Estratégia e assertividade são importantes para o gerenciamento de crise

Organizações precisam estar preparadas para antever riscos e reduzir prejuízos

11 de Maio de 2020

A volatilidade e as incertezas geradas por crises no mundo dos negócios podem, rapidamente, diluir as estratégias, os resultados, os ativos e a reputação das empresas. Estar preparado para esses momentos e, sobretudo, agir com velocidade e assertividade pode ser uma das poucas alternativas para a sobrevida das organizações durante e após períodos de crise.

Para Wanderson Jacinto, gerente de Auditoria Interna, Riscos e Compliance da Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP) e membro do Comitê de Governança, Ética e Compliance (GEC) da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), antes de tudo, é fundamental distinguir o que são desafios e situações do dia a dia, problemas, incidentes e crises. A diferença entre eles se dá pela complexidade do evento e pela dimensão do impacto nos negócios. “As crises têm características de maior dificuldade e incerteza, soluções são menos explícitas ou óbvias e impactos financeiro, operacional, legal e reputacional são realmente significativos. Por esta definição é possível dimensionar e imaginar o risco para as empresas que não se preparam e respondem adequadamente aos momentos de adversidade”, explica.

No âmbito corporativo, gerenciar crises refere-se ao esforço coordenado e estruturado que objetiva a redução de prejuízos e impactos em momentos de disrupção, sejam eles causados por motivadores internos ou externos. E a pandemia do novo coronavírus jogou luz sobre uma fragilidade importante e cultural de parte das empresas brasileiras: antever riscos e responder rapidamente a adversidades. “Seguir um passo a passo claro e objetivo para o gerenciamento de crises é importante para que a tarefa não se torne mais uma preocupação ou um gatilho que desencadeie novos incidentes ou novos problemas institucionais”, argumenta Jacinto.

Primeiramente, para ele, deve-se encarar que a crise é real, requer medidas extraordinárias e atenção não usual, além de tranquilidade para a tomada de decisões assertivas que não aumentem ainda mais os custos e as despesas durante o período de adversidades e enfretamento de problemas.

O segundo passo é criar e empoderar um comitê multidisciplinar para desenhar as ações de enfrentamento à crise, responsável por recomendar ou, a depender da governança e autonomia estabelecida, aprovar medidas e ações a serem implantadas. “As crises desafiam as estratégias, as dinâmicas e os processos definidos, por isso é fundamental definir os papéis e as responsabilidades dessa comissão e de seus integrantes, além de decidir se o grupo atuará de forma estratégica ou terá extensão tática e operacional na implantação das ações”, esclarece o gerente da BP.

Outro fator muito importante na criação e atuação deste comitê é a velocidade com que ele irá trabalhar e sua composição. Jacinto sugere a participação de profissionais de recursos humanos, financeiro, jurídico, suprimentos, compliance, operações e de outras áreas, se houver necessidade e a depender do tamanho da estrutura organizacional. Cabe ao comitê a análise dos cenários e proposição de estratégias para gerenciar o período de crise.

A periodicidade com que o comitê vai se reunir também é importante para que discussões ocorram e decisões sejam tomadas tempestivamente. Para tanto, devem ser mantidas agendas diárias que atualizem os temas relevantes e definam as próximas ações.

A análise rápida dos cenários que a crise provoca na organização e brainstorming de soluções estratégicas criativas para diminuir a exposição da empresa é o terceiro passo, na visão de Wanderson Jacinto. “O foco precisa estar no núcleo do negócio, mas sem esquecer que crises provocam impactos permanentes na sociedade, mudam hábitos de consumo, preferências, adicionam e excluem concorrentes e fornecedores, mudam a relação de trabalho”, alerta, lembrando que, para garantir a sustentabilidade da empresa, é necessário adotar-se visão de médio e longo prazos para o enfrentamento da crise, e não apenas ações imediatistas.

A natureza e a abrangência do escopo das discussões da comissão multidisciplinar, explica o gerente da BP, dependerão de senioridade, conhecimento técnico e autonomia atribuída ao grupo. Sendo assim, é possível avaliar a contratação de especialistas ou consultorias para apoio pontual ou integral no gerenciamento da crise. “Uma dica interessante é a possibilidade de contratação de consultorias remuneradas pela modalidade success fee, na qual o contratado é remunerado apenas quando há ganho financeiro evidenciado e mensurável pelas ações sugeridas”, recomenda Jacinto.

Agilidade nas ações

Assim como as decisões, a implementação das ações precisa de celeridade e tempestividade para saírem do papel, pois, em períodos de crise, os cenários e os riscos mudam constantemente e rapidamente, e a solução criativa de ontem pode ser obsoleta amanhã. Esse é o quarto passo no gerenciamento de crise para o gerente da BP e membro do GEC da Abramed.

Uma importante ferramenta para monitorar a efetividade e assertividade das ações é a criação e o acompanhamento de indicadores e métricas por meio de painéis para monitorar os resultados. “Além de facilitar a condução de discussões e reuniões, tangibilizar os problemas e medir o sucesso das ações implementadas, os indicadores permitem mensurar a evolução do impacto da crise no negócio ao longo do tempo, ou seja, como a empresa está, de fato, passando pela adversidade”, explica Wanderson Jacinto.

A criação e manutenção de um plano robusto de comunicação é mais uma etapa importante no processo de gerenciamento de crise e é fundamental que ele seja implementado desde o início. Em épocas de incertezas e turbulências é comum que haja desalinhamento entre acionistas, colaboradores, fornecedores, clientes e credores, assim, na era de fake news, redes sociais e compartilhamento em massa, segundo Jacinto, é primordial garantir que apenas informações íntegras e estratégicas indiquem o posicionamento da empresa, a situação atual real e as projeções futuras. “Como qualquer plano de comunicação, este precisa ser claro, objetivo, customizado para cada público, inclusive o interno (colaboradores e terceiros), bem como possuir formas de garantir que a mensagem foi repassada sem ruídos ou interpretações equivocadas”, destaca o gerente. Para ele, caso não se tenha definido um porta-voz da instituição, este é o momento para nomeá-lo.

O último passo da gestão de crise refere-se ao plano de recuperação pós-crise. “A história nos mostra que a única certeza possível durante o período difícil é que, em algum momento, tudo vai passar. Por isso, não se pode negligenciar o momento pós-crise para não comprometer a rentabilidade e a sustentabilidade do negócio”, ressalta Jacinto.

