O sucesso da saúde digital passa pela transformação digital do SUS

Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, foi palestrante do FILIS 2023, onde apontou a interoperabilidade de dados e a ampliação do acesso como ações importantes para o órgão

Um dos destaques da programação da 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), foi a participação da secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, que falou sobre a Saúde Digital no Brasil. Ela iniciou destacando que é preciso trabalhar a questão dos padrões para que se possa avançar no processo de interoperabilidade – considerado um dos desafios para a consolidação da transformação digital no país.

“Temos o compromisso de abrir uma agenda de trabalho para avançar nesse processo que passa também pela transformação digital do Sistema Único de Saúde (SUS)”, explicou Ana Haddad.

A secretária esclareceu que a implementação de inovações tecnológicas sem critério ou respeito pelos princípios e diretrizes do SUS, é o caminho certo para a ampliação das disparidades regionais e mesmo a negação do atendimento médico a amplas faixas da população com dificuldade de acesso à tecnologia.

Por outro lado, se bem planejada, a introdução das novas tecnologias digitais na saúde pública pode ser um fator decisivo para superar certas lacunas do sistema e alcançar populações que recebem uma cobertura ainda insuficiente.

“A transformação digital, até reafirmando a questão da saúde como um direito, visa ampliar o acesso, a participação social. Para tanto, é preciso entender o sistema político brasileiro, fundamentado na estrutura tripartite: trabalhando ao nível federal, com os estados e os municípios de uma maneira articulada para superar os desafios”, declarou a secretária.

Resolver os problemas de informação no SUS, de fato, pode ser um desafio complexo e multifacetado, mas algumas estratégias podem contribuir para melhorar a qualidade e a efetividade do sistema.

Ana apontou que investir em sistemas de informação integrados e interoperáveis, capazes de compartilhar dados entre diferentes níveis de atenção à saúde e garantir a continuidade do cuidado; promover a padronização de dados e informações coletadas em todo o sistema; disponibilizar informações sobre saúde aos usuários do SUS, por meio de plataformas digitais e ferramentas de comunicação; garantir a qualidade das informações registradas nos sistemas de saúde; investir em tecnologia da informação e recursos humanos; estimular a participação do paciente, usuários e profissionais da saúde na gestão e no desenvolvimento dos sistemas de informação são soluções que devem ser implementadas de forma coordenada e integrada, envolvendo a participação de diferentes atores envolvidos no sistema de saúde, dos gestores aos acadêmicos e empresas de tecnologia da informação.

“Não podemos deixar de fora o setor privado e a saúde suplementar, fundamentais para o sucesso da transformação digital da saúde no país”, ressaltou.

Telessaúde

A secretária lembrou que a saúde digital começou há 20 anos, a partir de uma resolução da Organização Mundial da Saúde. Na época, no Brasil, o trabalho começou com a telessaúde integrada à política de educação permanente e formação dos profissionais de saúde, avançando, nos últimos anos, nos programas de saúde.

Os dados comprovam a importância da telessaúde no país. Entre 2020 e 2021, cerca de 7,5 milhões de atendimentos foram realizados por aproximadamente 52,2 mil médicos, via telemedicina; 87% foram primeiras consultas. Esses números devem crescer, acredita Ana Estela, haja visto os investimentos globais em ambientes virtuais de saúde e a regulamentação definitiva da modalidade pela lei 14.510, em 27/12/2022, no país.  

“Este foi um passo importante para organizar os processos, mas transformação digital é bem mais do que isso”, ponderou a Secretária, dizendo ser necessário ir além, implementar as diretrizes para a Política Nacional de Saúde Digital, que consiste em criar uma cultura de governança que fortaleça pacientes e grupos vulneráveis, assegurando saúde e direitos digitais; coletar e usar dados de saúde baseado no conceito de dados abertos e solidariedade, tendo como objetivo a proteção individual de dados sensíveis e simultaneamente a promoção das informações como bem público, fortalecendo uma cultura de Justiça e equidade; e priorizar as tecnologias mais necessárias em diferentes níveis de maturidade em saúde digital.

Para isso, ela garante ser fundamental ampliar a parceria com o segmento da saúde suplementar para se ter um espaço dinâmico que fomente o ecossistema da saúde com inovação em caráter permanente.

“Dessa forma, podermos implementar o Programa Saúde Digital Brasil, com múltiplas estratégias para a ampliação do acesso à informação em saúde, visando a continuidade do cuidado em todos os níveis de atenção à saúde para qualificar o atendimento e o fluxo de informações, fortalecendo o apoio à decisão clínica, à vigilância em saúde, à regulação, à gestão, ao ensino e à pesquisa”, explicou.

Este é o modelo que está sendo articulado multissetorialmente para integrar a transformação digital da saúde com as demais áreas do governo federal e dos outros setores. Inclusive, Ana Haddad adiantou que no próximo dia 26 de setembro, o Congresso Nacional irá criar a Frente Parlamentar da Saúde Digital para que o tema seja debatido em todas as esferas do poder.

