A liderança deve ser focada nas pessoas, sejam elas colaboradoras ou pacientes

* Por Juliana Richter

A saúde sempre teve grande relevância na vida das pessoas. Falamos mais sobre o assunto, buscamos mais saúde nos últimos anos, com um foco ainda maior na prevenção. Como liderança na área, no setor de medicina diagnóstica, busco estabelecer e praticar o lema #cuidesesempre, sejam nas práticas que adoto quando influencio em decisões que podem impactar pacientes, quanto na promoção de ações que envolvam saúde e bem-estar dos colaboradores.

Os números apontam uma retomada no setor de saúde suplementar, superando o patamar de 50 milhões de vidas cobertas. Em outra via, observa-se grande reestruturação das operadoras de saúde, um olhar mais dirigido na qualidade das prestadoras de serviços. Avanços em pesquisas, tecnologias e a busca na melhor experiência dos usuários vêm modificando a forma de conduzir o setor, de transformar os negócios e de equilibrar o interesse de todos os stakeholders.

Para promover empresas brasileiras do setor, será necessário criar um ambiente adequado e equilibrado. A inflação da saúde pressiona o Produto Interno Bruto (PIB) por mais investimentos e é utópico pensar que esses recursos virão apenas da iniciativa pública. O mercado de saúde suplementar tende a crescer fortemente, somado ao envelhecimento populacional, das tecnologias não excludentes e do modelo de negócios existente.

Certamente, tudo isto promoverá mudanças na busca por exames no setor de medicina diagnóstica. Entendendo o tamanho do desafio, busco encarar o presente e, ao mesmo tempo, me transformar para o futuro.

Na Clinoson, empresa de medicina diagnóstica de Porto Alegre (RS), onde atuo há mais de cinco anos, mantemos o foco no paciente. Entender de gente sempre foi algo natural na minha formação. Impactar positivamente a sociedade por meio da minha liderança sempre foi o meu norte. Para isso, é necessário, desenvolver negócios e pessoas, se envolver no ecossistema como um todo, conduzindo times para que a jornada do paciente seja a melhor possível, trazendo a satisfação, a segurança e a entrega dos resultados propostos.

Mulheres na liderança

Inevitavelmente, me perguntam sobre ser mulher em um ambiente tão masculino, já que permeio o espaço de grandes lideranças. Com minha veia empreendedora e proatividade, de gostar de “fazer acontecer”, desde cedo busquei estabelecer movimentos que me permitissem acessar melhores oportunidades, sejam nos setores da indústria como no segmento de serviço.

Nunca me senti sozinha. Pude contar com líderes incríveis, de ambos os gêneros, que visualizaram minhas competências, acreditaram, apostaram no meu desenvolvimento e experimentaram a minha capacidade (e vontade) de entrega.   Percebo que nas grandes empresas do segmento de medicina diagnóstica, é perceptível a relevância e o domínio das mulheres na abordagem de temas estratégicos e ocupando cargos de alta gestão. Na Clinoson, buscamos fomentar a competência, gerando oportunidades a todos. Contudo, somos sabedores que ainda há um caminho fértil a ser percorrido pela sociedade.

Em uma breve retrospectiva, minha carreira foi mais que uma escolha, foi a consequência de minhas ações reforçadas pelas formações que busquei e lideranças que me inspirei. Liderar sempre brilhou meus olhos. Desde muito cedo, me recordo de ir em busca de boas ferramentas e aprendizados e entender de negócios. Percorrer um caminho na área da indústria, ter pessoas que me inspiram e ensinam, ser apaixonada por gente e por tecnologia me fizeram chegar ao cargo de CEO.  Sempre foi “um olhar no presente e outro no futuro”.

*Juliana Richter é CEO da Clinoson e Conselheira de Administração da Casa dos Raros. Formada em análise de sistemas. Tem mestrado profissional em Gestão e Negócios (Brasil/França)

Saúde para todos: como promovê-la?

Por Gonzalo Vecina*

A garantia de saúde para todos somente vai acontecer se a sociedade entender que isso é fundamental. Se é por meio da iniciativa pública ou privada, não interessa; interessa que todos tenham acesso. Algumas ofertas são exclusivas do Sistema Único de Saúde (SUS), como a vigilância epidemiológica e sanitária. A saúde suplementar pode oferecer tecnologias que devem ser usadas para impactar toda a sociedade. A oferta deve ser única, ou seja, presente nos dois setores. A união das partes atenderá ao todo.

Na Constituição de 1988 está: “A saúde é um direito do cidadão e um dever do estado”. Porém, até hoje, não conseguimos chegar a esse objetivo. Podemos elencar como causadores de obstáculos o sub financiamento, os problemas na gestão, as deficiências no modelo de produção de serviços no sistema público, além da falta de tecnologia e recursos humanos.

Outro problema é o processo de envelhecimento populacional. Atendemos pacientes idosos e pessoas com problemas de saúde mais graves, então é um risco quando intervimos nesse tipo de paciente sem retaguarda de UTI. Durante a pandemia foi evidenciada a falta desses leitos. Tivemos de promover aumento, mas ainda não foi suficiente, porém,  o acordar para a existência de um sistema como o SUS foi uma grande conquista da pandemia.

Por isso, discutir as intersecções dos setores é benéfico para o acesso à saúde da população. Um exemplo: 60% da rede hospitalar é privada. Parte dela contratada pelo SUS e parte exclusiva do setor suplementar. Para ser mais eficiente, a iniciativa pública pode promover parcerias, criando filas únicas para todas as suas demandas, como as que já opera para transplantes, por exemplo.

As novas tecnologias também devem ser um ponto de atenção para promover o acesso à Saúde. Vimos isso ser implementado durante a pandemia com a telemedicina. Mas existem problemas complexos – a rede hospitalar brasileira tem 7,2 mil hospitais, aproximadamente. Posso dizer que temos uma informatização mais robusta em não mais de 10% desse contingente!

O que já acontece nas instituições bancárias pode ser exemplo para saúde. Investimento em sinais via satélite ou cabeamento de fibra óptica podem promover acesso à tecnologia da informação. Outra barreira a ser enfrentada é a interoperabilidade, seja na jornada do paciente, seja no controle de estoques, nos recursos humanos, na gestão financeira ou nos laboratórios. Além de dar acesso à telemedicina e acesso eletrônico a prontuários. O futuro dependerá disso. Mas temos muito o que caminhar, uma vez que somente 7% dos hospitais brasileiros têm prontuários eletrônicos. Serão necessárias políticas públicas e investimentos para pensar nas soluções que envolvem, inclusive, infraestrutura nas cidades mais isoladas, além de regulação. É demorado, mas deve ser construído desde já.