A proposta é um plano de recuperação que pode ser direcionado pelo próprio comitê de gerenciamento de crise. Desenho de planos para alavancagem financeira, retomada operacional, análises forenses e auditorias internas para identificação de desvios ou revisão de processos, respostas satisfatórias a reclamações de clientes, resolução de litígios e de eventuais questionamentos ou fiscalizações de reguladores, planos de sucessão e revisão de quadro de colaboradores são alguns dos exemplos de ações propostas pelo gerente da BP. Mantendo a calma, entendendo o momento oportuno de agir e cumprindo essas etapas, Wanderson Jacinto acredita que é possível auxiliar seu negócio a responder de forma mais assertiva e precisa à volatilidade e às incertezas geradas por uma crise. Ele também acha imprescindível avaliar as lições aprendidas, os erros e os acertos durante o enfrentamento das adversidades. “Assim é possível desenvolver o seu próprio passo a passo para gerenciar eventuais futuras crises, elaborando e implementando uma política ou um procedimento customizado e alinhado com a natureza, a complexidade e o tamanho do seu negócio”, finaliza.

Força-tarefa valida testes de COVID-19

Projeto visa garantir a segurança da população ao verificar quais testes geram resultados confiáveis

11 de Maio de 2020

No Brasil, o setor de medicina diagnóstica se uniu em uma força-tarefa que está validando testes sorológicos para diagnóstico de COVID-19 registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Graças a parceria entre a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) e a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), a ação já está executando as análises e disponibilizando os relatórios das validações.

Inédito no mundo, o projeto – que tem foco especial nos testes rápidos – surgiu devido à grande preocupação das entidades com kits pouco confiáveis. “Todos os métodos que estão chegando ao Brasil precisam ser validados para que tenhamos segurança dos procedimentos. As indústrias fabricantes podem submeter seus testes para nossas análises e, assim, tornaremos público o desempenho de cada uma delas”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed. Os resultados são publicados no portal www.testecovid19.org.

Os testes utilizados pelo Ministério da Saúde no setor público são validados pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da FioCruz. Já outros testes que podem ser adquiridos por empresas privadas não passam pela validação do INCQS e podem não ter a qualidade esperada. Com a força-tarefa, o Brasil visa evitar problemas já enfrentados em outros países como, por exemplo, a Espanha que importou milhares de testes e, ao iniciar sua aplicação, percebeu que tinham sensibilidade muito baixa e não deveriam ser utilizados.

Para Carlos Eduardo Ferreira, presidente da SBPC/ML, o país ter uma listagem com os testes validados é extremamente importante no combate à pandemia. “Temos grande preocupação com a qualidade dos diferentes kits que chegam ao mercado nacional, por isso a importância desse projeto. Assim, podemos prover informações para garantir a segurança dos pacientes”, declara.

Em uma crise de saúde, a medicina diagnóstica assume um papel de alta relevância. Tanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou que um dos melhores caminhos para o combate à COVID-19 era testar o maior número possível de pessoas. “O diagnóstico tem múltiplos papeis e, em uma situação de emergência, ajuda a guiar ações de saúde pública e medidas de controle. Para a vigilância epidemiológica, trabalha no monitoramento das tendências e da efetividade das estratégias e intervenções adotadas pelo Estado”, complementa Carlos Eduardo Gouvêa, presidente executivo da CBDL.

O Brasil segue na fase ascendente da curva de contaminação pelo novo coronavírus e os testes sorológicos, que identificam os anticorpos em uma amostra sanguínea e apresentam grande variabilidade de eficiência, serão ainda mais relevantes quando nos aproximarmos da segunda fase da pandemia. É o que explica Luiz Fernando Barcelos, presidente da SBAC. “Esses testes para pesquisa de anticorpos de COVID-19 serão especialmente úteis quando a curva da doença for descendente, permitindo a correta avaliação do panorama epidemiológico da população brasileira”, diz.

Participação dos laboratórios privados

Além das entidades do setor, diversos laboratórios privados com grande expertise e excelente infraestrutura se uniram para operacionalizar a validação desses testes. Até o momento, participam do projeto Dasa, DB – Diagnósticos do Brasil, Albert Einstein Medicina Diagnóstica, Emilio Ribas Medicina Diagnóstica, Grupo Fleury, Hermes Pardini e Sabin.

Todos os laboratórios participantes atendem a rede hospitalar brasileira e podem contribuir grandiosamente com a validação dos testes por terem acesso rápido às amostras de pacientes internados e com confirmação de infecção pelo novo coronavírus por meio do exame RT-PCR (padrão ouro para diagnóstico de COVID-19 durante a fase aguda da doença).

“Esses laboratórios podem utilizar amostras retiradas de pacientes durante todo o ciclo da infecção, ou seja, podem validar os testes considerando diferentes etapas da doença”, explica Shcolnik.

Seguindo um protocolo técnico criado pelas sociedades científicas, os laboratórios podem checar diferentes metodologias diagnósticas como testes rápidos imunocromatográficos; Point of Care, exames que não são realizados em laboratórios centrais como, por exemplo, os utilizados nos pronto-atendimentos; e ELISA e fluorimetria, métodos quantitativos que determinam o nível de anticorpos nas amostras e, portanto, são úteis para verificar quem está imunizado e pode circular sem risco.

Esse trabalho é de extrema relevância para a segurança populacional, como destaca Gustavo Campana, diretor médico da Dasa. “Definimos, por meio da análise de um grande número de amostras, qual o desempenho analítico desses testes, ou seja, apontamos para qual situação cada um deles funciona, como seus resultados devem ser interpretados e quais os riscos de falsos negativos ou falsos positivos que eventualmente podem ser encontrados”, detalha.

Para Maria Carolina Tostes Pintão, hematologista e coordenadora médica de Pesquisa & Desenvolvimento do Grupo Fleury, é muito positivo ter tantos laboratórios unidos nessa força-tarefa que envolve, inclusive, o compartilhamento de dados. “A iniciativa é valiosa pois temos observado uma variação muito grande na qualidade dos testes sorológicos. Chegamos a analisar um kit que de 14 amostras positivas, identificou apenas uma, gerando vários resultados falso negativos. Esse é um caso extremo, mas que reforça a importância de termos esse processo de validação”, comenta.

Elencando algumas das falhas identificadas em testes sorológicos, Guilherme Collares, diretor de Operações do Hermes Pardini, reforça que validar o teste é garantir a segurança da população. “A nossa experiência mostra que realmente há uma discrepância muito grande de performance entre os diferentes fornecedores. Vemos alguns com desempenho muito bom, mas também observamos testes com desempenho ruim, com baixa sensibilidade – principalmente nos primeiros dias da infecção, quando o corpo ainda não produziu anticorpos detectáveis – e até baixa especificidade. E temos visto uma frequência preocupante de resultados falso positivos”, declara.

