Empresas devem ser protagonistas na promoção do cuidado integral dos seus colaboradores

Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, moderou o debate sobre promoção da saúde e Gestão de Pessoas no evento digital #ComMeet, na FISWeek

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) promoveu, no dia 3 de maio, durante o #ComMeets, um dos eventos digitais da FISWeek — encontro virtual que reúne lideranças, empresas e entidades para compartilhar conteúdos e experiências para transformar o ecossistema da saúde —, o painel Promoção da Saúde na Gestão de Pessoas.

Com a participação de Lucilene Costa, gerente de Saúde e Segurança Corporativa no Grupo Fleury e diretora do Comitê de RH da Abramed; Cesar Izique, gerente-executivo da Dasa e também membro do Comitê de RH da Abramed, e moderação da diretora-executiva da entidade, Milva Pagano, o debate destacou que as empresas vêm passando por um processo de transformação nos últimos anos no que se refere à gestão e promoção da saúde de seus colaboradores e beneficiários, acelerado ainda mais nos últimos dois anos pela pandemia de Covid-19.

Os especialistas ressaltaram que, por isso, cada vez mais é importante que as organizações sejam protagonistas do cuidado integral desses profissionais, inclusive de seus familiares, pensando no ecossistema da saúde como um bem maior.

“É importante que a empresa cuide dos seus colaboradores indo além da oferta de planos de saúde, completando esse ciclo com a gestão e a promoção da saúde, inclusive para haver o autocuidado”, afirmou Lucilene.

Para tanto, é fundamental um processo de mudança das instituições em que o ponto de partida deixe de ser a doença para dar lugar à saúde. Segundo Milva, trata-se de uma nova perspectiva em que as organizações passam a acompanhar de perto o histórico clínico dos seus colaboradores e fazer a coordenação do cuidado para que esses profissionais tenham mais qualidade de vida, ao mesmo tempo, em que sejam evitados desperdícios de recursos financeiros.

A resposta para esse desafio passa pela formação de ecossistemas. Na prática, é o desenvolvimento de soluções integradas que viabilizam enxergar todos os aspectos relacionados à saúde de cada indivíduo para fazer a efetiva coordenação de cuidados.

“É uma nova forma de observar a saúde, de maneira mais ampla, com atenção aos cuidados preventivos e preditivos, trabalhando com dados para evitar desperdícios, visto que o custo  hoje relacionado às doenças é altíssimo”, ponderou Izique, que salientou ser importante que se avalie também porque as pessoas estão precisando cuidar da saúde física e mental e como está a cultura de saúde dentro dessas organizações.

Na visão de Milva, a ideia da linha de cuidado no ecossistema, com a atuação primária, secundária e terciária efetivamente mostra essa transformação da saúde ocupacional e da medicina do trabalho, saindo da esfera meramente burocrática, muitas vezes de somente cumprir legislação, fazer exames admissionais e demissionais, para muito além.

“As empresas com a área da saúde ocupacional envolvida estão implantando os programas mais bem-sucedidos em gestão da saúde ou até mesmo liderando essas ações. Isso representa um forte indicador de sucesso nos programas de gestão de saúde corporativa”, afirmou a executiva.

O empoderamento das pessoas, enquanto pacientes, também foi destacado pela  diretora da Abramed.

“Hoje ele dialoga com o médico, discute os diagnósticos, ou seja, atua sob uma nova postura. Para nós, esse empoderamento representa vantagens e diversas oportunidades, pois estamos falando de pessoas e a pandemia revisitou a importância das pessoas, suas forças e fraquezas. Essa transformação pela qual o setor passa e que na saúde ocupacional também foi intensificada, trouxe mudanças positivas e vejo isso com bons olhos, como a telemedicina e a telessaúde, que com a eficácia dos atendimentos a distância, conseguiram promover a jornada do ciclo do cuidado com muito mais efetividade”, pontuou.

Saúde mental

Se hoje a saúde ocupacional tem uma atuação muito mais protagonista e relevante na gestão de saúde corporativa, liderando ou co-liderando a jornada do cuidado, também é necessário, segundo Milva, que as organizações estejam atentas às questões da saúde mental dos profissionais, pois antes mesmo do novo coronavírus já se vivia uma epidemia, com muitos afastamentos do trabalho em decorrência desse tipo de doença.

Saber como as pessoas estão sendo cuidadas nas corporações, com atenção ao tipo de ambiente, clima e cultura organizacionais ofertados, para identificar o que está adoecendo as pessoas, ou mantendo a saúde delas é papel da Gestão de Pessoas.

Para Lucilene, é muito importante a diretoria entender que os departamentos da empresa não são ilhas, que todas as informações recebidas a partir da operadora de plano de saúde, das gerências de RH, incluindo dados sobre turnover (taxa de rotatividade de funcionários), absenteísmo, presenteísmo e afastamento de trabalho, são necessárias para se entender como área de apoio.

“No Fleury, assim como em outras organizações, temos setores e negócios com as suas peculiaridades e entender que as necessidades de quem atua no laboratório, no administrativo, no home office, e no hospital diferem é fundamental. Essa delicadeza e pesquisa são importantes, assim como avaliar os dados com continuidade, pois darão insumos para analisar as necessidades de cada população. É entender no perfil epidemiológico qual é a sua população e criar programas específicos para ela, conforme o que precisa, inclusive com o olhar para a saúde mental”, explicou Lucilene.

É um trabalho dinâmico, segundo Izique, para entender se a linha do cuidado da sua população de colaboradores está no caminho certo. Ele ressaltou ser muito importante a integração entre a medicina assistencial, ocupacional e a segurança do trabalho, estruturas que não podem atuar em áreas e conceitos diferentes.

“A atuação do médico do Trabalho é relevante para direcionar as atuações nas companhias. Eles são os captadores das informações nos exames periódicos  para direcionar os cuidados que os colaboradores precisam”, justificou o gerente-executivo da Dasa.

Já para a segurança psicológica inclusive de líderes e gestores, ele informou ser preciso realizar treinamento e prepará-los para identificar quem está doente e necessita de acolhimento, por questionários, e contribuir para haver uma relação de confiança, algo tão importante em qualquer relação.

“Quando se  traz isso diminui-se turnover, absenteísmo, presenteísmo e de fato se consegue enxergar o cuidado que a empresa tem com o colaborador e com sua família”, finalizou Izique. 

Painel Abramed na JPR 2022 discute tendências do mercado de Saúde na visão de CEOs que atuam no setor

Entidade também participou com estande institucional que recebeu associados e parceiros durante os quatro dias de evento

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) esteve na 52ª Jornada Paulista de Radiologia (JPR), evento organizado pela Sociedade Paulista de Radiologia (SPR), que ocorreu entre os dias 28 de abril a 01 de maio, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.

Em Painel promovido pela entidade e que compôs a programação oficial do evento, executivos discutiram as principais tendências do setor de medicina diagnóstica. O objetivo foi evidenciar os movimentos mais atuais, em curso em hospitais e em grupos de medicina diagnóstica e trazer subsídios para um maior entendimento do caminho para o qual o futuro aponta, especialmente na radiologia. 

Conduzida por Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, o bate-papo contou com a participação de Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury; Fernando Ganen, Diretor Geral do Hospital Sírio Libanês; e Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin. Fragmentação do setor, digitalização, interoperabilidade, qualidade e a importância da educação continuada e da formação de profissionais foram tópicos abordados e apontados como desafios importantes pelos executivos.