Com relação à medicina diagnóstica e às tecnologias ultramodernas, como a ressonância magnética nuclear, o PET-Scanner, os implantes inteligentes como o coclear, a cirurgia robótica e a impressão 3D de órgãos, o acesso à rede de dados é fundamental. Aliado à inteligência artificial, são instrumentos que podem trazer acessibilidade e agilidade para prevenção e tratamento de doenças. Um exemplo interessante são os equipamentos de point-of-care, que realizam análises clínicas e dão o resultado no local do atendimento.

Voltando à intersecção dos setores, promover uma central de diagnóstico remoto e digital que atenda a todos os hospitais de determinada região pode aumentar o acesso à Saúde diagnóstica. Inclusive, técnicos de enfermagem podendo participar da realização de ultrassonografias, por exemplo, que serão lidas remotamente e com agilidade por um especialista. Isso abreviaria o tempo de diagnóstico de muitas doenças por meio do uso de boas evidências.

Mas o SUS não dispõe de tanta tecnologia. Como promover um processo de atenção unificado? A intersecção entre público e privado na tecnologia depende da criação de um caminho singular: o setor suplementar não pode ter acesso a tecnologias que o SUS não tenha e, por outro lado, o SUS precisa ter acesso à tecnologia de forma mais inteligente do que foi até agora. Para isso, eu diria que se faz necessária a criação de uma agência independente para avaliar tecnologias e decidir qual vai ser colocada dentro do sistema de atenção à saúde brasileiro.

Então, para promover melhorias, voltamos ao tema investimento. Temos que levar em conta que, em meio à crise econômica atual no Brasil e no mundo, temos problemas não apenas na saúde, mas na educação, na alimentação, na segurança pública, na distribuição da justiça, no saneamento básico e não vamos conseguir construir uma torre de marfim na saúde. Ou conseguimos evoluir na implementação dos direitos básicos da cidadania de uma forma mais ampla, ou não tem saída.

O setor privado também tem problemas de financiamento, mas com características diferentes. Gasta-se muito sem gestão. O que não podemos é injetar dinheiro no privado sem que o impacto promovido por ele seja produzir saúde e não somente lucro, gerando um sistema de atenção baseado na promoção da qualidade de vida.

Toda saúde é um bem público. A ficha tem que cair. Não é uma transformação cultural fácil e deve demorar. A própria universalização, que é muito mais simples que a tecnologia, não conseguimos resolver, mas não tem outro caminho para uma sociedade desenvolvida, moderna e civilizada — coisa que ainda não somos, infelizmente.

*Gonzalo Vecina é médico sanitarista, fundador e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um dos idealizadores do Sistema Único de Saúde (SUS) e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP.

Protagonismo feminino: sobre ter e ser referência e inspiração

Por Andrea Pinheiro*

Um dos maiores empregadores do país, o setor da saúde ainda tem a atuação feminina concentrada nas áreas assistenciais e administrativas. A participação das mulheres em cargos de alta liderança ainda é tímida, mesmo com os avanços dos últimos anos. Isso porque, fatores históricos e culturais permanecem impactando esse cenário e limitando o espaço delas.

Mas há mulheres obstinadas que lideram empresas com um olhar 360 graus e uma visão mais social e ampla, defendendo pautas globais no seu dia a dia, sendo mais sensíveis, por exemplo, a aspectos de ESG. E sim, essa empresa entrega resultado, mas um resultado que agrega valor para todos os stakeholders e toda a sociedade.

Há quinze anos atuo em uma empresa com alma feminina, com valores, princípios e políticas que abraçam a diversidade e inclusão. Mas em outros projetos profissionais que atuei, enfrentei situações desafiadoras, não só por ser mulher, mas também por ser jovem. Assumi grandes responsabilidades e encontrei o preconceito na prática.

Por isso, entendo como é importante que as empresas e organizações tenham políticas e práticas para que nós, mulheres, tenhamos condições de assumir cargos de alta liderança, e para isso precisam ter também políticas e práticas mais alinhadas às necessidades e aos diferentes papéis que podemos desempenhar na sociedade.

Somos profissionais, esposas, estudantes, cidadãs, empreendedoras, membro de uma instituição e tudo mais que desejarmos ser. Impedir que exerçamos alguma dessas funções em detrimento de outra é limitar as possibilidades de desenvolvimento e plenitude individual.

Um exemplo muito comum é acreditar que ser mãe limita a capacidade profissional de uma mulher. Isso é um grande equívoco. Avançaremos de forma mais sustentável quando esses tipos de vieses forem quebrados.

No Grupo Sabin, nossas mulheres podem realizar seus sonhos. Para a questão da maternidade, a empresa possui ações e programas para assistir nossas profissionais nesse momento especial, e também para engajar a sua rede de apoio, formada por familiares, colegas de trabalho, amigos e todos que possam influenciar e contribuir com esse momento de decisão, transformação, mudança e adaptação. Isso é um grande diferencial para a experiência de nossas colaboradoras, gerando mais segurança para que elas possam assumir novos desafios.

Nossas sócias-fundadoras são grandes exemplos de coragem, determinação e força, seu legado no empreendedorismo feminino inspira dentro e fora do grupo. Elas são engajadas com a temática do protagonismo feminino, contribuindo para políticas públicas e empresariais para que as mulheres possam exercer plenamente seus diferentes papéis na sociedade. Essa referência nos motiva a irmos além.

No ambiente corporativo, ainda percebemos o mundo mais masculino, um mundo que às vezes se fecha e nos transforma em minoria, principalmente nos espaços de decisão. Quando comecei a minha carreira, atuava em funções em que havia poucas mulheres. Por muitas vezes, fiz parte de um grupo pequeno que atuava com muitos homens. O primeiro desafio que tive de enfrentar foi aprender a me posicionar. Isso é fundamental.

As microagressões estão por todo lado, como quando alguém não dá atenção ao que estamos falando ou muda de assunto, ignorando a nossa fala. Para fazer frente a essas situações, precisamos trabalhar a nossa resiliência e a autoconfiança, não é automático. Felizmente, encontrei também pessoas maravilhosas pelo caminho, inclusive muitos homens, que contribuíram para um ambiente mais inclusivo e de equidade. No entanto, sabemos que ainda há muitas vitórias para conquistar.

Outro desafio está relacionado à violência doméstica, acabando com a autoestima e a esperança. E não falo aqui só da violência física, mas também da psicológica e emocional. A agressão na alma, na autoestima. Precisamos estar muito atentos a esses aspectos para apoiar as mulheres, de modo que tenham consciência deste tipo de violência e consigam mudar sua realidade.

Como diretora de Relações Institucionais e Comunicação Corporativa, atuo fortemente na disseminação das práticas e temáticas desse protagonismo, abraçando a causa. Nosso objetivo é inspirar as pessoas e as empresas, a partir do compartilhamento de nossas políticas e ações, da participação em fóruns e grupos temáticos, estimulando o debate, o aprendizado, o conhecimento e a construção de projetos e programas que possam contribuir para o enfrentamento desses desafios.