Interoperabilidade

Para interoperabilidade na saúde, a integração dos sistemas e dos dados não será uma tarefa fácil, salientou a secretária, tomando como exemplo o DataSUS, que tem 35 anos e que quando foi criado tinha a preocupação de produzir e armazenar informação.

“Não podemos jogar fora toda uma série histórica. A solução é um modelo de interoperabilidade, com uma arquitetura interoperável a partir de um trabalho progressivo com todos os atores, serviços de saúde e centros de pesquisa, atuando em modelos informacionais, com conjuntos mínimos de dados, que se transformam em modelos computacionais, para que aí se possa trocar informação”, propôs.

Para isso, a secretaria está apostando na Rede Nacional de Dados de Saúde (RNDS), que conectará os atores e dados em saúde de todo o país, estabelecendo o conceito de Plataforma Nacional de Inovação, Informação e Serviços Digitais de Saúde, que será uma plataforma para conectar qualquer sistema de informação, interligada ao Conecta SUS para o acesso aos dados dos usuários.

“Assim, esperamos como benefícios o provimento da continuidade do cuidado, a melhoria da coordenação da assistência e na qualidade do atendimento, segurança do paciente e redução de custos”, finalizou Ana Estela.

O laboratório pode ser um dos motores da transformação digital na saúde, segundo presidente da Roche

Carlos Martins apresentou cases de automação e integração de sistemas no FILIS 2023

Como parte do “Momento Transformação” do 7º FILIS, espaço na programação para apresentação de cases de inovação em Saúde, Carlos Martins, presidente da Roche Diagnóstica Brasil, participou como palestrante sobre o tema “A integração de dados aumenta a eficiência e melhora os cuidados com os pacientes” e compartilhou quatro cases de sucesso envolvendo soluções digitais da empresa. 

Iniciou apresentando dados de uma pesquisa recente com 742 líderes de saúde, conduzida pela Harvard Business Review Analytic Services. Segundo 95% dos participantes, é muito importante gerenciar dados em ambientes de cuidados em saúde, mas apenas 19% afirmam que sua organização é bem-sucedida nisso. “Isso quer dizer que há muitas oportunidades para melhorar e impactar ainda mais o cenário”, disse Martins.

O estudo mostrou, ainda, os principais obstáculos: equipes isoladas dentro das organizações e falta de colaboração, sistemas desconectados ou incompatíveis, orçamento insuficiente, preocupação com a segurança da informação e falta de infraestrutura tecnológica. “Os profissionais de saúde precisam de insights orientados por dados para tomar decisões mais assertivas. Faltam integração e colaboração”, resumiu.

Para que o paciente não seja impactado por isso, a Roche acredita que o laboratório possa ser um dos motores da transformação digital na saúde, já que cerca de 70% das decisões clínicas são influenciadas por dados laboratoriais, de acordo com a Associação Europeia de Fabricantes de Diagnóstico (EDMA).

“O Brasil tem grande importância nisso, pois é uma potência em termos de medicina laboratorial, não apenas do ponto de vista de volume, mas também de especialidade e diversidade”, expôs Martins. Para a Roche, superar todos os desafios que os laboratórios e a saúde enfrentam exige mais do que uma solução dinâmica, exige uma transformação.

Na prática

E mostrando que é possível fazer isso com as soluções já disponíveis no mercado, Martins apresentou quatro cases de renomadas instituições. O primeiro da Unimed Sorocaba (SP), que utiliza o sistema Infinity para gerenciar 330 mil testes por mês. A solução não só processa as amostras dentro do laboratório, como também centraliza toda a área de controle de qualidade. “A entidade tem mais de uma década de experiência e crescimento com a digitalização do diagnóstico. É um case importante em termos de pioneirismo digital”, destacou.

O segundo case foi do Hospital Israelita Albert Einstein, que buscou levar o máximo de inteligência para o novo Núcleo Técnico Operacional (NTO) do seu laboratório clínico. “Juntamente a outros parceiros, automatizamos e integramos equipamentos, fluxos e informações, o que beneficiou o paciente do ponto de rapidez e resposta, bem como de redução de erros.”

Dessa forma, o hospital obteve crescimento de 68% nos exames produzidos ao mês, gerando alta satisfação do corpo clínico e dos pacientes, com 100% das decisões baseadas em evidências. Mensalmente, são processados 500 mil testes e 114 mil amostras. 

A automação do novo NTO do Grupo Fleury, que processa 3 milhões de testes e 549 mil amostras por mês, foi o terceiro caso apresentado. “A automação permite prever o que vai acontecer, tendo um impacto importante na operação, trazendo consolidação, redução de custos, mais eficiência e resultados mais rápidos”, mostrou. 

Martins fechou sua participação apresentando o case do Ministério da Saúde, que lançou para a Roche o desafio: instalar 82 laboratórios em 27 estados e 58 cidades para monitorização de HIV e hepatites. Em 90 dias, a empresa atendeu o pedido, garantindo a operação otimizada dos analisadores e a integração de todos os equipamentos, com os resultados reportados em todo o Brasil. Por ano, são processados 1.6 milhão de testes.

