Abramed apresentou o cenário da medicina diagnóstica em evento da Frente Parlamentar em Brasília

Na reunião com parlamentares e lideranças da saúde, também foi destacada a 5ª edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico

A Abramed participou de reunião da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), no dia 7 de novembro, em Brasília. No encontro, a entidade apresentou o “Cenário do setor de Medicina Diagnóstica – Desafios e Oportunidades”, com base nos dados do 5º Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, além de discutir “Desafios e perspectivas do Setor da Saúde”, junto a parlamentares e outras lideranças da área da Saúde.

Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, salientou a relevância da medicina diagnóstica para a sustentabilidade do sistema de saúde e mencionou o reconhecimento da importância dos exames pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que publicou em 19 de outubro deste ano a quarta lista dos exames laboratoriais essenciais, recomendando aos governos dos países membros a oferta em nível nacional.

Apresentando dados do 5º Painel Abramed, Shcolnik mostrou que o segmento tem experimentado um crescimento significativo nos últimos anos, impulsionado por fatores como aumento populacional, envelhecimento da população, crescente preocupação com saúde e bem-estar, além do avanço tecnológico. 

No entanto, segundo informações da publicação, as despesas com saúde no país atingiram entre R$ 912 bilhões e R$ 951 bilhões em 2022, com um aumento real de cerca de 10% em relação a 2019. Este aumento foi impulsionado pelo crescimento do setor de medicina diagnóstica, que representou menos de 20% das despesas totais com saúde.

Shcolnik também abordou os desafios do setor, começando pelo no-show, que acontece quando o paciente agenda exames, mas não comparece. No caso específico de exames de imagem, o índice chegou a 25% em 2022, segundo dados do Painel. Essa prática prejudica a disponibilidade para outros pacientes, o que impacta diretamente no acesso aos serviços de saúde.

Outro desafio apontado foi o prazo médio de pagamento das operadoras aos prestadores de serviços. O Painel revela que em 2022 esse prazo chegou a 52 dias, tendo superado a marca de 70 dias no primeiro semestre de 2023. A longa espera por pagamentos afeta significativamente os fluxos de caixa das empresas, gerando repercussões em toda a cadeia, impactando a qualidade e a continuidade dos serviços prestados.

Shcolnik também citou a questão das glosas, ou seja, os exames realizados e não remunerados pelas operadoras de saúde. Alguns desses casos apresentam justificativas plausíveis, enquanto outros carecem de razões fundamentadas. Esse fenômeno atingiu 5% em 2022, de acordo com o Painel, representando um impacto significativo no sistema, uma vez que afeta diretamente a receita dos prestadores de serviços. Isso pode prejudicar a capacidade de investimento, o pagamento de salários e a expansão de serviços de diagnóstico de alta qualidade.

Há também a questão dos laudos não acessados. Shcolnik salientou que o número real de laudos não acessados é substancialmente inferior aos valores frequentemente divulgados pela mídia como desperdício. Em 2022, por exemplo, esse índice foi de 3,8% para exames laboratoriais e 9% para exames de imagem, segundo dados do Painel. Ele destacou que o acesso online aos laudos está em crescimento constante, e a fonte mais precisa para informações são os próprios laboratórios, não a mídia ou as operadoras de saúde. 

Shcolnik reforçou que a Abramed trabalha para a adequada utilização dos recursos da cadeia da saúde, considerando que a entidade é o elo que atua no diagnóstico e na prevenção, o que reduz o desperdício. Vale lembrar que os resultados de exames laboratoriais apoiam cerca de 70% das decisões médicas. Segundo ele, a busca pela responsabilidade na utilização de recursos é prioridade da Abramed, contribuindo significativamente para a eficiência da cadeia da saúde.

Por fim, o presidente do Conselho de Administração da entidade citou a falta de interoperabilidade no sistema de saúde brasileiro, que dificulta o compartilhamento eficiente de dados entre diferentes pontos de atenção à saúde. Além disso, segundo o executivo, a integração de todos os stakeholders no setor é crucial para garantir a sustentabilidade do sistema.

Uma solução para lidar com esses desafios, conforme destacou Shcolnik, é o uso da inteligência artificial (IA), que, na medicina diagnóstica, colabora para diagnósticos mais rápidos e precisos. Essa tecnologia não apenas aprimora a qualidade dos cuidados de saúde, mas também desempenha um papel crucial em toda a cadeia de saúde. Isso porque permite a análise eficiente de grandes conjuntos de dados, como imagens médicas e registros clínicos, identificando padrões complexos que podem passar despercebidos pela detecção humana. 

Debate

Após a apresentação do Painel, Shcolnik participou do debate sobre os “Desafios e perspectivas do Setor da Saúde”, juntamente com Bruno Sobral, diretor-executivo da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) e Giovanni Cerri, presidente do Instituto Coalizão Saúde (ICOS), sob a moderação do deputado federal Dr. Zacharias Calil, coordenador-estadual da FPE do Goiás.

Calil defendeu a desburocratização do setor da medicina diagnóstica para fomentar o empreendedorismo. “É preciso simplificar os trâmites para permitir que os empreendedores entrem no setor”, disse.

Giovanni Cerri, por sua vez, ressaltou a necessidade do uso das tecnologias. “O empreendedorismo pode melhorar o acesso para a medicina diagnóstica, reduzindo as desigualdades através das tecnologias, da telemedicina, até por meio da inteligência artificial”, expôs.

Cerri afirmou, ainda, que o Brasil precisa deixar de ser dependente de meios externos para suprir a própria demanda. “Na pandemia, nós vimos o quanto o país é dependente de equipamento, isso tem que mudar”, destacou.

De forma geral, os participantes salientaram que a medicina diagnóstica é crucial para o Brasil e que tecnologias podem transformar o acesso à saúde e reduzir desigualdades.
Na ocasião, a Abramed entregou a 5ª edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, publicação recém-lançada e que traz uma visão aprofundada do setor de diagnóstico no Brasil, podendo fornecer insights a empreendedores para identificar oportunidades, inovar tecnologicamente, estabelecer parcerias estratégicas e garantir conformidade regulatória. Investidores podem utilizar essas informações para decisões financeiras informadas, impulsionando o crescimento e a criação de valor no mercado.

Inteligência artificial e 5G pautaram a participação da Abramed no Global Summit APM 2023

Cesar Nomura, VP do Conselho de Administração da entidade, falou sobre “Conectividade na saúde e seus impactos na Medicina Diagnóstica”

A interseção entre conectividade e métodos de diagnóstico no contexto atual da tecnologia é fortemente impulsionada pela inteligência artificial (IA). Ela é empregada na análise de grandes conjuntos de dados clínicos, imagens médicas e informações genéticas, auxiliando os profissionais na identificação precoce de doenças, tomada de decisões mais informadas e personalização de tratamentos.

Essa sinergia entre IA e métodos diagnósticos é otimizada pela implementação da tecnologia 5G, que vem crescendo no Brasil. Sua capacidade de transmitir dados em altas velocidades e com baixa latência é um fator determinante para a eficácia das aplicações de IA na medicina diagnóstica.

O tema foi abordado por Cesar Nomura, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed, durante o Global Summit Telemedicine & Digital Health APM 2023, realizado de 20 a 22 de novembro, em São Paulo. Ele apresentou a palestra “Conectividade na saúde e seus impactos na Medicina Diagnóstica”, no Painel Nacional Soluções em Saúde Digital e Telessaúde.