“A JPR é um evento com foco em temas científicos e cumpre essa missão com muito brilhantismo. Mas, complementar a programação com discussões de cunho mercadológico, como a que estamos promovendo, é bastante importante para que os radiologistas conheçam o seu ambiente de trabalho”, iniciou Shcolnik, ao agradecer o espaço e também enfatizar a necessidade de que cada vez mais pautas como essas façam parte da grade de eventos para especialistas.

O setor de saúde, sem dúvidas, é um dos mais visados do ponto de vista de investimentos e de crescimento. Trata-se do 8º maior mercado de saúde globalmente, 6º mercado farmacêutico mundial e o 3º maior privado de saúde do mundo. São mais de 6,2 mil hospitais, 20 mil Centros de Diagnóstico e 300 mil entidades de saúde.

Entre os maiores desafios, segundo Ganen, que abriu o painel trazendo números sobre o setor, estão os movimentos cada vez mais intensificados de verticalização e consolidação e também um nível muito baixo de integração e conectividade. Tudo isso potencializado pela alta da inflação no pós-pandemia e pelo processo eleitoral para a Presidência da República e outros importantes cargos públicos. 

Fragmentação

A alta fragmentação do ecossistema, com múltiplas regiões, perfis diferentes de pagadores e provedores, foi também outro aspecto salientado por Ganen. Para ele, nesse cenário, é ainda mais importante para que o cuidado centrado no paciente seja o ponto inicial para qualquer discussão em saúde e que todos os stakeholders trabalhem em alinhamento. Sem isso, o sistema torna-se insustentável. “É preciso colocar a fonte pagadora, os contratantes da fonte pagadora e os prestadores de serviços para pensarem em soluções conjuntas e, desta forma, entregarem um melhor cuidado ao paciente”, enfatizou.

Segundo Jeane Tsutsui, esta fragmentação e a formação de diversos ecossistemas acaba atingindo todo setor de uma forma geral no Brasil. Mesmo quando se olha para o diagnóstico, os quatro maiores players do setor, correspondem a 30% do market share. A executiva lembrou durante a sua explanação que a própria jornada de cuidado do paciente é fragmentada e que, durante sua trajetória, não é incomum que o paciente se sinta perdido e seja deslocado de um local para outro, sem nenhuma conexão. Mas, destacou a importância da medicina diagnóstica tanto para integrar, como para respaldar todas essas etapas do cuidado.

“O diagnóstico está presente em todas as etapas do cuidado, seja na atenção primária ou no suporte para questões mais simples, até a alta complexidade. Ela acaba sendo a espinha dorsal. Por isso, ela traz uma vantagem: o paciente pode ser conduzido no cuidado na saúde, englobando o diagnóstico de uma maneira integrada e indo além, conseguindo completar a jornada de cuidado mesmo em um ambiente outpatient e com parcerias com hospitais de maior complexidade”.

A CEO do Grupo Sabin, Lidia Abdalla, também reforçou a ideia de o Brasil ser um país heterogêneo e com muitas diferenças de uma estrutura para outra. É evidente, na opinião da executiva, que olhar para a sustentabilidade do setor da saúde e também dos negócios para seguir sendo competitivo no mercado, seja algo complexo no atual cenário. Mas, atentou também para o fato que, embora essa estrutura traga os desafios da fragmentação, ela cria, em simultâneo, oportunidades para o setor e possibilidades de solucionar problemas que ocorrem já há algum tempo.

“Temos que estruturar novos serviços e inseri-los no fluxo para termos de fato uma presença maior na jornada do paciente, pensando em como podemos nos diferenciar e entregar mais valor ao cliente. A medicina diagnóstica tem uma característica muito importante, como já foi dito, e não podemos deixar de lado esse foco central: tudo começa por ela e tudo continuará passando independente do modelo verticalizado ou de consolidações.”, enfatizou Lídia. 

Ainda sobre a crucialidade do setor de medicina diagnóstica, o presidente do Conselho de Administração da Abramed, reforçou o seu papel na prevenção, que, no que lhe concerne, é ainda uma forte aliada para a redução dos custos totais na saúde. “Um diagnóstico errado, compromete todos os passos que se sucedem no cuidado à saúde. A medicina diagnóstica pode contribuir muito para trazer eficiência ao sistema de saúde. E, o nosso desafio é comprovar isso”, complementa Shcolnik.

Interoperabilidade

Emendando o tema aumento de eficiência, os CEOs foram indagados a respeito da importância da digitalização e da interoperabilidade nesse sentido. A inovação e o uso da tecnologia foram apontados como inegociáveis para o setor de radiologia, em especial com a chegada do 5G, inteligência artificial, entre outros avanços. Os radiologistas são afeitos a tecnologias e em alguns casos pioneiros em sua utilização. Muitos aspectos relacionados à digitalização e à interoperabilidade na saúde começam na medicina diagnóstica, área onde também muitos dados médicos são gerados. Inclusive, elas já são uma realidade e devem ser pensadas para agregar valor aos negócios e aos pacientes, sempre considerando os aspectos relacionados à segurança.

Porém, Lídia Abdalla, chamou a atenção para um ponto, enfatizando que existe uma certa ambiguidade nesse tema: de um lado a necessidade e do outro, a manutenção da privacidade. Ter dados e informações integradas de todos os exames, sejam eles de análises clínicas ou de imagem, é uma tendência. Como solução, a LGPD emerge como algo bastante positivo que norteia como trabalhar essa questão do compartilhamento de dados e destacou ainda que “muitas pessoas falam que a interoperabilidade é complicada e ela é. Mas, ela acontecerá de qualquer forma”, ressalta a executiva.

Fora a adequação, Jeane, apontou que a tecnologia tem que ser usada a favor da medicina e da prática médica para aumentar a produtividade. Segundo a presidente do Grupo Fleury, isso é crucial em um país de muita carência em saúde e de sobrecarga de trabalho.  “Existe diferença entre teoria e prática e uma lacuna grande entre o que é possível e o que é necessário. É importante pensar em como fazer isso, na prática. Olhando o futuro, o equilíbrio está em nossas mãos, e precisamos incorporar a tecnologia, porque o mundo será cada vez mais digital. Se somos organizações focadas no cliente, temos por obrigação aderir ao digital, pois isso já faz parte da vida dele e a área da saúde também pede isso”.

Porém, Ganen ressaltou que a despeito da tecnologia ser crucial, a humanização segue sendo um fator de extrema importância. “Diante de um achado crítico, por exemplo, é importante que o radiologista pegue esse exame e vá até à sala ao lado discutir esse caso com o seu colega. Isso muda a vida do paciente. Falo isso como clínico e não como gestor”.

A mudança nos modelos de remuneração e a continuidade ou não do modelo fee service também foram abordados durante a discussão. E, os painelistas chegaram à conclusão de que a complexidade da saúde não permite que se tenha um único modelo. O setor está tentando buscar alternativas sustentáveis, mas o fator crítico de sucesso desse negócio é ter pessoas preparadas, capacitadas e sendo desenvolvidas continuamente. Por isso, qualidade e educação continuada também foram aspectos abordados pelos CEOs durante diversos momentos do painel.

“O paciente é dono de seus dados e também de escolhas. Por isso temos que trabalhar para ter melhor serviço, pelo atendimento humanizado e sim olhando para a sustentabilidade financeira dos nossos negócios”, finaliza Lídia a respeito da questão.