“A automação de laboratórios é uma estratégia poderosa, impulsionando melhorias na qualidade do atendimento ao paciente, redução de custos e ampliação da eficiência operacional. Os casos exemplificados ilustram como essa abordagem bem-sucedida pode ser aplicada com êxito em entidades de variados tamanhos e especializações”, concluiu.

Palestrante do FILIS 2023 provoca reflexões sobre o uso de dados para a inovação na saúde

Jacson Barros, Healthcare Business Development Manager da Amazon, mostrou a importância de mudar o mindset para criar insights e turbinar a experiência dos pacientes

Provocando o público com várias e pertinentes reflexões sobre como fazer diferente no dia a dia de suas operações, Jacson Barros, Healthcare Business Development Manager da Amazon, apresentou durante a 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS a palestra “Potencializando o uso de dados para a inovação na saúde”, mostrando como a empresa analisa as palavras “dados” e “inovação”.

A Amazon trabalha a inovação sob quatro eixos: cultura, mecanismo, arquitetura e organização. Barros focou nos dois primeiros. “Temos um ambiente integrado e todos os novos colaboradores, antes da primeira reunião, passam três meses estudando cada um dos 16 princípios de liderança da empresa”, explicou.

Entre os mais importantes está o conceito de “disagree and commit”, ou seja, é normal que as pessoas tenham opiniões diferentes e discordem em algumas decisões, mas é importante manter o progresso e a eficiência do trabalho em equipe. Significa que mesmo não concordando, há comprometimento em fazer acontecer.

Invent and simplify” é outro conceito que leva à reflexão: os colaboradores de sua empresa podem inventar? “Há abertura para receber uma proposta de simplificação de fluxo, por exemplo?”, provocou Barros, citando, ainda, a alta burocracia na saúde. “O sistema de informação de sua companhia é amigável para quem usa?”

Mais um “mantra” da Amazon é “think big”: pensar grande. “Quais são os planos da sua empresa? O que pretendem para os próximos anos?”, perguntou. 

Barros explicou, ainda, a importância do conceito working backwards (trabalhar de trás para frente), que envolve começar com um entendimento claro do resultado desejado ou do objetivo final e, em seguida, trabalhar de volta para determinar como alcançar esse objetivo. Dessa forma, todos sabem aonde pretendem chegar.

“O que queremos no fim do dia? Reduzir as filas? Diminuir os desperdícios? Todos os envolvidos estão alinhados com o mesmo objetivo? Isso acontece no seu dia a dia?”, questionou. “Não há nenhum segredo em aplicar tanto os princípios de liderança quanto os working backwards”, disse.

Desafios de saúde

Barros chamou a atenção para o fato de que a jornada do paciente não começa no hospital, mas bem antes disso, embora poucos se atentem a isso. “Os pacientes contam, hoje, com milhares de pontos de coletas de dados ao longo de sua jornada. Será que conhecemos quem atendemos? Precisamos analisar isso em nossa rotina”, provocou, mais uma vez.

As prioridades de saúde estão passando por uma evolução significativa, refletindo os desafios ouvidos na indústria de saúde. Há uma crescente demanda por acesso mais equitativo aos cuidados à medida que eles transitam de um modelo centrado no hospital para prestados localmente, focando na proximidade com os pacientes.

Além disso, há uma necessidade crescente de diagnósticos integrados que ofereçam uma visão 360 graus do paciente, permitindo uma abordagem mais holística para o tratamento. No entanto, os sistemas de saúde enfrentam pressões consideráveis, pois precisam capturar mais dados, manter o nível de serviços e responder rapidamente às necessidades dos pacientes, sob gerenciamento de orçamento constante.

“Para as organizações de saúde, o desafio de proporcionar cuidados centrados no paciente em meio a custos crescentes nunca foi tão significativo. Todo dia são gerados novos dados, precisamos saber separar o joio do trigo”, apontou Barros.

Em uma pesquisa feita com quem usa dados em saúde, o palestrante destacou duas afirmações dos respondentes: “Gastamos mais tempo ingerindo e processando dados do que traduzindo insights em melhores decisões de negócios”, e “Está tudo isolado! Pesquisar e analisar dados é difícil”. O que leva a outra reflexão: o quanto sua empresa trabalha para evitar o desperdício?

“Ouvimos muito sobre a importância da interoperabilidade, mas ela não é bala de prata, que resolve todos os problemas. Enfrentamos desafios cotidianos, questões da vida real, como a falta de treinamento adequado para profissionais e a crescente rigidez dos sistemas. Fundamental pensar nisso”, expôs Barros.

Data-driven

O profissional da Amazon também falou sobre data-driven, que, na saúde, refere-se ao uso de dados e análises para tomar decisões clínicas, operacionais e estratégicas. Pesquisa Executiva de Big Data e Inteligência Artificial 2022, feita pela NewVantage Partners, mostrou que tornar-se data-driven requer um foco organizacional na mudança cultural. Pelo 4º ano consecutivo, mais de 90% dos executivos apontaram a cultura como maior impedimento para alcançar resultados de negócios. 

“É preciso mudar o mindset. Uma organização data-driven é aquela que aproveita os dados como um ativo, para impulsionar a inovação sustentada e criar insights acionáveis a fim de turbinar a experiência de seus clientes. Pense nisso como tecnologia moderna complementada com uma metodologia moderna”, frisou.