Representando o Sabin, que também disponibilizou sua infraestrutura e força de trabalho para validar os testes de COVID-19, o diretor técnico Rafael Jácomo reforça que nunca é tarde para prover soluções que prezem pela qualidade do diagnóstico no país. “Não conseguiremos reverter os danos de testes pouco confiáveis e que já foram utilizados, mas podemos levantar informações muito relevantes para quem vai utilizar esses exames a partir de agora e busca os resultados adequados”, pontua.

Considerando que muitas empresas podem adquirir testes sorológicos para identificar quais os colaboradores que já tiveram contato com o novo coronavírus, traçando estratégias para a retomada das atividades, Jácomo enfatiza que essa fase exige cuidado. “Importante lembrar que a orientação é de que o exame seja feito com pedido médico, pois um resultado negativo pode ter vários significados. Qual a estratégia, por exemplo, das empresas na hora de testar seus colaboradores? Eles aguardaram um resultado positivo ou um resultado negativo para que cada um possa reassumir seu posto? A literatura existente ainda não nos permite responder a essa pergunta”, finaliza.

Contribuição internacional

Paralelamente à contribuição para o controle da COVID-19 no Brasil, o projeto também gerará importantes dados para estudos internacionais. Esses estudos, promovidos pelo International Diagnostic Centre (IDC) da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM) e pela Aliança Latinoamericana para o Desenvolvimento do Diagnóstico in Vitro (ALADDIV) em cooperação com a União Europeia e a OMS, somarão esforços para o que é chamado de “preparedness”, ou seja, a necessidade dos países estarem preparados para lidar com pandemias tanto do ponto de vista regulatório quanto de acesso.

Anvisa libera realização de testes rápidos em farmácias e drogarias

Para entidades do setor, ação somente será benéfica para a população se todas as recomendações de segurança forem seguidas e se houver fiscalização

07 de Maio de 2020

No dia 28 de abril, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a proposta de realização de testes rápidos para diagnóstico de COVID-19 em farmácias e drogarias, medida que acendeu um alerta. Apoiando ações focadas em ampliar o acesso da população aos testes desde que a segurança fosse priorizada em todo o processo de execução dos exames, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) assinou um ofício junto com a Associação Brasileira de Biomedicina (ABBM), a Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) e a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), demonstrando preocupação com a liberação.

“É preocupante a comercialização de testes rápidos em farmácias e drogarias (OrthopedicSurgerySanDiego). Primeiramente, ainda são poucos os testes que tiveram validação de qualidade atestados. Além disso, é fundamental que boas práticas laboratoriais sejam adotadas por esses estabelecimentos, assegurando dessa forma a segurança do paciente”, explica Priscilla Franklim Martins, diretora executiva da Abramed.

Um dia depois da autorização, em 29 de abril, foi publicada no Diário Oficial da União a RDC nº 377/2020, que explicita, em um parágrafo único, que para ofertar os testes de COVID-19, as farmácias e drogarias devem atender aos requisitos técnicos de segurança estabelecidos pelas autoridades de saúde e listados na RDC n° 302/2005, que dispõe justamente sobre as regulamentações técnicas para o funcionamento dos laboratórios clínicos. 

Dessa forma, algumas das preocupações das entidades foram neutralizadas, já que se entende que as farmácias e drogarias que optarão por fornecer os testes rápidos para diagnóstico de COVID-19 terão de seguir as mesmas regras já seguidas pelos laboratórios. “Esse é um ponto muito relevante, principalmente pois há na literatura evidências científicas que apontam erros analíticos cometidos durante a realização desses testes”, diz Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Para que os resultados sejam confiáveis e realmente reforcem o combate ao novo coronavírus no território brasileiro, além de ter uma área isolada para receber esses pacientes e seguir as melhores práticas para descarte de resíduos, os estabelecimentos precisam garantir profissionais habilitados para a execução dos exames, ou seja, que sigam recomendação clínica e façam o cadastro adequado do paciente; sigam todos os procedimentos indicados na bula; executem os controles internos e externos de qualidade; efetuem a leitura adequada do resultado e disponibilizem o laudo. “Sem essa garantia, há riscos de resultados imprecisos, com possíveis ameaças à segurança dos pacientes”, completa Shcolnik.

Outro ponto destacado pelas entidades está no fato de que os resultados dos exames de COVID-19 obrigatoriamente devem ser informados às autoridades sanitárias. O valor da realização desses testes sem que essa comunicação esteja assegurada é limitado e questionável como ação integrativa do plano de combate à pandemia. “Esperamos que as vigilâncias sanitárias municipais ou estaduais possam exercer efetiva fiscalização em benefício da saúde pública e da segurança dos cidadãos brasileiros”, finaliza Priscilla.

Diagnóstico de COVID-19 – Wilson Shcolnik responde principais dúvidas

06 de Maio de 2020

Em dezembro de 2019 a China disparou um primeiro alerta sobre uma pneumonia desconhecida e, desde então, todos os sistemas de saúde no mundo vêm enfrentando inúmeros desafios. Reconhecendo que o diagnóstico é parte fundamental da estratégia de combate à pandemia do novo coronavírus, os investimentos em novos testes são globais. Porém, a corrida contra o tempo – e contra a COVID-19 – desperta muitas dúvidas.

Para auxiliar nessa compreensão, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) conta com a expertise de Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da entidade, para sanar os principais questionamentos sobre os exames capazes de identificar quem está ou não infectado.

Confira abaixo:

O Brasil se atrasou para iniciar o diagnóstico?

Wilson Shcolnik – Não. Precisamos lembrar que essa é uma doença que não existia até o final de 2019. Portanto,  quando o novo coronavírus surgiu, nenhum país no mundo estava preparado para enfrentá-lo. Logo que o surto chegou ao Brasil, alguns poucos laboratórios públicos e  laboratórios privados iniciaram uma movimentação para desenvolvimento in house dos primeiros exames moleculares para diagnóstico da COVID-19. Na sequência, a indústria fornecedora dos insumos, tanto nacional quanto internacional, também otimizou sua produção para suprir a demanda mundial. Agora, o mundo está trabalhando na validação de testes sorológicos para identificação de anticorpos e o Brasil segue acompanhando essa movimentação.

Por que o Brasil não testa toda a população sendo que essa é a recomendação da OMS?

Wilson Shcolnik – Quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que os países testassem todo mundo, ela partiu de um cenário que seria o ideal. Porém, a própria Organização destacou a importância dessa recomendação ser contextualizada, reconhecendo que todos os países deviam compreender suas realidades para aplicar a melhor estratégia.

No Brasil temos uma população de quase 210 milhões de pessoas, o que nos difere, por exemplo, da Coreia do Sul, com aproximadamente 50 milhões de habitantes. Quando a curva de contaminação começou a subir, aumentando a demanda pelos testes, prontamente o Ministério da Saúde mudou sua abordagem direcionando os exames exclusivamente aos hospitais para pacientes sintomáticos graves. Essa atitude contribui para o melhor atendimento à população.

