Value-Based Healthcare na medicina diagnóstica em pauta

União entre players em prol de mais valor e menos gasto em medicina foi unanimidade na discussão que ocorreu no HIS 2018

21 de Setembro de 2018

Aconteceu nos dias 19 e 20 de setembro mais uma edição do Healthcare Innovation Show (HIS). O evento, promovido pela unidade de negócios Healthcare da UBM Brazil trouxe dezenas de palestras, oferecidas por profissionais de renome nacional e internacional, tratando dos mais atuais assuntos inerentes ao setor de saúde.

Entre eles, estava o Value-Based Healthcare (VBHC), o conceito de mudança de mercado para os cuidados baseados em valor que se torna cada vez mais inevitável nos Estados Unidos e vem emergindo como uma saída para lidar com o aumento dos custos de cuidados de saúde no Brasil.

Em modelos baseados em valor, os médicos e hospitais são pagos para ajudar e melhorar a saúde das pessoas que apresentam doenças crônicas com uma abordagem baseada em evidências.

De acordo com o Dr. Michael E. Porter, autor do livro Redefining Health Care: Creating Value-Based Competition on Results, alcançar valor elevado para os pacientes deve tornar-se a meta primordial da prestação de cuidados de saúde, ou seja, se o valor melhorar, os pacientes, os provedores e os fornecedores podem se beneficiar, enquanto a sustentabilidade do sistema de saúde aumenta.

O objetivo é reduzir os custos dos cuidados de saúde e melhorar a qualidade e os resultados. Como o valor depende dos resultados, não dos insumos, o cuidado de saúde passa a ser medido pelos resultados alcançados, e não pela quantidade, ou volume de serviços prestados, e mudar a atenção do volume para o valor é um desafio central.

A mudança se afasta completamente do modelo de reembolso; em vez disso, será sobre os custos e resultados dos pacientes, que visam a recuperações mais rápidas, redução de taxas de infecções, menos readmissões, ou seja, tudo baseado no valor percebido.

Como a medicina opera em um ambiente em rápida evolução, os sistemas de cuidado de saúde devem adotar a redução dos custos sem comprometer a qualidade dos resultados.

Alguns gestores apresentam resistência em relação à possibilidade de migrar para VBHC, visto que o nível de investimento financeiro (FFS) é significativo/considerável, bem como a atual estrutura de pagamento e taxa de serviço ainda é rentável. Entretanto, algumas instituições estão se preparando ativamente para a transição; sendo assim, entender esse modelo de trabalho é o primeiro passo.

O VBHC específico na medicina diagnóstica foi um dos temas discutidos no HIS, em palestra durante o summit dedicado ao segmento, que trouxe a presidente da Abramed, Claudia Cohn; a diretora executiva da Anahp, Martha Oliveira; o superintendente geral da Unimed Porto Alegre, Dr. Flávio da Costa Vieira; e o secretário do Ministério da Saúde, Francisco Figueiredo, moderados pela jornalista Camila Galvez para tratar o assunto.

Em sua fala, Claudia Cohn colocou a vertical da mudança de remuneração como uma das mais importantes do conceito de VBHC. “Não se deve incentivar através do volume, e sim através de um desfecho bem feito”, iniciou, classificando a vertical da educação médica como importante: “Quanto mais respaldado o médico estiver, com protocolos, com interoperabilidade, tendo acesso aos dados anteriores do paciente, mais efetivos seremos”, disse. A presidente da Abramed citou como grande o desafio amadurecer o setor em seu todo para que se entenda que a receita não é o que trará diferença. “É importante saber que o desprendimento precisa existir e que isso é um benefício para todos. As pequenas iniciativas talvez tragam um modelo que podemos seguir juntos para termos oportunidade de futuro”, concluiu.

Martha, da Anahp, seguiu a mesma linha, adicionando a importância da mudança de cultura que se faz necessária, principalmente sobre hospitais e prestadoras de serviço. “Estamos em um processo e até a forma como nos posicionamos é importante para termos o tema valor no centro”, disse, além de afirmar que não pode haver segregação entre os atores. A representante dos hospitais privados adicionou que o conceito precisa ser mais bem definido. “Hoje falamos muito de valor, em vários eventos, mas será que o que é valor pra mim é o mesmo valor para o outro? Precisamos definir é o que é esse valor que tanto falamos e depois trazer o paciente para o centro.”

O representante da Unimed, Flávio da Costa Vieira, também ressaltou a necessidade da integração do sistema, já que o dado é fundamental para se conseguir fazer o modelo por performance. “O nosso modelo de remuneração está errado, e precisamos também, cada vez mais, trazer todos os agentes envolvidos para a mesa.” Para Vieira, muito precisa mudar no mindset de operadores, prestadores, usuários e médicos. Ele abordou ainda a questão da cultura do próprio paciente, que “não se considera bem-atendido se não sair com pedidos de exame. Além disso, os médicos não são preparados dentro das universidades para ter uma relação mais direta com a solicitação de exames”, afirmou, frisando a formação deficiente do profissional médico no que diz respeito à medicina diagnóstica. Para ele, essa discussão tem que ser levada também para os bancos da academia.

Quando indagado sobre os desafios da remuneração na saúde pública, principalmente no tocante aos relativos à tabela SUS, o representante do Ministério da Saúde, Francisco Figueiredo, falou da grandeza do sistema e do amplo número de pessoas dependentes dele. “Nós temos hoje no ministério 43 mil unidades básicas de saúde que não têm uma visão logística”, disse. “Temos exemplos de um hospital onde estamos fazendo vários diagnósticos. Um exame de urgência que demora duas horas e meia para ficar pronto passou para uma espera de apenas quarenta minutos. Com isso, o tempo de permanência na urgência, que era de seis horas, caiu para uma hora e quarenta”, exemplificou.

“No que diz respeito à remuneração, nós sabemos que o SUS tem que ser repensado, mas a tabela a todo momento citada é somente parte do movimento de remuneração”, disse, salientando – em uníssono com os outros participantes – que todos os players precisam estar juntos.

