Summit Abramed na Hospitalar 2023 discute segurança e qualificação para melhoria dos serviços em saúde no Brasil

Em debate, líderes do setor destacam sistemas de informação e certificação para melhorar qualidade

“Saúde, segurança e qualificação – Quais os desafios?” foi o tema do primeiro painel de debate do Summit Abramed, realizado no dia 23 de maio, durante a Hospitalar 2023. Os participantes destacaram a importância da gestão de dados e das acreditações como formas de promover a qualificação e o aumento do acesso, por meio da sustentabilidade, assim como da boa gestão de recursos.

Participaram Angélica Carvalho, diretora adjunta da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); Cibele Carvalho, presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR); e Guilherme Oliveira, diretor administrativo de expansão do Grupo Sabin e diretor de Acreditação e Qualidade da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica Medicina Laboratorial (SBPC/ML). A moderação foi de Ademar Paes Jr., sócio da Clínica Imagem e membro do Conselho de Administração da Abramed.

“Buscamos promover um debate aberto, sempre pautados pela ética e pelo compliance”, comentou Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, na abertura do painel.

Repercutindo o tema central da discussão, Angélica destacou, primeiramente, que o Brasil tem dimensões continentais, sendo necessária uma discussão que considere diferenças regionais, inclusive de mercado, para elaboração de propostas sobre a pauta. Por isso, a coleta de dados e a interoperabilidade dos sistemas devem ser instrumentos importantes para traçar planejamentos reais. “A regulação ainda é muito fragmentada. Deve-se levantar e compartilhar mais informações, do setor público e do privado, e estruturá-las para ter uma visão maior.”

Paes Jr. concordou que é importante se basear em inteligência de dados de forma integrativa e compreensível. A ANS tem duas opções para combater esse gargalo: as entidades podem acessar o Programa de Qualificação dos Prestadores de Serviços de Saúde (QUALISS) como uma forma de estimular as boas práticas e consultar informações, enquanto a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) oferece dados interligados por meio de uma plataforma nacional de interoperabilidade.

Essas informações, como a trajetória do usuário e o desfecho, são importantes para identificar lacunas de desperdício e promover sustentabilidade, focando na segurança do paciente. “No país que faz as eleições em três horas, como não se pode fazer uma saúde mais integrada? O que podemos melhorar?”, completa Angélica, que admite a pulverização e as concorrências entre classes, dificultando a construção de serviços hospitalares e não hospitalares de qualidade. Ela conta que um familiar internado, inconsciente, passou por quatro exames antes de fazer o que salvaria sua vida. De acordo com a diretora adjunta da ANS, a culpa é do responsável pela coordenação do cuidado, que entenderia, por meio de dados, o estado da pessoa individualmente, garantindo cuidado e evitando desperdícios.

Uma das formas de se garantir essa qualidade é por meio de certificações, além do comprometimento de operadoras para credenciar serviços que entregam qualidade. Os instrumentos de auditoria que oferecem um selo de qualidade para o laboratório, por exemplo, verificam equipamentos, gestão, segurança e demais condições. Ainda pouco conhecidas pela população e representando gastos extras em uma realidade de baixo orçamento, as certificações são indispensáveis, mas pouco utilizadas e pouco cobradas por usuários, defende Oliveira. “Aproximadamente 70% dos exames pautam as decisões médicas. Não se faz medicina de excelência sem exame complementar de excelência.”

Todos os participantes concordam que informação, incentivo dos planos, contrapartida e financiamentos poderiam ser propulsores da aderência aos programas, que têm um custo mensal. Apenas 3% dos 15 mil laboratórios brasileiros possuem certificação, ainda que representem 40% dos exames realizados na iniciativa privada. A SBPC/ML, oferece certificações independentes e reconhecidas, como o Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC).

A presidente do CBR, que também oferece selo de qualidade, como o pioneiro Programa de Acreditação e Diagnóstico por Imagem (PADI), diz que convencer os gestores de que o impacto na qualidade vem no médio prazo, ou seja, se gasta hoje para economizar amanhã, é difícil. Mas entende que, mesmo abrangendo uma parcela pequena da população, 50 milhões do total 200 milhões de pessoas da população total, o serviço suplementar é um elo importante do Sistema Único de Saúde (SUS), muito mais abrangente, mas com problemas semelhantes.

Assim como no setor complementar, na área privada o modelo de remuneração é discutido à exaustão, sem consenso. Mas Cibele não é otimista com as formas apresentadas para driblar problemas financeiros. “Vemos fusões de grandes operadoras que faturam na bolsa de valores, mas oferecem cuidado de má qualidade. Isso não pode acontecer. Saúde não é mercado.” Ela cita casos de campainha que toca com nove minutos de consulta para encerramento.

É consenso que o cuidado com o paciente deve ser o foco. E que promover segurança e sustentabilidade, como a boa gestão de recursos, aumenta e qualifica o acesso. Isso pode ser feito por meio dos esclarecimentos que uma acreditação dá sobre o modelo de negócio. Mas tudo isso depende de recurso e tecnologia, seja em equipamentos, seja em softwares. Porém, a radiologia, por exemplo, que mais recebe inovações tecnológicas, renuncia a isso por falta de verba. Cibele conta que trocava equipamento de ultrassom a cada três anos, e esse intervalo passou para uma década. “Mesmo assim, a gente não consegue convencer sobre a necessidade de grandes investimentos”.