Agora que os testes sorológicos estão sendo fabricados e disponibilizados, o Brasil mais uma vez está traçando uma rápida estratégia para que esses testes sejam aplicados de forma segura e eficiente para o combate à pandemia de COVID-19, lembrando que mais uma vez esses exames devem ser priorizados a profissionais de saúde que precisam reassumir seus postos de trabalho e garantir o atendimento às pessoas infectadas. Secundariamente, servirão para inquéritos epidemiológicos que fornecerão informações para a liberação do distanciamento social.

Qual a diferença entre os testes?

Wilson Shcolnik – A principal diferença entre o teste molecular e o teste sorológico é o que é detectado. O RT-PCR é um teste molecular de alta complexidade capaz de identificar o RNA do vírus em uma amostra colhida com um cotonete prioritariamente nas mucosas respiratórias do paciente. É o teste apontado como padrão-ouro pela OMS por ter um resultado altamente seguro e conseguir identificar a doença no início da infecção.

Já o teste sorológico, categoria na qual estão inseridos os testes rápidos, detecta os anticorpos em amostras de sangue. Isso significa que sua eficiência depende tanto da qualidade do kit de diagnóstico quanto da realização seguindo as melhores práticas laboratoriais e respeitando a janela imunológica que varia de indivíduo para indivíduo e cuja média é de 8 dias do aparecimento dos sintomas.

Posso comprar um teste na farmácia e fazer em casa?

Wilson Shcolnik – Não. Não existe autoteste para diagnóstico de COVID-19. Tanto o RT-PCR quanto o teste sorológico, inclusive o teste rápido, devem ser realizados seguindo as melhores práticas laboratoriais, sempre com a supervisão de um profissional de saúde habilitado. Recentemente, a Anvisa autorizou a realização dos testes rápidos em farmácias e drogarias, o que significa que o cidadão comum poderá fazer o teste nesses ambientes, porém reforçamos que é fundamental que assim como feito nos laboratórios, os testes nas farmácias sigam as recomendações da Anvisa e das sociedades médicas para garantir resultados confiáveis e a segurança da população.

Todos os testes são confiáveis?

Wilson Shcolnik – Os kits de diagnóstico são produzidos por fabricantes nacionais e internacionais e precisam de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e validação. Os testes utilizados no sistema público são validados pelo Ministério da Saúde por meio do Instituto Nacional de Controle e Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz). Já os testes utilizados na saúde suplementar poderão ser validados por uma força-tarefa realizada pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) e Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial (SBPC/ML) em parceria com a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL). Nesse caso, a expertise de laboratórios privados está sendo aplicada para a checagem de eficiência e segurança desses exames e a lista com os resultados será disponibilizada em breve ao público.

Posso ir a um laboratório e pedir para fazer o teste?

Wilson Shcolnik – A recomendação é que os exames de diagnóstico de COVID-19 sejam solicitados pelos médicos, profissionais com a competência necessária para avaliar cada caso e definir a necessidade ou não de diagnóstico laboratorial. Se você tiver tosse e febre, por exemplo, a recomendação é que permaneça em casa, em repouso, se alimentando bem e, principalmente, em isolamento. Caso apresente falta de ar, deve procurar uma unidade de saúde.

Abramed continua sendo grande destaque na imprensa

Projeto de validação de exames de Covid-19 e a importância dos pacientes continuarem fazendo seus exames foram pauta

04 de Maio de 2020

O grande volume de notícias transmitidas na mídia durante a pandemia do novo coronavírus é um reflexo da importância do papel da imprensa em momentos de crise. Nesse período, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) tem contribuído ativamente para que os veículos de comunicação brasileiros levem informações devidamente apuradas e de interesse público à sociedade. A entidade tem canal aberto de comunicação com a imprensa e atua como fonte segura para tratar temas que envolvem a atuação e os anseios dos laboratórios privados associados a Abramed no combate à Covid-19, como assuntos que envolvem os testes de diagnóstico da doença.

Em abril, a Abramed esteve novamente sob destaque da grande mídia ao abordar a validação dos testes rápidos que estão sendo utilizados no país. A equipe de jornalismo do Fantástico conversou com a diretora-executiva da Abramed, Priscilla Franklim Martins, que falou sobre o projeto inédito que une laboratórios brasileiros privados para validar testes de Covid-19 a fim de garantir a segurança da população e confiabilidade de exames que chegam ao mercado nacional.

Com a preocupação de evitar a utilização de metodologias pouco confiáveis, a Abramed, Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) e a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) se uniram em prol desse projeto. Esta é a primeira vez que um trabalhodeste porte está sendo realizado no mundo e, com ele, o Brasil buscar evitar problemas já enfrentados por outros países. O jornalismo da Época Negócios também conversou Abramed para tratar esse tema.

A edição nº 2623 da ISTOÉ, publicada no dia 17 de abril, trouxe em sua capa a matéria sobre os impactos da pandemia do novo coronavírus no sistema de saúde brasileiro. Em entrevista, a diretora-executiva da Abramed destacou que a demanda por esses testes cresceu muito no país e no mundo, trazendo para os laboratórios alguns desafios, como a falta de reagentes para a realização dos exames. “O teste é muito importante e deveríamos testar 100% da população, mas diante da escassez precisamos gerenciar estoques”, disse Priscilla ao veículo.

Já a edição impressa do dia 27 de abril da Folha de S. Paulo publicou matéria sobre o impacto da pandemia do novo coronavírus na saúde brasileira e, para contextualizar a Medicina Diagnóstica nesse cenário, o veículo conversou com Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, que falou sobre a lenta recuperação desse setor. “Coletas domiciliares cresceram muito, mas não os exames de imagem, que exigem deslocamento até as unidades”, disse à Folha.

O Jornal Nacional divulgou, no dia 27 de abril, reportagem sobre o percentual preocupante de amostras descartadas de exames de Covid-19 devido a erros de armazenamento e transporte. “Nessa testagem, principalmente em um período de pandemia, onde existe uma crise grande de fornecimento de insumos, é muito importante que a gente siga práticas muito estritas de manipulação e testagem para que a gente reduza ao máximo o número de amostras descartadas nesse processo”, disse Priscilla ao telejornal.

No dia seguinte, 28 de abril, o JN exibiu ofício  assinado pela Abramed, ABBM, CNSaúde, SBAC e SBPC/ML sobre a preocupação quanto a aprovação, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da venda de testes rápidos para o diagnóstico de Covid-19 em farmácias e drogarias durante a pandemia. A pauta também foi tema no Valor Econômico, no dia 29 de abril, e contou com a participação da diretora-executiva da associação.