É importante abrir espaços de diálogo sobre esses temas sensíveis com as mulheres e também com os homens. Eles podem ser grandes parceiros e facilitadores desse processo e precisam estar atentos aos vieses inconscientes. Aliás, a própria mulher precisa estar atenta a isso, pois ela às vezes não se posiciona perante uma atitude que a iniba como profissional ou cidadã, não expondo sua perspectiva e contribuição.

Temos alguns avanços nesses aspectos. Hoje existem grupos que discutem políticas públicas e cultura para mulheres, há mulheres na política e em cargos de liderança falando sobre protagonismo e empoderamento. Há uma série de movimentos e ações que formam uma corrente, mostrando também a força da pluralidade, dos olhares e perspectivas diferentes.

O que me inspira é amplificar essas vozes femininas, para que elas possam seguir uma jornada mais protagonista no contexto empresarial, na ciência e na sociedade. Sou professora também, apesar de não conseguir conciliar com a minha agenda executiva. Mas no dia a dia sou mentora, conselheira, líder, facilitadora. Tenho propósito de contribuir para que a informação e o conhecimento sejam acessíveis, que estimulem a conexão, o diálogo e o senso crítico, para incentivar as mudanças que queremos ver no mundo.

O meu exemplo veio de casa. Minha mãe sempre exerceu múltiplos papéis e eu cresci olhando para ela com admiração, pensando que um dia eu poderia ocupar o meu lugar no mundo.

Como é bom ter essas referências de mulheres que nos inspiram! Quando falamos de diversidade e inclusão, precisamos de referências para nos estimular e espelhar. Além disso, precisamos contribuir para que as novas gerações possam ganhar mais força, conquistando novos espaços e abrindo caminhos para as próximas mulheres.

Que cada mulher possa encontrar suas referências e também ser referência para outras. Que nunca deixemos de nos posicionar. Que nossa voz seja sempre ouvida!

* Andrea Pinheiro, Diretora de Relações Institucionais e Comunicação Corporativa do Grupo Sabin

Abramed assina manifesto em defesa das agências reguladoras

Mais de 30 entidades do setor de saúde se manifestaram contrárias à aprovação de Emenda e apontam riscos para o desmonte da Anvisa e ANS

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e outras 30 entidades do setor de saúde assinaram o “Manifesto em Defesa das Agências Reguladoras”, onde se manifestam contrárias à Emenda 54 da Medida Provisória 1154/2023, que prevê transferir a competência normativa das Agências para conselhos externos.

Segundo o documento, a proposta de Emenda fere a ordem jurídica constitucional e legal, que consagra a independência administrativa, a estabilidade de dirigentes, a autonomia financeira e, consequentemente, a independência decisória e política dessas autarquias.

Se aprovada, a proposta irá desencadear enorme desestabilização do mercado de saúde no país e colocará em risco a população brasileira.

“Enfraquecer a autonomia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é desconsiderar todo um conjunto de esforços já efetuados pelo Estado brasileiro para garantir um controle sanitário eficiente e um mercado sustentável, com resultados comprovados e coerentes com as nossas necessidades”, diz o documento, que lembra ainda a atuação da Anvisa e da ANS durante a pandemia de covid-19.
Leia o manifesto na íntegra aqui.

Teste pode antecipar em 15 anos o diagnóstico da Doença de Alzheimer

Solução inovadora possui alto nível de automação, qualidade e segurança para levar resultados mais rápidos e precisos aos pacientes

Dados do Ministério da Saúde apontam que, em 2021, cerca de 1,2 milhão de brasileiros apresentavam alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados a cada ano. Em todo o mundo, o número chega a 50 milhões e, segundo estimativas da Alzheimer’s Disease International, os números poderão alcançar 74,7 milhões em 2030 e 139 milhões de pessoas em 2050, devido ao envelhecimento da população e a quatro fatores de risco associados à Doença de Alzheimer (DA), como: tabagismo, obesidade, altos níveis de glicose no sangue e escolaridade. 

Com mais de duas décadas de pesquisa científica sobre DA, a Roche Diagnóstica vem trabalhando em testes com biomarcadores inovadores para resolver questões clínicas e detectar a patologia em seus estágios iniciais, contribuindo para interromper sua progressão e, assim, preservar o que torna as pessoas quem elas são. “Trazemos para o mercado os testes IVD, em amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR), que aumentam a precisão do diagnóstico e a confiança do médico”, explica Sandra Sampaio, diretora de Marketing da Roche.

Os critérios clínicos atuais para o diagnóstico da DA requerem que o paciente apresente algum grau de demência, sendo feito, na maioria das vezes, pela exclusão de outras patologias. Nesse sentido, a tecnologia da Roche é capaz de avaliar a dosagem de proteínas no líquor que possuem associação com a Doença de Alzheimer. A dosagem dessas proteínas, também conhecidas como biomarcadores TAU e beta-amiloide, permitem o diagnóstico e são detectáveis na fase de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL). Acúmulo de beta-amiloide e tau são as principais características patológicas do Alzheimer e podem surgir 15 anos antes do início dos sintomas.

Outro benefício do teste é a automação, algo muito relevante tanto para os laboratórios quanto para o paciente. Com ele, é possível simplificar o processo de execução, além de excluir interferentes por ser um sistema fechado de diagnóstico. Dessa forma, o laboratório passa a ter uma maior padronização, levando a resultados de alta precisão para os pacientes e, também, de uma forma mais rápida. Os testes Elecsys® CSF para DA (biomarcadores Aβ-42, tTAU e pTAU) da Roche Diagnóstica já estão aprovados pela Anvisa e podem ser prescritos por geriatras, psiquiatras e neurologistas, por exemplo. 

Publicado em 24/1/2023

Perspectivas da medicina diagnóstica para 2023: oportunidades e desafios

Por Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed

Os avanços tecnológicos, o aumento do envelhecimento populacional, e a crescente preocupação com a saúde e o bem-estar tendem a impulsionar o setor de medicina diagnóstica no Brasil e no mundo. Entre os desafios a serem superados, podemos considerar a existência de infraestrutura, recursos tecnológicos e humanos capacitados para lidar com o contínuo aumento da demanda. Também deverá ser solucionado o acesso a exames laboratoriais e de imagem, que têm trazido avanços proporcionando o cuidado personalizado, gerando economia para o sistema de saúde e benefícios diretos aos pacientes.

Serão necessários investimentos para dotar os serviços com equipamentos que disponham de tecnologias mais avançadas, e a expansão, verificada para novos mercados na prestação de serviços de saúde, exigirá novos aprendizados.

Não podemos esquecer que para conviver com essa nova realidade é preciso uma mudança de cultura. O conhecimento médico avança e já há exames preditivos disponíveis, levando as pessoas a compreender a importância de cuidar de sua saúde antes que as doenças ocorram, em vez de aguardar o aparecimento de sintomas e até que elas sejam diagnosticadas.