Enquanto laboratórios de grandes centros já convivem com seus desafios, a questão das diferenças de acesso no país volta à tona. Oliveira vê a nova Resolução da Diretoria Colegiada (RDC 302) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com desconfiança, mas considera que, por exemplo, exames pré-natais nas cidades devem ser feitos em laboratórios, porém, se forem realizados em populações ribeirinhas, lançar mão dos testes rápidos é uma saída para promover acesso. “Se no interior só há uma farmácia, usam-se testes de triagem.” Mas ainda questiona: “quem cuida dessa pessoa depois?”, ele lembra que informar as mães sobre os diagnósticos disponíveis é imprescindível e cita que sete em cada mil crianças nascem com sífilis congênita, de fácil diagnóstico.

Os temas abordados no Summit Abramed são de grande relevância para o ecossistema de saúde. A crise da saúde suplementar afeta a cadeia produtiva e os prestadores de serviço de modo sistêmico. Assim, diálogos que busquem promover a sustentabilidade do sistema seguem como protagonistas em feiras e congressos. Buscar soluções que estimulem, por exemplo, exames mais assertivos, evitando desperdícios, é um exemplo de atuação sustentável. Ainda, como preocupação central, está a oferta de serviços qualificados para o paciente.

Ressalta-se ainda que os serviços prestados pelas empresas associadas à Abramed têm a qualidade assegurada por meio de diversos processos de acreditação e certificação, entre elas o PADI e o PALC. Ser um estabelecimento acreditado é um critério de elegibilidade para ser um associado. A melhoria contínua da qualidade dos serviços de medicina diagnóstica pode ser alcançada por meio de processos de acreditação e certificação, entre outros processos de avaliações objetivas e imparciais.

Leia também a matéria sobre o segundo painel do Summit Abramed, “Gestão da Saúde e a sustentabilidade do setor”, neste link.

Abramed apresenta dados sobre hepatites virais

Diagnósticos aumentaram depois da pandemia, e os números de casos também

A Abramed, por meio de seus associados – laboratórios privados do país que são responsáveis por 60% dos exames na Saúde suplementar brasileira, constatou em seu último boletim epidemiológico (BE) que houve aumento na testagem e na taxa de positividade para as principais hepatites virais – A, B e C – no primeiro trimestre de 2023, quando comparado ao mesmo período de 2022.

Segundo Alex Galoro, médico patologista clínico e líder do Comitê de Análises Clínicas da Abramed, isso se deve ao fato de a população ainda estar sob a influência da pandemia de covid-19 no primeiro trimestre de 2022. “Com a retomada das atividades, os testes de rotina de cuidados de saúde e realização de exames laboratoriais voltaram a ser realizados, com aumento na testagem. Quanto à positividade, sabe-se que grande parte da população que tem hepatites desconhece a doença e o aumento da testagem aumenta o seu diagnóstico.”

Houve uma diminuição de casos registrados durante a pandemia, mas impulsionados pela falta de diagnóstico, que apresentou retomada neste ano.

Os números indicam que aproximadamente 15% da população já teve contato com algum tipo desses vírus.

Galoro ainda ressalta que esses dados se referem a todos os marcadores sorológicos destes tipos de hepatite, sem distinção do tipo de hepatite, ou marcadores de doença aguda ou de contato prévio. O BE do Ministério da Saúde usa os dados de infecção aguda, assim, os BE não podem ser cruzados para análises epidemiológicas por usarem métodos distintos.

Boletim Abramed_Hepatites Virais

2022

Exames para Hepatites realizados pelas associadas Abramed em todo ano: 20,7 milhões

Exames para Hepatites realizados no primeiro trimestre: 5 milhões

Média mensal de exames para Hepatites no primeiro trimestre: 1,7 milhão

Taxa de positividade: 15,2%

2023 

Exames para Hepatites realizados no primeiro trimestre: 5,8 milhões

Média mensal de exames para Hepatites no primeiro trimestre: 1,9 milhão

Taxa de positividade: 15,44%

Importância do diagnóstico

Atualmente, existem vacinas para a prevenção das hepatites A e B. Não existe vacina contra o tipo C, o que reforça a necessidade de um controle adequado da cadeia de transmissão no domicílio e na comunidade, bem como entre grupos vulneráveis, por meio de políticas de redução de danos. Em grande parte dos casos, as hepatites virais são silenciosas, o que reforça a necessidade de ir ao médico regularmente e fazer os exames de rotina que detectam os vários tipos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas cerca de 18% das pessoas que vivem com hepatite B foram diagnosticadas e apenas cerca de 3% delas estão recebendo tratamento. Esse tipo é uma infecção sexualmente transmissível (IST). Segundo a OMS, nas Américas, cerca de 5,4 milhões de pessoas vivem com infecções por hepatite B, enquanto 4,8 milhões estão infectadas com hepatite C.

Geralmente, quando os sintomas aparecem, já se está em estágio mais avançado. O estímulo ao diagnóstico precoce tem sido um instrumento de promoção de qualidade de vida para quem convive com essas doenças, que podem levar a complicações importantes no fígado, como cirrose hepática e câncer.

O conceito de eliminação está baseado nas metas globais estabelecidas pela OMS consoantes com a Agenda 2030 para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que dizem respeito à redução das novas infecções em 90% e da mortalidade em 65%. Para tanto, é necessário realizar o diagnóstico de 90% dos casos e tratar 80% dos casos diagnosticados.