A atuação dos laboratórios privados em meio a pandemia do novo coronavírus também foi destaque no  Valor Econômico. O veículo falou, em matéria publicada também no dia 29 de abril, sobre a agilidade dos laboratórios na produção de testes moleculares para o diagnóstico da Covid-19, fruto do contínuo investimento em inovação e pesquisa realizado pelas empresas do setor. “Algumas empresas que contam com capacidade técnico-operacional foram capazes de responder rapidamente, reunindo biomédicos e patologistas para desenvolver testes, antes mesmo que a indústria farmacêutica conseguisse ofertar ao mercado kits comerciais”, disse Priscilla.

Já em Maio, a diretora-executiva da Abramed, Priscilla Franklim Martins, falou à Rádio Jovem Pan sobre a importância de doentes crônicos continuarem seus tratamentos durante a pandemia. “Pessoas com doenças pré-existentes precisam continuar os seus tratamentos e isso inclui continuar os exames prescritos pelos seus médicos”, destacou a executiva.

Webinar Abramed discute atualizações jurídicas e de Recursos Humanos durante a pandemia de coronavírus

Conferência on-line reuniu advogados especialistas para esclarecer temas como redução da jornada de trabalho e salários, negociações contratuais e medidas tributárias

17 de abril de 2020

Ainda é cedo para medir todos os impactos causados pela pandemia do novo coronavírus no mundo, principalmente nos sistemas de saúde. Mas, existe um fato inegável: a crise tem transformado as relações humanas e de trabalho, e os modelos de negociações e legislações em diversos países. No Brasil, desde fevereiro e até o dia 15 de abril, a Presidência da República editou 28 medidas provisórias (MPs) destinadas ao combate à Covid-19. Desse total, 11 abrem créditos extraordinários para o enfrentamento da pandemia e de seus efeitos na economia.

As MPs autorizaram, por exemplo, a redução da jornada de trabalho e salários, a prorrogação de recolhimento de impostos, como PIS/COFINS e INSS. As mudanças são inúmeras e têm provocado uma série de dúvidas e incertezas em pessoas, empresas e organizações. Afim de promover o esclarecimento sobre esses temas para seus associados e demais laboratórios, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) realizou, no dia 16 de abril, um webinar para discutir as atualizações jurídicas e de Recursos Humanos que são frutos do cenário atual de pandemia.

Participaram deste evento on-line, com conteúdo gravado e disponível no canal do YouTube da Associação, um time de advogados especialistas da Machado Nunes, composto por Daniela de Andrade Bernardo, sócia da área Trabalhista; Renato Nunes, sócio da área Tributária; Rafael Younis Marques, sócio da área de Contratos e Societário; e Teresa Gutierrez, sócia da área de Regulatório em Saúde. O bate-papo foi moderado por Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed, e contou com a presença ativa do público por meio de uma plataforma de vídeo com chat em tempo real.

Corte salarial e redução na jornada de trabalho

Durante o evento, a sócia da área Trabalhista da Machado Nunes esclareceu diversos questionamentos sobre a MP 963 anunciada pelo governo no dia 2 de abril, que autoriza que empresas reduzam salários e jornadas de funcionários. O texto permite redução salarial de até 70%, com diminuição da jornada de trabalho, ou suspensão total dos contratos.

Daniela explicou que a nova legislação permite três faixas de corte salarial com redução proporcional da carga horária: 25%, 50% e 70%. No entanto, existem condições para cada porcentagem. Quando o corte for de 25%, a mudança pode ser feita por acordo individual entre o patrão e o empregado, independente da faixa salarial. Nas reduções de 50% e 70% ou suspensão de contrato, os acordos individuais só poderão ser firmados com empregados que ganham menos de R$ 3.135 ou mais de R$ 12.202,12. Os trabalhadores que recebem entre R$ 3.136 e R$ 12.202,11 só poderão ter seus contratos modificados por acordo ou convenção coletiva, com a participação do sindicato. “O que não pode acontecer é o funcionário ter o corte de salário, mas não ter a redução da jornada de trabalho”, alerta.

Sobre a suspensão temporária do contrato de trabalho, Daniela esclareceu que ela pode ser feita por até 60 dias e, caso a empresa tenha faturamento anual de até 4,8 milhões, o governo se compromete a pagar 100% do seguro-desemprego. Acima desse faturamento anual, a empresa precisa fornecer para o empregado uma ajuda de custo equivalente a 30% do salário. “Durante a suspensão temporária do contrato, o funcionário não deve enviar nenhum e-mail ou estar à disposição para solicitar informações. É muito importante que os empregadores entendam isso”.

Pagamento de tributos nacionais

Entre as MPs autorizadas pelo governo para o enfrentamento da pandemia também estão alterações nas medidas tributárias. Renato Nunes, sócio da área Tributária, destacou durante o Webinar Abramed a diminuição de 50% na contribuição feita pelas empresas às entidades que integram o Sistema S e a redução para zero porcento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre transações de créditos, ambas as alterações válidas até o dia 30 de junho.

“O governo brasileiro também concedeu redução temporária, para zero porcento, da alíquota do Imposto de Importação (II). Essa medida é extremamente importante no combate à Covid-19, uma vez que estamos importando diversos equipamentos de proteção individual (EPI), como as máscaras”, acrescenta Nunes.

O especialista também salientou que o governo publicou uma portaria que prorroga o recolhimento do PIS/COFINS e da contribuição previdenciária (INSS) por parte dos empregadores. “Os pagamentos de março e abril, que venceriam em abril e maio, poderão agora ser integralizados em agosto e outubro. As Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) referentes aos meses de fevereiro, março e abril poderão ser realizadas em julho”, explica.

Negociação de contratos

Diante do agravamento da crise instaurada pelo novo coronavírus, muitas empresas se mobilizaram e notificaram os seus parceiros a respeito da impossibilidade de cumprimento dos contratos firmados, calcadas nos conceitos de caso fortuito e força maior – dos quais o Código Civil estabelece que o devedor não responderá pelos prejuízos que não é responsável, como efeitos imprevisíveis e inevitáveis. Ou seja, em uma relação contratual, mesmo havendo o cumprimento diferenciado da obrigação por uma das partes, esta não responde por eventuais inconvenientes causados à outra.

Mas, segundo Rafael Younis Marques, sócio da área de Contratos e Societário da Machado Nunes, a situação pode ser um pouco mais complexa. “Os efeitos da pandemia são considerados casos fortuitos ou de força maior, mas facilitam no descumprimento de uma obrigação contratual. O que a Lei prevê é que a empresa que não pode ser responsabilizada pelos danos causados em casos fortuitos ou de força maior. Isso não significa, por exemplo, que a empresa não terá que realizar um pagamento, mas sim que ela estará livre de juros ou eventuais danos por não ter efetuado o pagamento naquele dia”, esclareceu durante a conferência.