A Amazon orienta que para chegar a uma visão moderna do uso do dado, é preciso trabalhar em ciclos. Primeiramente, definir um caso de uso – o mais palpável –, e a partir daí, comunicar e gerenciar a mudança no ritmo certo, para que todos visualizem aonde querem chegar.

Alguns pontos importantes nesse processo são: buscar o engajamento dos gestores, não apenas o patrocínio; usar os dados para subsidiar as decisões, não para justificá-las; ter os dados como um ativo da organização, não como propriedade departamental; e trabalhar a proficiência em capacidade analítica, e não proporcionar o “letramento de dados”, ou seja, investir na capacidade das pessoas de entender, interpretar e analisar dados de maneira eficaz.

Por fim, Barros deixou uma mensagem de Andy Jassy, CEO da Amazon: “Gostamos de dizer que não existe um algoritmo de compressão para a experiência”. Ou seja, a experiência é a base de tudo, e é a partir dela, com a ajuda dos dados, que seremos guiados e orientados às melhores decisões.

A importância dos gêmeos digitais na personalização da medicina e no futuro da saúde

Colaboração entre países, interoperabilidade, empoderamento e experiência do paciente foram temas abordados por Tobias Zobel, palestrante internacional do FILIS 2023

É fato que o perfil da população mudará em breve e que até 2050 deverá chegar a 10 bilhões. Como consequência desse maior número de pessoas, haverá também um aumento da demanda e saúde de alta qualidade. Por outro lado, ao mesmo tempo, o mundo terá um déficit de 18 milhões de profissionais de saúde até 2030. É exatamente nesse contexto que a automação e a inteligência artificial (IA) tornam-se essenciais para o setor da saúde, sendo inseridas no diagnóstico e no tratamento.

Segundo Tobias Zobel, diretor do Digital Health Innovation Platform (d.hip) e embaixador do Medical Valley – um dos complexos mais ricos para engenharia aplicada à medicina no mundo, localizado na região norte do estado alemão da Bavária -, a automação aumentará continuamente por meio de robôs virtuais e físicos baseados em IA para, desta forma, apoiar os profissionais de saúde e, em última instâncias, os pacientes e indivíduos saudáveis. O executivo foi um dos palestrantes internacionais que participou do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), no dia 31 de agosto, e falou ainda sobre os desafios na saúde no Brasil e na Alemanha e como os países podem colaborar mutuamente para solucioná-los.

Embora na d.hip, que consiste em uma aliança de inovação entre pesquisa industrial, clínica e tecnológica, existam, por exemplo, diversos projetos, que incluem data center de saúde digital e os próprios gêmeos digitais, ainda há muito o que avançar. Também é notável a necessidade de engajar as pessoas na IA. 

“Não sabemos o que vem pela frente, apenas que o resultado será bom. Mas, por hora, o que podemos dizer é que estamos em uma espécie de área cinza e precisamos definir o máximo de padrões possível. Nas legislações existem tópicos que ainda não foram contemplados, é muito parecido aqui no Brasil, onde existem projetos que precisam ser considerados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Governo. É o caso da proteção de dados, que apesar de ser importante, tem o outro lado da equação no sentido do quanto o dado beneficia o diagnóstico? O maior desafio que enfrentamos hoje na Alemanha e que, finalmente, estamos discutindo, está relacionado à identificação dos pacientes”, complementa Zobel.

Gêmeos digitais 

Com relação ao gêmeo digital de saúde, modelo baseado em tecnologia que vincula o mundo real ao digital para tornar os dados em percepções acionáveis, o especialista explicou que existem muitas definições.  Mas, salientou que o digital patient twin aprende e evolui constantemente com uma pessoa para evitar tanto que ela fique doente ou para ajudá-la a recuperar sua condição de saúde o mais rápido possível quando adoecer.

A prevenção, nesse caminho de um gêmeo digital pessoal, é um dos tópicos mais importantes, mas com ela vem o empoderamento do paciente. É preciso garantir que eles compreendam seu estado de saúde e o quanto são responsáveis por ela. Atualmente o princípio está em comparar pacientes com a base toda de dados, identificar semelhanças e diferenças. Porém, a ideia é dar um passo além, coletando dados anteriormente de quando ela ainda é saudável e em seguida olhar para a avaliação do estado de saúde, o risco e criar um plano de prevenção personalizada para que eles possam mudar seu comportamento e detectar precocemente doenças. Trata-se de informações simples, que podem ser extraídas, sem nenhum contato com o paciente. 

“Os dados também podem servir para melhor percepção da situação de saúde. O próprio paciente pode ajudar a fazer monitoramento, olhando para tudo o que impacta em suas vidas. Por isso, os wearables são tão essenciais. E quando chegamos finalmente na etapa da consulta, já conseguimos levar os dados clínicos fornecidos em etapas anteriores em relatório clínico completo, sem perda de nenhuma informação relevante para o diagnóstico e terapia. E quem tem esse dado é o próprio paciente. Um twin digital holístico é o que permite praticar medicina personalizada”, reforça.  

