Abramed contribui para discussão sobre agenda de políticas para a saúde em evento virtual

Participante do Welcome Saúde, Leandro Figueira destacou a importância da educação para o desenvolvimento do setor

“Diálogos para uma agenda de políticas para a saúde” foi o tema do debate promovido pelo Grupo Mídia no evento Welcome Saúde: Perspectivas políticas e econômicas pós-pandemia, realizado virtualmente no dia 27 de janeiro. 

Com moderação de Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da Abimo – Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos, o debate contou com profissionais de grande experiência no setor, que discutiram as necessidades da área de saúde e as perspectivas para este ano.

Segundo Francisco Balestrin, presidente do SINDHOSP – Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Demais Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo e do CBEXs – Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde, em 2020 começou um movimento muito positivo da sociedade, mostrando a interdependência entre todos os atuantes na área de saúde, inclusive entre os setores público e privado.

“Entretanto, nessa trajetória, sofremos muito. A política repercutiu em todas as ações: no desenvolvimento de produtos, nas ações coordenadas de combate à doença e de produção de vacinas, ou seja, além do ‘inimigo comum’, chamado Covid-19, tivemos de enfrentar outro elemento, a política, com mudanças constantes de ministros e disseminação de notícias falsas”, destacou Balestrin.

Para o presidente do SINDHOSP e do CBEXs, será muito difícil desenvolver uma política pública de saúde em 2022. “O cristal já está trincado, não tem jeito de colar. Precisamos de uma grande mudança. Todos teremos de trabalhar para produzir propostas de reestruturação do sistema que possam ser utilizadas a partir do ano que vem, não deste ano”, revelou. 

Também convidado para o debate, Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed – Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica, concordou com a opinião de Balestrin sobre não ser possível haver mudança política este ano, pois o país vai se concentrar na agenda eleitoral.

Questionado sobre a necessidade de uma melhor organização dos recursos disponíveis para saúde, Figueira comentou que o mercado de saúde privado é extremamente onerado. “Geramos riqueza, resultado para o PIB, emprego, mas sua sustentabilidade é questionável. A questão é: qual o limite da gestão para fazer com que todas as margens decrescentes sejam responsáveis por manter o setor?”

Figueira citou os desperdícios e a falta de recursos tanto do setor público quanto do privado. “Todos dizem que a racionalização de recursos é necessária, mas nós, como agentes de mudança, ainda não internalizamos ou não tivemos a força política necessária para poder mudar a mentalidade dos políticos e criar uma política de Estado, seja para a saúde suplementar, seja para o Sistema Único de Saúde.” 

Para o vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed, precisamos educar a população sobre a utilização dos recursos em saúde conscientemente. “Mobilizando a sociedade, a racionalização do recurso vai naturalmente aparecer e teremos um setor mais sustentável”, expôs.  

De acordo com Figueira, não adianta ir atrás dos políticos para criar uma agenda pública e discutir o acesso à saúde. É necessário criar políticas públicas para definir qual é o grau de instrução da população para poder levar conhecimento. “E levando conhecimento, faremos uma sociedade melhor, elegeremos representantes melhores e será um círculo virtuoso de crescimento para o país.”  

Em sua apresentação, Figueira também destacou o papel da Abramed durante a pandemia, já que os associados foram extremamente requisitados, por ser a porta para a realização de exames. No entanto, o Brasil não conseguiu lidar com maestria com a crise. “Foi a iniciativa privada que se mobilizou para que os dados chegassem ao Ministério da Saúde. Em relação à área pública, a privada tem como diferenciais a disciplina, a capacidade de execução, a utilização de protocolos rígidos e a cobrança de profissionais superiores, no sentido de responsabilidade”, disse.

Falando sobre a atenção primária, Denise Eloi, diretora-executiva do ICOS – Instituto Coalizão Saúde, salientou a importância de ampliar e organizar o acesso à saúde, mas evitando soluções isoladas, investindo também nas atenções secundária e terciária.

“Algumas discussões pedem alterações na atenção primária, mas elas só aumentam a fragmentação do sistema de saúde. Entendo que aprimorar o modelo assistencial, a gestão, o financiamento, o desenvolvimento científico e tecnológico, a indústria, a relação entre público e privado, enfim, propostas que entreguem valor ao cidadão, deve ser o foco dessa agenda política”, expôs Denise. 

Também contribuiu para o debate Carlos Alberto Pereira de Oliveira, coordenador do Projeto “Sífilis Não”, pesquisador do LAIS/UFRN, vice-diretor do IFHT/UERJ e assessor externo da OMS para a Estratégia de Aprendizagem. Ele concorda com os enormes desafios para 2022, mas acredita que é nele que começará a construção para os anos seguintes. 

“Precisamos entender que 2022 será um ano em que a pandemia passará a ser uma endemia. A saúde, a economia, os empregos, o recolhimento de impostos não podem parar. Por isso, nossa agenda política na saúde é mais que prioritária e exige mobilização. Precisamos ter uma bancada no Congresso Nacional que defenda a saúde pública e privada como um negócio”, afirmou.

Conforme explicou Oliveira, é necessário ter um plano específico para o setor da saúde que dialogue transversalmente com outras áreas. E que chegue ao Congresso até o fim de fevereiro ou começo de março, senão não haverá uma política pública para defender coletivamente.  

Para os participantes, é importante definir os principais eixos que nortearão os próximos passos da saúde, unir forças e reunir pessoas que tenham compromisso com a saúde e sejam fundamentais para a tomada de decisões. A responsabilidade é de todos nós.

Antibiótico – Vilão ou Herói?