Segundo Marques, a recomendação para lidar com a relação contratual em tempos de pandemia é a negociação entre as partes. “A maioria das empresas que estão negociando tem conseguido um acolhimento das demandas, mesmo ainda que parcial, porque todo mundo tem bom senso e reconhece a crise mundial”.

Aspectos regulatórios

“Esse momento está servindo para que as pessoas revejam suas ações e para a Anvisa não foi diferente”, disse Teresa Gutierrez, sócia da área de Regulatório em Saúde da Machado Nunes, sobre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária durante o Webinar Abramed. Segundo ela, a entidade reguladora adotou uma série de medidas para acelerar os processos de importação e aprovação, como o que está acontecendo com os produtos de diagnóstico in vitro já registrados no Brasil, que passam a ter análise prioritária para a entrada no país.

“Em fevereiro, a Agência autorizou a importação de produtos que não são registrados no Brasil, desde que eles tenham registro em algum dos países que integram o International Medical Device Regulators Forum (IMDRF). Essa ação internacional que a Anvisa tem realizado facilita a importação em um momento tão importante quanto esse, onde existe a competição mundial por equipamentos, medicamentos e insumos”, acrescentou.

 No dia 1º de abril, a Câmara aprovou um projeto para agilizar a liberação de produtos usados no combate ao novo coronavírus pela Anvisa em até três dias. O texto, que cria uma autorização especial durante a crise, ainda precisa ser analisado pelo senado.

Abramed lança novo site

Com o propósito de transformar a experiência de quem busca referências sobre a Medicina Diagnóstica, nova versão do portal traz design adaptável para diferentes dispositivos dos usuários

08 de Abril de 2020

A Abramed – Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica põe no ar a nova versão do seu site, que conta com uma interface mais moderna e design com a identidade visual comemorativa dos 10 anos da entidade. O portal se encaixa automaticamente em qualquer dispositivo do usuário, seja um computador, tablet ou smartphone.

Segundo Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed, o objetivo da atualização da plataforma é facilitar o acesso à informação e transformar a experiência dos associados e de quem busca referências sobre a Medicina Diagnóstica. “A Associação tem o compromisso de promover e estimular o setor. Por meio dos canais de conteúdo, a Abramed tem desempenhado importante papel na disseminação de informações seguras para a sociedade”, diz.

Na plataforma, o usuário tem acesso ao histórico de atuação da Associação nos últimos 10 anos, bem como a estrutura interna de Comitês e Grupos de Trabalho, quem são os associados e parceiros, entre outros conteúdos sobre a entidade e o setor.

O site traz também a versão digital das principais publicações produzidas pela Abramed, com destaque para o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, em sua segunda edição, que está disponível nos idiomas português, inglês e espanhol, para visualização e download. Já na sessão Abramed na Mídia, é possível acompanhar a participação da Associação na imprensa e como a entidade, neste momento, está atuando e contribuindo na luta contra o novo coronavírus.

Combate à Covid-19 é destaque em conferência

Em webinar promovido pelo CBEXs, Wilson Shcolnik reforçou ações da medicina diagnóstica

08 de Abril de 2020

Convidado pelo Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXs) para tratar das estratégias da medicina diagnóstica brasileira no combate ao novo coronavírus em um webinar que reuniu líderes da saúde nacional, Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), reforçou o protagonismo do setor e o envolvimento de todos os players durante a pandemia.

Realizado na noite de 7 de abril, o encontro coordenado por Francisco Balestrin, presidente do Conselho de Administração do CBEXs também recebeu Mauro Guimarães Junqueira, secretário-executivo do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), e Cláudio Lottenberg, presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.

Em sua apresentação inicial, Shcolnik fez uma avaliação do atual cenário: “Podemos afirmar que é um grande desafio para o setor, pois ninguém no mundo estava realmente preparado para enfrentar essa crise. Tivemos que organizar nossas infraestruturas e nossos fluxos de atendimento, buscar insumos em território nacional e no mercado internacional, e trabalhar a comunicação tanto com as comunidades médicas quanto com a sociedade”.

O presidente aproveitou a oportunidade para enfatizar o reconhecimento da relevância dos exames diagnósticos em momentos de crises de saúde. “Os laboratórios clínicos ganharam destaque e os testes estão sendo muito valorizados”, disse.

Entre os fatores que alavancam o protagonismo do setor de diagnóstico estão o fato de que o exame molecular RT-PCR (reação em cadeia da polimerase em tempo real) é o padrão ouro para detecção do novo coronavírus e de que os recursos laboratoriais são indispensáveis para checar a imunidade de profissionais de saúde que tiveram contato com o vírus, considerando seu retorno ao trabalho. “Em outros países 20% dos profissionais de saúde foram infectados. Esperamos um percentual semelhante no Brasil e precisaremos desses exames para avaliar nosso impacto”, esclareceu Shcolnik.

Na sequência, em uma fase posterior da pandemia, a medicina diagnóstica se fará mais uma vez indispensável para checar a imunidade de rebanho, quando mais de 65% da sociedade já se contaminou tornando-se, assim, resistente por conta de sua memória imunológica e acarretando no encerramento do ciclo de disseminação do patógeno.

Reafirmando a observação de Shcolnik de que os exames surgiram, nesta pandemia, como peça fundamental do quebra-cabeça, Balestrin trouxe à tona um posicionamento relevante sobre importância dos exames mesmo com resultados negativos, algo que vem sendo questionado no âmbito da saúde preventiva. “Muitas vezes as pessoas acreditam que o resultado negativo é desperdício. Mas, na situação que estamos vivendo, vemos que esse resultado, quando negativo, nos diz muito”, declarou.

Parceria com o setor público

O presidente da Abramed também mencionou a atuação da entidade junto ao setor público contribuindo para o maior controle da COVID-19 no país. Citou a construção de um canal de comunicação direto entre os laboratórios privados e a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde para notificação rápida dos resultados dos exames para diagnóstico da infecção pelo novo coronavírus; e um projeto elaborado junto a outras entidades do setor que auxiliará na validação dos exames de diagnóstico disponíveis no mercado nacional focado em checar a confiabilidade dos métodos e garantir a segurança da população.

Isolamento Social

O webinar também trouxe as perspectivas dos hospitais, na visão de Cláudio Lottenberg, e um parecer das Secretarias Municipais de Saúde pela apresentação de Mauro Junqueira. Reconhecendo que a união de esforços é importante para que o país enfrente a crise da maneira menos nociva possível, a importância do isolamento social foi pauta constante do debate.