Abramed participa do Fórum ABRAIDI e discute a saúde financeira dos fornecedores da área

Wilson Shcolnik destacou que vem assistindo grandes transformações no sistema de saúde há anos, inclusive como personagem dessa história

O Fórum ABRAIDI 2002, realizado de forma híbrida (online e presencial), em São Paulo, no dia 26/4, debateu “O presente e o futuro do setor de produtos para saúde no Brasil”. Durante o evento, o atual presidente executivo da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (ABRAIDI), Bruno Boldrin, mencionou os 30 anos da entidade e o lançamento da campanha publicitária pública, que divulgará a importância da cadeia para qualidade da saúde. Representando Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração, participou do Painel que discutiu a financeirização em saúde, o fenômeno da verticalização e consolidações no setor de saúde e os desafios decorrentes.

Dentro da ótica dos prestadores, profissionais e operadoras, acerca dos benefícios, dilemas e desafios do fenômeno da financeirização da saúde, Shcolnik destacou que vem assistindo grandes transformações no sistema de saúde há anos, inclusive como personagem dessa história, quando 20 anos atrás o laboratório de análise de sua família foi adquirido pelo Grupo Fleury.

O presidente da Abramed apresentou um cenário que continua favorável para verticalização, assunto que já foi temido pelo setor e a consolidação horizontal, mas que se mantém mesmo depois da pandemia, “mesmo com um mercado aparentemente paralisado, houve um crescimento no setor de 30%. As consolidações continuam, como a Rede D’Or, a SulAmérica Saúde, o Fleury que está adquirindo clínicas oftalmológicas e de ortopedia, o Sabin, de Brasília, que comprou CML, além de vários hospitais adquirindo Centros de Imagens”, comenta.

Shcolnik contextualizou em sua apresentação os números do setor, como os de empreendimentos no país. “É importante entender que quando há uma base estrutural correta, todos ganham. Precisa haver um maestro para conduzir a jornada do paciente, que se puder encontrar em um mesmo espaço tudo ou quase tudo que necessita para manutenção ou socorro da sua saúde, através de uma prestação de serviço de qualidade, terá prazer de ser cliente desse sistema privado. É necessário saber reger, ter colaboradores de qualidade e oferta de tecnologia avançada. Cada setor é um elo de uma corrente que deve ser perfeita”, finalizou.

Dividindo o painel com Shcolnik, estava Miyuki Goto, assessora da Associação Médica Brasileira (AMB), que falou do papel das agências reguladoras e suas falhas em não colocar na mesa de negociação fornecedores junto com as operadoras de saúde, entre outros itens.

Sergio Rocha, presidente do Conselho de Administração da ABRAIDI, aproveitou o momento para apresentar os dados do anuário lançado, trazendo alguns números que vem acender sinais de alerta, como a comparativo entre exportação de produtos médicos, que teve um crescimento de 4,8% em contraponto de 7,3% de importação. Os valores de R$ 1.3 bilhões gastos com Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME´s) pelo Sistema Único de Saúde (SUS) se mantém o mesmo há anos, com o agravante do longo prazo para pagamento estar a cada dia mais estendido, além de uma série de produtos que não são reajustados há duas décadas.

No painel de discussão sobre a complexidade da cadeia de valor do fornecedor de produtos para saúde, com foco no desequilíbrio de responsabilidades entre os players da cadeia que oneram o fornecedor de produtos para saúde, Felipe Barreiro, general manager da Medtronic do Brasil, fez ressalvas importantes para o setor.

“Embora o Brasil tenha um sistema único que atende toda a população, a falta de uma política de longo prazo resulta em uma incerteza constante para as empresas globais. A Medtronic está no Brasil há 50 anos, temos duas fábricas no país, mas lamentavelmente deparamos com um cenário desfavorável devido as constantes incertezas do cenário político e econômico”, comenta Barreiro, que conclui quanto ao setor: “Temos um imenso leque de produtos, R$ 13 bilhões em estoques e com lead time de mais de 79 dias, o que nos dá uma margem corroída, uma conta que não fecha e um sistema perto de travar. A solução tem que ser construída além das fronteiras de nossas organizações, é hora de pararmos de nos enxergar como concorrentes, passando a ter uma visão mais geral para encontrarmos soluções transversais”.

Doutor em Economia, Roberto Luís Troster trouxe informações sobre contexto macroeconômico, alertando, inclusive, sobre o posicionamento do dólar no cenário mundial, que vem perdendo frente cada vez mais para o Euro e para as criptomoedas – uma luz para as informações trazidas por Patricia Marrone, sócia-diretora da Websetorial Consultoria Econômica, que afirmou que 37% dos produtos do setor, comercializados no mercado, são importados e vêm sofrendo variação de custos. “Em dezembro devemos ter o dólar estável em R$ 4,50, mas devemos ter atenção a cinco fatores de risco: Ucrânia, eleições no Brasil, fatores energéticos, pandemia, economia da China e questões fiscais mundiais, além do nosso maior monstro – a inflação”, apontou Troster.

Fechando o evento, os painéis sobre e-commerce e doenças cardiovasculares, ministrados por Rodrigo Correia da Silva, CEO da Suprevida, e Sergio Madeira, Diretor Técnico ABRAIDI, respectivamente, levantaram pontos essenciais para o setor, como o debate sobre a importância da telemedicina, inteligência artificial, robótica e o avanço das tecnologias de ponta como um todo.

Assista ao Fórum Abraidi 2022 na íntegra AQUI.

Abramed contribui para discussão sobre agenda de políticas para a saúde em evento virtual

Participante do Welcome Saúde, Leandro Figueira destacou a importância da educação para o desenvolvimento do setor

“Diálogos para uma agenda de políticas para a saúde” foi o tema do debate promovido pelo Grupo Mídia no evento Welcome Saúde: Perspectivas políticas e econômicas pós-pandemia, realizado virtualmente no dia 27 de janeiro. 

Com moderação de Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da Abimo – Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos, o debate contou com profissionais de grande experiência no setor, que discutiram as necessidades da área de saúde e as perspectivas para este ano.

Segundo Francisco Balestrin, presidente do SINDHOSP – Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Demais Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo e do CBEXs – Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde, em 2020 começou um movimento muito positivo da sociedade, mostrando a interdependência entre todos os atuantes na área de saúde, inclusive entre os setores público e privado.

“Entretanto, nessa trajetória, sofremos muito. A política repercutiu em todas as ações: no desenvolvimento de produtos, nas ações coordenadas de combate à doença e de produção de vacinas, ou seja, além do ‘inimigo comum’, chamado Covid-19, tivemos de enfrentar outro elemento, a política, com mudanças constantes de ministros e disseminação de notícias falsas”, destacou Balestrin.

Para o presidente do SINDHOSP e do CBEXs, será muito difícil desenvolver uma política pública de saúde em 2022. “O cristal já está trincado, não tem jeito de colar. Precisamos de uma grande mudança. Todos teremos de trabalhar para produzir propostas de reestruturação do sistema que possam ser utilizadas a partir do ano que vem, não deste ano”, revelou. 

Também convidado para o debate, Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed – Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica, concordou com a opinião de Balestrin sobre não ser possível haver mudança política este ano, pois o país vai se concentrar na agenda eleitoral.

Questionado sobre a necessidade de uma melhor organização dos recursos disponíveis para saúde, Figueira comentou que o mercado de saúde privado é extremamente onerado. “Geramos riqueza, resultado para o PIB, emprego, mas sua sustentabilidade é questionável. A questão é: qual o limite da gestão para fazer com que todas as margens decrescentes sejam responsáveis por manter o setor?”

Figueira citou os desperdícios e a falta de recursos tanto do setor público quanto do privado. “Todos dizem que a racionalização de recursos é necessária, mas nós, como agentes de mudança, ainda não internalizamos ou não tivemos a força política necessária para poder mudar a mentalidade dos políticos e criar uma política de Estado, seja para a saúde suplementar, seja para o Sistema Único de Saúde.” 