Também em consonância com o que já havia sido falado pelo setor privado, Figueiredo concordou com a necessidade de implementação da digitalização de dados: “Nós precisamos informatizar as unidades básicas de saúde”, afirmou. “Essa é uma grande necessidade, pois o ministério tem que saber o que acontece em cada canto desse país.”

Para Cláudia, da Abramed, Francisco tocou em um ponto crucial ao abordar a universalidade do sistema de saúde e a pluralidade da população atendida. “Quando falamos de modelo de remuneração, temos que entender que as políticas ou definições de prestação de serviço ou de prescrição devem levar em consideração cada realidade. O que para uma população distante e o que é para quem está na capital precisa ser feito, por exemplo”, afirmou, dando como exemplo um mutirão de mamografia feito em um local afastado que detectou precocemente um grande número de cânceres de mama. “Quando falamos de uma população que não tem acesso e que precisa fazer um trabalho de screnning estamos falando de um outro tipo de política.”

“Quando falamos em performance, temos que saber para quem estamos voltando essa política e essa prestação de serviço”, pontuou, asseverando que vê um amadurecimento do setor e que as definições precisam ocorrer independentemente de qualquer governo.

O presidente do Conselho da Abramed elencou outro ponto importante ao levantar o assunto compliance. “Focamos na Associação no tema ética, trabalhando para que todos os associados definitivamente adotassem uma conduta adequada, não aceitando nenhum tipo de incentivo”, contou. “Esse é o ponto mais importante e vem antes de qualquer outro, que vem da condição e do valor que a gente pode impor para o sistema, com o paciente no centro dessa questão.”

Mais sobre o HIS

O HIS também ofereceu, pela primeira vez, um recurso dentro do aplicativo do evento para marcar reuniões de negócios entre expositores e participantes com interesses em comum. A plataforma, disponibilizada de forma gratuita para download no Google Play e na App Store, gerou diversos encontros na Meeting Arena, a qual foi pensada especificamente para este fim. Além disso, o evento também realizou as premiações “Referências da Saúde”, patrocinada pela Hermes Pardini, e “GPTW – Saúde”, patrocinada pelo Sesc, para reconhecer as empresas de destaque do setor em diversas categorias, como gestão administrativo-financeira e governança corporativa, além das 90 melhores companhias para se trabalhar escolhidas neste ano.

Para o próximo ano, Rodrigo Moreira, diretor de Estratégia do portfólio de saúde da UBM Brazil, afirma que a expectativa é continuar com o crescimento expressivo do evento, “agregando ainda mais conhecimento para o público de altíssimo nível que atendemos e que tem um perfil muito forte de geração de impacto. A temática de tecnologia e inovação é um vetor de desenvolvimento setorial muito importante, e nós percebemos um incremento na maturidade do segmento para discutir essas questões. Este ano é de muita relevância porque o evento entra de fato no calendário do mercado de saúde”, finaliza.

Claudia Cohn debaterá ética em fórum promovido pela SBPC

Discussão faz parte da programação do 52º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, que ocorrerá em Florianópolis a partir de 25 de setembro

17 de setembro de 2018

A Abramed – Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica participará, entre os dias 25 e 28 de setembro, do 52º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, promovido pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial (SBPC/ML). A presidente da entidade, Claudia Cohn, compõe a lista de debatedores do Fórum “Ética em Medicina Diagnóstica”, que encerra o evento e será mediado pelo presidente da SBPC/ML, Wilson Shcolnik.

Os palestrantes do Fórum serão o procurador da República e coordenador da Operação Lava-Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol; e o promotor de Justiça em São Paulo e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu. Além de Claudia, estarão debatendo Roberto Luiz D’Avilla, ex-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM); Ademar José de Oliveira Paes Jr, presidente da Associação Catarinense de Medicina (ACM) e Conselheiro da Abramed; Luiz Fernando Barcelos, presidente da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC); e Carlos Eduardo Gouvêa, diretor Executivo do Instituto Ética Saúde (IES).

“A crise pela qual passa o nosso país não é só econômica, política e administrativa, mas também de valores éticos e morais”, afirma Claudia. “Na Abramed, temos um Comitê de Ética e um Código de Conduta, que norteiam as melhores práticas no nosso setor. Disseminamos ideias, valores e padrões e somos comprometidos com questões éticas de todos os relacionamentos envolvidos na cadeia da saúde”, diz a presidente da Abramed.

Para Shcolnik, ética é um tema que deve sempre orientar as ações das pessoas, tanto profissional, quanto cidadão. “Nos dias atuais, ela ganha uma importância ainda maior devido à realidade que vemos em nosso país, que afeta a todos. Como sociedade médica e científica em medicina diagnóstica, a SBPC/ML entende a importância de debatê-la neste setor da Saúde tão importante para a população e para o Brasil. É o momento de discutirmos e encararmos de frente algumas práticas existentes em nossa área”, ressalta, acrescentando que os convidados são nomes de destaque em sua área de atuação. “Tenho certeza que esse fórum vai ficar na história dos congressos da SBPC/ML”, conclui.

Ele ressalta ainda que a presença da Abramed no evento é de grande contribuição para o debate consciente sobre a medicina diagnóstica. “A Associação não poderia ficar de fora desse fórum, pois tem muita experiência sólida de compliance em medicina diagnóstica. Esperamos aprender muito juntos”, finaliza.

A Abramed também terá um estande no evento, que servirá como ponto de encontro e apoio para associados e convidados.

Abramed tem novos conselheiros

Lídia Abdalla e Ademar José de Oliveira Paes Júnior foram eleitos para Conselho Deliberativo

A Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) acaba de eleger dois nomes para  seu Conselho Deliberativo:Ademar José de Oliveira Paes Junior e Lídia Abdalla.

Lídia é presidente do Laboratório Sabin e faz parte da formação da Abramed. Formada em farmácia-bioquímica pela Universidade Federal de Ouro Preto, ela conta com quase duas décadas de experiência em análises clínicas. Sua expertise em exames e gestão administrativa contribuem com os avanços da medicina diagnóstica no Brasil.