Entre os novos exames podemos citar a biópsia líquida, um exame de sangue que possibilita detecção de câncer, testes genéticos para identificar predisposição a certas doenças hereditárias e os exames moleculares que possibilitam reclassificar doenças conhecidas, possibilitando indicação precisa de tratamentos. Equipamentos de diagnóstico por imagem modernos, que introduziram várias formas de imagem funcional e molecular já podem ser operados à distância e integrados com inteligência artificial, possibilitando a identificação de lesões e tumores cada vez menores.

Em 2023, esperamos ver um aumento na utilização de tecnologias de inteligência artificial (IA) em todas as áreas da medicina diagnóstica, o que pode trazer benefícios significativos para os pacientes, como aumento da precisão e rapidez dos diagnósticos. No entanto, também devemos estar atentos aos desafios potenciais da IA, como a necessidade de supervisão e regulamentação adequada para garantir a precisão dos resultados e a segurança dos pacientes.

A telessaúde também tem se tornado cada vez mais popular, permitindo que os pacientes tenham acesso a cuidados de saúde, o que amplia o acesso das pessoas a exames de diagnóstico, principalmente em áreas remotas. Outra tendência é o crescimento da medicina personalizada, que se baseia no uso de dados genéticos e outros marcadores para personalizar o tratamento e os diagnósticos para cada paciente individualmente. Isso pode levar a melhores desfechos e reduzidos efeitos colaterais.

Também é preciso estarmos cientes dos desafios financeiros e de infraestrutura necessária atrelados a essas tecnologias avançadas. É importante que os profissionais de saúde estejam capacitados para lidar com elas e sejam capazes de interpretar e utilizá-las de maneira eficaz para beneficiar os pacientes.

A demonstração de valor que cada exame pode trazer para atividade médica será cada vez mais necessária. Já é tema há muitos anos a necessidade de mudança da forma de pagamento fee-for-service para uma abordagem baseada em valor, Value Based Healthcare (VBH), em que o pagamento é feito de acordo com o valor dos serviços de saúde entregues aos pacientes e ao sistema de saúde, levando em conta a qualidade e a aplicação prática dos resultados reportados, não apenas o volume de procedimentos realizados.

Isso exige que a medicina diagnóstica demonstre seu valor e o impacto na saúde dos pacientes, e que os provedores de serviços trabalhem juntos com outras especialidades médicas para fornecer cuidados integrados e coordenados.

Também é tendência a crescente estruturação de ecossistemas integrados de saúde que incluam serviços de medicina diagnóstica. Esses ecossistemas são projetados para fornecer uma abordagem holística, permitindo que os pacientes tenham acesso a uma ampla variedade de serviços médicos e de saúde, num mesmo ambiente, seja corporativo ou empresarial.

No âmbito regulatório, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou sua agenda 2023, incluindo tópicos que deverão ser discutidos pela Abramed neste ano. Entre eles, as diretrizes para organização do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e a descentralização das ações de inspeção e fiscalização sanitárias, regulamentação da análise prévia de dispositivos médicos para diagnóstico in vitro e Regulamento Técnico para o Funcionamento de Provedores de Ensaios de Proficiência para Serviços que executam Exames de Análises Clínicas. Vale lembrar que a nossa entidade sempre atua em estreita colaboração com autoridades regulatórias para ajudar no desenvolvimento do setor de diagnóstico no país.

Vale mencionar, ainda, a disseminação da cultura ESG (Environmental, Social and Corporate Governance), sigla em inglês para ambiental, social e governança corporativa. Organizações mais maduras na adoção de estratégias nesse contexto podem direcionar e apoiar as que estão ingressando. Exatamente enxergando a relevância e poder do compartilhamento de conteúdo e de melhores práticas, que a Abramed estruturou, em 2022, o Comitê ESG, com o desafio de desmitificar a relação que o tema possui com práticas exclusivamente voltadas às questões ambientais, trazendo a discussão para o contexto da área da saúde.

Como mencionado anteriormente, o setor está vivendo um intenso processo de transformação digital e de inovação com foco na ampliação do acesso à saúde. A medicina diagnóstica contribui diretamente para a crescente do ecossistema empresarial e pode contribuir com outros objetivos de desenvolvimento sustentável que abrangem as temáticas voltadas ao crescimento econômico e emprego; padrões de produção e consumo sustentáveis, e as medidas para combater a mudança do clima dinâmica econômica e social do país e tem também uma responsabilidade grande na redução e neutralização dos impactos das suas atividades no planeta.

Muitos laboratórios associados à Abramed já trilham o caminho da sustentabilidade, outros estão iniciando. A pauta ESG tem enorme potencial para o segmento, mas ainda há, sim, muito a evoluir. É necessário provocar uma mudança no mindset dos líderes.

Estamos cientes das oportunidades e dos desafios que a medicina diagnóstica enfrentará neste ano e comprometidos a trabalhar com nossos associados e parceiros para abordar esses desafios e aproveitar as oportunidades de melhoria do segmento. Continuaremos a promover a educação, a pesquisa, a ética e a transparência em colaboração com outras Entidades e autoridades sanitárias.

Contem sempre conosco!

Roche é a mais nova parceira institucional da Abramed

Sandra Sampaio, diretora de estratégia e marketing da Roche, fala sobre as contribuições da empresa para o setor de medicina diagnóstica

Fundado em 1896, na Suíça, o Grupo Roche hoje está presente em mais de 100 países, entre eles o Brasil, operando mundialmente em duas divisões: a Farmacêutica e a Diagnóstica. Seu objetivo é inovar para transformar os cuidados com a saúde e melhorar a vida dos pacientes ao redor do mundo por meio da inovação.

A empresa é a mais nova parceira institucional da Abramed, chegando para contribuir para o desenvolvimento do setor de diagnósticos através de soluções inovadoras que colaboram para a sustentabilidade da cadeia de saúde e a ampliação do acesso da população a exames precisos e rápidos.

Nesta entrevista exclusiva, Sandra Sampaio, diretora de estratégia e marketing da Roche, fala sobre as perspectivas para 2023, soluções digitais, otimização de processos, o papel da indústria, a participação da marca no mercado brasileiro e ações de ESG.

Abramed em Foco – Quais são as perspectivas da companhia para 2023? Há potencial para crescimento? Quais são as prioridades de negócios?

Sandra Sampaio – Nosso ponto de partida é sempre de fora para dentro, ou seja, do paciente para a Roche. E, quando olhamos para fora, vemos alguns aspectos do mercado que indicam potencial de crescimento em 2023. Por exemplo, mesmo a pandemia já estando num momento mais calmo, ainda existe represamento de procedimentos, principalmente na saúde suplementar. Também há muita movimentação no mercado de saúde em relação à consolidação, verticalização e formação de ecossistemas. Sem falar no avanço da saúde digital, que vem ajudando no maior acesso da população à atenção primária. Apesar desses potenciais, sabemos que ainda existem os desafios inerentes.