Para o vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed, precisamos educar a população sobre a utilização dos recursos em saúde conscientemente. “Mobilizando a sociedade, a racionalização do recurso vai naturalmente aparecer e teremos um setor mais sustentável”, expôs.  

De acordo com Figueira, não adianta ir atrás dos políticos para criar uma agenda pública e discutir o acesso à saúde. É necessário criar políticas públicas para definir qual é o grau de instrução da população para poder levar conhecimento. “E levando conhecimento, faremos uma sociedade melhor, elegeremos representantes melhores e será um círculo virtuoso de crescimento para o país.”  

Em sua apresentação, Figueira também destacou o papel da Abramed durante a pandemia, já que os associados foram extremamente requisitados, por ser a porta para a realização de exames. No entanto, o Brasil não conseguiu lidar com maestria com a crise. “Foi a iniciativa privada que se mobilizou para que os dados chegassem ao Ministério da Saúde. Em relação à área pública, a privada tem como diferenciais a disciplina, a capacidade de execução, a utilização de protocolos rígidos e a cobrança de profissionais superiores, no sentido de responsabilidade”, disse.

Falando sobre a atenção primária, Denise Eloi, diretora-executiva do ICOS – Instituto Coalizão Saúde, salientou a importância de ampliar e organizar o acesso à saúde, mas evitando soluções isoladas, investindo também nas atenções secundária e terciária.

“Algumas discussões pedem alterações na atenção primária, mas elas só aumentam a fragmentação do sistema de saúde. Entendo que aprimorar o modelo assistencial, a gestão, o financiamento, o desenvolvimento científico e tecnológico, a indústria, a relação entre público e privado, enfim, propostas que entreguem valor ao cidadão, deve ser o foco dessa agenda política”, expôs Denise. 

Também contribuiu para o debate Carlos Alberto Pereira de Oliveira, coordenador do Projeto “Sífilis Não”, pesquisador do LAIS/UFRN, vice-diretor do IFHT/UERJ e assessor externo da OMS para a Estratégia de Aprendizagem. Ele concorda com os enormes desafios para 2022, mas acredita que é nele que começará a construção para os anos seguintes. 

“Precisamos entender que 2022 será um ano em que a pandemia passará a ser uma endemia. A saúde, a economia, os empregos, o recolhimento de impostos não podem parar. Por isso, nossa agenda política na saúde é mais que prioritária e exige mobilização. Precisamos ter uma bancada no Congresso Nacional que defenda a saúde pública e privada como um negócio”, afirmou.

Conforme explicou Oliveira, é necessário ter um plano específico para o setor da saúde que dialogue transversalmente com outras áreas. E que chegue ao Congresso até o fim de fevereiro ou começo de março, senão não haverá uma política pública para defender coletivamente.  

Para os participantes, é importante definir os principais eixos que nortearão os próximos passos da saúde, unir forças e reunir pessoas que tenham compromisso com a saúde e sejam fundamentais para a tomada de decisões. A responsabilidade é de todos nós.

Abramed debate o futuro da saúde pós-Covid-19 durante o evento da MD Health

A proposta do evento é servir como um guia para os profissionais do setor, que já tem em curso diversas transformações digitais e outras tantas novidades que estão a caminho, como o 5G

O dia 9 de novembro de 2021 ficou marcado para o presidente do conselho da MD Health, Dr. Marcelo Sampaio. “Após dois anos este é o meu primeiro evento presencial. Fiz muitas especializações onlines, mas nada substitui o ‘olho no olho’. Portanto, posso definir esse momento como especial também pela possiblidade de, quem sabe, estejamos vencendo a Covid-19”, discursou. Na ocasião, Dr. Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), e Luis Natel, ex-diretor executivo do Grupo Notredame Intermédica e fundador da Abramed, estiveram presentes para debater “O futuro da saúde pós-Covid” ao lado de Henrique Neves, diretor geral do Hospital Israelita Albert Einstein; e Dr. Nelson Teich, oncologista clínico e mestre em Economia da Saúde.

De acordo com o Dr. Marcelo Sampaio, só será possível ter a real dimensão da Covid-19 daqui cinco anos. “Eventos como esse em que podemos discutir sobre o futuro da saúde servem como um guia para iluminar os caminhos na medicina, que está passando por uma verdadeira revolução. A prova viva disso é o quanto estão avançando os atendimentos virtuais, os devices, monitoramento à distância, realidade virtual expandida, robótica, entre tantas outras novidades que estão a caminho, como o 5G”.

Em sua apresentação de abertura, Sampaio também explanou como a MD Health, empresa de educação médica independente do Brasil e América Latina, [JP1] vem contribuindo para que a capacitação profissional seja cada vez mais independente e, assim, ser capaz de lidar com as adversidades. “Até pouco tempo atrás, a informação era restrita a academia. Se saíssemos da faculdade não tínhamos mais acesso ao conhecimento. Agora não mais. Queremos ser a maior potência de conhecimento deste país, e no final poder gerar a cura de doenças e elevar a qualidade de vida das pessoas. Hoje, queremos expandir nossa atuação de oncologia para a cardiologia, neurologia e ortopedia. Montamos um verdadeiro time para termos mais médicos qualificados e assertivos em suas decisões terapêuticas”.

Para Dr. Wilson Shcolnik, a pandemia trouxe diversos desafios que prevalecerão nos próximos anos. “Antigamente, era nítido que cada um tinha seu nicho de atuação. Nesse período de crise sanitária vimos muita cooperação e solidariedade entre os profissionais da saúde. E tem que ser assim daqui por diante. Outro ponto que merece um olhar atento é a questão da barreira regulatória. Temos como exemplo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que simplificou os caminhos para termos os registros mais facilitados. As perspectivas para o futuro são boas e não estão diretamente ligada à Covid, como a constituição de ecossistemas”.

Outra observação do presidente da Abramed foi em relação a importância da medicina diagnóstica constante. “Em 2020 eram esperados que fossem realizados 1 bilhão de exames complementares na saúde suplementar. Por conta da pandemia, apenas 85% foi feito. A consequência disso, na prática, é que tivemos uma queda de 46% no número de mamografias, por exemplo, entre outras doenças que necessitam de diagnósticos essenciais. Além disso, temos uma população que está envelhecendo e que, via de regra, tem mais de duas doenças crônicas que necessitam de exames. Com a medicina personalizada na tendência do setor, é inegável a importância de combater o desperdício na hora do diagnóstico. Sabemos de todas as limitações para a sustentabilidade do sistema”.

“O mundo é global quando interessa. Quando o problema fica grande, ele é local”, foi o que apontou Luis Natel. “Os insumos inacessíveis durante a primeira onda da Covid e a dificuldade de vacinar a população foram as provas disso. Sempre vimos as Entidades de classe tentando aglutinar os objetivos. Mas, de fato, só vimos isso acontecer com a pandemia. Devemos continuar esse movimento colaborativo. A inflação médica também ficou bem clara e exposta. O desperdício deve ser combatido, seja o que for: erro, má conduta, medo, recursos. É preciso aprender sobre gestão. O mercado vem se profissionalizando e, para termos um trabalho mais amplo, devemos ser integrados”.