“Participar do Conselho tem um significado muito grande pra mim, pois quando pensamos nos desafios do setor, unir forças e ideias é o caminho para contribuir mais com a saúde no Brasil”, diz.

Graduado em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pela Universidade Federal de Santa Catarina, Dr. Ademar é presidente da Associação Catarinense de Medicina (ACM), atual radiologista na Clínica Imagem e vem de uma longa carreira a excelência no conhecimento em radiologia e diagnóstico por imagem. “Fiquei extremamente feliz com o voto de confiança que me foi dado para compor esse Conselho, que é o responsável por toda estratégia de fortalecimento do setor”, comenta. “Estou extremamente animado e com bastante empolgação para poder trabalhar e contribuir com essas ações que estamos planejando agora para 2018 e 2019.”

Fica a composição do Conselho Deliberativo: Cláudia Cohn, Conrado Cavalcanti, Ademar José de Oliveira Paes Junior, Eliézer Silva, Fernando Lopes Alberto, Leandro Figueira e Lídia Abdalla. Os membros do Conselho são os responsáveis pelo cumprimento de todas as diretrizes e políticas estabelecidas pela Associação.

Por que Abramed? – Lídia Abdalla enfatiza representatividade da Abramed no setor de diagnóstico

Confira a entrevista com a executiva que atua como CEO do Grupo Sabin e é membro do conselho deliberativo da Associação

Setembro de 2018

Bioquímica mineira formada pela Universidade Federal de Ouro Preto, Lídia Abdalla preside o Grupo Sabin e, junto a outros grandes líderes da saúde brasileira, foi uma das responsáveis pela consolidação da Abramed como entidade associativa. Membro do conselho deliberativo da Associação, ela, que é mestre em Ciências da Saúde, fala sobre a responsabilidade da Abramed no desenvolvimento da medicina diagnóstica e enfatiza a importância da diversidade para transformar todos os pleitos do setor em vitórias.

Abramed em Foco: Por que o setor sentiu necessidade de se unir?

Lídia Abdalla: A grande motivação veio da percepção de que o setor tinha muitos desafios. Notamos que por mais que uma empresa pudesse buscar soluções sozinha, a união de empresas de diferentes portes, características e ideias nos daria muito mais clareza sobre o que era relevante para o setor como um todo. Em um grupo de líderes que já integravam o cenário de saúde e medicina diagnóstica no Brasil, conseguimos entender que as conversas e discussões são sempre importantes para traçar o melhor caminho para o nosso próprio desenvolvimento.

Abramed em Foco: Como enxerga, hoje, a Abramed e sua importância no setor?

Lídia Abdalla: A Abramed se tornou, mesmo em pouco tempo, uma entidade muito representativa para a conquista de um setor de medicina diagnóstica mais forte. Compilando mais de 50% do volume de exames realizados no Brasil, acumula histórias positivas sobre a união de empresas que entenderam que trabalhar para melhorar a assistência ao paciente estava acima de tudo, inclusive da concorrência. Vemos muitas realizações e conquistas, mas sabemos que ainda temos muito a realizar. Posso dizer que a Abramed é um pré-adolescente com a robustez de um adulto.

Abramed em Foco: Em quase uma década de atuação, consegue apontar quais foram as principais vitórias da Abramed?

Lídia Abdalla: Foram várias conquistas, principalmente na interlocução com órgãos reguladores como a Anvisa, a Vigilância Sanitária e a ANS. Isso sem falar na proximidade com conselhos de classe como, por exemplo, o CFM. Conseguimos abrir esse caminho transparente e importante, nos apresentando como representantes do setor e – mais importante – sendo ouvidos. Essa é a grande conquista da Abramed nesses anos. Ter voz dentro do setor de medicina diagnóstica para abordar todas as questões que nos afetam diretamente. Temos participado de decisões importantes e somos sempre muito bem recebidos por todos.

Abramed em Foco: Quais são, hoje, os maiores desafios que a Abramed enfrenta para melhorar o desempenho das empresas brasileiras de medicina diagnóstica?

Lídia Abdalla: O grande desafio é conseguir fortalecer cada vez mais essa relação de transparência com todos os atores da saúde, que é um dos setores com maior impacto na vida da população. Dentro desse cenário, nosso segmento tem papel fundamental, visto que mais de 70% das decisões clínicas brasileiras passam pela medicina diagnóstica. Acredito que um dos grandes desafios da Associação é ampliar a representatividade aumentando a diversidade. Hoje temos todos os grandes grupos como associados, mas o futuro da Abramed é buscar cada vez mais novos parceiros para expandir a representação de diferentes regiões do Brasil. Somente assim conseguiremos uma reunião real do que é o nosso setor de saúde.

Abramed em Foco: O que o Grupo Sabin espera da Abramed?

Lídia Abdalla: O Sabin é, hoje, uma empresa nacional presente em várias regiões do Brasil, país continental com inúmeras diferenças e desigualdades. Para nós, ter o suporte da Abramed é importante para compartilharmos o que encontramos pelo caminho, principalmente nesse momento de expansão geográfica acelerada que o grupo vivencia e, durante o qual, nos deparamos com desafios regulatórios. Acredito que a Associação oferta não só apoio, mas segurança por representar, de forma assertiva e transparente, tudo o que o setor de medicina diagnóstica precisa para melhorar a assistência ao paciente.

Abramed em Foco: Por que as empresas do setor devem se associar à Abramed?

Lídia Abdalla: A associada ganha, acima de tudo, pelas experiências compartilhadas, além de contribuir com o fortalecimento do setor e estar próximo às decisões que são tomadas pelos órgãos regulatórios e entidades que definem as regras que regem o presente – e desenham o futuro – da medicina diagnóstica brasileira. É muito proveitoso poder acompanhar todo o movimento da saúde, adquirindo conhecimento e vendo mais de perto todos os desafios que são enfrentados. A Abramed está sendo ouvida e trabalha para mostrar a qualidade dos serviços que são prestados enfatizando, sempre, a importância do investimento em qualificação e excelência para um bom atendimento aos cidadãos brasileiros.