Como exemplo do uso dessas tecnologias, Nomura lembrou que, durante a pandemia, cientistas do Hospital das Clínicas de São Paulo desenvolveram uma plataforma de IA, chamada RadVid19, para identificar casos de Covid-19 em tomografias. Algoritmos eram aplicados às imagens enviadas para a nuvem, disponibilizando os resultados em apenas 10 minutos. A solução foi criada em apenas um mês e meio, abrangendo 50 hospitais, que processaram 27 mil tomografias, gerando uma das maiores bases de exames de tomografia de Covid-19 do mundo.

Apesar do sucesso, segundo Nomura, a quantidade de tomografias processadas, considerando o tamanho do Brasil, poderia ter sido ainda mais expressiva se houvesse maior colaboração com o governo, o que destaca o potencial de expansão e impacto positivo desse tipo de ferramenta.

Atualmente, o 5G é considerado uma das tecnologias de conectividade que mais impactam a saúde, oferecendo rapidez, baixa latência e alta confiabilidade, estando presente em quase todos os lugares. “A conectividade avançada, como o 5G, permite integrar equipamentos como ultrassom, endoscópios, dermatoscópios, raios-x, entre outros, a centros de referência remotos, com médicos especialistas, permitindo o diagnóstico remoto através de imagens transmitidas em tempo real”, explicou.

O advento da tecnologia 5G promete revolucionar o telediagnóstico, especialmente em regiões com poucos serviços disponíveis. Na dermatologia, por exemplo, diversos algoritmos de inteligência artificial proporcionam informações mais detalhadas do que um diagnóstico realizado por um clínico geral ou profissionais menos experientes nessas localizações.

O potencial transformador é evidente ao considerar as taxas de mortalidade em comunidades afastadas, afetadas pela escassez de serviços de saúde. Oferecer um serviço de pré-natal ou ultrassom, com um especialista à distância, pode ajudar a melhorar a saúde pública no Brasil.

Já existem iniciativas em andamento, como a realização de ressonância e tomografia à distância por diversos grupos no país, como o InovaHC – Centro de Inovação do Hospital das Clínicas, permitindo fazer exames em locais sem especialistas, gerando ganhos de escala, aumento na qualidade e na produção, além de redução de custos.

Outro exemplo é o projeto OpenCare5G, criado por um grupo de empresas de diferentes setores e o Hospital das Clínicas da USP, que visa criar uma rede privativa de 5G, oferecer o telediagnóstico em áreas remotas e desenvolver novas habilidades, empoderando a força de trabalho local, induzindo novos pesquisadores no âmbito de telecom e telediagnóstico.

Nomura explicou que o caso inicial do projeto OpenCare5G envolveu um ultrassom portátil conectado via 5G a um centro de referência médico. Um agente de saúde local com treinamento básico opera o dispositivo e um médico especializado localizado remotamente orienta o agente local, salva imagens e fornece o diagnóstico. Tudo em tempo real.

Segundo ele, o verdadeiro avanço só é alcançável através da colaboração entre entidades públicas, privadas, academias e indústrias. “Ao unir esforços para idealizar e implementar soluções inovadoras, podemos maximizar os resultados, fazendo mais com menos em benefício da saúde da população”, disse.

Debate

Na sequência, o vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed participou de um debate sobre “Soluções em Saúde Digital e Telesaúde” com participação de Cleidson Cavalcante, pesquisador em IoMT | UTI Respiratória do InCor HC/FMUSP, e Felipe Cabral, gerente médico de Saúde Digital do Hospital Moinhos de Vento.

Uma das discussões foi sobre barreiras na implantação de ferramentas de interação à distância entre os profissionais de saúde. Para Cabral, a primeira delas pode ser a tecnológica, mas não é a principal. “A questão humana é um grande desafio, ou seja, o próprio médico querer uma segunda opinião de outro. Essa relação precisa ser de parceria, é importante trabalhar isso”, disse.

Nomura concordou, mas, para Cavalcante, a experiência foi diferente. No momento de dificuldade durante a pandemia, no caso da teleUTI geral adulto, houve uma grande necessidade de buscar outros profissionais. Ele lembrou, ainda, que na área de Terapia Intensiva é comum a discussão entre pares. “Além disso, quando os dados são entregues em tempo real, ou seja, quando os dois lados estão com acesso às mesmas informações, é importante já deixar combinado que aquele cujo sistema primeiro identificar alguma ocorrência deverá entrar em contato com o plantonista”, explicou.

Sobre a sustentabilidade da adoção de modelos conectados no Brasil, Nomura considera que é importante fazer primeiro a “lição de casa”. “Precisamos de integração entre as instituições de saúde e uma política de saúde pública por região”, destacou.

A respeito do uso da tecnologia na promoção de saúde, os participantes consideraram que é preciso comprometimento para conectar a população aos sistemas das instituições. As pessoas necessitam ser monitoradas e acessadas antes de desenvolverem a doença, evitando uma internação e as chances de complicação em seu quadro de saúde, além de reduzir os custos do sistema. A prevenção é o futuro e há ferramentas que podem contribuir nesse monitoramento.

“Se não nos prepararmos para as mudanças tecnológicas, seremos atropelados ou vamos acabar aceitando o que vier. O uso de aplicativos e tudo que vem de saúde digital é um caminho sem volta, mas é preciso dosar o que utilizar, porque nenhuma tecnologia é capaz de substituir o profissional humano”, salientou Nomura.

Novembro Azul: A inteligência artificial como aliada no diagnóstico precoce e tratamento adequado do câncer de próstata

Algoritmos de IA podem identificar sinais iniciais da doença, aumentando as chances de sucesso no tratamento

A inteligência artificial (IA) tem desempenhado um papel fundamental na saúde em várias áreas, especialmente oncológica. Neste Novembro Azul, mês usual de conscientização à respeito de doenças masculinas, a Abramed chama atenção para sua aplicação no combate ao câncer de próstata. Afinal, a IA pode ajudar tanto na detecção quanto no diagnóstico e no planejamento terapêutico.

Quem explica é Regis Otaviano França Bezerra, radiologista do Hospital Sírio-Libanês – associada Abramed – e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Segundo ele, a IA pode ser utilizada na análise de imagens, permitindo que os algoritmos avaliem exames médicos, como ressonâncias e ultrassonografias para detectar anormalidades sutis ou áreas suspeitas de câncer de próstata. “Dessa forma, esses modelos de aprendizado oferecem dados importantes para aprimorar a precisão na identificação de regiões cancerígenas”, expõe.

O segundo ponto está relacionado à estratificação de risco. Utilizando algoritmos que incorporam informações como idade, histórico familiar e níveis de biomarcadores, a IA possibilita uma análise mais precisa. Outros papéis igualmente relevantes da IA estão na radiômica e na patômica, dois campos emergentes na pesquisa médica que visam extrair dados de alta dimensão de imagens médicas e amostras de tecidos, respectivamente. Em resumo, trata-se da extração de dados tanto da patologia quanto da imagem.

Outro aspecto relevante é a aplicação da inteligência artificial nos sistemas de suporte à decisão, especialmente em cenários nos quais há uma profusão de dados complexos. “Quando lidamos com volumes substanciais de informações, como dados clínicos, de imagem, de patologia e histórico familiar, a integração dessas informações em sistemas de inteligência artificial possibilita o fornecimento de suporte para decisões clínicas mais precisas e embasadas”, salienta Regis.

Mais uma utilização da IA é no monitoramento do progresso da doença. Isso significa que, ao enfrentar o câncer de próstata, é possível acompanhar de perto sua evolução e a resposta ao tratamento. Esse monitoramento permite avaliar se um paciente específico terá uma resposta positiva ou negativa a um determinado tratamento.

Por último, Regis cita a integração com os registros eletrônicos de saúde. Ao conectar os dados do paciente a esses registros, tem-se uma visão abrangente do histórico médico, permitindo uma análise mais personalizada do indivíduo.