Em relação a prioridades, podemos citar três que consolidam bem o nosso objetivo: uma delas é continuar aumentando o acesso de maneira sustentável, principalmente fortalecendo as parcerias já estabelecidas e criando novas. A segunda é intensificar o processo de levar ao mercado de saúde mais soluções digitais, que ajudam a ampliar o acesso. Pensando nisso, contamos com um portfólio abrangente e estamos preparando mais inovações para 2023, fruto da dedicação à pesquisa e desenvolvimento. A terceira prioridade é fortalecer a experiência do cliente por meio da expansão de nossos serviços, oferecendo soluções digitais que garantem mais agilidade.

Abramed em Foco – Como tecnologia e qualidade fazem a diferença no mercado?

Sandra Sampaio – As empresas que atuam no setor sabem que 70% das decisões clínicas são tomadas com base em diagnóstico. E, quando se fala em diagnóstico, a qualidade não pode ser opção, ela é fundamental. Pensando pela perspectiva do paciente, estamos falando em qualidade de vida, algo de que não podemos abrir mão. Pelo ponto de vista da instituição de saúde, qualidade significa diagnóstico mais preciso, num tempo menor. Para essas organizações, qualidade é sinônimo de reputação. E, quando se alia qualidade com tecnologia, para garantir que o diagnóstico seja entregue corretamente no tempo certo, assegura-se também o crescimento sustentável das instituições.

Abramed em Foco – A pandemia de covid-19 trouxe uma necessidade emergencial de otimizar os processos de diagnóstico a fim de expor o paciente ao menor risco possível. Quais são os caminhos para que se consiga tornar os exames mais eficazes?

Sandra Sampaio – O primeiro caminho é escolher um teste que realmente possua a qualidade necessária para prover o diagnóstico com precisão e acurácia, que vai garantir melhor resultado e melhor direcionamento do paciente. No entanto, é importante lembrar que além do teste, há outros fatores na tomada de decisão. Precisamos aliar o teste de alta qualidade ao uso correto de protocolos específicos, provendo o conhecimento necessário para os profissionais que vão fazer uso dele. E aqui vejo outro caminho muito importante, mas que ainda está muito numa fase inicial: como dar mais apoio à decisão médica. É preciso garantir o emprego de protocolos que façam sentido para a enfermidade, como o correto uso do teste, e aliar isso ao poder de uma solução digital para permitir que o médico tome a melhor decisão. Só para tornar-se um pouco mais concreto, podemos citar a patologia digital, que por meio do scanner digital e softwares de rastreabilidade provêm a informação de maneira mais abrangente, com alta qualidade e rápida para o profissional da saúde. Na ponta, esse profissional também pode se valer de algoritmos que usam de inteligência artificial e vários outros componentes para enviar ao médico algumas possibilidades que vão tornar a decisão mais rápida e melhor. Assim, o teste acaba sendo mais eficaz.

Abramed em Foco – Qual é o papel da indústria na ampliação de acesso da população a exames de qualidade e na implementação de ações que promovam melhorias aos processos já estabelecidos?

Sandra Sampaio – A indústria é responsável por trazer inovações. A Roche é uma das empresas que mais investem em pesquisa e desenvolvimento, top 10 entre as indústrias de todos os setores. Em diagnóstico, é a número um em investimento em pesquisa e desenvolvimento, pois consegue trazer com velocidade e frequência muito grande mais tecnologia e soluções para ampliar o acesso da população a exames. Cito novamente a patologia digital, que permite às instituições oferecer um serviço de medicina diagnóstica para além das paredes do laboratório, pois o teste pode ser realizado remotamente, utilizando uma lâmina que será escaneada e avaliada por um profissional e oferecendo apoio à decisão com auxílio dos algoritmos. Mas vai muito além de anatomia patológica. Um exemplo bem recente é o lançamento do sistema cobas 5800, um instrumento que faz testes moleculares utilizando PCR como metodologia. O menu inclui desde diagnóstico de HIV e hepatites até testes voltados para a saúde da mulher, como HPV e clamídia. O que quero dizer é que precisamos garantir que instituições de saúde, laboratórios e hospitais, independentemente de seu tamanho, também tenham condições de realizar testes mais especializados, que usem diferentes tecnologias. Com esse lançamento, estamos levando para laboratórios médios e pequenos a possibilidade de realizar testes com a mesma qualidade que hoje um laboratório de grande porte é capaz de oferecer. Essa também é uma forma de proporcionar acesso.

Outro exemplo é que a Roche está trazendo para o mercado brasileiro o teste para Alzheimer, enfermidade com grande relevância, não só em escala nacional, mas também mundial. Temos, ainda, o teste para identificação de insuficiência cardíaca, que passou a ser aplicado para estratificação de risco de pacientes diabéticos. Isso significa que, a partir de agora, é possível, com o mesmo teste já usado para outra enfermidade, ampliar o acesso, mostrando para pacientes diabéticos qual nível de risco para determinada doença eles têm. Inovando e levando essa solução para o mercado, conseguimos mostrar com exemplos claros o papel da indústria. Também estamos trazendo um painel sindrômico que ajuda a fazer, de uma única vez, um diagnóstico mais preciso e rápido. Mais de 20% do nosso faturamento é direcionado para pesquisa e desenvolvimento. Por ser uma empresa familiar, temos um olhar muito forte para a sustentabilidade.

Gostaria de falar, ainda, sobre a importância do papel da indústria no ecossistema de saúde, que é muito complexo e precisa de integração. A Roche acredita que essa parceria precisa ser de valor e ajudar a levar acesso para beneficiar pacientes e clientes. Eu me questiono se a indústria é vista com o papel que ela realmente tem. Nossa cadeia de saúde é bem complexa, e a indústria está ali na ponta, provendo os insumos. A visão desse papel precisa passar por uma transformação, sair do âmbito de fornecedor para o de parceiro. O foco da Roche é no paciente, portanto, as parcerias que fazemos são sempre para beneficiá-lo e ajudar meu parceiro a beneficiar o cliente ou o parceiro dele.

Abramed em Foco – Como a empresa avalia a participação dela no mercado brasileiro?

Sandra Sampaio – A participação da Roche é muito positiva. A marca é líder no mercado diagnóstico no Brasil e globalmente. Aliando-se o altíssimo investimento para gerar mais soluções e inovações, isso nos traz mais perspectivas de ampliar ainda mais o acesso da população à saúde. “Doing now what patients need next” é o que nos representa, o olhar para o paciente. A empresa tem um propósito muito forte e inovação no seu “DNA”. Isso sem dúvida tem trazido mais resultados para o mercado de forma mais contundente. Por outro lado, olhando a falta de acesso da população brasileira à saúde, ainda há muito trabalho a fazer e estamos muito empenhados nessa missão.