Abramed em Foco: Então a Abramed está aberta a todos os serviços, independentemente de seu porte ou região?

Lídia Abdalla: Com certeza. O que a Abramed vem discutindo ao longo dos anos diz respeito tanto aos grandes grupos quanto aos serviços menores que são oferecidos pelo vasto território brasileiro. O Sabin, por exemplo, é um grupo grande, mas por atuar em várias localizações do país, enfrenta também os desafios dos laboratórios menores. E a Abramed tem contribuído grandiosamente para nossa atuação nessas instalações mais distantes. A Associação tem grande relevância tanto para os serviços maiores quanto para os menores. Já vimos casos em que uma situação ocorrida em uma região interiorana acaba transportada e replicada em outras localizações.

Tendo uma visão de negócios, contar com uma associação que além de representar a atual situação do setor, está atenta ao futuro é o que garante a sustentabilidade e a entrega de valor e qualidade ao paciente. Investimos, inclusive, em uma redução de valores para facilitar o acesso dos serviços menores. Hoje, é importante reforçar, qualquer serviço que atenda aos critérios de qualidade impostos, pode se associar e terá um valor de mensalidade condizente com o seu faturamento. Porém, o peso do voto é igual para todos. Isso é o que a Abramed faz para investir na diversidade e representar, de forma real e transparente, todos os serviços de medicina diagnóstica do Brasil.

Desafios da saúde atual e o que podemos mudar

Setembro de 2018

A saúde no Brasil e no mundo tem desafios tão relevantes que muitos gestores e líderes influentes concentram sua atenção no gerenciamento dos recursos imediatos para prover a continuidade das empresas e cumprimento das obrigações do sistema.

Se a discussão estiver focada no recurso financeiro ou na sua falta, não evoluiremos e nem traremos a transformação como ferramenta de melhoria do sistema. Com força de tsunami, a inovação tecnológica está avançando, mas o uso adequado, por consenso e entendimento da melhor racionalidade do uso pelo sistema, não!

Hoje, as palavras que aparecem em fóruns sobre o sistema são doença, legislação, regulação, fraude, confiança, população, longevidade, modelo, incorporação tecnológica e custos. Afinal, quando conseguiremos realmente ter foco sob todos os aspectos das intensas mudanças que vêm chegando com o desenvolvimento tecnológico para um futuro promissor da saúde no Brasil? Enquanto pensamos em uso racional dos recursos, os próprios recursos estão mudando.

Novos medicamentos, tratamentos, dispositivos e meios de comunicação impulsionarão a inovação e, novamente, os fatores humanos continuarão sendo uma das limitações ​​dos avanços. Viajemos numa reflexão que não se limite a “se usar será mais caro”, mas mergulhemos em exemplos de fragmentos sobre o futuro, buscando insumo para termos a clareza sobre como chegar onde realmente queremos ir e para onde o mundo vai, inevitavelmente, com ou sem cada um de nós. Para isso, gostaria de trazer nesta reflexão alguns desses fragmentos:

1 – Desafio dos Dados
Os pacientes geram enormes quantidades de informações. Substituir o papel por resumos informatizados torna o atendimento mais fácil e eficiente. No futuro, essa quantidade aumentará dramaticamente devido à genômica e à medicina personalizada.

Logo, mais informações estarão disponíveis, quase que sem condições de tê-las em papel. Se os computadores coletam dados sobre doenças, tratamentos e resultados, obtém-se automaticamente informações valiosas sobre tratamentos, efeitos colaterais e características de cada paciente. Uma vez que as mínimas infraestruturas foram configuradas, o custo incremental de adicionar um novo paciente será baixo, e essa economia de escala conduzirá a outros desenvolvimentos adicionais. Os epidemiologistas se beneficiarão enormemente, mas os benefícios aos indivíduos são menos óbvios, e virão no longo prazo.

Uma tendência tecnológica desejável, então, deve ser a garantia de que os dados permaneçam acessíveis e utilizáveis ​​em longos períodos de tempo, de forma isenta e acessível, e com autorização de cada indivíduo, permeando a prevenção, promoção, recuperação e reabilitação, de forma transparente e sigilosa, mas com informações geradas para benefício do sistema.

2 – Doenças raras/especiais
Nos últimos anos, a indústria farmacêutica colocou ênfase nas doenças crônicas e síndromes que afetam menor número de pessoas. Atualmente, 42% das drogas nos estágios finais da aprovação da FDA são medicamentos especiais para estas doenças. A despesa neste nicho aumenta ano a ano e é esperado chegar a números insustentáveis.

De acordo com dados da Interfarma , há 13 milhões de pessoas com doenças raras no Brasil. Embora essas doenças afetem menor parcela da população, espera-se que esses pacientes representem 50% das despesas com medicamentos até 2025. Isso pode afetar qualquer pessoa no setor de saúde e é relevante para financiadores, prestadores de serviços, profissionais de saúde. Vamos refletir, pois a maioria está fora do sistema, muitas vezes sem acesso. Como vamos lidar com esta realidade?

3 – Genética: A tecnologia chega mais perto de curar a doença
Nós estamos frente a um grande avanço na engenharia molecular e da terapia de genes. As tecnologias podem ajudar a eliminar doenças como fibrose cística, distrofia muscular e muitas outras. Também fez grandes avanços no tratamento do câncer por meio da programação celular para atacar células tumorais.

Com notícias de erradicação potencial de doenças tão terríveis, é um momento emocionante para fazer parte do setor de saúde. Porém, precisamos planejar para que seja racional, para que estejam todas as forças e players sintonizados em como será este avanço no sentido regulatório, ético, de financiamento, para um futuro com grandes resultados. O fato é: já é realidade. Não é ficção.