Para Zobel é preciso implementar o máximo de inteligência artificial possível. Exatamente por todas essas questões, ele reforçou a importância da interoperabilidade e da criação de padrões. Porém, enfatizou que, essa, não deve ser uma responsabilidade do Governo.  

“Encabeçar a solução desse desafio é um papel da indústria. A Abramed e outras associações estão fazendo um trabalho excelente neste sentido, e não vemos isso na Alemanha, por exemplo. Mas, se não tivermos esse avanço, não poderemos tirar proveito dos benefícios da IA”, atesta.

Além da criação de um modelo internacional de IA e de parâmetros que norteiam todos os processos desde o processamento até a anonimização, Zobel falou de desafios como integração, normalização e manutenção de dados; implementação nos fluxos de trabalho; acesso dos pacientes aos dados e direito de decidir sobre o uso; considerações regulatórias e interação com outras plataformas e repositórios. Esses, segundo ele, são os pontos que, inclusive, deverão ser olhados pela Anvisa para a regulação desses aspectos. 

“Isso tudo é um grande desafio. Temos que colocar esses pontos em um fluxo de trabalho real nos hospitais, que estão 20 anos atrasados. Em nosso hospital, por exemplo, temos 700 sistemas de TI para extrair dados clínicos de pacientes. E ainda precisamos garantir a proteção e a gestão da informação, bem como o paciente tem que dar consentimento sobre como podemos usar os dados. Esse é um aspecto prévio e primordial nessa discussão toda”, finaliza.

Leaders Connection e Momento Transformação foram as novidades do FILIS 2023

O primeiro focou na conexão entre os participantes do evento, enquanto o segundo foi dedicado a cases de sucesso

Duas novidades marcaram a 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS): o Leaders Connection, períodos de pausa durante a programação do evento focados no networking entre os participantes; e o Momento Transformação, apresentação de cases nacionais e internacionais de inovação na área da Saúde apresentados por grandes players do mercado.

Com a crescente importância da colaboração e da interconexão entre os atores do sistema de saúde, o Leaders Connection se revelou uma iniciativa estratégica e bem-sucedida. Líderes de diferentes áreas tiveram a oportunidade de se reunir informalmente para um momento de verdadeira interação.

O FILIS propicia um ambiente onde profissionais altamente qualificados se congregam para discutir temas essenciais para a sustentabilidade do sistema, como gestão e inovação. “A Abramed preza muito pelo relacionamento, pela troca de boas práticas e pela comunicação entre os diferentes elos da cadeia de saúde. É no momento de intervalo entre as apresentações do FILIS que se torna possível fazer esse networking qualificado com o público”, ressaltou Milva Pagano, diretora-executiva da entidade.

Espaços como esse são essenciais para ampliar horizontes, explorar novas perspectivas e estabelecer conexões que podem impactar positivamente o futuro da saúde no Brasil e no mundo.

Cases de sucesso

Já o Momento Transformação foi dividido em duas apresentações. A primeira com a participação da palestrante internacional Wendi Mader, Vice President Employer da Quest Diagnostics, que abordou gestão e saúde populacional, ressaltando o papel dos insights diagnósticos nos programas de saúde corporativa e como essas informações podem direcionar as pessoas ao cuidado adequado no momento certo, aproveitando soluções tecnológicas inovadoras que aprimorem o acesso ao cuidado.

A segunda apresentação foi do Presidente da Roche Diagnóstica Brasil, Carlos Martins, que expôs o tema “A integração de dados aumenta a eficiência e melhora os cuidados com os pacientes”. Ele mostrou as soluções digitais utilizadas por Unimed Sorocaba, Hospital Israelita Albert Einstein, Grupo Fleury e Ministério da Saúde para integrar seus processos na área de diagnóstico, bem como os resultados obtidos.

Ao destacar casos de inovação na área da saúde, o Momento Transformação buscou inspirar líderes a abraçar mudanças, adotar novas tecnologias e aprimorar suas estratégias, se baseando no que o mercado vem praticando.

“O sucesso do Leaders Connection e do Momento Transformação ressaltaram mais uma vez a importância do FILIS como um espaço crucial para a integração de toda a cadeia da saúde”, finalizou Milva.

Fórum Internacional de Lideranças da Saúde discutiu a importância da integração para o futuro da saúde no Brasil

Evento promovido pela Abramed chegou à sua sétima edição promovendo a interação entre líderes da área. Mauricio Silva Nunes, diretor de desenvolvimento setorial da ANS, fez apresentação na abertura da programação

O 7º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS, que vem se consolidando como uma das principais agendas da Saúde no Brasil, foi realizado no último dia 31 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo (SP). Desde sua primeira edição, tem se confirmado como referência de inovação e troca de experiências entre profissionais da cadeia da saúde. 

Em solenidade de abertura do evento, Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, destacou que a interoperabilidade é um tema central para a Abramed, pois tem foco direto na gestão da saúde do paciente. Opinião compartilhada pelo presidente do Conselho de Administração da entidade, Wilson Shcolnik. Para ele, as empresas de medicina diagnóstica estão integradas a outros segmentos de prestação de serviços e as fronteiras de atuação já não existem mais. 