Abramed em Foco – Para a Roche, é dever e responsabilidade zelar pela sustentabilidade nos negócios e no ecossistema de saúde, impulsionar o desenvolvimento de soluções que agreguem valor aos clientes e beneficiem cada vez mais pacientes. Como se dão as ações de ESG da companhia?

Sandra Sampaio – Para a Roche, não é um tema novo, a empresa tem um olhar muito especial para as boas práticas relacionadas aos fatores ambiental, social e governança corporativa em âmbito regional, nacional e global. Nossa responsabilidade social de reduzir o impacto ambiental pela metade é super ambicioso. Todos os colaboradores passam por treinamento para garantir o conhecimento e tudo que isso implica no dia a dia da instituição. A Roche é considerada, há mais de 10 anos, uma das empresas mais sustentáveis do planeta, segundo o índice de sustentabilidade da Dow Jones, o que nos orgulha muito e reforça nossas práticas de ESG. No Brasil, temos uma equipe local responsável por esse tema, abordando o cuidado às pessoas e a implementação das práticas, pois é importante que tenham conhecimento de sua responsabilidade dentro da responsabilidade da Roche. A empresa também atua com programas sociais em comunidades. ESG é e continuará sendo uma pauta dentro das nossas reuniões de liderança sênior.

Abramed em Foco – Como a Roche enxerga a atuação da Abramed na medicina diagnóstica? O que espera da entidade como parceira para melhoria do setor?

Sandra Sampaio – A Abramed representa a voz da medicina diagnóstica. Embora haja muitas oportunidades de ampliar os acessos, também há desafios; por exemplo, quando falamos de medicina preventiva, vemos que o investimento na área é muito baixo. O Brasil investe em torno de 9,4% do PIB em saúde, mas o investimento em diagnóstico representa 0,5% do montante, menos do que vários países, inclusive da América Latina. Isso mostra que o olhar para a medicina diagnóstica ainda é raso. Temos uma saúde muito reativa, que enfoca o tratamento e não a prevenção. A Abramed tem feito um trabalho que tende a se intensificar cada vez mais, elevando o valor do diagnóstico no nosso país. Seu papel é muito importante dentro de um desafio que é ainda maior.

Contribuições Científicas da Medicina Diagnóstica: o que evoluiu?

Os métodos de sequenciamento de nova geração na área diagnóstica deram um salto, impulsionados pela pandemia

A medicina diagnóstica vem ganhando cada vez mais protagonismo e não foi diferente em 2022. A área foi indispensável para a gestão de casos de covid-19, em suas mais variadas cepas, e também de outras doenças, como a mpox (monkeypox, ou varíola dos macacos).

“Iniciamos 2022 ainda com muitos casos de covid-19, gerando grandes incertezas. No entanto, ao longo dos meses, os casos diminuíram e entramos num período de menos registros graves, em comparação a 2020 e 2021. Por outro lado, houve picos de outras doenças respiratórias, como influenza, H3N2 e H1N1”, analisa o diretor científico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e coordenador médico do Laboratório de Biologia Molecular do Hospital Israelita Albert Einstein, André Doi.

Um ponto de evolução neste ano, ainda segundo Doi, são os métodos de sequenciamento de nova geração na área diagnóstica. “Estamos caminhando no campo de medicina de precisão, por exemplo, na área oncológica, usando a técnica para caracterizar genomicamente diferentes tipos de câncer e tratar o paciente de maneira personalizada, com terapias específicas. Isso já existia antes, mas foi consolidado em 2022”, explica.

O método de sequenciamento de nova geração também deu um grande salto na área de doenças infecciosas, impulsionado pela covid-19. Por exemplo, a metagenômica – que consiste em colher uma amostra do paciente e fazer uma varredura de todos os agentes etiológicos que podem estar causando essa infecção – permite não só o diagnóstico de doenças conhecidas, como também de doenças raras, de baixa ocorrência e doenças novas.

Outra questão importante relacionada ao método foi viabilizar o sequenciamento de todos os patógenos. No caso do vírus SARS-CoV-2, isso possibilita entender os picos de casos e as mutações que ocorrem, permitindo caracterizar os tipos de variantes, como Ômicron e Delta.

Além de cânceres e doenças infecciosas, há marcadores genômicos também para doença de Alzheimer e outros tipos de doenças em diversas especialidades. “Cada vez mais a técnica está sendo divulgada e utilizada, e as pessoas estão tendo mais conhecimento sobre ela. “A medicina genômica entrou em pauta em 2022 e promete crescer muito em 2023”, expõe Doi. 

Vale lembrar que o uso da tecnologia de sequenciamento genômico é restrito, devido ao alto custo dos equipamentos, no entanto, todos os LACENs (Laboratório Central de Saúde Pública) serão equipados com sequenciadores de nova geração para fazer esse tipo de exame. “Os laboratórios públicos que não têm a tecnologia poderão encaminhar amostras para esses laboratórios no caso de doenças infecciosas ou mesmo para caracterização de cepas de vírus circulantes, como SARS-CoV-2 e variantes. Isso representa um grande avanço, pois como há LACENs em todos os estados, as instituições de saúde públicas, de alguma maneira, terão acesso a essa ferramenta”, conta Doi.

Com relação à pesquisa, o diretor científico da SBPC/ML destaca um ramo que tem evoluído e que representa uma grande inovação tecnológica: o transplante de fezes, já utilizado há alguns anos para tratamento de infecções refratárias a tratamentos. Ele cita casos de pacientes com a bactéria Clostridium difficile, causadora de inflamação no intestino e diarreia aguda, que não melhoram com o uso de antibióticos, apenas com o transplante de fezes.

A técnica consiste em retirar todo o microbioma do paciente doente e colocar o de um paciente saudável. “Há estudos sobre o papel do microbioma intestinal na saúde e na doença, inclusive existem bancos de fezes de pacientes saudáveis para tratar infecções por essa bactéria, o que seria inimaginável antigamente. O Food and Drug Administration (FDA) aprovou alguns tratamentos relacionados com transplante de microbioma nos Estados Unidos, então, isso logo vai chegar no Brasil”, adianta Doi.

O médico patologista clínico, gestor regional do Grupo Sabin e diretor do Comitê de Análises Clínicas da Abramed, Alex Galoro, destaca também que os laboratórios de análises clínicas estão bastante sintonizados com avanços tecnológicos, com relevantes contribuições de informática e inteligência artificial. Chama atenção, ainda, o uso de drones para o transporte de amostras de exames.

“Na fase pré-analítica, tem-se utilizado desde aparelhos para fazer aliquotagem, distribuição de amostras até drone para transporte de material em locais próximos, encurtando o tempo de entrega de exames, muitas vezes imprescindíveis. Quando o médico tem um resultado mais ágil, mais rápido ele pode tomar uma decisão, refletindo em ganho para o paciente. Com isso, o desenvolvimento da medicina diagnóstica será mais voltado para utilização de novas tecnologias e conhecimento das doenças, da fisiopatologia que permite o desenvolvimento e o lançamento de novos exames, novas pesquisas, material genético, metabólicos. Tudo isso trará subsídios para o clínico fazer o diagnóstico e ter uma atuação mais correta, o que chamamos de medicina personalizada”, reforça Galoro.