Já Henrique Neves destacou o fato de algumas mudanças já estarem em curso quando o surto da Covid chegou. “Já havia uma transformação digital em andamento, na questão da transmissão e do armazenamento dos dados. Já emergia um novo consumidor, com voz ativa, que se manifesta e diz suas necessidades sem intermediador. O grande fato que vimos foi o poder de resiliência do brasileiro. Vimos um esforço profundo do estado e dos municípios para conseguir controlar a situação. Na segunda onda, vimos um sistema de saúde mais calibrado e evoluído, capaz de administrar e conseguir recursos. Estamos chegando no ‘início do final’, espero não estar sendo traído pelo vírus”, disse bem-humorado.

Na visão de Neves, o que é interessante é refletir se teremos paciência de olharmos para trás para refletir sobre essa experiência. “O que é tendência? O que acontecerá com o sistema de saúde no futuro? Quais as lições aprendidas durante a pandemia? Precisamos entender cada ponto e avaliar a questão da equidade, o que nós, como país, entendemos como equidade de acesso. Temos obrigação de fazer e discutir mais sobre esse tema que, certamente, dominará a agenda política”.

Dr. Nelson Teich lamentou o fato de ter presenciado o mundo inteiro brigando por um respirador. “A experiência de querer ajudar e não conseguir foi tensa, sofrida. A Covid veio para mostrar as fragilidades e ineficiências do sistema de saúde. A inovação transformou rapidamente os acessos, como o recurso diagnóstico. Mas, a capacidade de gestão não acompanhou na mesma velocidade. Os gestores precisam ter informação detalhada sobre o financiamento, a operação e a entrega. A informação deve ser clara, senão caminha-se às cegas e tomam-se decisões baseadas em intuição. Quando não se domina as variáveis, trabalhamos com a sensação que estamos usando a lógica. Em uma pandemia, aquilo que deveria ser tratado como evolução é encarada como uma situação de confronto. Nenhum país é preparado para uma sobrecarga como foi, nem Japão e países europeus foram capazes de lidar com o coronavírus”. O presidente da MD Health mostrou sua preocupação: “Onde está o verdadeiro colapso? É esse que vimos ou virá pós-Covid?”. Para o executivo é essencial estudarmos algumas variáveis. “Os médicos precisam entender um pouco sobre gestão, independente do sistema ser público ou privado. Vimos uma mudança de pensamento da população brasileira, que está mais preocupada com a sua saúde. Nos grandes centros vimos outro fenômeno, a vinda de pacientes que não imaginavam que alguns serviços não tinham o custo tão elevado. Agora: o que faremos com os programas de prevenções de doenças crônicas que foram interrompidos nesses dois anos? Quais serão os efeitos? Tivemos pesquisas e áreas de conhecimentos que também foram interrompidas. O que isso vai representar para o mundo pós-Covid?”, finalizou.

Abramed promove discussão sobre Medicina Diagnóstica do Futuro no ComMeets 21

Painel teve presença da Quest Diagnostics e do Hospital Israelita Albert Einstein

A “Medicina Diagnóstica do Futuro” foi o tema discutido no ComMeets 21, uma iniciativa do Fórum Inovação Saúde (FIS), que contou com a mediação de Wilson Shcolnik, presidente do conselho de administração da Abramed. No dia 12 de novembro, Carlos Moreira, diretor gerente da Quest Diagnostics CALA (Caribe e América do Sul); e Eliezer Silva, diretor de medicina diagnóstica e ambulatorial do Hospital Israelita Albert Einstein, estiveram juntos para mostrar seus cases e suas visões de mercado.

Em sua apresentação, Eliezer Silva mostrou que a medicina diagnóstica começou desde a fundação do Albert Einstein para dar todo o suporte necessário ao processo assistencial. “São 50 anos de experiência. Quando decidimos montar unidade de urgência e consultórios médicos, tivemos uma expansão da medicina diagnóstica, sempre casada com a assistência. Cada unidade lançada era associada a um serviço, papel preponderante dentro do hospital. Nos últimos três anos, decidimos criar a rede de atenção primária e, novamente, ela esteve presente – nos exames essenciais, permeando todos os níveis de atenção, participando ativamente na sustentabilidade da instituição. Atendemos o SUS, administramos dois hospitais, 23 unidades básicas, AMAS, Caps”, revela.

Carlos Moreira apresentou toda a expertise da Quest, inclusive o know-how em promover muito mais do que diagnósticos. “Trabalhamos na direção e consideração de riscos, bem como na predição de doenças e enfermidades antes mesmo dela existirem. Os investimentos nessa linha são altos, como espectrometria de massa, mobilidade iônica, entre outras tecnologias. Afinal, é preciso obter resultados melhores em saúde por meio de insights no diagnóstico”.

O Albert Einstein foi o primeiro laboratório brasileiro a diagnosticar um paciente com Covid. “Em janeiro de 2020, criamos uma rotina semanal, depois diária para o enfrentamento da doença. Isso foi fundamental para fazer uma previsão da curva de progressão e traçar a taxa de ocupação hospitalar e terapia intensiva. No final de fevereiro, registramos 135 internados na rede privada. Participamos da criação do Hospital Campanha do Pacaembu, tivemos que desenvolver nossa área de biologia molecular, precisávamos criar uma capacidade operacional brutal. Apoiamos, e continuamos apoiando, o Instituto Butantan na realização dos exames RT-PCR”.

Para Silva, a área de imagem foi fundamental, principalmente na medida que os processamentos de exames de pulmão foram demandados de maneira intensa, dando suporte tanto a unidade de pronto atendimento, quanto terapia intensiva. “Nos preparamos muito. O que achamos que ia acontecer em 2020, aconteceu no ano seguinte. Em 2021, tivemos 303 pacientes internados (o dobro do ano anterior) e quase 100 pacientes em ventilação mecânica. Fomos obrigados a criar um hospital de campanha dentro da nossa unidade no Morumbi. O fato é que a medicina diagnóstica vem se estruturando em processos e dando suporte em tempo real para assistir adequadamente os pacientes. Hoje, em novembro de 2021, temos oito internados e apenas dois em ventilação mecânica”.

Os investimentos da Quest durante o auge da pandemia foram massivos. “Colocamos para operar 25 centros de testagem nos Estados Unidos, repentinamente. Hoje, fazemos 200 mil testes PCR e 350 mil de antígeno por dia. Prestamos um serviço importante para as empresas que não podiam deixar seus funcionários em casa. Foram 6.800 postos de atendimentos nos EUA e 30 mil espalhados pelo mundo, por meio dos nossos parceiros. Foi muito importante ter tido essa estrutura e capacidade de grandes testagens”, afirma Moreira.

Revolução tecnológica

No final do ano passado, o diretor de medicina diagnóstica do Einstein recebeu a missão de coordenar o processo de transformação digital da instituição. “Um desafio enorme de aproximar as áreas de TI, big data, assistenciais e de negócios. Ao desenhar a jornada do paciente começamos pela medicina diagnóstica. Notamos que havia um distanciamento enorme desses processos da ponta que tem íntima relação com a experiência do cliente na percepção da equipe de tecnologia. Ouvimos com frequência: ‘não sabia que era para isso’. Nosso propósito da mudança é entender as necessidades mais triviais de forma integrada. Durante a pandemia, saltamos de 200 mil clientes atendidos diretamente pelo médico para uma base de 2 milhões por meio dos recursos digitais. O que notamos é que o indivíduo aprendeu a usar a tecnologia”. Moreira afirma que na Quest o digital sempre teve papel importante. “São 1,800 milhão de testes diariamente, 7 mil postos de atendimentos, 3.700 veículos de coleta, 23 aviões, 56 bilhões de data points de pacientes. É muito investimento em pesquisa e desenvolvimento para combinar dados e algoritmos. O uso da tecnologia é caro, mas permite informações mais precisas e de qualidade superior que conseguem trazer aspecto de predição”, finaliza.