Ética depende da construção de cultura enquanto inovação pode sugerir caminhos para boas práticas

Evento com participação da Abramed reuniu players do setor de saúde para avaliar como se aplicam atuações transparentes e repercutiu importância da inovação e desafios atuais

Buscando discutir o posicionamento ético entre os atores da Saúde, o Instituto Ética Saúde (IES) promoveu o Ética Summit 2023, encerrando a Semana da Ética – maior evento sobre ética na saúde do Brasil e que promoveu debates e reflexões com líderes e profissionais da saúde e do setor governamental, a fim de ampliar o conhecimento sobreo tema e a consciência social sobre os impactos da corrupção no setor. A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) foi uma das entidades apoiadoras da iniciativa e integrou uma das mesas de debate. Com o tema “Fornecedores de Produtos e Serviços de Saúde: Inovação, Incorporação Tecnológica, Sustentabilidade Sistêmica, Valor ao Paciente e Dilemas Éticos da Atividade Econômica”, o Ética Summit aconteceu no dia 4 de maio, na Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV EAESP).

Participaram do debate César Nomura, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed; Fernando Silveira Filho, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (ABIMED); Bruno Sobral, secretário-executivo da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde); Luis Eduardo Calderari, vice-presidente executivo da Interfarma; e Sérgio Rocha, presidente do conselho de Administração da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (ABRAIDI). A moderação foi de Ligia Maura Costa, professora titular na FGV EAESP e coordenadora geral do Centro de Estudos em Ética, Transparência, Integridade e Compliance (FGVethics).

“Na Suíça, por exemplo, um ministro perdeu o cargo por não declarar viagem oficial.” Nomura trouxe esse exemplo internacional para explicar que a boa conduta é multifatorial e multicultural. São exemplos de visões e sanções diferentes que regem o entendimento de ética de uma população ou um setor. Porém, é preciso, segundo ele, criar parâmetros transparentes, principalmente quando se está falando da atividade em Saúde.

“Há dez anos, a Abramed, por meio do seu Comitê de Ética e Compliance, deliberou sobre laboratórios alocados dentro de consultórios médicos de alto padrão. Entendendo que essa prática poderia gerar problemas no setor, os associados foram desestimulados a fazer isso”, falou Nomura, que completou: “Quando se indica uma conduta para associados, a ação se multiplica. Não é uma deliberação isolada”.

Os Códigos de Conduta são, indiscutivelmente, funcionais para garantir o cumprimento de atitudes éticas. Mas como promover a regulação dos serviços? Para Silveira Filho, fazê-la na forma de leis, que pautam, inclusive, o que pode e não pode ser feito na indústria, nos hospitais e nos laboratórios, não é interessante. Segundo ele, a corrupção sistêmica gera uma corrida para a elaboração de mais normas, o que seria insustentável: “Precisamos nos autorregular”. E essa sugestão deve ir ao encontro dos interesses da Saúde suplementar no sentido de promover acesso de forma adequada e na observância das boas práticas ao usuário final.

Foi unânime entre os debatedores a importância da ética, mais ainda a permanente discussão sobre o assunto. As associações de classe possuem seus manuais, enquanto os demais atores buscam promover a boa conduta dos processos por meio de discussões entre os envolvidos, estimulando a educação continuada e a aplicação do assunto durante cursos universitários, por exemplo. Contudo, para Rocha, a ética começa pela educação, que no Brasil fica a desejar. “Não adianta falar de ética na faculdade. Temos agora é que dar continuidade e aperfeiçoar o que aprendemos”.

Calderari ponderou que, “embora sejamos todos ‘convertidos’, é importante atuar na forma como os hospitais e as organizações de saúde se organizam”. Os participantes concordaram que a ética é uma escolha individual e precisa ser estimulada desde cedo, como algo comum na convivência em sociedade.

Ética: inovação e acesso

O vice-presidente executivo da Interfarma ponderou que, em um momento de crise, deve-se colocar a ética à frente de todas as prioridades. “Não devemos afastar nossos parceiros, funcionários, fornecedores e reconhecer nossas dificuldades”. A crise a que ele se refere é a crise econômica brasileira e das operadoras de Saúde que atinge toda a cadeia produtiva. Vive-se um momento de possíveis mudanças na carga tributária, de rombo operacional dos planos de Saúde, que supera o valor de R$ 11,5 bilhões.

Somada a essa realidade, há denúncias de fraudes nesse setor já estrangulado, inclusive executadas por profissionais que prestam seus serviços sem a observância da ética médica, seja por meio de autorregulação, seja pelo código civil e criminal ou seja pelos códigos de conduta de entidades de classe. Os usuários também fazem parte de alguns sistemas de ações fraudulentas. Segundo Sobral, o resultado é 100% de sinistralidade, o que assusta os prestadores de serviço. Ele ainda critica a atuação de alguns sindicatos, que trabalham de forma anticompetitiva e antiética financeiramente.

Segundo Caderari, as inovações, os equipamentos de última geração e o uso de tecnologias parecem ser um caminho de transformações no setor, uma vez que podem registrar tanto a jornada do paciente quanto do médico e dos demais atores, é possível competir de forma lógica com relação a custos, por exemplo. “Somos o principal driver de carecimento, os centros produtivos e industriais.” Mas, de acordo com o executivo, além de receberem recursos limitados, “não atendem a todos pelo alto custo final”, reconheceu.

Na plateia, ponderou-se que representantes do legislativo poderiam compor a mesa para discussões sobre investimentos. O Governo Federal anunciou a recriação do Grupo Executivo do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Geceis) para promover articulação governamental e formular medidas que fortaleçam a produção e a inovação na área da Saúde. Enquanto isso, a Medida Provisória (MP) 1.147/22, que ainda passará pelo Senado, fala de financiamentos para a indústria. As discussões sobre reforma tributária ainda tramitam no terceiro poder e causam polêmica.

Sobral entende que, finalmente, deve haver uma mudança cultural educacional. Para isso deve-se estabelecer incentivos econômicos corretos e avaliar questões políticas, citando o rol taxativo e a PL do piso da enfermagem. “Mas parece que caminhamos para frente, com foco no paciente.”