“Isso nos traz a oportunidade de termos uma jornada mais orientada para os nossos pacientes, lucrando todos, evitando desperdícios e contribuindo com cuidado qualificado da saúde e sustentabilidade do sistema. Temos consciência do momento de transformações intensas vividos pelo sistema de saúde”, afirma o presidente.

Entre as novidades destacada do evento neste ano, houve o “Leaders Connection”, um período de parada na programação, direcionado ao relacionamento e à troca entre os participantes do evento, e o “Momento Transformação”, com apresentação de cases de inovação na área da Saúde.

Apresentação ANS

Em se tratando de desafios do setor, o diretor de desenvolvimento setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Maurício Nunes da Silva, afirma, em 20 anos de atuação na instituição, nunca ter visto um momento tão complexo e desafiador. Ele foi convidado para uma apresentação na abertura da programação do 7º FILIS.

Trazendo um panorama geral sobre o setor de saúde suplementar, o diretor lembra que em 2022 houve um “comportamento atípico” que coloca o segmento em situação de atenção, e para compreender esse movimento é necessário voltar para 2014 quando o setor de saúde suplementar apresentava o maior número de beneficiários em sua história: 50,4 milhões de pessoas em planos médicos hospitalares.

Porém, em razão da crise econômica que o Brasil passou entre os anos de 2015 e 2016, houve uma perda de mais de três milhões de beneficiários: “saindo de 50,4 milhões para pouco mais de 47 milhões”, aponta o diretor de desenvolvimento setorial da ANS. E desde então, esses números se mantiveram em oscilação até próximo do primeiro semestre de 2022, quando aconteceu um crescimento mês a mês. 

A trajetória crescente é interrompida em janeiro de 2023, porém em fevereiro os números de beneficiários voltaram a aumentar e em março alcança a maior quantidade da série histórica: 50,5 milhões e até junho essa constância leva aos 50,8 milhões. Mas, se houve essa melhora quantitativa, o que chama atenção da ANS como comportamento atípico?

Silva explica que junto a trajetória de crescimento de beneficiários houve queda de receita operacional das operadoras de R$ 7 bilhões; um aumento de despesas de aproximadamente R$ 700 milhões. “Essa queda de receita operacional chama a atenção porque no momento de tendência de aumento de beneficiários com queda de receita operacional, isso provavelmente nos mostra que os beneficiários procuram por planos mais baratos”, pondera.

Para a ANS, isso é um sinal de alerta, afinal o setor é de financiamento mutualista: um beneficiário paga anualmente pelo serviço, mas caso não o utilize, outra pessoa com tratamento de alto custo o faz, o que dilui os impactos e despesas. O diretor esclarece que no setor, 70% dos contratos são coletivos empresariais – “com contratos muito grandes ou muito pequenos. Microempreendedor Individual (MEI) se classifica por coletivo empresarial, por exemplo” -, 18% são planos individuais familiares e 12% são coletivos por adesão. 

Valor ao beneficiário

Há mais de 30 anos o bioquímico norte-americano Van Rensselaer Potter (1911-2001) trata do valor que é entregue ao beneficiário, de acordo com Silva. “Ele trouxe um debate nos Estados Unidos sobre a eficiência da utilização do recurso no setor de saúde, que para cada um dólar gasto com saúde o que entregamos de valor não é monetário, mas de resultado da saúde [do paciente]”, explica.

O diretor de desenvolvimento setorial da ANS afirma que até o final de 2023 há a expectativa de aprovar a certificação para a linha oncológica: “Já temos algumas para atenção primária. A oncologia é um grande exemplo. A certificação oncológica força operadoras e prestadores a buscar o melhor do resultado em saúde”.

Há ainda, segundo Silva, outros projetos de indução à qualidade, como o que a ANS chama de “Buscador Qualis”, ferramenta no portal da Agência onde o beneficiário pode pesquisar se um hospital ou prestador ou laboratório é acreditado e o Programa de Qualificação dos Prestadores de Serviços de Saúde (“QUALISS”), de monitoramento da qualidade hospitalar; lançado em 2022, começou com a participação de 133 hospitais – hoje são 176, dos mais diversos perfis, incluindo instituições privadas e Santas Casas. 

Ainda sobre o QUALISS, foram definidos indicadores de qualidade: dados reportados pelos próprios hospitais, que serão divulgados pela ANS. “O mais interessante é que é um programa de adesão voluntária. É a primeira vez na história do Brasil em que teremos indicadores de hospitais. É uma ação inovadora! ”, afirma o diretor. 

Outra meta relativa aos hospitais é a de transferência da rede hospitalar. Por força legal do artigo 17 da Lei 9.656, se define que toda vez que uma operadora de planos de saúde retirar ou substituir hospital, deve-se seguir parâmetros definidos pela ANS. Com essa norma o beneficiário ao contratar determinado plano devido à rede hospitalar, ao ser informado da remoção ou substituição, pode utilizar a portabilidade, indo para o plano que possua aquele determinado hospital, independentemente da faixa de preço. 