Em 2021, Abramed se destaca com a produção e participação de eventos virtuais e presenciais

Quinta edição do FILIS foi pela primeira vez 100% virtual; entidade ampliou agenda com atuação nos principais encontros de parceiros realizados anualmente no cenário de saúde nacional

O ano marcou a volta do FILIS – Fórum Internacional de Lideranças da Saúde, evento promovido anualmente pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que nasceu da necessidade de trazer luz à medicina diagnóstica, considerada um elo que permeia todo o sistema de saúde e que é fundamental para a melhor assistência aos pacientes.

Após quatro edições de sucesso, o encontro já consagrado na área da saúde como um importante evento que reúne líderes e gestores responsáveis pelas tomadas de decisões estratégicas no setor, foi adiado em 2020 diante do cenário de incertezas devido à rápida disseminação do novo coronavírus.

O 5º FILIS começou antes mesmo da data oficial do encontro (13 e 14 de outubro), com a realização, em 14 de setembro, de um evento virtual de aquecimento, que reuniu grandes líderes da saúde em um debate sobre movimentos empresariais da medicina diagnóstica e dados setoriais.

Com o tema “A Medicina Diagnóstica de hoje na construção do sistema de saúde do amanhã”, a quinta edição foi gratuita, em formato 100% virtual e  interativo, com participação ativa do público em tempo real, além de palestrantes nacionais e internacionais discutindo as vertentes mais urgentes não somente da medicina diagnóstica, mas da saúde como um todo. O evento ainda trouxe salas paralelas após as temáticas principais nos dois dias, onde foram apresentados assuntos específicos relacionados à telemedicina, LGPD e covid-19.

Entre as participações, o evento contou com a abertura do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que falou sobre a importância do diagnóstico na coordenação da pandemia e como as relações entre os sistemas público e privado de saúde são indispensáveis para a melhor sustentabilidade do setor. 

A revisão de algumas resoluções por parte dos órgãos reguladores e a saúde baseada em valor também foram apontadas pelos especialistas que participaram do evento como pontos importantes para que a saúde seja sustentável para todos os elos da cadeia, assim como o compromisso com a qualidade dos serviços prestados. 

Os debates da quinta edição do FILIS ainda destacaram o legado e os desafios da medicina diagnóstica no pós-pandemia, a importância das novas tecnologia ao sistema de saúde e apontaram o paciente no centro do atendimento, o acesso aos cuidados, a sobrecarga do sistema no pós-pandemia, a formação de profissionais e a fragmentação da saúde como alguns dos desafios econômicos para o segmento. 

Confira a cobertura completa do 5º FILIS na newsletter especial do evento.

Bootcamp de Jornalismo em Saúde

A Abramed, em 2019, promoveu, pela primeira vez, o Bootcamp de Jornalismo em Saúde, com o objetivo de levar informação de qualidade e desmistificar dados falaciosos divulgados a respeito da saúde no Brasil a jornalistas das mídias impressa, eletrônica, televisiva e, também, do rádio.

Assim como em 2020, devido à pandemia de covid-19, este ano a terceira edição do Bootcamp Abramed de Jornalismo em Saúde foi realizada virtualmente, no dia 25 de fevereiro, e contou com jornalistas da grande mídia nacional interessados nas atualizações acerca do papel da medicina diagnóstica na pandemia um ano após a confirmação do primeiro caso de covid-19 no país.

O encontro trouxe o perfil da entidade; dados atualizados sobre a participação da medicina diagnóstica privada no controle da pandemia de covid-19; e a queda no número de procedimentos eletivos durante o ano de 2020.

Especialistas também explicaram as variantes do novo coronavírus; a evolução dos exames para detecção da covid-19 e o que devemos esperar com a imunização advinda das vacinas; e tiraram dúvidas de profissionais da imprensa presentes no encontro on-line. Clique aqui para acessar a terceira edição do evento.

Participações Abramed em eventos de parceiros

O calendário de eventos da Abramed sempre considerou a participação da entidade nos principais encontros de parceiros realizados anualmente no cenário de saúde nacional.

Mais uma vez, a entidade marcou presença virtualmente no Digital Journey, promovido  pela Feira Hospitalar, já que, devido à pandemia, o principal evento do setor nas Américas foi adiado para 2022. Assim como a primeira edição da Medical Fair Brasil, também marcada para o próximo ano, e que em 2021 realizou o Medical Conecta, contando com a presença on-line da Abramed.

Pela primeira vez, a Abramed esteve presente na programação oficial da 51ª Jornada Paulista de Radiologia (JPR), realizada entre 22 e 25 de setembro, retomando os eventos presenciais, com uma extensa programação, permeando diversas especialidades e áreas da medicina diagnóstica. O presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik, foi o moderador do debate com especialistas sobre segurança em saúde digital e LGPD  e como isso afeta o setor, onde apresentou em primeira mão o Guia de Boas Práticas em Proteção de Dados para o Setor de Medicina Diagnóstica – uma publicação concretizada pelo Grupo de Trabalho (GT) de Proteção de Dados da Associação.

No formato ainda digital, a entidade também participou de vários eventos do setor ao longo de todo o ano de 2021, como os Diálogos Brasil-Reino Unido em Saúde Digital, promovidos Governo Britânico no Brasil e o Instituto Coalizão Saúde (ICOS); Healthcare Talks e Welcome Saúde, do Grupo Mídia; webinar sobre o protagonismo feminino na saúde suplementar, da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas); workshop on-line sobre diferentes testes de covid-19, do Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXs); ações e perspectivas para a saúde no Brasil, do Comitê da Cadeia Produtiva da Saúde e Biotecnologia (ComSaude), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp); lançamento do Índice de Serviços (ISe), da Frente Parlamentar do Setor de Serviços (FPS); I Congresso Brasileiro de Raciocínio Clínico; III Fórum de Segurança do Paciente, do Conselho Federal de Medicina (CFM); Encontro Estratégico do Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp), da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp); 3º Global Summit Telemedicine & Digital Health, da Associação Paulista de Medicina (APM) em parceria com o Transamerica Expo Center; e webinar “O papel da medicina diagnóstica na GPS – Gestão de Saúde Populacional – O que podemos e devemos incentivar sem gerar desperdícios?”, promovido em parceria com a Aliança para a Saúde Populacional (Asap).

Série de eventos virtuais da Abramed ganhou segunda temporada em 2021

Debates apontaram a relevância da medicina diagnóstica e da troca de experiências para o setor

Adaptando seu calendário de eventos ao cenário digital devido à pandemia de covid-19, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) lançou, em 2020, a série #DiálogosDigitais, uma sequência de bate-papos online que promoveu debates sobre os mais variados assuntos que afetam toda a complexa cadeia de saúde. Com o êxito do projeto, ele ganhou uma segunda temporada em 2021.

A partir de abril, foram realizados episódios bimestrais, ao vivo, com a participação de 20 lideranças do setor de saúde, mais de oito horas de conteúdo, com cerca de mil visualizações.

“Em um momento de tantos desafios, como o que estamos vivendo devido à pandemia, fica ainda mais clara a importância do diálogo aberto e da troca de experiências”, explica a diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano.

Confira a seguir um compilado das principais discussões.

#Diálogos1

No primeiro episódio de 2021, em abril, representantes de toda a cadeia produtiva debateram sobre o futuro da saúde suplementar, abordando os reflexos da pandemia, a incorporação tecnológica e a responsabilidade compartilhada rumo à sustentabilidade do sistema.