Em 2022, Snibe investiu mais de US$ 3 milhões em pesquisa e desenvolvimento

Há cinco anos no Brasil, a empresa chinesa especializada em equipamentos e reagentes de diagnóstico in vitro é a nova parceira institucional da Abramed. Jane Peng, gerente geral da companhia no território brasileiro comenta sobre atuação, crescimento e perspectivas

A Abramed acredita que a união de habilidades, conhecimentos e propósitos, além de aumentar a visibilidade para ambas as marcas, possibilitando um alcance mais abrangente, é também uma forma de alavancar o desenvolvimento de projetos visando o aprimoramento do setor de medicina diagnóstica. É neste cenário que a entidade anuncia a Snibe como nova parceira institucional.

Fundada em dezembro de 1995, na China, a empresa é especializada em equipamentos para laboratórios clínicos e reagentes de diagnóstico in vitro, sendo pioneira na utilização de “microesferas imunomagnéticas” avançadas como o principal material de separação do sistema. Inovou também na utilização de “compostos orgânicos moleculares sintéticos pequenos” avançados, ao invés de enzimas tradicionais, como marcadores luminescentes para aplicação da tecnologia de imunoensaio de quimioluminescência direta, realizando a produção em massa de instrumentos totalmente automáticos.

Em entrevista exclusiva para a newsletter Abramed em Foco, a gerente geral da Snibe no Brasil, Jane Peng, fala da atuação da companhia, as perspectivas para 2023 e sobre a ampliação do alcance no mercado nacional.

Confira o bate-papo na íntegra.

Abramed em Foco – Quais foram os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação que a Snibe promoveu em 2022?

Jane Peng – Temos foco em imunoensaio de quimioluminescência há 28 anos, nunca paramos de investir em pesquisa e inovação. Em 2022, a Snibe investiu mais de US$ 3 milhões em P&D e nossa nova sede estará pronta em janeiro de 2023.

Abramed em Foco – E quais são as perspectivas da companhia para 2023? Há potencial para crescimento?

Jane Peng – Estamos com meta de aumentar mais de 35% em comparação com 2022. Prevemos ampliar mais para a nova linha de produtos com profissionais.

Abramed em Foco – Tecnologia e qualidade também estão entre os principais investimentos da Snibe. Comente sobre como esses aspectos fazem a diferença no mercado.

Jane Peng – A Snibe possui 28 anos de foco no desenvolvimento de equipamentos de laboratório clínico e reagentes de diagnóstico in vitro visando os recursos humanos. Um novo equipamento e dez novos parâmetros são lançados a cada ano e atendem à demanda do mercado. Continuamos trabalhando com parceiros como Thermofisher e HITACH no sistema TLA para lançar nosso Produto Total de Automação Laboratorial.

Abramed em Foco – Para a Snibe, qual o papel da indústria na ampliação de acesso da população a exames de qualidade e na implementação de ações que promovam melhorias aos processos já estabelecidos?

Jane Peng – O sistema de gerenciamento de qualidade Snibe é estabelecido com base na ISO 9001 e ISO 13485, integrando os requisitos dos regulamentos GMP na China, União Europeia, Estados Unidos, Brasil e Coreia.

Nos concentramos no controle de qualidade do processo de produção, estabelecido com base nas características do produto e pontos de controle de processo adequados e apropriados. Além do controle de qualidade, na fabricação, também projetamos controles de qualidade no kit para colaborar na melhor experiência do usuário.

A Snibe está sempre atenta aos itens de teste realizados pelas reconhecidas organizações de EQA (sigla em inglês para avaliação externa da qualidade), como Comissão Nacional de Saúde da China, Centro de Dados de Reumatismo Chinês, BIO-RAD, Randox, Colégio Real de Patologistas da Australásia (região que inclui a Austrália, a Nova Zelândia, a Nova Guiné e algumas ilhas menores da parte oriental da Indonésia) e Colégio de Patologistas Americanos, para estabelecer um plano anual de controle de qualidade.

Abramed em Foco – A pandemia de covid-19 trouxe uma necessidade emergencial de otimizar os processos de diagnóstico a fim de expor o paciente ao menor risco possível. Quais os caminhos para que se consiga tornar os exames mais eficazes, especialmente no setor de análises clínicas?

Jane Peng – A Snibe fornece os testes CLIA de painel completo para anticorpo e antígeno SARS-CoV-2, que podem ser detectados em nosso analisador CLIA mais rápido MAGLUMI X8, que tem alto rendimento de até 600 testes por hora para atender às altas necessidades e melhorar a eficiência do laboratório. Além disso, fornecemos teste rápido de antígeno SARS-CoV-2 e teste RT-PCR para ajudar no diagnóstico de Covid-19.

Recentemente, lançamos o analisador de PCR digital Molecision S6, que é uma solução única para quantificação absoluta para o RT-PCR. Ele divide a amostra de ácido nucleico de entrada em dezenas de milhares de gotículas do tamanho de nanolitros e a amplificação por PCR das moléculas modelo ocorre em cada gotícula individual. Ao analisar cada gota, a fração de gotas positivas para PCR na amostra original pode ser determinada, concluindo, assim, a concentração do molde de DNA alvo na amostra original.

O analisador integra funções de geração de gotículas, amplificação de PCR, fluorescência de quatro cores, detecção e análise de dados. E a detecção geral leva apenas duas horas sem a necessidade de trabalho manual tedioso.

Desenvolvemos o sistema totalmente automático de Bioensaios E6, para substituir a operação manual. O teste de cálcio ionizado mede apenas a forma livre e metabolicamente ativa pelo método de eletrodo seletivo de íons. Pode refletir melhor o estado metabólico do cálcio no corpo do que o cálcio total.

Temos o SISTEMA TCA de personalização de laboratório com fácil adição de módulos novos ou existentes para mais funcionalidades., compatível com analisadores totalmente automáticos de outros fabricantes.

Abramed em Foco – Como a empresa avalia sua participação no mercado brasileiro?

Jane Peng – A Snibe entrou no mercado brasileiro há cinco anos e ganhamos o apoio de clientes, distribuidores e parceiros. Estamos orgulhosos de nossos produtos, pois muitos clientes se beneficiam de nossa boa qualidade, portfólio mais amplo e excelente serviço.

Com novas linhas de PCR, Bioquímica, Eletrólitos e Linha de Testes Rápidos, nossa equipe está crescendo no Brasil. Até agora, ainda somos tão jovens no país, então esperamos aprimorar com novos parceiros e novos clientes também. Continuaremos aperfeiçoando a qualidade de nossos serviços para o mercado brasileiro.