Silva explica ainda que junto dessas ações é proposta a possibilidade de que o beneficiário possa levar seu histórico médico para qualquer plano. “Aqui há um grande desafio em migrar dados – claro, respeitando a Lei geral de Proteção de Dados – entre planos e instituições. Mas reduz custos, como a repetição de exames, promovendo sustentabilidade no setor”.

Professor Alberto Duarte é homenageado da 5º edição do Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld

Honraria criada pela Abramed reconhece profissionais e especialistas que promovem desenvolvimento e melhoria da saúde no País

O Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld, homenagem criada pela Abramed, foi entregue ao Professor Doutor Alberto Duarte durante a 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS. Graduado em Medicina pela Universidade de Pernambuco, com doutorado em Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pós-doutorado em Nefrologia da Harvard Medical School, Dr. Duarte conquistou livre-docência no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP) em 1983 e implantou o serviço de imunologia clínica do HC, além de ser responsável pela criação do Laboratório de Investigação Médica também nessa faculdade.

Duarte iniciou seu percurso na FMUSP como Livre Docente e depois tornou-se Professor Titular da Disciplina de Patologia Clínica. Foi diretor da Divisão de Laboratório Central do HC/FMUSP. Possui experiência na área de Imunologia, com ênfase em Imunologia Celular, atuando principalmente nas seguintes linhas de pesquisa: Imunomodulação Experimental, Imunopatologia da Infecção pelo HIV, Imunopatologia das Imunodeficiências Secundárias, Infecciosas ou Metabólicas e Imunopatologia das Infecções Primárias. Durante todo esse período formou 78 mestres e 68 doutores, 16 deles, pós-doutores. Possui mais de 350 artigos científicos publicados.

“Para mim é uma surpresa muito grande essa homenagem e me sinto extremamente honrado, pois quem conheceu Gastão, ter um prêmio com o nome dele é algo muito especial”, disse o professor emocionado.

Ainda de acordo com ele: “tudo o que foi dito sobre mim, jamais pode ser só meu. Porque você não trabalha sozinho! Você trabalha com sua família, mas o que mais me agrada é que tudo o que eu fiz no sentido de treinar e desenvolver pessoas é o que fica. É o que se pode perpetuar e ajudar que isso traga benefícios ao País e ao nosso paciente, que é a nossa meta”. 

Um dos momentos de maior emoção na entrega do Prêmio foi quando Duarte lembrou que teve a “grande honra de orientar” o presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik, em seu doutorado. “Tem umas coisas muito interessantes da vida que quando você se propõe a orientar, mas é o seu aluno que te ensina”. 

Luiz Gastão Rosenfeld

Considerado uma das maiores autoridades em patologia clínica e hematologia do Brasil, o médico Luiz Gastão Rosenfeld foi um dos fundadores do Centro de Hematologia de São Paulo (CHSP) e presidiu a Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH), hoje Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular.

Também foi diretor do laboratório do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, além de ter coordenado o laboratório do Hospital Albert Einstein (HIAE), foi vice-presidente clínico e diretor de Relações Institucionais da DASA e coordenador científico da Câmara Técnica da Abramed.

De acordo com Shcolnik, “o doutor Luiz Gastão Rosenfeld foi um visionário”. Chefiou o laboratório do Hospital Albert Einstein, liderando certificação de qualidade internacional nesse laboratório de forma pioneira.

O prêmio foi criado em 2018 pela Abramed. Entre os homenageados das edições anteriores estão Jarbas Barbosa, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em 2018; Mayana Zatz, bióloga molecular e geneticista, em 2019; Dra. Margareth Dalcolmo, médica pneumologista, professora e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 2021, e o professor Dimas Covas Tadeu, presidente do Instituto Butantan e do Conselho Curador da Fundação Butantan, em 2022.

Insights diagnósticos são fundamentais para mudar o cenário da saúde corporativa, diz palestrante do 7° FILIS

Wendi Mader, da Quest Diagnostics, reforça a importância de acompanhamento e de gestão da saúde populacional nas empresas, e ações que foquem em prevenção para a redução de elevados custos de saúde 

Conhecer a saúde de sua população e trabalhar na prevenção são aspectos que ganham cada vez mais relevância no mercado corporativo. Considerando que qualquer adiamento no cuidado pode impactar não somente quem está negligenciando esse cuidado, como também os empregadores e até o próprio sistema de saúde, estratégias de gestão populacional fazem total diferença nesse contexto.

“Atualmente passamos entre oito e até 12 horas trabalhando. Tudo é sobre trabalho e acontece nesse ambiente. Além disso, não podemos fazer prevenção apenas em casa. Isso precisa ter continuidade”, explicou Wendi Mader, Vice-presidente Employer da Quest Diagnostics, que nos últimos 20 anos, tem atuado com foco em encontrar formas de controlar os custos de saúde e prevenir condições crônicas. 

Mas quais os caminhos a seguir? Foi exatamente visando esclarecer esses aspectos e mostrar a importância dos insights diagnósticos para melhorar a experiência do cuidado, a saúde populacional e reduzir os custos da saúde, que Wendi compartilhou sua experiência com os participantes do 7º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS). Ela foi uma das convidadas do “Momento Transformação”, uma das novidades desta edição, que trouxe para a programação a apresentação de cases de inovação na área da Saúde.