Inteligência Artificial na prática

Há alguns meses, o médico patologista Leonard Medeiros, líder de pesquisa no Grupo Oncoclínicas, conduziu um estudo que revelou a maior precisão no diagnóstico do câncer de próstata com a aplicação da inteligência artificial. O estudo, intitulado “Aplicação independente no mundo real de um sistema automatizado de detecção de câncer de próstata de nível clínico”, destaca a eficiência aprimorada do processo por meio dessa nova tecnologia.

A inteligência artificial permite a análise digitalizada do tecido prostático, reduzindo a possibilidade de falso negativo ao detectar áreas menores do câncer que poderiam passar despercebidas pelo método tradicional com microscópio. A pesquisa indicou uma redução de 65,5% no tempo de diagnóstico, evidenciando os benefícios da inteligência artificial na detecção mais rápida e precisa da doença.

O procedimento atua como um tipo de verificação dupla, assemelhando-se à atuação de uma equipe de patologistas que examinam minuciosamente a amostra. Além disso, o algoritmo desempenha um papel significativo no processo de treinamento e aprimoramento de novos profissionais. Medeiros destacou que a literatura médica evidencia uma variação na taxa de falso negativo entre 2% e 4% entre especialistas, e quando se usa o algoritmo, há uma redução para a faixa de 1% a 2%.

Informação é a chave

Mais de 65 mil novos casos de câncer de próstata foram diagnosticados por ano, entre 2020 e 2022, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Os homens mais propensos a desenvolverem o tumor são aqueles com mais de 55 anos, com excesso de peso e obesidade.

“A informação é a chave para que o homem conheça e entenda a necessidade da realização de exames precoces, principalmente em relação ao rastreamento no câncer de próstata, pois só é possível classificar essa doença como agressiva ou de baixo risco após resultados de exames como PSA, toque retal e eventualmente de imagem”, comenta Igor Morbeck, Oncologista e membro do Comitê Científico do Instituto Lado a Lado pela Vida.

Segundo ele, as campanhas de conscientização são fundamentais. “Elas devem alcançar diretamente o público, eliminando preconceitos e quebrando tabus, esclarecendo que o toque retal não compromete a masculinidade, não gera complicações e é realizado em aproximadamente 30 segundos”, explica.

É preciso entender que a atenção à saúde masculina é tão importante quanto à feminina. Conforme revelam as estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os homens, em média, vivem sete anos a menos que as mulheres. Vale lembrar que o sedentarismo, o tabagismo e os hábitos de vida prejudiciais são fatores que contribuem para o surgimento de doenças crônicas, cardiovasculares, metabólicas, como diabetes, e até mesmo câncer. “A população masculina demanda nossa atenção e intenção, necessitando de cuidados especiais para combater esses desafios à saúde”, complementa Morbeck.

A pesquisa “A Saúde do Brasileiro”, realizada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida em parceria com o Instituto QualiBest, revela que 83% dos homens entrevistados reconhecem a necessidade de cuidar melhor da saúde, sendo que 63% expressaram grande preocupação com seu bem-estar. No entanto, mais da metade (51%) aponta a rotina estressante como o principal obstáculo para um cuidado adequado, enquanto 32% citam o acesso à saúde como um desafio.

Participaram do estudo 815 pessoas, sendo 52% dos 401 homens usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), 27% atendidos pelo Sistema Suplementar e 21% utilizando ambos os sistemas. A pesquisa também destaca que 88% dos homens consultados visitam o médico pelo menos uma vez ao ano, sendo que 84% agendam as consultas por conta própria, e apenas 10% afirmam que as esposas realizam o agendamento.

Dados do Ministério da Saúde de 2022 indicaram o aumento do índice de mortalidade por câncer de próstata em 25 estados do Brasil no período 2008/2022. A análise considerou a taxa por cada 100 mil habitantes. Entre os estados que mais registraram aumento está o Pará (111,3%), o Amapá (97,9%); o Maranhão (82,6%) o Mato Grosso (65,9%) e a Bahia (63,8%). Os que tiveram menores taxas de crescimento são Rio de Janeiro (12,5%), São Paulo (14,8%), Distrito Federal (17,5%) e Rio Grande do Sul (19,2%). Mato Grosso do Sul e Acre tiveram redução de casos em 4,5% e 24,5%.

Abramed destaca a importância de nova lista de exames para diagnósticos essenciais publicada pela OMS

Foram incluídos três novos testes para o vírus da Hepatite E e a recomendação de dispositivos de monitoramento de glicose

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou a Lista de Diagnósticos Essenciais (EDL) de 2023, com exames laboratoriais considerados essenciais para identificar e diagnosticar diversas condições de saúde, baseados em evidências científicas. A recomendação é que ela seja usada como um guia para os países escolherem os melhores testes de diagnósticos in vitro (DIV). O objetivo é garantir que os sistemas de saúde em todo o mundo tenham acesso aos exames mais eficazes e atualizados para melhorar o diagnóstico precoce e o tratamento de várias doenças.

Este ano, a lista apresenta duas novidades. Uma delas é a inclusão de três novos testes para o Vírus da Hepatite E (HEV), incluindo um teste rápido, visando facilitar o diagnóstico e a vigilância da infecção por HEV. A hepatite E, que ocorre globalmente em casos esporádicos, pode levar a complicações graves, sendo a inclusão vital para a gestão eficaz de surtos, especialmente dada à subnotificação dessa infecção. De acordo com o Ministério da Saúde, de 2000 a 2021, foram notificados 718.651 casos confirmados de hepatites virais no Brasil.

A segunda é a recomendação para incluir dispositivos de monitoramento de glicose de uso pessoal juntamente com as orientações médicas existentes para diabetes. Esta sugestão visa aprimorar o gerenciamento da doença e reduzir resultados negativos, considerando que a diabetes é uma doença crônica que causou 1,5 milhão de mortes no mundo em 2019, segundo a OMS, com maior impacto nos países de rendimento médio-baixo. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, existem, no Brasil, mais de 16,8 milhões de adultos (20 a 79 anos) com a doença, o que representa 6,9% da população nacional. O país ocupa a quinta colocação em número de casos no mundo.

Além dessas atualizações, o Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Diagnóstico In Vitro da OMS (SAGE IVD) revisou 12 solicitações para a EDL de 2023, recomendando a inclusão de oito novos DIVs e modificações em testes já listados, abrangendo condições como tuberculose, HIV e diabetes melito.

Outros testes recentemente incorporados à lista abrangem distúrbios endócrinos, saúde reprodutiva, materna e neonatal, e saúde cardiovascular, proporcionando uma abordagem abrangente para diagnósticos in vitro.

“Essa publicação da OMS evidencia o reconhecimento do valor dos exames laboratoriais para os sistemas de saúde, seja para o diagnóstico precoce, seja para o gerenciamento de doenças crônicas”, salienta Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Segundo ele, a inclusão de novos testes na lista não apenas reflete a evolução constante da medicina diagnóstica, mas também reforça a importância de fornecer ferramentas atualizadas e eficazes para a identificação precoce e o manejo adequado de condições de saúde críticas. “A Abramed está atenta a esses avanços e continuará colaborando ativamente com os órgãos reguladores e instituições do setor para garantir que as inovações em diagnóstico beneficiem a população brasileira”, completa.

Orientação 

A Lista de Diagnósticos Essenciais, atualizada a cada dois anos, não impõe prescrições, mas visa apoiar os países na melhoria do acesso aos diagnósticos in vitro, fornecendo um quadro político para decisões informadas nas Listas de Diagnósticos Essenciais nacionais. Com a recente resolução 76.5 da Assembleia Mundial da Saúde (WHA) incentivando o fortalecimento da capacidade de diagnóstico, os Estados-Membros são instados a considerar estratégias nacionais de diagnóstico, alinhadas com a lista modelo da OMS.