Abramed promove debates no primeiro dia da Hospitalar 2023

Serão discutidos segurança e qualificação do setor da medicina diagnóstica; a feira acontece de 23 a 26 de maio, no Expo São Paulo e a inscrição é gratuita

Durante a Hospitalar 2023, será promovido o Summit Abramed, dia 23 de maio, das 14h30 às 18h00. O evento trará debates que reunirão representantes de laboratórios, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), indústria e entidades de classe. A Abramed é apoiadora institucional da feira e estará com estande institucional nos quatro dias de evento para receber associados e parceiros.

Programação

Na primeira rodada de conteúdo, o tema será “Saúde, segurança e qualificação – Quais os desafios?”. Participam Angélica Carvalho, diretora adjunta da ANS; Cibele Carvalho, presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR); e Guilherme Oliveira, diretor administrativo de expansão do Grupo Sabin e diretor de Acreditação e Qualidade da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica Medicina Laboratorial (SBPC/ML). A moderação será de Ademar Paes Jr., Sócio da Clínica Imagem e membro do Conselho de Administração da Abramed.

Na sequência, a “Gestão da Saúde e a sustentabilidade do setor” será analisada por Carlos Martins, CEO da Roche Diagnóstica; Anderson Mendes, presidente da Unidas Autogestão; e Claudio Tafla, presidente da Aliança para Saúde Populacional (ASAP). A moderação é da diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano.

Os temas abordados no Summit Abramed são de grande relevância para o ecossistema de saúde. A crise da saúde suplementar afeta a cadeia produtiva e os prestadores de serviço de modo sistêmico. Assim, diálogos que busquem promover a sustentabilidade do sistema seguem como protagonistas em feiras e congressos.

Buscar soluções que estimulem, por exemplo, exames mais assertivos, evitando desperdícios, é um exemplo de atuação sustentável. Ainda, como preocupação central, está a oferta de serviços qualificados para o paciente.

Feira

A Hospitalar reúne há 30 anos os principais players da Saúde e está entre os maiores eventos brasileiros, contando com mais de 1.000 marcas e 700 estandes. São aguardados mais de 4 mil participantes neste ano.

Serviço

Summit Abramed

“Saúde, segurança e qualificação – Quais os desafios?”

Data: 23 de maio
Horário: 14h30

“Gestão da Saúde e a sustentabilidade do setor”
Data: 23 de maio
Horário: 16h10


Local: São Paulo Expo, sala 210, mezanino

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Tecnologia e sustentabilidade nos planos de Saúde são discutidas no 14º Seminário Unidas

Abramed destacou o papel da medicina diagnóstica defendendo o exercício do setor de forma mais sustentável

A Abramed participou de um painel na 14º Seminário Unidas, promovido pela Unidas – Autogestão em Saúde. Com o tema “Quem são os verdadeiros atores da Saúde suplementar”, o destaque da discussão esteve em torno da implementação do uso de tecnologias no setor para, principalmente, promover a sustentabilidade em meio à crise financeira que o atinge. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os planos de saúde apresentam um rombo acumulado que chega a R$ 11 bilhões. O evento aconteceu nos dias 25 e 26 de abril, em Brasília (DF), abordando a temática central “Por mais integralidade e equidade na saúde”.

Estavam presentes na mesa o presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik; o diretor de Tecnologia e Informação da Associação Paulista de Medicina (APM) e presidente da comissão organizadora do Global Summit Telemedicine & Digital Health, Antonio Carlos Endrigo; o gerente executivo da CASSI, Everton Nunes – que moderou o debate, e a diretora de contratos do Grupo Hapvida Notredame Intermédica, Nathalia Pompeu.

Abrindo a conversa, Nunes ressaltou que o tema em si já era provocador. “O ator é quem tem papel ativo em algum acontecimento e, agora esse momento é de mudanças. Falamos muito em colocar o cliente no centro, temos que buscar soluções técnicas para isso”.

Shcolnick ressaltou que um dos principais problemas enfrentados é o não conhecimento, por parte dos pacientes e beneficiários, de que a não utilização de maneira correta dos recursos gera um impacto no valor, um reajuste. “Essa repetição frequente de exames e os métodos de análise não serem padrão são grandes barreiras. Desde 2011, a Abramed adotou a terminologia Loinc que é a padrão do Ministério da Saúde, mas não avançamos e, essa padronização é essencial, também, para a saúde das pessoas”, complementou.

Para ele, “a área da medicina diagnóstica traz bastante preocupação para os planos de saúde, que cobra pela superutilização desse recurso”. Porém, reforçou que 70% dos diagnósticos médicos são feitos a partir de exames de laboratório de análises clínicas e de imagem, sendo o setor de importância crucial na prevenção de doenças e no tratamento correto.

Segundo o presidente do Conselho de Administração da Abramed, a entidade conta com laboratórios que codificam regularmente dados para exames mais precisos e usam sistemas integrados ao Ministério da Saúde, facilitando a comunicação para tomada de decisão, como aconteceu na pandemia. “Estendemos fronteiras e, atualmente, os exames servem de base para tratamentos personalizados. Isso gera economia para os sistemas de Saúde, tanto público quanto suplementar.”

Shcolnick se refere às fronteiras ultrapassadas por meio do uso de tecnologias que permitem leituras assertivas, diagnósticos mais precisos, menos refração, monitoramento e padronização de dados e interoperabilidade e, então, maior economia pelas operadoras que pagam pela execução dos exames. Mas lembrou ser necessário legislar nesse sentido: “Precisamos dialogar para promover essa implementação respeitando os direitos dos pacientes e a legislação”.