Foram discutidas questões como formas de dar vazão a todos os procedimentos represados no último ano em decorrência do afastamento dos pacientes das consultas, exames e cirurgias eletivas; os processos de inclusão de novos exames e procedimentos no Rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); e os testes sorológicos feitos após a imunização. Clique aqui para assistir.

#Diálogos2

Em junho, foi ao ar o segundo episódio, com especialistas debatendo a gestão da saúde corporativa e da medicina diagnóstica, o que alavancou discussões extremamente relevantes sobre o papel das corporações na saúde populacional.

O debate ainda ressaltou a relevância do empoderamento do paciente para a manutenção da sua saúde e bem-estar; a importância fundamental da medicina diagnóstica na prevenção no contexto da saúde corporativa; o desafio na interoperabilidade; e a busca pela eficiência como melhor caminho para a sustentabilidade do setor. Clique aqui para assistir.

#Diálogos3

A saúde é um dos setores que mais se apoiam na inovação tecnológica para prover atendimentos de qualidade e melhorar tanto as ações de prevenção quanto os prognósticos dos pacientes. Esse foi um dos assuntos abordados no terceiro episódio dos #DiálogosDigitais, em agosto, com uma discussão que mesclou vários temas que permeiam o setor com o objetivo principal de esclarecer: medicina diagnóstica é custo ou investimento? 

Os especialistas apontaram que a pandemia colocou em evidência a medicina diagnóstica e o quanto o investimento no segmento é importante, podendo, inclusive, gerar economia ao sistema de saúde ao indicar a terapia certa para o paciente certo. Clique aqui para assistir.

#Diálogos4

Exames genéticos, diagnósticos mais precisos, oncologia de precisão, painéis hereditários e mapeamento genético foram os assuntos abordados no quarto episódio dos #DiálogosDigitais, em novembro.

No bate-papo, os especialistas explicaram que o monitoramento de tumores já é uma realidade, pois há algoritmos para identificar modificações no DNA que são muito específicas para cada categoria de câncer; e que a medicina personalizada, inclusive, pode ser uma luz para a evolução dos tratamentos, mas é preciso acender esse interruptor para que seja possível influenciar positivamente o cenário da saúde no país, com profissionais, pacientes, familiares e gestores, todos focados na conscientização.

Também foi apontado que previsão, prevenção e medicina personalizada estão interligadas, e a partir do mapeamento da população será possível ter um perfil dos polimorfismos de uma comunidade e colocar os indivíduos em percentil de risco, o que permitirá, daqui a um tempo, fazer programas de rastreamento de forma muito mais dirigida. Clique aqui para assistir.

#Diálogos5

As tendências e os desafios da medicina diagnóstica foram debatidos no quinto e último episódio de 2021 da série #Diálogos Digitais Abramed. Os palestrantes destacaram a importância da colaboração entre todas as áreas da saúde para alavancar a aplicação de inovações que agilizem a transferência de informações e contribuam para a velocidade e a segurança no setor de diagnósticos.

Apontaram a gestão de dados e como usá-los para produzir novas ferramentas de gestão do cuidado como muito relevantes para o setor; que as novas tecnologias colaboram para mitigar o problema de não atendimento ao cliente; e que o foco da empresa na área de saúde deve ser unir os elos da cadeia e disponibilizar ferramentas e tecnologias para facilitar o acesso do paciente final ao produto ou ao material necessário para o seu diagnóstico. 

Para os especialistas, a grande questão agora é como as inovações se encaixam no modelo de remuneração, tanto das fontes pagadoras quanto dos clientes particulares, pois o setor ainda não conseguiu atingir o equilíbrio. Clique aqui para assistir.

Todos os episódio da primeira e segunda temporada de #DiálogosDigitais Abramed podem ser acessados no canal do Youtube da entidade.

Último episódio de 2021 da série #DiálogosDigitais Abramed abordou tendências e desafios da medicina diagnóstica

Palestrantes destacaram a importância da colaboração entre todas as áreas da saúde para alavancar a aplicação de inovações que agilizem a transferência de informações e contribuam para a velocidade e a segurança no setor de diagnósticos

As tendências e os desafios da medicina diagnóstica foram debatidos no quinto e último episódio de 2021 da série #DiálogosDigitais Abramed. Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, foi o moderador do bate-papo, que contou com a participação de Cristovão Mangueira, diretor médico de Medicina Laboratorial do Hospital Israelita Albert Einstein; Flávio Chaves de Souza, general manager da Stark-4PL; Gustavo Meirelles, VP Médico da Alliar Médicos à Frente e diretor do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed; e Lincoln Moura, diretor da Accenture.

Cristovão começou destacando que o Einstein tem investido muito em inovação, formalizando uma diretoria exclusiva para a área e uma estrutura de incubadora de startups, o que deu à instituição o protagonismo no setor. “Muito do que investimos está relacionado a laboratórios clínicos. O setor de diagnóstico foi a grande estrela dos investimentos em inovação feitos pelo hospital”, disse.

O Einstein tem focado, também, na área de genômica, criando uma massa crítica nessa área, e em ciências “ômicas” – campos de estudo que fazem parte das ciências biológicas e compreendem os estudos que terminam com -omics, como Genômica, Proteômica, Metabolômica e Transcriptômica –, principalmente com tecnologia de espectrometria de massas, ICP e outras metodologias químicas ou bioquímicas que possibilitam o desenvolvimento das áreas de proteômica e metabolômica. “Se eu fosse citar uma inovação relevante para a área de saúde, citaria a gestão de dados e como usá-los de forma a produzir novas ferramentas de gestão do cuidado da saúde”, acrescentou Cristovão.

Especificamente sobre a área de logística, Souza, da Stark-4PL – empresa do ramo de Supply Chain em saúde, explicou como as tecnologias colaboram para mitigar o problema final de não atendimento ao cliente. “O foco da empresa na área de saúde é unir os elos da cadeia e disponibilizar ferramentas e tecnologias para facilitar o acesso do paciente final ao produto ou ao material necessário para fazer o diagnóstico ou o acompanhamento de sua saúde. Logística não é só transporte, ela envolve tudo entre planejar, executar e entregar”, disse.

Segundo Souza, a logística é uma parte sensível do processo, pois pode tanto facilitar quanto aumentar os custos, se não gerida corretamente. “A ideia da Stark-4PL é gerar sinergia entre os fornecedores, os operadores logísticos e os transportadores para que os recursos cheguem ao laboratório ou ao hospital, garantindo os ganhos em custo e em produtividade”, salientou.

A respeito das inovações em diagnóstico por imagem, Meirelles, da Alliar, lembrou dos avanços que por muito tempo ficaram restritos a hardwares. Ele citou um novo tomógrafo por contagem de fótons e ressonâncias magnéticas de baixo campo, com imagens excelentes. “O tema da vez é a inteligência artificial e ela tem muito a agregar não só no diagnóstico por imagem, mas no setor de saúde como um todo.”

A grande questão agora, segundo Meirelles, é como as inovações se encaixam no modelo de remuneração, tanto das fontes pagadoras quanto dos clientes particulares. “Ainda não conseguimos atingir o equilíbrio. A inteligência artificial é vista apenas como custo adicional, mas ela permite tirar o médico de atividades repetitivas, agilizar a realização de alguns exames e melhorar a avaliação global, reduzindo custos e fazendo o paciente viver mais.”