A OMS aconselha e apoia países em todo o mundo na elaboração de suas Listas de Diagnósticos Essenciais, através de webinars, workshops e assistência direta. A lista, além de orientar as políticas nacionais de diagnóstico, fornece diretrizes para priorizar os DIVs em diferentes níveis do sistema de saúde, informando também agências da ONU, organizações não governamentais e setores privados sobre as necessidades prioritárias para enfrentar desafios globais de saúde.

Desafios na incorporação de exames médicos no Rol da ANS

Com estudos sobre viabilidade de exames, Abramed conquistou credibilidade para defender procedimentos junto ao órgão 

Os desafios na incorporação de exames médicos no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) são uma preocupação crescente, discutida em um cenário onde a eficiência e a eficácia do uso dos recursos de saúde são fundamentais. A Abramed trouxe à tona esse assunto na Reunião Mensal de Associados (RMA) de outubro, que recebeu como convidada externa a presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), Cibele Carvalho, que falou sobre as ações da Colégio e seus impactos na medicina diagnóstica.

“Somos acusados de fazer muitos exames e de fazer alguns deles desnecessariamente. Também ouvimos que os pacientes acabam não retirando os resultados, enfim, que o nosso trabalho não tem muito valor. Sempre questionam para que todos esses exames. E por conta disso, temos muita dificuldade de incorporar novos procedimentos que trazem valor para o cuidado em saúde”, disse Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Antes de 2018, a revisão do Rol ocorria a cada dois anos, mas a partir de então, a ANS passou a realizá-la anualmente, recebendo contribuições da sociedade. Assim, neste mesmo ano, houve a incorporação de 10 exames. “Importante ressaltar que muitos deles são de baixa frequência e foram incorporados mediante uma diretriz de utilização, o que significa que apenas seriam de cobertura obrigatória em situações clínicas já previstas”, disse.

Em vista a incorporação desses 10 exames, na época, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), com o apoio das operadoras de saúde, contratou uma consultoria para avaliar o impacto disso, através de uma projeção, e levar os resultados para a ANS. Por sua vez, a Abramed também apurou, junto aos seus associados, a frequência desses exames, para confrontar com o levantamento da CNI.

“O estudo da Abramed, disponível no site da instituição, mostrou que o que foi projetado não refletiu a realidade dos laboratórios. As diferenças foram muitas vezes gritantes entre os números previstos e os apurados. Ou seja, não adianta as consultorias levarem dados para a ANS que não se comprovam na realidade. Com isso, a Abramed ganhou credibilidade para influenciar na incorporação de novos exames”, comentou Shcolnik.

Para ilustrar, o estudo da CNI estimou uma despesa assistencial de R$ 50,9 milhões para o ano de 2018 com base no conjunto dos 10 exames incorporados ao rol. No entanto, observou-se apenas o total de R$ 7,9 milhões com base nos dados da ANS e R$ 20 milhões considerando os dados da Abramed. Três anos após a incorporação desses exames, apenas 60% do estimado foi realmente realizado. E o impacto orçamentário real equivale a 34% do valor previsto, sendo a elastografia hepática o único exame que registrou números parecidos na comparação.

O presidente do Conselho de Administração garantiu que a entidade continuará a avançar nos estudos de incorporação de novos exames para demonstrar seu impacto econômico e também os benefícios. “É evidente que não podemos negligenciar os efeitos que essas mudanças terão tanto nos pacientes como nos médicos que receberão os resultados desses exames. Portanto, prosseguiremos com dedicação em nossas pesquisas. A Abramed tem um grupo muito forte e representativo, por isso, é seu papel apresentar dados de mercado para justificar a incorporação de exames ao Rol da ANS”, expôs Shcolnik.

Negociação

Segundo Marcos Queiroz, líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed, uma questão importante dentro desse tema é a negociação dos procedimentos com a fonte pagadora, que muitas vezes solicita contrapartidas, ainda mais em vista das dificuldades que a Saúde Suplementar vem passando com o aumento dos custos. “De fato, é muito extensa essa jornada de incorporar um novo exame. Há exemplos de sucesso e de insucesso, como da radioablação hepática, que foi incorporada, enquanto a crioablação renal, não”, expôs.

Ele lembrou que a não incorporação de procedimentos pode ter um efeito adverso para a operadora, gerando mais gastos com a substituição por outros procedimentos já incorporados, mas que não são o ideal. “Também é nossa função levar esse estudo adiante e mostrar a realidade de forma clara para a fonte pagadora, porque muitas vezes eles estão dando um tiro no próprio pé”, acrescentou.

E falando em custos, Cibele chamou atenção para a necessidade de reajuste dos preços dos procedimentos de acordo com a inflação. “Talvez com esses estudos possamos mostrar o quanto deveria ser pago por cada procedimento de acordo com a inflação, ano a ano, nos últimos dez anos, por exemplo, e o quanto de fato está sendo recebido”, ressaltou. De acordo com a presidente do CBR, é preciso vencer o medo nas negociações e ter informações embasadas para defender a incorporação de procedimentos que são importantes para os pacientes.

Outro ponto importante levantado por Cibele é sobre o direito de o prestador de serviço cobrar do paciente beneficiário de um plano de saúde por um serviço não contratualizado. “O paciente não tem o direito de escolher quantas vezes determinado procedimento é coberto pelo plano de saúde, mas também não pode pagar particular, porque a ANS proíbe. Cadê a nossa sustentabilidade econômica? E o paciente? Não tem o direito de querer realizar o procedimento no laboratório que confia?”, questionou. 

Cooperação

Alex Galoro, líder do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Abramed, também participou da discussão, ressaltando a evolução na compreensão do processo, o que permitiu obter mais sucesso nas incorporações de procedimentos ao Rol da ANS. Ele salientou a colaboração da indústria, que muitas vezes ajuda a obter as informações necessárias para defender o uso de determinada tecnologia. “No entanto, acredito que ainda estamos longe de atender plenamente às necessidades do setor. Se analisarmos a quantidade de exames em relação ao histórico de custo-benefício, o custo acaba sendo priorizado em relação aos benefícios”, disse.

Além disso, seria benéfico, segundo Galoro, conduzir uma análise para avaliar qual a economia que o uso desses procedimentos gerou para o sistema, evitando outros mais caros. Isso não apenas contribuiria financeiramente, mas também teria um impacto positivo na saúde do paciente. “No entanto, continuamos enfrentando desafios nas negociações com as operadoras. Portanto, é importante assumirmos um papel ativo e compartilhar nosso conhecimento e abordagem, para não ficarmos reféns nessa relação”, salientou.

Diante dos desafios na incorporação de exames médicos no Rol da ANS, fica evidente a importância da cooperação entre todas as partes envolvidas nesse processo, focando no benefício tanto para pacientes quanto para o ecossistema de saúde. A troca de informações embasadas, análises de custo-benefício e a defesa de procedimentos relevantes são passos essenciais nesse caminho, que a Abramed vem trilhando com dedicação e seriedade, congregando outras entidades em defesa da medicina diagnóstica no país.
A Análise de Impacto no Rol ANS da Abramed pode ser acessada aqui.

Combate ao câncer de mama: tomossíntese digital mamária 3D é grande aliada

Por Wilson Shcolnik* e Marcos Queiroz**

O câncer de mama é uma preocupação constante em nossa sociedade, e com razão. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), é a primeira causa de morte por câncer entre as mulheres no Brasil. Enfrentar essa realidade exige uma abordagem abrangente e, principalmente, a busca por soluções inovadoras para a prevenção e o diagnóstico precoce. É com essa perspectiva que vale destacar a importância da tomossíntese digital mamária 3D, uma tecnologia crucial nessa luta.