Nathalia garantiu que o ator central dessa discussão é e deve ser o usuário. “Fazendo uma analogia a uma peça de teatro: cada ator corre para cumprir seu papel e ninguém está lá para fazer o espetáculo acontecer. O consumidor final não participa dessas discussões e, como saúde suplementar, temos que representá-los. Falar para quem está acostumado a ouvir é fácil”, afirmou.

Destacando a telemedicina, ela concorda que as novas tecnologias são disruptivas e geram economia, mas devem respeitar o acesso aos dados do paciente. Atualmente, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) regula as relações de dados oferecidos pelo usuário e utilizados pelo prestador de serviço. A acreditação dos sistemas de Saúde também confere proteção ao usuário e ao médico, pois tratam não apenas de equipamentos, mas também de telecomunicações, prevenindo, inclusive, ataques cibernéticos que paralisam sistemas ou expõem dados epidemiológicos pessoais.

“Um dos pontos que nos preocupa é a quantidade e a velocidade que foram criadas as Faculdades de Medicina. Infelizmente não teremos vagas suficientes para residência médica e nem eles estão acostumados a buscar cursos de especialização. E, isso impacta os beneficiários e os planos de saúde. Porque o volume de médicos que estão indo para o setor é grande e a conta não vai fechar. Os convênios não terão como incluí-los na rede credenciada. Isso pode gerar a diminuição nos honorários médicos e, consequentemente, termos médicos de menor qualidade”, destacou Endrigo acerca dos desafios na carreira médica.

A medicina diagnóstica no centro da tomada de decisão

Painel da Abramed na grade oficial da JPR 2023 discutiu as novas formas de se fazer medicina diagnóstica para promover acesso à Saúde, melhor gestão de insumos e sustentabilidade financeira

A Abramed promoveu painel sobre “Futuro da medicina diagnóstica” durante a 53ª Jornada Paulista de Radiologia (JPR). Os participantes destacaram a utilização de tecnologia para promoção do acesso à Saúde e ética nos procedimentos.

Moderado por César Nomura, vice-presidente do Conselho de Administração da entidade, participam do painel Wilson Shcolnik, presidente do conselho de administração da Abramed, Fábia Tetteroo-Bueno, CEO Phillips Latin America; Eliezer Silva, diretor do Sistema de Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein e membro do Conselho de Administração da Abramed, Romeu Domingues, presidente do Conselho de Administração da Dasa. Milva Pagano, diretora-executiva, abre as duas discussões.

A medicina diagnóstica é peça chave nas deliberações sobre acesso à Saúde, e se tornou peça-chave na implantação de tecnologias sustentáveis e na discussão para a saudabilidade das operadoras, que representam 90% da sua demanda.  Wilson Shcolnik, presidente do conselho de administração da instituição, destaca que “de todos os exames realizados na rede suplementar, 60% são feitos pelos associados da Abramed”. A Abramed tem cadeira na mesa de discussões da Agência Suplementar de Saúde (ANS), atuando como elo fundamental nas tomadas de decisão e na elaboração de políticas.

César Nomura lembrou que “a medicina diagnóstica é fundamental pelo seu potencial de precocidade de enfrentamento de doenças, prevenção e acompanhamento”, mas, ele completa, a medicina deve ser mais assertiva. Exaltando a realização do evento, destacou que é importante que as sociedades representativas ocupem espaços de diálogo e sejam protagonistas. “A Abramed busca olhar a medicina diagnóstica para o futuro. São sementes que estamos plantando.”

Mas a falta de eficiência ou as fraudes de algumas clínicas e hospitais ainda vilanizam o setor. “Escutamos falar de más práticas”, comenta Shcolnik. Segundo a Abramed, constatam-se pedidos de exames excessivos sem mesmo haver análise clínica. Ressaltando que os diálogos incluem as operadoras, o presidente destaca que o fomento de boas práticas e ética é fundamental e inegociável. Mas a pertinência é conhecida pelos profissionais.

Leonardo Vedolin também repercute a importância das análises diagnósticas. Segundo ele, o setor é grande gerador de dados e impacta muito a vida das pessoas. “Temos potencial de fazer análise preditiva, antecipar tendências e diminuir custos, e isso tem papel fundamental na crise.”

Fábia Tetteroo-Bueno destaca a interoperabilidade para evitar pedidos duplos e refação de exames. E defende que, frente aos problemas como envelhecimento populacional, falta de recursos humanos e acesso, a indústria deve investir em inovação para o prestador de serviços melhorar a eficiência da medicina diagnóstica, que já lança mão de inteligência artificial (IA) e softwares modernos de leitura e atendimento remotos. Segundo ela, o uso de IA pode melhorar em até 80% a eficiência, produtividade e velocidade na execução de exames.

“Mas é necessário ensinar médicos e enfermeiros a usar a tecnologia e analisar dados. No futuro, todos terão que saber usar”, comenta a CEO. Segundo ela, outro fator importante, além do ensino de novas formas de se fazer medicina nas universidades e para os formados há muitas décadas, é necessário regular as mudanças dinâmicas que acontecem e garantir a ética nos processos. Nomura somou à discussão o fato de que a Abramed, atenta ao tema levantado por Fábia, tem Código de Conduta e estimula seus associados para que eles sejam seguidos. “Isso deve ser multiplicado em todas as instituições.”

Repercutindo o futuro, tema do painel, em outra frente, Eliezer Silva, diretor do Sistema de Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein e membro do Conselho de Administração da Abramed, ponderou que a falta de estratégia com que os stakeholders se relacionam com o setor só piora a visão de futuro. “Agimos sem entender do ponto de vista epidemiológico, não desenhamos promoção, criamos um sistema reativo para ser consumido, como um shopping.” Nesse contexto, ele ressalta que o próprio paciente deve ser informado sobre como usar a prestadora de Saúde e reconhece que os médicos também devem mudar a forma de agir. E vai além, o médico não pode trabalhar sob pressão de pagamentos, mas sob a lógica do cuidado.