4 – Telemedicina
Espera-se que o campo de serviços de telemedicina cresça exponencialmente. Essa é a mudança mais promissora para os cuidados de saúde em décadas, porque pode ajudar pessoas que não conseguem chegar ao consultório médico. Uma vez que ele alcance seu potencial, ampliará horizontes de populações para acesso e capilaridade jamais imaginadas por sistemas, otimização de tempo e recursos. Será que não poderíamos, com quem define regras, formatar um plano de ação? Todos os cuidados com fraude e ética devem ter o que citei no início: o paciente, a população como centro no planejamento deste futuro.

5 – Implantes, Orteses, Próteses
A discussão sobre este tema gira em torno da ética e da real necessidade. Deve ser aprofundada e sempre focada no paciente. E para colaborar com a busca da eficiência, as impressoras 3D são pura realidade. São capazes de fazer objetos de qualquer forma, em grandes quantidades e com custos menores, mas o mais importante é saber quando usar. Em nossa reflexão, vamos aproveitar para avaliar como tornar racional, ético e personalizado quando necessário.

6 – Dispositivos: do diagnóstico ao tratamento, quando usar?
O paciente que gosta de tecnologia quer acompanhar e ter controle. Sensores de saúde podem ser facilmente comprados na internet e é simples para especialistas construírem equipamentos sofisticados para coletar e analisar dados pessoais ou clínicos usando seus próprios computadores.

E não são feitos apenas para as pessoas com doenças, mas as que querem liderar estilos de vida mais saudáveis. Se eles contribuem para dados agregados, estão contribuindo para a saúde dos cidadãos. Na sua forma mais simples, eles estariam construindo bases em que outras pessoas podem encontrar suas condições médicas semelhantes, e, portanto, descobrir comunidades de apoio. Esta prática não se restringe aos pacientes: um médico já pode acoplar seus dispositivos com acessórios médicos para o smartphone.

7 – Mídias sociais e saúde
Novas tecnologias terão implicações éticas difíceis de antecipar. Num mundo preocupado com segurança é inevitável que as tecnologias, mesmo nos cuidados de saúde, estejam alinhadas com as prioridades nacionais. Por exemplo, tomar impressões digitais dos pacientes e outros identificadores biomédicos será mais fácil; porém a noção atual de confidencialidade do paciente será corroída de uma maneira que será impossível para os clínicos controlarem.

Hoje, podemos pensar que isso seria censurável, mas é salutar lembrar que divulgamos todos os tipos de informações pessoais com o uso de celulares, cartões de crédito e da internet. Ao considerar tendências de cuidados de saúde, podemos esperar compromissos semelhantes. Parece que a perda de nossas identidades é um preço trivial a pagar.

Com a evolução constante da tecnologia, há muitos futuros a serem planejados. Assim que chegarmos ao nosso futuro, haverá outro – e estaremos sempre vendo soluções parcialmente concluídas substituídas por ideias ainda melhores.

Para o futuro previsível, teremos que viver com tecnologias fragmentadas e parcialmente funcionais.

Claudia Cohn
Presidente do Conselho da ABRAMED – Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica / Diretora Adjunta do Com Saúde da FIESP

Jarbas Barbosa, da OPAS, recebe Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld

Médico brasileiro foi homenageado durante 3º FILIS

03 de Setembro de 2018

Criado pela Abramed para reconhecer profissionais que fomentam o desenvolvimento e a melhoria da saúde no Brasil, o Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld homenageou, durante a terceira edição do FILIS – Fórum Internacional de Lideranças da Saúde, Jarbas Barbosa, subdiretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas.

Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed, apresentou a premiação e declarou: “A escolha foi árdua, mas chegamos a um consenso de homenagear Barbosa, uma figura muito bem vista e quista por toda a cadeia de saúde”. A entrega foi realizada por Francisco Balestrin, presidente da International Hospital Federation (IHF), e por familiares de Rosenfeld.

Com trajetória marcante, Barbosa assumiu em julho deste ano o posto de subdiretor da OPAS tornando-se responsável por supervisionar os programas de cooperação técnica fornecidos pela organização aos 35 Estados Membros. O profissional também atuou, ao longo de sua carreira, como diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

O Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld presta uma homenagem a este renomado profissional do setor que faleceu em março após décadas de empenho em tornar o segmento de diagnóstico mais unido. Médico hematologista e patologista clínico, Luiz Gastão Rosenfeld foi membro da Câmara Técnica da Abramed, além de diretor de Relações Institucionais do DASA e conselheiro do Hospital Israelita Albert Einstein.

“Reconhecer o legado de Rosenfeld é mais do que uma obrigação. Se a Abramed existe e está consolidada, devemos muito a ele que enxergou a necessidade de o setor de medicina diagnóstica ser uníssono, provocando todos os atores a trabalharem em conjunto”, comentou Priscilla.

Para Balestrin, amigo de Rosenfeld, “se hoje estamos nesse patamar da indústria de diagnóstico devemos grande parte a ele, um homem verdadeiro, que tinha convicção de suas razões e compromisso inquebrantável com a verdade”.

Com interação da plateia, FILIS debate sustentabilidade do setor

Por meio de plataforma virtual, participantes responderam a questões sobre verticalização, modelos de remuneração e inserção de inteligência artificial

03 de Setembro de 2018

A participação ativa da plateia foi um dos grandes destaques do 3º FILIS – Fórum Internacional de Lideranças da Saúde. Durante sessões interativas, todos os participantes foram convidados a responder, em uma plataforma virtual, a perguntas sobre alguns dos temas mais atuais do setor de saúde. Após centenas de participações, as respostas foram debatidas por quatro especialistas: Ademar José de Oliveira Paes Jr, presidente da Associação Catarinense de Medicina (ACM); Carlos Senne, presidente da Senne Liquor; Eliezer Silva, diretor de medicina diagnóstica do Hospital Israelita Albert Einstein; e Leandro Figueira, diretor de relacionamento da Alliar Médicos à Frente.

Metade dos participantes que responderam à sessão interativa pertenciam ao setor de medicina diagnóstica e a outra metade estava dividida entre membros de hospitais, de operadoras de saúde, ou atuantes diretos no setor de equipamentos médicos ou suprimentos para análise clínica.