A mamografia tradicional, sem dúvida, tem sido um pilar na prevenção do câncer de mama, contribuindo significativamente para a redução da mortalidade associada à doença. No entanto, é importante salientar que novas tecnologias e abordagens têm chegado ao setor de diagnóstico por imagem, como a tomossíntese digital mamária 3D, também conhecida como mamografia 3D.

Estudos demonstraram que a tecnologia pode aumentar a taxa de detecção do câncer de mama em até 30% em comparação à mamografia convencional. Como isso é possível? A resposta está em sua capacidade de produzir imagens tridimensionais da mama, permitindo uma visualização em camadas. Isso é fundamental para detectar lesões pequenas e identificar anormalidades em mulheres com tecido mamário denso, reduzindo as taxas de falsos positivos e falsos negativos.

Em um momento em que a saúde pública é uma preocupação constante, é encorajador saber que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) abriu uma consulta pública para incorporar a tomossíntese digital mamária 3D no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde. Essa incorporação, que recebeu inúmeras manifestações de apoio – incluindo o posicionamento do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) – ainda está em discussão, mas deve ser vista com seriedade, pois é um impulsionador para fazer com que a tecnologia esteja ao alcance das mulheres brasileiras que possuem planos de saúde.

Não podemos subestimar a importância do sistema de saúde suplementar em nosso país, que desempenha um papel fundamental na assistência à saúde. De acordo com a ANS, o número de beneficiários de planos de saúde no Brasil está em crescimento e atingiu 50,5 milhões no final de 2022, o maior número desde dezembro de 2014.

Este é um tema de extrema relevância para a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), cujos associados são responsáveis pela realização de 65% do volume total de exames da saúde suplementar no Brasil. Acreditamos que a inclusão da tomossíntese digital mamária 3D no rol da ANS é um passo importantíssimo para a melhoria dos serviços de saúde no país, especialmente no que se refere ao diagnóstico precoce do câncer de mama.

Atuando em prol da saúde dos pacientes, estamos sempre envolvidos em consultas públicas e debates com órgãos regulatórios e entidades de saúde, fornecendo dados e argumentos que demonstram a importância da inclusão de novos exames no rol da ANS. Além disso, estamos empenhados em promover a educação e a conscientização sobre a importância da realização de exames em laboratórios e clínicas de diagnósticos por imagem.

Trabalhamos em estreita colaboração com o governo, a comunidade médica e outras instituições, reforçando nosso compromisso de garantir aos nossos pacientes a melhor assistência diagnóstica possível, com qualidade, rapidez e eficiência.

*Wilson Shcolnik

Presidente do Conselho de Administração da Abramed

**Marcos Queiroz

Líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed

Abramed cria Comitê de Interoperabilidade para impulsionar a integração entre sistemas

Grupo foi estruturado para apoiar e desenvolver projetos e fomentar a troca das melhores práticas sobre o tema no setor de saúde brasileiro

A interoperabilidade desempenha um papel fundamental na transformação do setor de saúde, permitindo que as informações fluam de forma integrada e segura entre sistemas e profissionais, proporcionando melhores resultados para todos os envolvidos.

Pensando na importância do tema para a sustentabilidade do ecossistema da saúde, a Abramed criou o Comitê de Interoperabilidade, sob a liderança de Atualpa Carvalho de Aguiar, Diretor de Tecnologia e Inteligência Digital do CURA grupo, e André Santos, IT & Digital Transformation Manager do Hospital Israelita Albert Einstein.

O Comitê surge como um espaço institucional para avançar na agenda de interoperabilidade na medicina diagnóstica, além de apoiar e desenvolver projetos na intersecção entre o poder público e privado, e fomentar a troca das melhores práticas e desafios entre os principais atuantes da área.

A motivação por trás de sua criação é multifacetada. O principal objetivo é promover a colaboração entre os players do setor de medicina diagnóstica, especialmente os associados à Abramed, para desenvolver e implementar padrões de interoperabilidade, melhores práticas e soluções tecnológicas que aprimorem a eficiência e a qualidade dos serviços de saúde diagnóstica no Brasil. O Comitê também vai contribuir para a criação de políticas nacionais. 

Desafios a serem vencidos

Um dos principais desafios da interoperabilidade é a diversidade de sistemas e padrões de dados usados por diferentes instituições, que dificulta a troca de informações. A segurança e a privacidade dos dados de saúde também são preocupações críticas, exigindo medidas rigorosas e conformidade com a legislação. A complexidade tecnológica e os custos associados à integração de sistemas de saúde são obstáculos significativos.

Além disso, as diferentes regulamentações de saúde em várias regiões e países complicam a busca pela interoperabilidade em nível global. A cultura organizacional e a aceitação da interoperabilidade nas instituições de saúde também podem ser desafios, exigindo conscientização, treinamento e mudanças na mentalidade.

O Comitê de Interoperabilidade da Abramed tem o potencial de ajudar a enfrentar esses desafios. “Ele pode desempenhar um papel vital na criação de padrões específicos para o setor de medicina diagnóstica no Brasil, promover a conscientização sobre a interoperabilidade e facilitar a colaboração entre partes interessadas. Pode, ainda, recomendar e explorar soluções tecnológicas para facilitar a troca de dados entre sistemas”, acrescenta Aguiar.

Prioridades do Comitê

Entre as prioridades está validar, entre os associados da Abramed, a proposta de adesão à autorregulação da padronização de assinatura eletrônica avançada, conforme estabelecido pela Lei 14.063/2020, nos relatórios de exames. Essa proposta foi apresentada pela Associação Brasileira das Empresas Desenvolvedoras de Sistemas de Informação Laboratorial (LISBrasil) e visa assegurar a conformidade e a segurança dos documentos eletrônicos utilizados na área.

Outra iniciativa é estabelecer uma cooperação técnica com a Secretaria de Saúde Digital do Ministério da Saúde, para alinhar os esforços, garantindo uma melhor coordenação e troca de informações entre os diversos atores do setor.

Mais uma meta importante do Comitê é a codificação das doenças e dos exames previstos na Lista Nacional de Notificação Compulsória para o padrão de terminologia LOINC, sistema de código universal para identificar informações clínicas em registros eletrônicos, visando a padronização dessas notificações para comunicação dos sistemas de informação dos associados à Abramed com a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).

A padronização e a harmonização das informações de saúde entre os sistemas de saúde podem levar a melhorias na qualidade do atendimento, em eficiência operacional, apoio à pesquisa médica, envolvimento dos pacientes, conformidade regulatória e estímulo a parcerias no campo da medicina diagnóstica.

O futuro da interoperabilidade

Segundo Aguiar, o futuro da interoperabilidade no Brasil é promissor e representa uma etapa fundamental na evolução do sistema de saúde do país. Diversas tendências e expectativas apontam para avanços significativos nos próximos anos, e a interoperabilidade desempenhará um papel crucial nesse cenário.

Em primeiro lugar, espera-se um aprimoramento na padronização de sistemas e protocolos, facilitando a comunicação eficiente entre os sistemas de saúde. A inteligência artificial e a análise de dados também serão fundamentais na interpretação e utilização das informações de saúde interoperáveis, revolucionando diagnósticos e tratamentos personalizados.

A telemedicina, a saúde digital e a integração de dispositivos médicos enriquecerão o atendimento. “A segurança e a privacidade dos dados serão prioridades, assim como a conscientização e a educação dos profissionais de saúde. Regulamentações atualizadas e a colaboração entre diversos stakeholders serão fundamentais para o sucesso da interoperabilidade”, comenta Aguiar.