Inteligência artificial promete revolucionar a medicina diagnóstica

O uso das de tecnologias disruptivas no setor é promessa de melhoria do acesso e do cuidado; assunto pautou o 2º Encontro Latino-Americano de IA em Saúde

A aplicação da inteligência artificial (IA) tem sido tema central na medicina diagnóstica. A leitura de dados beneficiada pelos algoritmos, a leitura de imagens além do que o olho vê, a codificação de processos, a telerradiologia, tudo isso vem beneficiando o setor, tornando-o mais sustentável e proporcionando resultados precisos. A temática pautou o 2º Encontro Latino-Americano de IA em Saúde, que aconteceu durante a Jornada Paulista de Radiologia, a JPR 2023.

O pesquisador em tecnologia na radiologia, Paul Yi, da Universidade de Maryland (EUA), deixou claro que a substituição do humano não deve ser uma preocupação. São os médicos que alimentam sistemas, que fazem a triagem dos processos e são eles que estão à frente na cadeia de cuidado. As transformações tecnológicas são permanentes e jamais substituíram o homem. Há 20 anos se discutia telemedicina. O estudioso, por exemplo, se debruça sobre a IA há seis.

No Brasil, o uso de IA vem transformando o setor. A possibilidade de economizar insumos, focando prognósticos melhores, possibilita que o paciente não tenha que refazer procedimentos ou procurar por doenças em lugares errados, o que ajuda a evitar gastos desnecessários. Aliás, a medicina está mais preventiva com a chegada de tecnologias. Hari Trivedi, da Universidade de Atlanta (EUA), defendeu a aplicabilidade na construção de diagnóstico e demanda de tratamento a pacientes.

Felipe Barjud, coordenador médico de Informática, Inovação e Novos Negócios do departamento de Imagem do Hospital Albert Einstein, ressalta a importância da educação. Para ele, há interação diferente com o tema entre os profissionais mais jovens e os antigos. Felipe Campos Kitamura, head de Inovação Aplicada e IA na Dasa, lembrou que é necessário atenção ao processamento de dados. Além de também produzirem respostas equivocadas, eles podem criar padrões exclusivos com relação ao acesso.

A democratização foi tema de carta aberta elaborada por diversos presidentes de grandes multinacionais de tecnologia, como Google, enviada à imprensa em abril deste ano. No documento, foi ponderado o avanço nas pesquisas antes de se entender como o avanço galopante da IA pode interferir negativamente em diferentes setores. Aqui, a legislação é recente e trata de proteção de dados.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já falava sobre a temática em 2021. Segundo o relatório Ethics and governance of artificial intelligence for health (Ética e governança da inteligência artificial para a saúde, em tradução livre) da entidade vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), é preciso garantir alguns princípios para a regulamentação e governança da IA: proteger a autonomia humana; promover o bem-estar, a segurança e o interesse público; garantir a transparência, a explicabilidade e a inteligibilidade; promover a responsabilidade e a prestação de contas; garantir a inclusão e a equidade e promover a inteligência artificial que seja responsiva e sustentável.

Enquanto isso, a Lei Geral de Proteção de Dados é usada para garantir a proteção de dados do paciente e a tranquilidade para a exposição de seus diagnósticos. O Projeto de Lei 21/20 cria o marco legal do desenvolvimento e uso da IA pelo poder público, por empresas, entidades diversas e pessoas físicas. O texto, em tramitação na Câmara dos Deputados, estabelece princípios, direitos, deveres e instrumentos de governança para a IA a fim de que se garantam os direitos humanos e os valores democráticos.

Abramed e Bracco discutem sustentabilidade da medicina diagnóstica em simpósio durante a JPR 2023

A sustentabilidade na medicina diagnóstica, inclusive na indústria que fornece insumos, pode promover redução de gastos e qualidade e segurança para o paciente; o uso da tecnologia é fundamental para esse processo

Durante a 53ª edição da Jornada Paulista de Radiologia (JPR), realizada de 27 a 30 de abril no Transamérica Expo Center em São Paulo (SP), a Abramed e a Bracco realizaram em parceria o simpósio “Desafios e Oportunidades para a Sustentabilidade do Setor de Diagnóstico por Imagem”. As ações que otimizam a utilização de recursos foram pontos centrais. A Abramed também participou da programação oficial da JPR 2023 com painel que discutiu “O futuro da medicina diagnóstica” e com estande institucional para receber associados e parceiros.

Estiveram presentes, além do presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik; Tommaso Montemurno, Country Manager da Bracco do Brasil; Gustavo Meirelles; vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Alliança Excelência em Saúde e líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed; Marcos Queiroz, diretor de medicina diagnóstica no Hospital Albert Einstein e líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed; e Márcio Sawamura, vice-diretor médico do InRad-HCFMUSP.

Shcolnik abriu a rodada de discussões destacando a importância da Associação na medicina diagnóstica. Mais de 60% dos exames diagnósticos privados são realizados pelos seus associados. Entre todos os exames realizados, na saúde suplementar e complementar, essa representação chega a 30%. Comentando sobre a importância do setor, pontuou que ele é frequentemente acusado de ser insustentável. Porém, aproximadamente 70% das decisões médicas são pautadas por exames laboratoriais ou de imagem.