Muitas questões estavam direcionadas à necessidade de investimentos na sustentabilidade do sistema de saúde, ponto que 66% dos participantes concordaram ser de responsabilidade de todos os players de forma igualitária.

A primeira pergunta feita ao público dizia respeito ao conhecimento sobre as expressões “underuse” e “overuse”, tema que tem sido foco de muitas discussões no setor. Com 71% dos participantes mostrando entendimento sobre o que esses termos representam, o assunto mereceu uma explicação histórica por parte de Leandro, que reforçou que em meados da década de 1980, as consultas médicas foram encurtadas e, como consequência, a responsabilidade da anamnese e do exame físico completo acabou sendo dividida entre o médico e os exames laboratoriais, o que aumentou a quantidade de solicitações por exames nesse primeiro contato com o paciente. “Existe a oportunidade de racionalização de custos, mas para isso é preciso mudar essa cultura, senão passaremos os próximos dez anos debatendo o mesmo assunto”, declarou.

Ainda em busca de soluções para melhorar a saúde brasileira, o time de especialistas observou que a grande maioria dos presentes planeja mudanças nos modelos de remuneração, visto que 56% já implementaram novos modelos e estão avaliando os resultados, 20% já confirmaram a obtenção de resultados positivos e apenas 3% disseram ter obtido resultados negativos. Nesse ponto, Eliezer fez um alerta importante de que é preciso pensar na sustentabilidade da saúde como um todo, e não apenas de um único segmento: “O que preocupa é que diferentes organizações buscam, na sustentabilidade, melhorias para seu setor e não para a sociedade”.

Complementando o raciocínio, Ademar declarou que a adoção de novos modelos de remuneração requer controle de acessos e análise de dados para que as negociações sejam claras. “Nossa qualidade não pode ser avaliada por quem faz o pagamento, e isso é muito importante”.

Tendo como um dos fundamentos de uma boa gestão a previsibilidade de custos, Leandro mostrou-se totalmente favorável à verticalização, processo que, segundo ele, além de maior previsibilidade, gera melhor gerenciamento de filas e garantias de acesso em estruturas inteligentes com expertise na entrega. Porém o tema mostrou-se ainda dúbio para grande parte dos presentes, visto que 37% dos participantes que responderam à enquete afirmaram não trabalhar com serviços verticalizados mesmo acreditando que essa é uma solução interessante, enquanto outros 26% disseram não ter opinião formada sobre o assunto.

Paralelamente à verticalização de muitas operadoras, algumas empresas vêm contratando prestadores de serviços de saúde de forma direta, sem a intermediação dos planos. A plateia também se mostrou dividida sobre este assunto. A maioria acredita que essa é uma tendência irreversível, porém 39% apostam que ainda não estamos preparados para prestar esses serviços enquanto 31% acreditam que já estamos preparados.

Para os debatedores que conduziram a sessão, ainda há dúvidas sobre como o processo se dará daqui para frente. “Quem conseguir gerenciar o ciclo completo do tratamento utilizando melhor os recursos disponíveis, entregará o melhor resultado”, declarou Eliezer. “O sistema precisa de uma adequação e se faremos isso com ou sem intermediários dependerá, exclusivamente, da atuação desses intermediários”, complementou Leandro.

Diante de uma busca incansável por sustentabilidade, também existe o debate sobre os avanços tecnológicos que modificam a dinâmica do setor. Quando o assunto abordado foi inteligência artificial, 51% dos participantes disseram confiar em laudos feitos por inteligência artificial pois esse é o caminho do futuro. Ao mesmo tempo, 47% disseram confiar nos resultados e na qualidade, porém acreditam que a interação humana ainda é mais importante.

“Esse equilíbrio é exatamente o que vivemos”, declarou Eliezer. Com muitas instituições já atuando com processos automatizados – como o departamento de oncologia do Memorial Sloan-Kettering, nos EUA, que utiliza inteligência artificial para reconhecer padrões em uma biblioteca de laudos, gerando diagnósticos e apontando tratamentos com maior probabilidade de sucesso para os pacientes – a tecnologia deve assumir processos que ainda hoje são realizados por humanos, mas, segundo Leandro “deve demorar muito tempo para que sejamos totalmente substituíveis”.

Encerrando a sessão interativa, Carlos declarou satisfação pela promoção do debate. “Temos essa obrigação de promover esses encontros para distribuir conhecimento e espero que tenhamos, cada vez mais, novos agregados”. Para Leandro, contar com uma plateia multidisciplinar como a do FILIS é muito importante para ampliar a discussão. “Entendo que as pessoas que participam destes eventos de forma espontânea são as que têm boa vontade e apostam em iniciativas para dialogar e fazer da área de saúde um setor muito melhor”, declarou.

Benefícios da inovação na medicina diagnóstica são pauta no 3º Filis

Especialistas são unânimes ao afirmar que a inteligência artificial é a grande aliada na busca por diagnóstico correto e tratamentos mais eficazes

03 de Setembro de 2018

A tecnologia afeta a sociedade em todos os aspectos, entretanto em nenhum outro setor esse impacto é mais aparente quanto na saúde. Os avanços tecnológicos compreendem a adoção de prontuários eletrônicos, avanços em engenharia e tecnologia biomédica, entre outros. A área da saúde vivencia uma mudança na forma como os cuidados de saúde estão sendo entregues. Contudo, é preciso refletir sobre que impactos essas mudanças estão trazendo – visto que muitas delas já fazem parte do cotidiano – e ainda trarão no fornecimento geral de cuidados.

A fim de debater esse tema, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) trouxe ao 3º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), evento realizado na última sexta-feira, 31, no Hotel Renaissance, em São Paulo, o debate “Inovação em diagnósticos: benefícios para os pacientes e perspectivas para o setor”.