Abramed em Foco – Sob a ótica da empresa, quais os principais pontos de atenção para o futuro da medicina diagnóstica?

Jane Peng – A atenção principal está voltada para o pioneirismo global no campo de diagnóstico in vitro (com um serviço completo, de melhor qualidade e de crescimento conjunto com nossos parceiros no Brasil) e na liderança de participação no mercado nos próximos cinco anos.

Abramed em Foco – Como a Snibe enxerga a atuação da Abramed na medicina diagnóstica? O que espera da entidade como parceira para melhoria do setor?

Jane Peng – A Abramed é muito importante para cooperar com marketing profissional e compartilhar as notícias globais com o sistema médico em diagnóstico in vitro. Esperamos trabalhar junto com a entidade para expandir nossa cooperação no Brasil, tendo chances de mostrar nosso sistema de atualização e intercâmbio com os líderes para o campo de laboratórios diagnósticos.

Abramed contribui para debate da FenaSaúde sobre prevenção e combate às fraudes na saúde suplementar

A atuação dos laboratórios e das clínicas de diagnóstico foi abordada por Milva Pagano, diretora-executiva da entidade

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), representada por Milva Pagano, diretora-executiva da entidade, participou do 11º Debates FenaSaúde, que abordou o tema “Prevenção e Combate às Fraudes na Saúde Suplementar”. O evento aconteceu no dia 22 de novembro, no auditório da Escola de Negócios em Seguros, em São Paulo, e foi transmitido pelo canal da FenaSaúde no Youtube.

Milva foi uma das debatedoras do primeiro painel, que tratou de “Fraudes na cadeia de saúde: impactos e enfrentamento”, discorrendo sobre a atuação dos laboratórios e das clínicas de diagnóstico. A discussão contou com a participação de Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde, falando pelo lado dos planos de saúde; e de Antonio Brito, diretor-executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), que apresentou a atuação dos hospitais privados.

Ela começou parabenizando a FenaSaúde pela iniciativa e manifestou o apoio da Abramed. Contou que a entidade instituiu, em 2017, um código de conduta, bem como desenvolveu uma política de compliance e um canal de denúncia, tamanha a importância dada ao tema.

“Nosso código de conduta segue alguns pilares importantes, como ética, foco no paciente, integridade, transparência, confiabilidade, livre concorrência e sustentabilidade”, disse, acrescentando que a entidade adotou critérios de elegibilidade para os associados, tendo como requisitos fundamentais justamente esses valores, garantindo a qualidade do serviço prestado.

A diretora-executiva da Abramed comentou que estamos em um momento precioso de discussão da RDC 302, da Anvisa, que normatiza o funcionamento dos laboratórios. “Há dois anos, a Abramed vem discutindo esse tema com outras entidades do setor. A questão dos postos de coleta é muito delicada, pois não há nenhuma vedação legal para sua existência dentro de clínicas. Nós defendemos a realização de coleta de exames por laboratórios em locais legalizados”, expôs.

Além disso, disse haver uma diversidade enorme de exigências sanitárias conforme a municipalidade, ou seja, o que se exige em uma cidade difere do que se exige em outra. “É importante padronizar esses pontos. Estamos buscando essa normatização. Precisamos fechar as brechas que existem”, declarou Milva.

Em relação à realização de exames desnecessários, mesmo com toda a rastreabilidade de laudos e amostras, ela lembrou que não é possível desconsiderar a autonomia do médico. “Como medicina diagnóstica, não podemos negar a realização de exames solicitados pelo médico. Não há como selecionar quais serão feitos.”

Segundo Milva, um evento como este é riquíssimo, pois permite discutir algo que coloca em risco a sustentabilidade do setor. “É importante unirmos esforços para coibir essas práticas.”

O painel contou com mediação de Lúcia Helena Oliveira, jornalista do UOL. “As fraudes na saúde suplementar são uma realidade e suas consequências estão diretamente relacionadas à sustentabilidade e a previsibilidade de gastos no sistema de saúde. Isso impacta a ponta da cadeia, ou seja, os beneficiários”, comentou.

Para o diretor-executivo da Anahp, as fraudes são um problema do sistema de saúde como um todo, é preciso compreender isso. “É perigoso pensar nelas apenas como um evento de ordem policial e criminal. Não se trata de um desvio que vai ser resolvido com mais investigação e mais política, mas uma consequência das dificuldades de organização do próprio setor. A fraude é febre indicando doença no organismo”, disse.

Brito defendeu a acreditação das instituições de saúde e a clareza dos processos para inibir as fraudes. Há problemas de excesso de exames, de formação profissional insuficiente, bem como questões culturais e desentendimento sobre glosas, que são a falta de pagamento de algum item que compõe a conta hospitalar do paciente atendido. “Há muita zona cinzenta no sistema de saúde, e o cinza é a cor preferida do fraudulento, daquele que pretende se esconder para fazer o malfeito.”

Segundo ele, também é preciso estimular o máximo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a redobrar o olhar sobre o tema geral de acreditação, processos e protocolos. Outra questão importante é a mudança do modelo de pagamento, de remuneração por procedimentos, favorecendo as fraudes, para remuneração por desfechos. Vários hospitais já demonstraram o valor deste último modelo para a sustentabilidade do sistema. Brito defendeu, ainda, o prontuário único. “A interoperabilidade é uma necessidade urgente”, ressaltou.

Por sua vez, Vera Valente tratou da atuação dos planos de saúde na prevenção e no combate às fraudes. “A glosa é uma febre que mostra uma enorme preocupação das empresas com contas muito altas”, disse.

Ela citou como exemplos de fraudes: pedido de reembolso de consultas não realizadas, solicitação desnecessária de exames, entrada em processos para pedir judicialmente a execução de procedimentos que não são necessários e mudança de código de doença para solicitar tratamento sofisticado com fins estéticos. “Todos pagam a conta”, ressaltou.

“Temos como desafio organizar a jornada do paciente, para que ele não corra para o pronto-socorro a qualquer dor de cabeça. Precisamos nos unir para apagar os incêndios, pois eles podem comprometer a sustentabilidade da cadeia. Todos precisam ter consciência de seu papel, incluindo médicos e beneficiários”, expôs Vera.

O evento completo pode ser visto neste link: https://youtu.be/dcAM8aQyXfU 

Em suas considerações finais, Milva ressaltou a importância do debate, fazendo votos de que ele seja o primeiro de muitos. “Mas não podemos ficar apenas no debate, a Abramed, norteada por seu Código de Conduta, lançado em 2017, orienta, incentiva e exige de seus associados boas práticas que inspirem todos os elos da cadeia, honrando nossa responsabilidade em garantir o foco na atenção ao paciente, resguardando sua segurança e o compromisso com serviços diagnósticos de qualidade, que contribuem diretamente para a adequada conduta médica e, consequentemente, para evitar desperdícios de recursos no sistema”, encerrou.