Mas, o bom uso desse recurso e as boas práticas ocuparam o ponto central do debate. Foi unânime a defesa do uso de tecnologias, como a inteligência artificial (IA) para promover a sustentabilidade financeira na medicina diagnóstica. Destacaram-se protocolos que preconizam uso racional de insumos e softwares que monitoram a jornada do paciente e orientam os médicos sobre pedidos de exame mais assertivos.

Meirelles destaca que deve haver uma educação de como usar o sistema para usuários. “O problema das operadoras envolve paciente: eu pago, eu preciso usar, isso não é sustentável, a má medicina beneficia mercadologicamente a curto prazo, até estrangular o sistema.” Queiroz destacou que é necessário, além de chamar o paciente para a discussão, chamar para perto das deliberações as operadoras. Como integrantes da Abramed, ambos são centrais na discussão da sustentabilidade da medicina diagnóstica.

O contexto da discussão permeia o fato de a saúde suplementar apresentar dificuldades financeiras, o que amplia o debatesobre melhor aproveitamento dos recursos. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as operadoras de Saúde acumulam um prejuízo operacional de mais de R$ 11 bilhões. Estão envolvidos os prestadores de serviços, a indústria e, finalmente, o paciente. Por isso, encontrar formas de prestar serviços mais assertivos passa pela otimização e pelo não desperdício de recursos, assim como pontuou Sawamura. O objetivo final é promover acesso de qualidade para usuários e mudar os paradigmas de como se fazer medicina para que isso aconteça sem implodir o setor, ou seja, com mais planejamento, assertividade e com menor desperdício.

Tommaso Montemurno, comentou que o mercado de tomografia está crescendo globalmente entre 6% e 8%, mas, atualmente, há uma melhor utilização de recursos, evitando desperdícios. “Reciclamos mais que 90% do excedente.” Na pandemia e, atualmente, durante a guerra na Ucrânia, o fornecimento de insumos passa por momentos de escassez.

“Inspirados na saúde privada, usamos a IA para que o médico seja alertado para um pedido de exame desnecessário”, comentou Márcio Sawamura. Ele ainda destacou o uso de chatbot e aplicativos de celular para marcação remota de exames. Isso evita a ida rotineira do paciente ao hospital, otimizando o atendimento e o uso de recursos humanos e diminuindo o tempo de espera.

Esses são alguns exemplos para promover melhor uso de recursos no maior hospital público da América Latina. Outro exemplo foi a implantação de protocolos quando se percebeu que os contrastes continuavam sendo injetados mesmo depois do procedimento. Por paciente, 10 ml foram economizados, segundo o radiologista. “Na saúde pública, que tem problemas de financiamento, isso representa muito”, pontua o vice-diretor médico do InRad-HCFMUSP.

Além disso, problemas econômicos globais afetam a indústria. Montemurno cita ainda os benefícios ambientais de ações como essa. “Não dá para imaginar pessoas saudáveis num mundo não saudável.” Segundo estudos da Health Care Without Harm (HCWH), o setor da Saúde também exerce atividade poluente por meio da indústria e dos hospitais, seja pela emissão de CO2 ou pelo uso e descarte dos insumos.

A implantação de protocolos para diminuir a utilização de insumos e de procedimentos pode parecer uma estratégia menos lucrativa, mas é mais sustentável a longo prazo, ou seja, evita gargalos no futuro. É o que defende Meirelles, que destacou o projeto da Associação, que está em desenvolvimento para este ano, para redução de impressão de filmes e papéis. Segundo ele, assim é possível remanejar custos para outros investimentos, mas comenta que não é suficiente as decisões serem tomadas por “meia dúzia” de profissionais sem chegar a locais mais remotos. “É preciso de educação continuada e sistemas de controle na ponta para garantir a aplicação desses protocolos de eficiência no setor.”

Sawamura, destacou a medicina preventiva como base do exercício da medicina. “Ainda fazemos uma medicina curativa, mas nosso foco deve ser atenção primária, no rastreamento de doenças.”

“Na formação, fomos ensinados a cuidar de doenças, não de saúde”, complementa Marcos Queiroz, que moderou a rodada de debates, estimulando a discussão dos atores envolvidos.

Abertura da JPR 2023 destaca importância das entidades de classe nas discussões sobre acesso à saúde

A medicina diagnóstica, protagonista do evento, foi exaltada pelos presentes; tecnologia e prevenção de doenças foram citadas

No último dia 27 de abril, aconteceu a abertura da 53ª Jornada Paulista de Radiologia (JPR), maior congresso do setor na América Latina e quarto maior do mundo. A feira reuniu 16 mil participantes, 3 mil expositores e 100 empresas do setor. O evento também contemplou a 25ª edição do Congresso da Sociedade Latino-Americana de Radiologia Pediátrica (SLARP) e foi realizado de 27 a 30 de abril em São Paulo (SP). A Abramed esteve presente com estande institucional e painéis de discussão que integraram a programação oficial do evento.

O presidente da Sociedade Paulista de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (SPR), realizadora do evento, e vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed, César Nomura, destacou a importância da união entre as entidades de classe e do aperfeiçoamento da radiologia como grade curricular nas faculdades de Medicina. “Criamos, com o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), o encontro das ligas de radiologia, trazendo alunos gratuitamente para viver experiências.” Ele destacou o protagonismo da medicina diagnóstica frente às transformações tecnológicas para a prevenção de doenças, como o uso da inteligência artificial e a telemedicina. “Já fazemos isso há 20 anos.”