Gustavo Meirelles, gestor médico de radiologia com ênfase em estratégia e inovação do Grupo Fleury, e Thiago Julio, gerente de Inovação Aberta e curador do Cubo Health, do Grupo Dasa, abriram o módulo com uma apresentação que abordou os avanços contínuos da tecnologia ao longo dos tempos. “Estou muito feliz com o resultado positivo de uma pesquisa apresentada aqui, que fala de robôs e inteligência artificial. Certamente se tivéssemos feito essa pergunta a resposta teria sido o oposto. É muito bom ver que não só estamos perdendo o medo dos robôs, como estamos começando a querer que eles cheguem mais rapidamente às nossas vidas”, brincou Thiago. “Hoje, quando se fala em tecnologia da informação, pensamos automaticamente em computadores, mas a verdade é que ela começou muito antes, com o desenvolvimento da fala, com as pinturas nas cavernas, e depois evoluiu por meio dos alfabetos, dos livros, da matemática. Ou seja, cada vez que a humanidade aprende a manusear, compactar e transmitir dados, de forma mais rápida e mais ágil, temos um salto de evolução”, apontou o gerente da Dasa.

Gustavo provocou a plateia ao questionar: por que inovação é tão importante? “Todo mundo fala em inovação hoje. Empresas investem em inovação, outras montaram departamentos inteiros só destinados a isso. Mas será que já paramos para nos perguntar por que estamos inovando? Ou para onde isso vai nos levar?”, questionou o gestor do Grupo Fleury. A palestra seguiu mostrando como as modernas tecnologias disruptivas são importantes para trazer eficiência e segurança ao setor de medicina diagnóstica do país.

Após a apresentação dos gestores da Dasa e do Grupo Fleury, foi a vez de CEOs do setor debaterem o tema. Entre os convidados para a mesa-redonda estavam presentes Antonio Vergara, CEO da Roche Diagnóstica Brasil; Armando Lopes, CEO da Siemens Healthineers; Fernando Terni, CEO da Alliar Médicos à Frente; Paulo Chapchap, CEO do Hospital Sírio-Libanês; e Roberto Santoro, CEO do Grupo Hermes Pardini. A moderação foi do conselheiro do Grupo Fleury Fernando Lopes Alberto.

Inteligência artificial

Levantando a questão do uso de inteligência artificial na saúde, o moderador arguiu o CEO da Siemens Healthineers sobre o que a empresa vem preparando para o futuro do setor. “Ao longo de toda a história, a tecnologia teve um papel de trazer progresso, ao substituir atividades importantes que nós humanos fazíamos. A diferença hoje é a velocidade com que essas disrupções estão acontecendo, além da democratização da possibilidade de se aplicar a tecnologia. Hoje temos chance de capturar e fazer inovação em qualquer lugar do mundo. A boa ideia e o olhar de qual é a necessidade talvez sejam os maiores valores entre todos nesse processo”, destacou Lopes, acrescentando que, em relação ao uso de inteligência artificial, é fundamental ter um banco de dados harmonioso, mais até do que padronizado, para que o conhecimento possa ser capturado. “Concordo com o que foi dito aqui pela manhã; é muito importante a questão da privacidade, é muito importante a discussão ética em cima disso. Mas não podemos abrir mão de ter essa informação neutralizada para que gere conhecimento. Não é algo nice to have, é algo necessário para enfrentarmos os desafios que são apresentados”, afirmou o CEO, destacando ainda que a Siemens Healthineers vem trabalhando em vários projetos de inteligência artificial, cada vez mais sofisticados, que prezam pelo desenvolvimento e segurança do setor.

Vergara acrescentou que a Roche considera a inteligência artificial um meio crítico e evidente de gerir a saúde. “Investimos continuamente em inovação laboratorial, em especial no desenvolvimento de testes de altíssimo valor médico, que tendem a ajudar num diagnóstico mais eficaz. Além disso, apostamos fortemente na gestão de dados. Para isso, estamos investindo numa nova ferramenta que fará a gestão dos dados de informação de uma forma muito mais eficaz. Essa ferramenta ajudará o profissional na tomada de decisão. Mas lembrando que ainda será este profissional quem irá dirigir, decidir e diagnosticar”, ressaltou o CEO.

Humanização

Corroborando a fala de Vergara sobre a participação do profissional, Chapchap, do Hospital Sírio-Libanês disse: “Preciso pensar como médico. A terceira causa de morte nos Estados Unidos são eventos adversos evitáveis dentro de hospitais, ou seja, erro médico. Nesse contexto, é melhor não ir para o hospital”, provocou. “Se pudermos fazer diagnósticos precoces, tratamentos extra hospitalares, os hospitais não serão mais necessários. Então eu pergunto: qual é o negócio do Sírio-Libanês? Certamente não é hospital. O hospital chega onde todos os sistemas falharam; porém, o ideal é que ninguém precise dele e que eles fiquem menores a ponto de serem desnecessários. Portanto, o negócio do Sírio-Libanês e de todos aqui é a promoção da saúde, não a doença. Nesse sentido, preciso pensar na tal da disrupção de mim mesmo”, disse. “Resistir à mudança tecnológica é condenar-se a si próprio. Por isso, vamos tirar os cardiologistas de dentro da sala de laudos e trocar por computadores. Vamos colocar esse profissional e outros perto do paciente, porque eles são os especialistas em diagnóstico. A tecnologia, por sua vez, vai ajudá-los a não errar, a ser mais precisos, vai auxiliar no diagnóstico correto, diminuindo o sofrimento do paciente”, salientou.

“Depois do auxílio à decisão pela tecnologia, um componente fundamental na educação e no cuidado é a interação humana. É o grau de empatia, a confiança, que irá levar o paciente a fazer o que é preciso, que siga o tratamento. Nós somos insubstituíveis. Alguém tem alguma dúvida de que a interação do ser humano com o ser humano é insubstituível?”, finalizou Chapchap.

Palestra internacional sobre inspiração e liderança encerra 3º FILIS

Interagindo com a plateia, Michael Neill motivou os participantes a buscarem novas formas de inovar dentro da vida profissional

03 de Setembro de 2018

Com o Teatro Renaissance ainda lotado às 16h15 da sexta-feira, 31 de agosto, a terceira edição do FILIS – Fórum Internacional de Lideranças da Saúde recebeu o palestrante internacional Michael Neill para uma apresentação motivadora sobre inspiração e liderança. Após uma ampla agenda de debates a respeito de temas que têm sido fundamentais para o desenvolvimento do setor de medicina diagnóstica, os participantes do Fórum acompanharam a apresentação do coach sobre como trabalhar a mente para permitir a criação de soluções inovadoras.