Segundo Santos, com a crescente adoção de sistemas eletrônicos de saúde e a necessidade de compartilhar informações de pacientes entre instituições, a interoperabilidade se tornará cada vez mais importante. “No entanto, o sucesso dependerá de esforços coordenados entre governos, prestadores de serviços de saúde, empresas de tecnologia e reguladores para desenvolver padrões de interoperabilidade robustos, garantir a segurança dos dados e promover a adesão geral. À medida que o setor avança, é essencial que haja um equilíbrio entre a facilitação do fluxo de informações e a proteção da privacidade dos pacientes”, finaliza.

Abramed protagoniza debate sobre transformação digital no CBR23

Painel realizado pela entidade mostrou o panorama do mercado e abordou os desafios e os impactos da digitalização na saúde 

Para levar conhecimento, promover o networking e incentivar o debate de temas relevantes ao setor, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) marcou presença no 52º Congresso Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, o CBR23, que aconteceu de 12 a 14 de outubro, no Rio de Janeiro.

Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, fez a abertura do Painel que trouxe como tema central a “Transformação Digital na Medicina Diagnóstica”, no dia 14 de outubro, além da apresentação institucional da entidade. A programação contou com palestra de Ademar Paes Jr, diretor da Clínica Imagem e membro do Conselho de Administração da Abramed, sobre o “Panorama do mercado de Medicina Diagnóstica”, mostrando dados da 5ª edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico; e palestra sobre “Desafios e impactos da digitalização na saúde”, com Adriano Tachibana, gerente médico imagem do Hospital Israelita Albert Einstein. Além disso, Luciana Dias, CEO da Transduson, apresentou um case sobre as tecnologias aplicadas na empresa, que se destaca pela digitalização.

Após as palestras, um debate sobre o tema central foi conduzido por Milva, abordando assuntos como ética, mudança de cultura, segurança de dados e o futuro da medicina diagnóstica. Os participantes frisaram que a evolução está acontecendo, portanto, é preciso se adaptar. 

No mesmo dia, o presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnick, a convite do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), participou da programação, palestrando sobre o cenário atual dos prestadores do Serviço de Apoio Diagnóstico Terapêutico, tratando da atuação da defesa profissional.

Desafios e avanços da digitalização

O debate “Transformação Digital na Medicina Diagnóstica” rendeu insights valiosos. “Quando tratamos de tecnologia, falamos de ética, legitimidade das informações e governança. No entanto, ainda enfrentamos desafios significativos envolvendo cibersegurança e proteção de dados. Portanto, é fundamental identificar indicadores para mensurar os processos de transmissão de dados”, disse Milva.

Ademar complementou que esses indicadores estão sob a responsabilidade das empresas e, geralmente, são impulsionados por seus departamentos internos. Ao implementar um serviço de tecnologia em uma organização que já possui estrutura em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), é necessário cumprir uma série de requisitos. “No entanto, a questão vai além de legitimação e segurança; precisamos evoluir para outros temas, como o direito de propriedade sobre os dados e considerações éticas em relação à utilização dessas informações.”

Segundo Ademar, cada vez que um indivíduo disponibiliza seus dados, ele perde a rastreabilidade sobre seu uso. “A ausência desse controle não é necessariamente prejudicial – na era analógica também não havia –, mas precisamos evoluir e criar ferramentas de controle”, reforçou.

Melhorias na eficiência 

Tachibana compartilhou que o Hospital Israelita Albert Einstein melhorou significativamente sua eficiência por meio da transformação digital, abrangendo áreas como agendamento, operações diárias e engajamento dos pacientes. “Notamos que a digitalização tem alcançado uma grande parte de nossos clientes, e isso resulta em melhorias tanto na eficiência como no crescimento da instituição, além de reduzir custos. Essa redução foi fundamental para mantermos nossas operações com as mesmas características”, expôs. 

Contudo, ele reconheceu que houve um impacto considerável no número de glosas no balanço da instituição, algo que não era um problema no passado, mas que passou a fazer parte da rotina. “Embora busquemos constantemente aumentar a eficiência e a produtividade, enfrentamos penalizações em outras áreas”, disse.

Ele lembrou que a implementação de inteligência artificial para melhorar a produtividade dos médicos ou a interpretação de exames de forma mais eficiente ainda não é uma realidade, devido a questões éticas. Segundo Tachibana, é preocupante que os médicos estejam entrando em um ciclo descendente e os radiologistas estejam sob crescente pressão. Uma pesquisa da Medscape feita nos Estados Unidos indicou que um terço dos radiologistas sofre de burnout, o que é alarmante.

“Apesar das preocupações, tentamos encarar esse cenário com otimismo, acreditando que o sistema se ajustará com o tempo. No entanto, se não tivéssemos adotado rotinas digitais com custos mais controlados, estaríamos em desvantagem”, disse.

Por sua vez, Luciana contou que a Transduson experimentou melhorias significativas graças à transformação digital. Como exemplo, citou que a experiência do paciente começa com o check-in digital, e as autorizações para exames são obtidas em segundos devido ao uso de robôs. 

Antes da implementação de melhorias, o índice de glosa estava em torno de 2% e, em alguns meses, chegou a 10%. Para enfrentar esse desafio, a empresa contratou programas de robôs, padronizou os motivos de glosas e, com isso, o tempo de resposta diminuiu de dias para horas. “Embora o investimento inicial tenha sido alto, melhorou muito esse retorno. Conseguimos reduzir o índice de glosa de volta para 2%”, expôs.

Custos

A transformação digital mudou completamente os custos de saúde. Ademar explicou que existem três principais fatores que contribuem para o aumento dos gastos. Em primeiro, a inflação inerente aos serviços, como ajustes em serviços de lavanderia, hotelaria e contratos de manutenção. Em segundo, a incorporação de novas tecnologias, como novos medicamentos ou exames. Em terceiro, o aumento da utilização desses serviços pelos beneficiários. 

Disparadamente, o terceiro fator é o mais significativo. O acesso à informação está incentivando as pessoas a consumirem mais serviços de saúde e a se engajarem em medidas preventivas. No entanto, o mundo ainda está se adaptando a essa mudança. “A transformação digital é um fator muito relevante, e agora enfrentamos o desafio de utilizar essa transformação para reduzir custos e tornar o sistema mais inteligente e eficiente de forma assertiva. A inovação não é uma prioridade se não há agenda e orçamento direcionados a ela”, ressaltou.

De acordo com Ademar, a tendência é ampliar o acesso à saúde a todos, e não haverá recursos financeiros suficientes se não houver incorporação tecnológica. 

Cultura

Na Transduson, a digitalização dos resultados de exames reduziu os custos em 50%, no entanto, Luciana disse que os pacientes com mais de 50 anos ainda preferem receber os resultados em papel, muitas vezes sem compreender os custos envolvidos e as implicações relacionadas a ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa).

Para ela, a transição cultural para a digitalização é um processo gradual e desafiador. “Poucos aceitam essa transformação digital, 60% dos pacientes ainda preferem fazer agendamentos por telefone, poucos adotam o uso de aplicativos e o WhatsApp”, apontou.

Segundo Tachibana, é preciso criar um caminho para que cada pessoa continue a utilizar o serviço. “É importante entender que elas têm suas próprias necessidades. Algumas requerem explicações detalhadas ou um processo diferenciado, preferindo ainda o analógico”. Ele contou que o Hospital Israelita Albert Einstein, inicialmente, buscou personificar os perfis de usuários, para auxiliar a compreender as particularidades de cada um. 

Ademar lembrou que a compra de filmes para a impressão de exames tem diminuído, portanto, a adaptação é uma questão de tempo. Mas declarou ser fundamental reconhecer as diferenças entre os perfis do público. Por exemplo, o perfil de um idoso com alta renda é diferente do de um idoso com baixa renda, assim como o perfil de um jovem com alta renda é distinto do de um jovem com baixa renda.