A estratégia de saúde digital foi um dos focos da participação de Moura, da Accenture – multinacional de consultoria de gestão, tecnologia da informação e outsourcing. De acordo com ele, a visão dessa estratégia é clara: fazer com que a Rede Nacional de Dados em Saúde seja a plataforma nacional de plataformas de saúde, ou seja, que várias plataformas se conectem a ela. “A grande questão é que precisa existir um espaço de colaboração. O Ministério da Saúde está focado em resolver muitos problemas da saúde pública e nós, empresas, hospitais, centros de diagnósticos, podemos trabalhar juntos para desenvolver soluções que interessem a todos e que sejam disponibilizadas na plataforma nacional.”

Mas aí, Moura chamou a atenção para o problema sério de governança. Quem é que pode se beneficiar da inovação feita, como se remunera o esforço e o investimento feito na inovação? “É um universo muito novo para nós, mas não é impossível. Sou muito otimista sobre isso. Há um potencial enorme para desenvolver esse mercado, mas precisa de ação coordenada”, ressaltou, citando que os laboratórios privados já começaram a depositar o resultado de exames na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) usando padrões internacionais.

Shcolnik, por sua vez, lembrou que durante a pandemia o governo brasileiro conseguiu obter dados sobre exames de Covid-19 por meio da colaboração direta da Abramed. “Conversei com o pessoal do DataSUS no sentido de esclarecer que metodologias poderiam ser usadas para gerar os resultados dos exames e não tenho dúvida que esta foi uma grande contribuição que demos para o Ministério da Saúde, para o DataSUS e para a Rede Nacional de Dados em Saúde.”

Os participantes do encontro também comentaram como a saúde digital acabou sendo impulsionada pela pandemia. E então veio a provocação: se já foi possível fazer a interoperabilidade com os exames de Covid-19, por que não tentar fazer o mesmo sobre as doenças de notificação compulsória e depois ampliar para outras doenças? A resposta está ligada, mais uma vez, à importância fundamental da colaboração entre todos os atuantes na cadeia da saúde.

O quinto e último episódio da série #DiálogosDigitais Abramed 2021 está disponível na íntegra no canal do YouTube da entidade. Clique aqui para assistir.

Evento Abramed e Asap traz a relevância da medicina diagnóstica na gestão da saúde

Wilson Shcolnik participou do webinar e destacou que a manutenção sustentável do sistema de saúde é importante para enfrentar o problema do desperdício e dos custos no setor

A Aliança para a Saúde Populacional (Asap) em parceria com a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) realizou o evento virtual com o tema “O papel da medicina diagnóstica na gestão de saúde populacional – O que podemos e devemos incentivar sem gerar desperdícios?”.

O encontro, realizado em 18 de novembro, foi coordenado pelo presidente da Asap, Cláudio Tafla e participação do presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik que ressaltou logo no início que a gestão de saúde populacional passa pelos  pilares que compõe o triple aim, amplamente defendido pelo Institute for Healthcare Improvement), que é baseado em três objetivos: melhorar a experiência do paciente/indivíduo em relação à assistência, aumentar a qualidade da saúde e reduzir custos per capita da assistência de saúde.

Questionado por Tafla sobre a medicina diagnóstica representar o segundo item que impacta no orçamento do setor, ficando atrás apenas das internações, que representam de 40% a 60% dos custos na saúde, Shcolnik explicou que o segmento estimula o uso racional de qualquer recurso dentro do sistema de saúde público e privado, pois os recursos são limitados e precisam ser empregados de modo que tragam valor  para o cuidado geral em benefício dos usuários/pacientes.

“Os exames são essenciais para os cuidados em saúde, tanto para a confirmação do diagnóstico, como para a promoção e prevenção”, ressaltou o presidente do Conselho de Administração da Abramed, lembrando que atenção primária sem exames complementares não é plena e que a medicina personalizada, que é praticamente baseada em exames laboratoriais, pode trazer mais eficiência ao sistema de saúde.

Mas, Shcolnik reconhece que existe um desperdício que precisa ser combatido no setor e que as operadoras de planos de saúde têm os melhores dados sobre utilização de exames e que poderiam fazer estudos de uso regionais para gerar indicadores. Tema, aliás, considerado muito relevante para a medicina diagnóstica, que possui alguns indicadores de qualidade laboratorial e que estão, de alguma forma, vinculados ao desfecho e ao resultado da assistência à saúde.

Para Tafla, este é um assunto muito relevante para a gestão da saúde populacional,  pois no desfecho está inserida a questão do que cada ação acrescenta em valor ao sistema.

“Tudo tem custo, mas se agregar valor à jornada do paciente, ao melhor diagnóstico  no momento correto e ao melhor desfecho, teoricamente estamos fazendo a coisa certa”, comentou o presidente da Asap.

Shcolnik esclareceu que em medicina diagnóstica é muito difícil conseguir vincular cada procedimento realizado ao desfecho final da assistência. Ele explicou que esse resultado depende de muitas variáveis, como os recursos disponíveis, o ambiente onde o cuidado é oferecido, do nível de capacitação que cada profissional possui e do nível do cuidado em enfermagem.

“Os exames são mais um elo na cadeia da assistência. Eles têm o seu papel e a sua importância, sobretudo nos desfechos intermediários. Isso quer dizer que se um laboratório ou uma clínica de diagnóstico por imagem atrasa a liberação de um laudo, do resultado de um exame, ele pode estar atrasando a definição de um diagnóstico, com repercussão direta na decisão que será tomada pelo médico e que, certamente, trará impacto direto ao paciente e ao desfecho da assistência”, afirmou o presidente da Abramed.

Para ele, cabe aos gestores do sistema de saúde como um todo aperfeiçoar os processos e o modo da solicitação de mais recursos, para que quando ofertados não tenham o destino de desperdício.

Também salientou que os prestadores de serviços de saúde devem ter o entendimento de que é necessário interagir cada vez mais com quem utiliza esses serviços, colocando sempre o paciente no centro do cuidado, entendo suas necessidades e de cada médico, pois manter esse canal de comunicação aberto é uma obrigação do setor.

Shcolnik ainda mencionou a relevância da medicina personalizada que é uma ferramenta que traz economia ao indicar a direção exata de tratamentos efetivos.

“É uma inovação que tem trazido benefícios a muitos pacientes e às fontes  pagadoras, pois mesmo sendo mais custosa, terá o recurso empregado com segurança e resultará em cuidado efetivo ao paciente”, frisou.

Fusões e aquisições

O presidente do Conselho de Administração da Abramed ainda foi questionado sobre a grande movimentação no setor privado de saúde, onde muitas fusões e aquisições vêm se concretizando, tanto na área de operadoras dos planos de saúde quanto nos vários segmentos de prestação de serviços. Nesse sentido, ele ressaltou que o segmento de medicina diagnóstica também está se movimentando.

“São movimentações atrativas para ganho de escala. Além disso, há um aumento no número de empresas, já que a realização de exames tende a crescer devido ao envelhecimento populacional,  ao predomínio de doenças crônicas e degenerativas, e isso atrai o interesse de investidores, inclusive estrangeiros, para o setor e estimula o crescimento”, declarou Shcolnik.

Ele concluiu comentando sobre o interesse das empresas de medicina diagnóstica na aquisição de outras organizações dentro do ecossistema da saúde.

“Há redes de laboratório adquirindo hospitais, clínicas oftalmológicas, por exemplo. Com isso, o objetivo dessas instituições é integrar e facilitar, cada vez mais, a jornada do paciente, de maneira disciplinada, e obter dados que serão transformados em informações que, integradas por meio de inteligência artificial, devem resultar na melhoria do atendimento para todos”, concluiu.