Junqueira mencionou que desde os primeiros casos de COVID-19 identificados no país o Ministério da Saúde provocou discussões com governadores e prefeitos sobre a relevância do isolamento social pra achatar a curva de disseminação da doença no país, permitindo, assim, que todas as regiões pudessem se preparar disponibilizando novos leitos tanto clínicos quanto de UTI. “É nisso que estamos trabalhando no momento”, comentou.

O executivo também respondeu à pergunta mais comum na sociedade: quando vamos sair do isolamento? Para ele, somente sairemos quando tivermos todos os insumos disponíveis, entre eles os equipamentos de proteção individual e os de diagnóstico, e leitos preparados e suficientes para atender toda a demanda.

Para Wilson Shcolnik, as evidências mostram que as decisões tomadas pelo Brasil surtiram efeitos positivos para retardar a transmissão garantindo tempo para a montagem e preparo das estruturas hospitalares. “Tenho bastante confiança no que está sendo feito pelo Ministério da Saúde”, disse.

Lottenberg reforçou que apesar da taxa de letalidade do novo coronavírus ser baixa, a alta capacidade de transmissão o transforma em um grande inimigo de todo e qualquer sistema de saúde no mundo. “É um vírus que acomete, simultaneamente, uma parcela significativa da população, sobrecarregando o sistema”, declarou. Segundo ele, não se trata de uma dificuldade exclusivamente brasileira ou dos países em desenvolvimento. “Temos, no Brasil, 25 leitos de UTI para cada 100 mil habitantes. Os EUA têm 38 leitos para cada 100 mil habitantes e, por lá, a situação também não é sustentável”, explicou.

Todos também concordaram que a telemedicina, que foi autorizada como forma de facilitar o atendimento populacional durante a pandemia, ganhará reconhecimento após o surto.

Lideranças da saúde debatem estratégias de enfrentamento ao novo coronavírus em webinar promovido pelo FIS

Presidente do Conselho de Administração da Abramed participou de conferência junto a outros gestores do setor

08 de Abril de 2020

O presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik, participou do webinar realizado pelo Fórum Inovação Saúde (FIS), que ocorreu no último dia 3 de abril, para debater o impacto sanitário, econômico e social de uma pandemia, sob a perspectiva da Covid-19. Shcolnik abordou, entre outros assuntos, o papel de destaque dos exames laboratoriais neste cenário atual de crise.

“O protagonismo dos exames laboratoriais nessa epidemia veio desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) determinou o método denominado de “padrão ouro” para confirmação dos quadros agudos, que é o RT-PCR, e a mídia tem amplamente divulgado características desse exame, um teste molecular de alta complexidade. Ele não está disponível em qualquer laboratório, apenas naqueles que possuem equipamentos e recursos humanos capacitados para executá-lo”, disse o presidente da Abramed.

Segundo ele, graças à descoberta do genoma viral foi possível estabelecer dentro dos laboratórios os métodos chamados in house, que são processos artesanais baseados em agentes importados. Com o afluxo imenso das primeiras semanas, talvez pelo susto que os dados vindos da China trouxeram, muitos pacientes recorreram aos laboratórios, e rapidamente os estoques de reagentes se esgotaram.

“Os laboratórios hoje conseguiram automatizar esse processo de modo que, se o compararmos à semana inicial, quando conseguíamos realizar centenas de exames por dia, hoje é possível afirmar que os laboratórios bem equipados conseguem executar cerca de milhares por dia, o que vai trazer certo conforto, tanto para nós, quanto para o Ministério da Saúde”, atentou Shcolnik.

Existe uma preocupação em se identificarem os pacientes que já se tornaram imunes de alguma maneira e que depois de infectados podem de forma segura retornar ao convívio e, em se tratando de profissionais de saúde, podem aos poucos retornar a seus postos de trabalho.

Sobre os testes sorológicos que estão chegando para o tratamento da doença, Shcolnik disse que eles detectam praticamente três tipos de anticorpos: o IGA, muito presente nas mucosas do organismo humano; o IGN, que é o primeiro anticorpo a ser produzido já na fase aguda da infecção, demorando cerca de sete a dez dias para alcançar o pico mais elevado e se tornar perfeitamente detectável; e por fim o IGG, que pode trazer imunidade, embora não se saiba ainda se a possibilidade de reinfecção existe.

“Queria deixar claro que a qualidade e o desempenho dos testes rápidos são muito variáveis. Eu sei que está havendo um esforço muito grande do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fiocruz para validar esses testes. Na área privada há também um esforço da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) com a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), a qual congrega as indústrias que produzem kits, com este mesmo objetivo: validar e tornar público quais são os kits de testes rápidos que podem ser utilizados com confiança nos resultados”, ratificou o presidente.

O debate foi mediado pelo médico e presidente da Iniciativa FIS, Josier Vilar, e contou também com as participações do CEO da Fundación Privada Hospital Asil de Granollers e secretário-geral da Associação Patronal Sanitária da Catalunha (Espanha), Rafael Lledó Rodríguez; do vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/EUA), Jarbas Barbosa; do CEO do Hospital Sírio-Libanês, Paulo Chapchap; e do chief medical officer do United Health Group (UHG) Brasil, Charles Souleyman.

Alta transmissão

Para Barbosa, o mundo enfrenta uma emergência de saúde pública sem precedentes neste século posterior à gripe espanhola. A pandemia da Covid-19 está acontecendo com uma velocidade tal que as evidências são geradas ao mesmo tempo que o número de doentes vai evoluindo. Segundo o representante da OPAS, o que demonstra como a velocidade de transmissão está acelerando nas Américas é que na última semana, entre quarta e sexta-feira, três países tiveram mais de 10% de acréscimo no número de infectados de um dia para o outro – Canadá, Brasil, Chile e Equador.

“O conhecimento epidemiológico tem crescido. Já se sabe a capacidade que o vírus tem de ser transmitido rapidamente, que a Covid-19 produz casos assintomáticos, ainda que haja certa variação – qual é exatamente o percentual de assintomáticos. Sabemos que há vários casos leves e que por isso essas pessoas não vão procurar serviços de saúde. Sabemos que os números que temos hoje são subdimensionados, porque, como qualquer doença que tem esse gradiente clínico amplo, existem casos assintomáticos, leves e moderados, mas geralmente conseguimos captar com muito melhor qualidade os casos mais graves, os casos que procuram hospitais, que procuram serviços de saúde”, ressaltou Barbosa.

O vice-presidente chamou a atenção ainda para o isolamento social, enfatizando que o que faz diferença é o momento quando se inicia o isolamento, que deve ser feito durante a “subida da curva” de contágios.