“Enfrentamos diversos desafios nesse processo de transformação, mas precisamos começar, pois não há mais como retroceder. Manter processos conservadores não é viável. A necessidade de aumentar a produção e a capacidade limitada exigirão que sejam realizados mais exames com menos recursos. A transformação digital precisa implementar mecanismos para melhorar a performance, senão, haverá 100% de radiologistas com burnout”, alertou.

Como vai ser o futuro?

Segundo Ademar, a transformação digital traz uma tendência de inversão de lógica no point of care. O tradicional é o paciente ter alguma dúvida, marcar consulta, o médico solicitar os exames e o paciente retornar com o resultado. É um processo que envolve paciente, médico, exames e médico novamente.

Através da tecnologia, isso se inverteu. O paciente primeiramente se educa sobre sua condição, estabelece uma rotina de testes diagnósticos e procura o médico apenas quando detecta alguma alteração. Na Virginia, Estados Unidos, alguns planos de saúde já adotaram esse modelo com grupos específicos, como pacientes com diabetes ou hipertensão. Em vez de realizar consultas a cada seis meses, eles fazem apenas exames diagnósticos e consultas uma vez por ano ou a cada dois anos. 

“Precisamos estar abertos a uma mudança cultural. Às vezes, a luta não está em resistir à mudança, mas em manter a relevância do processo. A chave da medicina diagnóstica está em sermos mais eficientes, organizados, entregarmos mais valor, fazermos um controle mais preciso, sem erros, com segurança e qualidade”, disse Tachibana.

Segundo Luciana, a evolução não tem volta e envolve maior eficiência, qualidade das imagens, rapidez na entrega de resultados, atendimento personalizado ao paciente e telemedicina. Tudo com conforto. “Precisamos mudar nossa cultura e avançar, pois a tecnologia é uma ferramenta que potencializa os processos e reduz os custos”, salientou.

Por fim, Ademar encorajou todos a liderarem a transformação digital em seus ambientes, seja consumindo tecnologia, seja contribuindo para o desenvolvimento de soluções e processos. “A inovação não depende do avanço tecnológico, mas da responsabilidade que assumimos para resolver problemas. Façam parte dessa liderança”, encerrou.

Outubro Rosa: jornada de prevenção do câncer de mama começa com informação e conscientização

Entidade reforça a importância dos exames na prevenção do câncer de mama, incentivando as mulheres a conversarem com seus médicos sobre manter a saúde em dia

As empresas associadas à Abramed realizaram 1,4 milhão de exames de mamografia em 2022, o que equivale a 29% de todos os exames de mamografia feitos pela Saúde Suplementar no Brasil no ano. No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), foram realizados 4,2 milhões de exames de mamografia.

Considerando o panorama nacional, ou seja, Saúde Suplementar mais SUS, o total de mamografias no Brasil atingiu 9,1 milhões, com a Abramed contribuindo com 16%. Suas associadas representam 65% do volume total de exames realizados pelo setor privado no país.

“Quando as mulheres realizam regularmente os exames de diagnóstico, têm a oportunidade de identificar o câncer em estágios iniciais, o que geralmente leva a tratamentos menos agressivos e a maiores taxas de sobrevivência”, ressalta Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.

Tanto na campanha Outubro Rosa quanto ao longo de todo o ano, a entidade incentiva as mulheres a conversarem com seus médicos sobre manter os exames em dia. “Eles são uma ferramenta poderosa na promoção da saúde, no aumento da conscientização e na luta contra o câncer de mama”, acrescenta.

Este é o tipo de câncer que mais acomete mulheres em todo o mundo, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), do Ministério da Saúde. Para o Brasil, foram estimados 73.610 casos novos de câncer de mama em 2023, com um risco estimado de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres.

A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer, segundo o World Health Statistics 2007, o “Guia Estatístico em Saúde 2007”. Nessa estratégia, destaca-se a importância da educação da mulher e dos profissionais de saúde para o reconhecimento dos sinais e sintomas do câncer de mama, bem como do acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde.

Retomada dos exames

Segundo estudo do INCA, realizado em fevereiro de 2023, 38% dos casos de câncer de mama são diagnosticados em estágios avançados, ou seja, já atingiram o estágio 3 ou 4, quando já há doença metastática. Além disso, cerca de 37% dos casos levaram mais de 30 dias para confirmação diagnóstica após a consulta.

“Esses dados são muito preocupantes, pois sabemos que quanto mais cedo identificamos a doença, maiores são as possibilidades de cura, superando o benefício que qualquer medicamento possa oferecer”, comenta Ricardo Caponero, presidente do Conselho Técnico Científico da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA).

Neste mês de Outubro Rosa, a FEMAMA enfatiza a importância dos exames de rastreamento, como a mamografia, e das consultas médicas regulares, conforme recomendado pelas sociedades médicas e respaldado por lei. A partir dos 40 anos, é essencial realizar a mamografia anualmente, quando a mulher tiver uma expectativa de vida de pelo menos mais 10 anos.

“A situação piorou durante a pandemia, quando muitas deixaram de realizar exames. Precisamos retomar o incentivo a essa prática, pois o rastreamento desempenha um papel fundamental na prevenção da doença”, finaliza Caponero.

Painel liderado pela Abramed abordou os desafios da gestão em medicina diagnóstica

Com apresentação de cases de sucesso, o evento integrou o I Congresso de Acreditação e Qualidade em Medicina Diagnóstica, do CBR

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) liderou o painel “Desafios da gestão em medicina diagnóstica”, no I Congresso de Acreditação e Qualidade em Medicina Diagnóstica, realizado de 26 a 28 de setembro, durante a Medical Fair Brasil (MFB), em São Paulo.

Organizado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), em parceria com a Abramed, a Associação Brasileira das Clínicas de Diagnóstico por Imagem (ABCDI), a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML); e a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), o congresso representou um marco no segmento. 

O painel aconteceu no dia 28 de setembro e foi moderado por Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, que conduziu a sessão de perguntas do público após as apresentações de quatro cases de sucesso, envolvendo desafios e iniciativas em gestão na medicina diagnóstica em diferentes áreas.

Roberto Caldeira Cury, diretor médico-executivo de medicina diagnóstica da Dasa, mostrou as ações implementadas pela rede de laboratórios. Marcos Queiroz, diretor de medicina diagnóstica no Hospital Albert Einstein e líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed, compartilhou a experiência do laboratório inserido no complexo hospitalar. Julio Pessotti Neto, diretor de Laboratório Clínico na Hapvida Diagnóstico e NotreLabs, apresentou o case como uma rede verticalizada. E Maria Elizabete Mendes, coordenadora do núcleo de qualidade e sustentabilidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FMUSP) – Divisão de Laboratório Central, finalizou com a experiência do setor público.

Gestão em rede de laboratórios

Em 2017, a Dasa deu início à padronização dos fluxos operacionais, para minimizar desvios e assegurar que todos os pacientes recebam um padrão de atendimento consistente. O processo começou com o mapeamento das melhores práticas operacionais de todas as suas 26 marcas e a consolidação desse conhecimento em um modelo de produção, como explicou Cury. 

Esse esforço levou cerca de um ano e meio e, em 2018, a empresa implementou com sucesso o modelo, garantindo uniformidade em todas as marcas e unidades. Em 2019, criou o Núcleo de Operações e Controle para centralização da qualidade, tanto médica quanto operacional, e um modelo de certificação das unidades através de auditoria. Em 2021, estabeleceu núcleos de segurança dos pacientes e, em 2023, vem focando na cultura organizacional.