Reconhecido mundialmente por livros como “A revolução do pensamento” e “Criando o impossível”, Neill também é o responsável por uma conversa do TEDx com mais de 225 mil visualizações no YouTube. Questionando a plateia sobre onde está – e de onde vem – a próxima grande ideia do mundo, o palestrante ensinou caminhos para que todos possam comandar suas atividades cerebrais para abrir espaço a novos pensamentos capazes de gerar novas soluções.

“Todas as ideias vêm do mesmo lugar e a maioria das pessoas as conseguem no chuveiro”, disse despertando risadas da plateia e enfatizando que no momento em que nossa mente não está trabalhando é que ela está aberta às próximas ideias que podem emergir. Compartilhando situações cotidianas vividas por líderes empresariais, Neill comprova a teoria da necessidade do ócio criativo e destaca: “Nossa mente não funciona tão bem quando estamos com a cabeça pegando fogo, quando estamos estressados.”

Quem acompanhou a palestra do coach também aprendeu um pouco mais sobre como despertar a inteligência natural. “Quando estamos com algum problema sério no trabalho, nos dedicamos a pensar exaustivamente naquilo. Enquanto isso, nosso espaço mental vai sendo espremido e o que sobra são apenas variações das mesmas ideias que já sabemos que não vão funcionar. Quanto menos espaço ocupamos na nossa mente, mais ideias passam por ali. Por isso temos muitas sacadas enquanto estamos no chuveiro, pois é quando há espaço para a inteligência natural vir à tona”, explicou afirmando que para acessar essa inteligência mais profunda precisamos desapegar dos padrões que utilizamos dia após dia.

Por meio de uma atividade interativa com a plateia que, minutos antes do início da apresentação recebeu uma massinha de modelar para participar, Neill demonstrou que não podemos materializar nossos problemas, pois isso os tornam ainda maiores e mais difíceis de serem solucionados. “Estamos criando monstros e problemas sem solução”.

Repetindo uma citação que a Internet ora atribui a Albert Einstein, ora atribui à Rita Mae Brown, mas cujo autor segue desconhecido, Neill enfatizou a importância da inovação para os líderes empresariais do país: “insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente esperando resultados diferentes”.

A palestra de Michael Neill no 3º FILIS gerou bastante repercussão entre os presentes. Após a apresentação, Conrado Cavalcanti, vice-presidente do Conselho da Abramed, subiu ao palco para agradecer patrocinadores, colaboradores e participantes e aproveitou a oportunidade para lançar a data da próxima edição do evento: 30 de agosto de 2019.

Futuro da Medicina Diagnóstica foi tema do 3º FILIS

Edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde reuniu importantes especialistas e lideranças para debater temas de grande interesse do setor

03 de setembro de 2018

Buscando o desenvolvimento sustentável da medicina diagnóstica por meio de ações que contribuam para todo o setor, a presidente da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Claudia Cohn, abriu na sexta-feira, 31, o 3º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS). O evento, realizado no Hotel Renaissance, em São Paulo, reuniu mais de 500 especialistas e líderes da área da saúde de todo o país. O tema deste ano foi “Saúde em pauta: perspectivas para o futuro do setor”.

Dividido em quatro módulos, o evento teve mais de sete horas de duração. Vinte e oito palestrantes e debatedores trocaram experiências, discutiram melhorias para o setor e disseminaram conhecimento sobre os novos tempos.

Em seu discurso de abertura, Claudia Cohn ressaltou a importância que um evento desse porte tem, ao reunir profissionais da área, líderes, autoridades, entre outras personalidades do complexo sistema de saúde brasileiro. “Temos aqui uma grande oportunidade para nos inspirarmos e discutirmos temas relevantes para a saúde, principalmente pela presença de mentes brilhantes”, enfatizou.

Surgimento

Claudia lembrou o caminho que a associação percorreu nesses oito anos desde sua criação. “Apesar da importância na cadeia da saúde, a Abramed nasceu para tratar de um ou outro problema do setor. Contudo, naquele momento, já se deparou com imensos desafios comuns a todos. Nesses oito anos, passamos por diversos ‘Brasis’. Num momento, um Brasil de grandes oportunidades, investimentos, crescimento; até chegarmos ao Brasil da crise, corrupção, retração e vergonha. Um país mergulhado em muitas crises.”

A presidente destacou ainda o esforço que muitas empresas despenderam para atravessar esse período e buscar o crescimento, em um setor que à época era fragmentado e cheio de rupturas. “Hoje, após muito esforço, temos uma visão comum, uma união. A Abramed congrega empresas de todos os portes, que representam 50% do volume de diagnósticos realizados na saúde suplementar, e que passaram a encarar conjuntamente os seus desafios. Trata-se de um setor, hoje, que discute a saúde e o diagnóstico dentro da saúde e no sistema de saúde. Um setor que busca, unido, crescer e alcançar a sustentabilidade em prol do paciente”, disse.

Futuro

A um mês das eleições, Claudia chamou a atenção dos presentes para a importância do voto. “Precisamos promover um Brasil de verdade, transparente e de atitude positiva. Nós, na Abramed, estamos fazendo nossa parte. Nossas empresas têm conquistado resultados à custa de investimentos em tecnologia, na busca por uma eficiência constante em processos, a fim de que não haja perdas”, destacou e acrescentou que a regionalização deixa o setor cada vez mais acessível ao paciente. “Vamos continuar trabalhando para assegurar a participação integrada, garantindo a qualidade do serviço entregue, com valor agregado no desfecho. Vamos continuar incentivando e investindo no desenvolvimento tecnológico, com responsabilidade na contribuição para o uso racional dos recursos. Tudo para que o paciente tenha uma jornada mais adequada, em todos os sentidos e em todas as classes sociais”, finalizou.