Isolamento social

De acordo com Rodríguez, a Espanha, por exemplo, não tomou as medidas de isolamento com antecedência, o que se refletiu nos índices acelerados de casos da Covid-19, maiores que naqueles que adotaram a medida de imediato. O secretário-geral disse que países como Alemanha e Coreia do Sul, que iniciaram o isolamento social antes, tiveram melhor resultado na batalha contra o coronavírus.

“Temos visto que não há diferença entre homem e mulher. A infecção acomete sobretudo adultos, e as formas mais graves se desenvolvem em pessoas a partir dos 60 anos, especialmente naqueles com mais de 80 anos. Sintomas comuns são variados, mas o principal é a pneumonia”, revelou Rodríguez.

O CEO do Hospital Sírio-Libanês falou que os reflexos do isolamento social, que se diz hoje refletirem num prazo de aproximadamente duas semanas, podem não ser os mais adequados. Sua tese é de que isso deve se dar em um tempo maior – ou que não a falta de testes é demasiadamente grande. Para Chapchap, a Covid-19 está se mostrando uma doença desafiadora, seja pelo número de internações, seja pelo tratamento de casos graves, que exigem muitos dias de atendimento intensivo.

“Os pacientes que vão para a UTI têm um quadro de recuperação extremamente lenta, com 17% a 20% deles precisando de terapia de suporte renal. A grande maioria dos pacientes vai se recuperar se for adequadamente tratada”, reiterou Chapchap.

União

Souleyman foi convidado a falar sobre como se está organizando a questão dos suprimentos nos hospitais do grupo UHG no Brasil. Segundo ele, essa epidemia está trazendo e revelando o melhor e o pior da natureza humana, colocando o mundo diante de um cenário desafiador nunca vivido.

“Hoje temos uma situação em que estamos tratando os doentes, muito graves, com ventilação difícil, que exigem o máximo de competência, o máximo de medicação, com cuidados e medidas de isolamento. De fato, se não conseguirmos com todo o distanciamento social mitigar a evolução da epidemia, vamos perder muita eficácia nesse tratamento. Não só se torna exponencial o número de casos, mas também, com ele, o número de óbitos”, ressaltou Souleyman.

A necessidade de integração entre os sistemas público e privado no atual contexto também foi salientada pelo executivo. Segundo ele, não se pode concorrer por compras de equipamentos de proteção individual (EPI) e respiradores. Todos devem estar unidos para, de forma colaborativa, contornar de maneira eficiente os problemas da pandemia.

COVID-19 – O valor da Medicina diagnóstica em tempos de pandemia

Cenário de infecções pelo novo coronavírus alavancou a importância do setor no combate aos surtos que rapidamente se espalham pelo mundo

07 de Abril de 2020

A pandemia do novo coronavirus, que teve início no final de 2019 na China e, até o fechamento desta matéria no dia 7 de abril, segundo informação da Organização Mundial da Saúde (OMS), já tinha causado mais de 72 mil mortes no mundo, trouxe à tona importantes debates sobre o valor da medicina diagnóstica no controle de grandes surtos e sobre o uso racional de exames para garantia de atendimento à toda a população. Além disso, despertou discussões sobre a qualidade e aplicabilidade de diferentes metodologias diagnósticas.

Ao recomendar que as nações ampliassem seus programas de diagnóstico testando o maior número possível de pessoas para retardar o avanço da COVID-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou a importância dos exames para identificar pacientes contaminados e isolá-los, interrompendo a cadeia de infecção.

Para o diagnóstico preciso – que também envolve exames de imagem – é utilizado um método molecular conhecido como RT-PCR (reação em cadeia da polimerase em tempo real). Exame de alta complexidade realizado em laboratórios especializados, este teste é bastante confiável e, portanto, gera resultados conclusivos. Para este exame os profissionais de saúde coletam amostras de muco e saliva dos pacientes e, nessas amostras, identificam a presença de material genético do vírus.

Com o número de casos crescendo exponencialmente em todo o mundo e aumentando drasticamente a demanda pelos exames, os países foram obrigados a gerir melhor seus estoques de insumos para que os testes fossem utilizados de forma racional e, assim, pudessem atender da melhor forma às necessidades populacionais.

Para tal, o Ministério da Saúde no Brasil optou por direcionar os exames disponíveis aos pacientes mais críticos, fazendo com que a decisão pela realização dos testes coubesse exclusivamente aos médicos responsáveis por cada caso. Até por esse motivo, quando o país entrou em transmissão comunitária, os testes que poderiam ser realizados em domicílio por laboratórios privados foram limitados.

Fazendo a gestão da alta demanda por exames e prezando pela manutenção dos serviços, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) esteve em contato direto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) solicitando liberação imediata de insumos para exames de diagnóstico do novo coronavírus. “A criação de um canal direto de comunicação entre as entidades permite que os materiais cheguem com mais agilidade aos laboratórios”, comenta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Associação.

Com o ofício encaminhado à Anvisa, a entidade trabalhou pela desburocratização da importação dos materiais, solicitando que os insumos importados fossem enquadrados na categoria prioritária das petições de registro. Contribuindo para a sustentabilidade da medicina diagnóstica durante a pandemia, a Abramed também assinou, ao lado de outras diversas entidades do setor, um documento denunciando a alta dos preços dos insumos. O objetivo da ação foi pedir atenção do governo para monitoramento e combate aos aumentos abusivos.

Foco em qualidade – Mesmo diante da alta demanda, o setor de diagnósticos no Brasil se mostrou extremamente preocupado com a qualidade dos exames que estão sendo realizados diariamente no país. Para suprir a necessidade de testar o maior número possível de pessoas, surgiram os testes rápidos.

Fabricados em território nacional ou importados, esses testes se baseiam nos anticorpos produzidos pelo organismo do paciente, o que amplia a chance de darem falsos negativos. “Caso a pessoa comece hoje a apresentar tosse e febre, o teste rápido dará negativo mesmo que ela esteja com COVID-19, pois o corpo somente começa a produzir anticorpos de 7 a 10 dias após o início os sintomas”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed. Segundo o executivo, o grande problema deste resultado impreciso está na falsa e perigosa sensação de segurança.

Sem abrir mão do RT-PCR para verificar os resultados negativos, os testes rápidos são válidos para avaliar o retorno ao trabalho de profissionais de saúde, desde que a testagem ocorra no mínimo sete dias após o início dos sintomas, e como primeira opção para diagnóstico de pacientes hospitalizados já com quadro tardio. Dessa forma, são auxiliares durante a pandemia desde que sejam aplicados da forma mais prudente e adequada.

Em curso, a pandemia movimenta a saúde diariamente com uma grande quantidade de informações provenientes de sociedades científicas, estudos e novidades que visam reduzir o impacto do novo coronavírus na sociedade moderna. E a medicina diagnóstica é parte fundamental de todos os processos, auxiliando inclusive na elaboração de possíveis tratamentos.