Cury destacou que a Dasa encoraja a notificação de quase erros, visando proteger vidas e melhorar constantemente os procedimentos. Ele enfatizou a importância da cultura justa para todos os colaboradores, que significa que as pessoas não são punidas por seus erros e falhas, mas as violações não são toleradas.

“Em resumo, ressaltamos a importância da padronização de processos e fluxos, a gestão de indicadores, a cultura organizacional focada na segurança do paciente, a estruturação de auditorias internas e multiplicadores, a conquista de certificações e acreditações nacionais e internacionais, bem como a mensuração da qualidade e a excelência médica, priorizando o paciente e a melhoria contínua”, expôs Cury.

Gestão em complexo hospitalar

Queiroz contou como a gestão de um laboratório de medicina diagnóstica dentro de um hospital é fundamental para o sucesso e a segurança do atendimento médico. Ele defendeu que o investimento em qualidade é essencial e, muitas vezes, a melhor maneira de abordar os gestores é demonstrar que a falta de qualidade pode gerar prejuízos, especialmente quando se trata de prevenir eventos adversos catastróficos. “Ou seja, existe um custo para a não qualidade”, reforçou.

Entre os principais desafios enfrentados na busca pela acreditação, Queiroz citou o baixo engajamento da alta liderança, a falta de uma cultura organizacional voltada para a gestão de riscos, a priorização de investimentos a curto prazo, a dificuldade de alocar recursos humanos qualificados, a falta de dados e o baixo investimento em melhoria contínua e eficiência operacional.

Para vencer esses desafios, o Hospital Albert Einstein implementou um escritório de qualidade, que busca agregar as pessoas no tema qualidade, promovendo a transparência e a segurança. “Há uma tendência de colocar os problemas embaixo do tapete, mas isso é o que de pior pode acontecer. É preciso engajar as pessoas”, expôs.

E para obter sucesso nessa empreitada, é importante inventar formas para que a informação cause realmente impacto. Pensando nisso, o Einstein utiliza a prática “Safety Huddle”, pela qual as principais lideranças se reúnem diariamente, por 10 minutos, para compartilhar informações do dia anterior e prever o dia que começa. Isso cria um ambiente de comunicação aberta e de confiança na liderança. 

Queiroz também enfatizou que é possível ser produtivo e manter a qualidade, e que é papel do gestor demonstrar isso. Ele incentivou o reconhecimento e o engajamento por meio de prêmios de qualidade, além de pequenos gestos, como cafés da manhã com o colaborador destaque. “Aqui no Einstein realizamos de três a quatro eventos de premiação por ano”, contou.

Sobre a diferença de um laboratório dentro de um complexo hospitalar, ele citou a exigência ainda maior para resultados corretos cada vez mais rápidos e a existência de um corpo clínico instalado. Queiroz aproveitou para salientar que a medicina diagnóstica está envolvida nas maiores decisões médicas, sendo responsável por 70% das decisões de um paciente internado.

O diretor defendeu que a área não deve ser vista como apoio, mas uma atividade-chave para o sistema de saúde. “É a medicina diagnóstica que tem dados estruturados, ou seja, é responsável pelas definições de estratégias dentro de uma instituição”, reforçou.

Gestão em rede verticalizada

Pessotti Neto compartilhou o case da NotreDame Intermédica, ressaltando os projetos desenvolvidos pelo grupo, que conta com 271 unidades de atendimento de imagem e análises clínicas, atendendo 67 unidades hospitalares em todo o Brasil.

Um dos projetos está relacionado ao tratamento de pacientes com diabetes. O Brasil é classificado como o sexto país com o maior número de pessoas com essa condição, de acordo com a Federação Internacional de Diabetes. Para abordar esse desafio, o grupo criou um painel dedicado a esses pacientes, composto por uma equipe de controle dedicada.

Durante o primeiro ano do projeto, foram identificados 1.500 pacientes em alto risco, que receberam monitoramento contínuo. Eles eram convocados para consultas regulares a cada 60 ou 90 dias, quando não retornavam, a equipe ligava agendando o exame. “Com esse grupo, as internações caíram a zero, ninguém teve complicações por diabetes”, apontou Pessotti Neto. 

Outro projeto apresentado envolve a análise do perfil bacteriano de todos os clientes em internação e pronto-atendimento. Esse acompanhamento hospitalar detalhado possibilita a administração de antibióticos logo nas primeiras bactérias identificadas, otimizando significativamente o tratamento.

Gestão no setor público

Maria Elizabete apresentou alguns desafios enfrentados pela instituição e delineou as estratégias adotadas para superá-los. “Tínhamos muitas falhas da comunicação, elevado turnover, entre outros problemas, que levaram a uma desmotivação enorme da equipe. Era como uma areia movediça, com todo mundo afundando sem tomar providências”, explicou. A jornada de transformação teve início em 1995, com a necessidade de se autoconhecer para planejar as ações. 

Para tornar o laboratório uma área de excelência, foi desenvolvida uma política de sistema de gestão, definindo missão, visão e valores. Cada colaborador percebeu o que era importante mudar. A cada dois anos, novas diretrizes estratégicas são lançadas, e avaliações com as lideranças são realizadas.

Um dos desafios do serviço público mencionados por Maria Elizabete é a ausência de “dono”, o que exige uma responsabilização que começa na liderança. “Tivemos de utilizar os recursos disponíveis e valorizar as pessoas, desenvolvendo talentos e trabalhando para que as novas lideranças de tornassem inspiradoras”, contou.

Foram construídas redes estratégias, que gerassem maior motivação e um ambiente de trabalho mais saudável, trazendo segurança para o negócio, resultados e mais resolutividade do ponto de vista técnico. Também foram criadas 14 comissões multidisciplinares, com multiplicadores. Cada uma é uma frente de trabalho que dá apoio ao laboratório, proporcionando colaboração e empoderamento.

Maria Elizabete destacou, ainda, o investimento em boas práticas e a conquista de acreditações. A primeira só veio depois de 10 anos, foi uma etapa superada. Depois a instituição levou quatro anos para conquistar a acreditação internacional do Colégio Americano de Patologistas (CAP).

Já a gestão de equipamentos se tornou um modelo para outros centros, e a segurança da informação foi abordada em colaboração com a equipe de TI, através do mapeamento de riscos para garantir um controle de acesso eficaz que evite ataques de hackers.

Maria Elizabete ressaltou a importância das auditorias internas e externas para garantir a qualidade, enfatizando que essas práticas são mantidas desde 1995 como parte dos esforços contínuos para aprimorar o laboratório. Nesse contexto, enfrentou desafios significativos, mas, com uma abordagem estratégica e colaborativa, conseguiu superá-los e estabelecer-se como uma área de excelência na medicina diagnóstica.

Encerrando, Maria Elizabete disse que o mais importante da missão da FMUSP é poder ensinar. “Essa nova geração de patologistas clínicos saiu do nosso laboratório com conhecimentos básicos em qualidade e boas práticas. Isso nos honra”, comentou.

Papel da Abramed

Ao fim das palestras, Milva apresentou a estrutura da entidade, seus projetos e iniciativas. Em referência ao tema do evento, salientou que a associação tem como missão trazer boas práticas para o setor, promovendo a sustentabilidade através da importância de utilizar o recurso certo no local certo.

“O que mais nos enche de orgulho é trabalhar em união com outras entidades, como o CBR. A defesa de pautas comuns tem um impacto positivo no setor, nas empresas e nos profissionais que nelas trabalham. Não podemos conceber a inovação sem considerar as necessidades das pessoas, pois nada funciona efetivamente se elas não estiverem motivadas e engajadas. Esse comprometimento beneficia todo o sistema”, declarou.