A parceria e o fortalecimento do papel das entidades de classe estiveram no discurso de diversos atores importantes. Valdair Muglia, médico radiologista e ex-presidente do CBR, que recebeu a placa de Patrono de Mauro Brandão, presidente do Conselho Consultivo da SPR, e ressaltou a importância das entidades para a melhoria da Saúde Pública. Cibele Alves de Carvalho, atual presidente da CBR, também destacou a parceria entre as entidades médicas e lembrou aos quase 13 mil médicos radiologistas, em sua maioria com menos de 40 anos, que é necessário se aproximar do paciente e se inserir na linha de cuidado.

Com o título de Presidente de Honra da JPR, o médico radiologista Eleuses Vieira de Paiva, Secretário de Saúde do Estado de São Paulo, chamou atenção para a necessidade da realização de um diagnóstico da Saúde atual. “Nunca nos preparamos para o que estamos vivendo. Surgiu um passivo pós-pandemia, financeiro, assistencial e de gestão, que culminou nos balanços negativos das operadoras de saúde, verticalizando a assistência.” Ele se refere à crise sistêmica nos planos de Saúde que atinge o setor como um todo. Com relação à saúde pública, destacou a necessidade da regionalização do sistema para melhor enfrentamento dos gargalos, como filas e internações. Na ocasião, o secretário estava representando o governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos-RJ).

Títulos de Membros Honorários

Receberam a homenagem: Beatriz González Ulloa, radiologista mexicana; Jean-Luc Drapé, da Sociedade Francesa de Radiologista; José Lipsich, da Argentina; Dr. Marcelo Gálvez, do Chile.

“Desafio de Inteligência Artificial para determinação do gênero e da idade pela radiografia de tórax”

Durante a abertura foram apresentados os resultados do desafio promovido pela SPR. A ação consistiu na criação de um modelo capaz de predizer o gênero e a faixa etária do paciente por meio da radiografia de tórax. Instituições convidadas pela SPR doaram dezenas de milhares de imagens; esses dados permitem que os participantes criem algoritmos de inteligência artificial para indicar o gênero e a idade do paciente. Os dados foram compartilhados segundo a legislação de segurança de dados. Participaram mais de 100 pessoas de dez países do mundo. Foram mais de 900 algoritmos criados. Veja o resultado no link SPR.

Boas práticas nas clínicas de medicina diagnóstica garantem segurança do usuário

Certificações que avaliam o exercício da medicina e das instituições de Saúde garantem qualidade, resolutividade e sustentabilidade; tema foi discutido durante a JPR 2023

Analisar o cumprimento ético, seguro e eficaz dos serviços de Saúde foi o tema da palestra “Profissionalismo e Gestão em Saúde – Sessão Especial PADI (Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem)”. Os debatedores destacaram a importância da segurança do paciente por meio de programas de acreditação dos serviços, inclusive no enfrentamento de eventos adversos, e lembraram os requisitos que norteiam o uso de novas tecnologias. O evento aconteceu durante a Jornada Paulista de Radiologia (JPR) 2023.

As acreditações são como selos de qualidade que avaliam, por meio de instituições de classe e reguladoras, padrões e requisitos pré-definidos que devem estar na rotina de quem é avaliado para garantir a aplicação de boas práticas. A Abramed, sendo responsável por 60% dos exames particulares realizados no país, traz como critério associativo, a obrigatoriedade de as empresas serem acreditadas, seguindo as regulamentações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Essas avaliações proporcionam a observância da atuação profissional, das condições dos estabelecimentos, da aplicação de boas práticas e da ética, da gestão, da eficiência, como redução de desperdício, confiabilidade nos resultados e, finalmente, garantir a segurança no exercício da medicina. Mas especialistas atestam que poucos locais têm uma política voltada para isso.

Segundo a Abramed, dos 12 mil a 17 mil laboratórios no Brasil, apenas cerca de 5 mil utilizam controle de qualidade, obrigatório na Anvisa. Nesse cenário, a Associação estimula fortemente a regulação dos serviços. Na instituição, as clínicas de diagnóstico por imagem são acreditadas pelo Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e passam por avaliações periódicas, em que devem demonstrar evidências do cumprimento dos padrões de segurança por meio do Padi.

Os laboratórios de análises clínicas ainda são certificados pelo Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (Palc), oferecido pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), reconhecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e certificado pela International Society for Quality in Health Care (ISQua), única sociedade no mundo que chancela padrões voltados para a acreditação em saúde, reconhecendo-os internacionalmente.

A certificação avalia se os locais de saúde estão preparados para enfrentamento de reações adversas em procedimentos. Natalia Henz Concatto, médica radiologista do Hospital Moinhos de Vento, destacou que, no caso da execução de ressonância magnética, é possível haver, mesmo que raramente, eventos adversos graves associados à aplicação de contraste. “Os profissionais de Saúde devem estar cientes dos potenciais riscos e tomar as medidas para minimizá-los.” Cláudia Maria Meira Dias, representante da DASA, completou que é necessário um time multidisciplinar qualificado para enfrentar possíveis problemas.

A comunicação assertiva também foi pauta do debate. E deve ser uma habilidade estimulada e prevista nas boas práticas da profissão. Felipe Veiga Rodrigues apresentou o sistema desenvolvido pelo Hospital Sírio-Libanês, que classifica em uma plataforma os tipos de achados críticos e auxilia em todo o processo de comunicação de eventos adversos para o paciente ou familiares.

O uso de tecnologias também faz parte da análise de padrões de qualidade, uma vez que recursos são cada vez mais usados na prática clínica, como a proteção de dados por meio da Lei Geral de Proteção de Dados. A discussão do uso das tecnologias passa por regulação, mas também por humanização dos serviços. Especialistas entendem que o uso de softwares e plataformas que facilitem a atuação do médico e a torne mais precisa possibilita que o profissional esteja mais disponível para o cuidado.