Com o objetivo de melhorar esse cenário, a Quest Diagnostics nos Estados Unidos tem adotado iniciativas para manter as populações saudáveis, mas que podem ser aplicadas em empresas no Brasil e em outros países. A companhia investe anualmente 400 milhões de dólares na saúde dos seus 45 mil colaboradores, o que é de extrema relevância, especialmente pelo tipo de serviço crítico que prestam.

A ideia é melhorar a saúde desde o momento de admissão até a aposentadoria, além de criar produtos que tornam os testes de diagnósticos mais simples. Atualmente são mais de 18 mil clientes e mais de 7 milhões de colaboradores testados. “A saúde e a segurança de um colaborador deve ser um comprometimento a longo prazo e deve considerar as especificidades de cada um deles”, complementa.

Reflexos da pandemia

Segundo Wendi, dados da empresa mostram que houve uma diminuição de 70% no número de idas ao médico durante a pandemia. O cuidado tardio, sem dúvidas, causa impactos a longo prazo, como agravamento dos sintomas, atraso no tratamento, maior estresse com relação à condição de saúde e impactos negativos na longevidade. Cerca de um em cada três pessoas nos 67% com alguma doença crônica disseram ter sua condição de saúde piorada durante a emergência sanitária. No entanto, os colaboradores reconhecem a necessidade de focar em sua saúde e dois a cada cinco têm a preocupação de ter alguma condição desconhecida. 

“Será que as pessoas sabem o que acontece em seu corpo? Será que elas relatam tudo o que têm com veracidade. 59% dos colaboradores com níveis de colesterol alto, por exemplo, não sabem que possuem essa condição crônica”, provoca a executiva. 

Por outro lado, os elevados custos que a falta de prevenção pode gerar também são pontos de atenção, que foram também salientados por Wendi. Nos Estados Unidos, por exemplo, um paciente com doença crônica custa em média 125 mil dólares. “Um caso somente basta para causar um desequilíbrio financeiro”, enfatiza. 

A Quest Diagnostics é especialista em dados clínicos e diagnósticos e oferece soluções que garantem às pessoas não apenas o acesso a testes onde quer que estejam, mas também a compreensão dos resultados deles. O objetivo é capacitar as pessoas a entenderem melhor seu estado de saúde, permitindo que elas se tornem consumidores mais informados e alcancem uma melhor gestão de sua saúde. Um desses produtos é o Blueprint Welness que ajuda a ter uma visão real dos dados e não suposições e já realizou a triagem de mais de três milhões de colaboradores no mundo. 

O objetivo é mudar o cenário atual, educar os colaboradores, dar acesso à assistência médica e colocá-los na trajetória correta do seu cuidado. “Temos que pensar diferente a respeito de como usamos a tecnologia. Podemos levar os profissionais da saúde para cada paciente. E não podemos nos esquecer também da saúde mental. Pessoas estão estressadas e tudo bem. A questão é que podemos ajudá-los. Ao final, o objetivo é alcançar uma saúde mais igualitária e reduzir os custos com ela”, finaliza.

Casos de covid-19 mais que dobram em laboratórios privados, segundo Abramed

A positividade passou de 6,3%, na semana de 27 de julho a 4 de agosto, para 13,8%, na semana de 12 a 18 de agosto

A taxa de positividade dos exames de covid-19 realizados em laboratórios e clínicas privadas do Brasil mais do que dobrou nas últimas três semanas. O índice, que ficou em 6,3% na semana de 29 de julho a 4 de agosto, subiu para 13,8% na semana de 12 a 18 de agosto, ou seja, cresceu 7,5 pontos percentuais. Os dados são das empresas participantes da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que representam 65% do volume de exames realizados pela saúde suplementar no país.

Em relação ao número de exames de covid-19 realizados de 29 de julho a 4 de agosto comparado à semana de 12 a 18 de agosto, o aumento foi de 13,7%, passando de 5.383 para 6.124 exames.

Caso a comparação seja com a semana imediatamente anterior, de 5 a 11 de agosto, o aumento foi de 10,8% no número de exames (de 5.526 para 6.124) e de 5,8 pontos percentuais na positividade (de 8% para 13,8%), em relação ao período de 12 a 18 de agosto. Há semanas que registram aumento do número de exames, sem que isso indique uma nova onda. Por exemplo, em junho, foi registrado um aumento da primeira para a segunda semana de 6% no número de exames realizados. E, na semana subsequente, voltou a cair.

Desde o começo de 2023, a maior taxa de positividade em exames de covid-19 foi registrada na semana de 4 a 10 de março: 22,7%. A partir daí, essa porcentagem foi diminuindo, assim como o total de exames realizados. Na semana de 29 de abril a 5 de maio, o índice de positividade  chegou a um dígito: 8,8%. Só agora na semana de 12 a 18 de agosto passou para dois dígitos: 13,8%. O índice mais baixo de positividade registrada no ano foi na semana de 24 a 30 de junho: 3,5%.