mesmo à distância, o relacionamento entre diversos elos da cadeia de saúde. “2020 seria um ano de comemorações para a Abramed, que completa uma década de atuação no setor. Planejamos doze meses de muitas atividades e encontros presenciais, mas a pandemia nos pegou de calça curta e tivemos de nos reinventar. Por isso decidimos fazer, nesse momento de muitas dificuldades, o que há dez anos fazemos muito bem, que é dialogar com toda a cadeia do nosso setor”, explica Priscilla.

Entre agosto e novembro foram realizados oito episódios que promoveram conversas sobre os impactos e aprendizados da COVID-19, telessaúde, jornada do paciente, futuro dos suprimentos, cuidado inteligente e LGPD. Com milhares de visualizações, todas as edições estão disponíveis no canal do YouTube da entidade. Clique AQUI para acessar.

Bootcamp de Jornalismo em Saúde

Em 2019 a Abramed promoveu, pela primeira vez, o Bootcamp de Jornalismo em Saúde. Na ocasião, grandes líderes do setor estiveram reunidos na sede da entidade em São Paulo a fim de levar informação de qualidade e desmistificar dados falaciosos divulgados a respeito da saúde no Brasil a um grupo de jornalistas das mídias impressa, eletrônica, televisiva e, também, do rádio.

A segunda edição ocorreu em 2020 já em um cenário de pandemia e, portanto, foi realizada virtualmente justamente em um momento em que a medicina diagnóstica estava sob os holofotes da grande mídia. Na ocasião, especialistas da área explicaram as diferenças entre os testes para diagnóstico da COVID-19, falaram sobre o impacto do diagnóstico tardio de outras tantas doenças que não esperam a pandemia passar para se manifestarem, e tiraram dúvidas de profissionais da imprensa que participaram do encontro on-line. Clique aqui para acessar a segunda edição.

Participações em feiras e eventos de parceiros

O calendário de eventos da Abramed sempre considerou a participação da entidade nas principais feiras de negócios e encontros de parceiros realizados anualmente no cenário de saúde nacional. Além de marcar presença na Feira Hospitalar, principal evento do setor nas Américas, com estande e promoção de palestras diversas; a entidade em 2020 tinha confirmado sua presença na primeira edição da Medical Fair Brasil, spin-off da MEDICA, principal feira de saúde do mundo. Devido à pandemia, A MFB foi adiada para 2021, assim como a Feira Hospitalar.

Também estão na agenda anual da Associação a participação em eventos promovidos por parceiros como Aliança Saúde Populacional (ASAP), Alliance for Integrity, Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXs), Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Fenaess), Fórum Healthcare Business, Fórum Inovação Saúde (FIS), Global Summit Telemedicine & Digital Health, Grupo Mídia, Informa Markets, Instituto Coalizão Saúde (ICOS), Instituto Ética Saúde, PwC Brasil, Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp), Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), South America Health Education (SAHE) e Unidas Autogestão em Saúde.

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