A resistência a antibimicrobianos é uma ameaça global que promete causar 10 milhões de mortes por ano até 2050 e danos catastróficos à economia. Atualmente, pelo menos 700.000 pessoas morrem a cada ano devido a doenças resistentes a medicamentos, e sem investimento, as gerações futuras enfrentarão os impactos desastrosos do uso de antimicrobianos de forma não controlada como a que ocorreu durante a pandemia da COVID19. 

O uso excessivo, indevido e o abuso de antimicrobianos foram reconhecidos como os principais impulsionadores do surgimento global de resistência antimicrobiana (AMR), tanto na comunidade quanto em hospitais. A taxa de uso inadequado de antimicrobianos em hospitais foi calculada em 50%, evidenciando a importância da adoção de iniciativas direcionadas a otimização do uso de antimicrobianos, incluindo seleção, dose, duração e via de administração, também conhecido como Antimicrobial Stewardship (AMS), e a criação de programas de manejo antimicrobiano (Antimicrobial Stewardship programs – ASPs). As iniciativas de AMS buscam a melhores resultados no cuidado ao paciente, reduzir efeitos adversos, diminuir a pressão seletiva para a resistência a antimicrobianos, e fornecer cuidados de saúde com boa relação custo-benefício.

Neste sentido, a bioMérieux lançou a primeira campanha desenvolvida a nível global com efetivação regional, como ocorre aqui no Brasil. O objetivo desta campanha de 2 anos é:

– AUMENTAR A VISIBILIDADE como parceiro de soluções para o público em geral em vários níveis de maturidade de gerenciamento antimicrobiano;

– GERAR IMPACTO NOS NEGÓCIOS da empresa, criando engajamento com nossa Oferta Integrada de AMS.

A primeira fase da campanha AMS foi lançada em novembro de 2021 durante a Semana Mundial de Conscientização Antimicrobiana (WAAW), com um artigo de liderança de pensamento com Mark Miller, MD, diretor médico, intitulado “O papel crucial do diagnóstico para melhorar a administração antimicrobiana”. Este artigo está incluído ao lado de outras empresas e associações líderes como um patrocínio de campanha de resistência antimicrobiana (AMR) com a Global Cause.

Os leitores do artigo terão acesso à página de destino da campanha AMS com conteúdo adaptado à sua maturidade AMS (com base na localização) e onde estão no processo de tomada de decisão. As postagens de mídia social que promovem a página de destino estão atualmente ativas no Facebook e no Twitter, juntamente com anúncios direcionados do LinkedIn para os principais públicos.

Em 2022, a campanha global AMS alinhará táticas e atividades em torno de importantes congressos e observâncias globais, como ECCMID, AACC, ASM Microbe, World AMR Congress e WAAW. A participação regional começará em meados do primeiro trimestre de 2022 em prazos designados, permitindo que as equipes regionais acelerem seus roteiros de AMS localizados, impulsionem mudanças e alcancem seu potencial total.

Ainda vale ressaltar que entre as soluções no uso correto dos antimicrobianos, a biomerieux disponibiliza testes de diagnósticos multiplex para pesquisa sindrômica de patógenos, que tem papel fundamental no direcionamento da terapia antimicrobiana. Sem ferramentas diagnósticas com bom desempenho e rápidas, como  os painéis, a equipe médica, que acreditam no conceito de stewardship não têm informações suficientes sobre o estado do paciente e qual o melhor tratamento a ser direcionado.

Durante a pandemia da COVID19, a grande maioria dos pacientes internados receberam antibióticos (DanielleOfri), mesmo sendo pouco frequente a infecção secundária por uma bactéria. Painéis multiplex para pesquisa de patógenos respiratórios possibilitam a identificação do patógeno causador dos sintomas em cerca de uma hora além dos genes de resistência o que possibilitam a maior assertividade do tratamento.

É nesta base – um diagnóstico rápido e confiável – que se constroem os pilares de AMS: conhecer os germes presentes em cada setor do hospital para orientar os tratamentos iniciais e guiar adequadamente o uso de antibióticos ao final da investigação laboratorial. É assim que vamos virar a jogo no combate a resistência bacteriana!

Associadas à Abramed investem em novos modelos de negócios e ganham destaque no combate à pandemia

Plataformas digitais de saúde e apoio hospitalar estão entre as soluções adotadas para agilizar o atendimento

Mesmo em meio à crise provocada pelo novo coronavírus, 64,4% das associadas à Abramed investiram no desenvolvimento de novos modelos de negócio, de acordo com o Painel 2021 da Abramed – Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica: O DNA do Diagnóstico. Alguns destaques são: ampliação do atendimento domiciliar, oferta de vacinas, plataformas digitais de saúde e coordenação dos cuidados, exames para detecção da covid-19, apoio hospitalar e Home Care. 

Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, destaca que, segundo dados da Saúde Digital Brasil, entre 2020 e 2021, cerca de mais de 7 milhões e meio de consultas foram feitas por telemedicina. Com certeza, algumas delas geraram solicitações de exames complementares, tanto de diagnóstico por imagem como laboratoriais. “A telepatologia e a telerradiologia já são amplamente utilizadas. A telepatologia, que consiste no envio de lâminas microscópicas para a leitura remota de especialistas, é uma ferramenta que vem crescendo não só no Brasil, mas também em outros países.”

No início da pandemia, a falta de insumos gerou uma competição em nível internacional que se estendeu para as vacinas, complicando a situação no Brasil. “Mas nós brasileiros somos famosos pela criatividade e flexibilidade, então novas soluções foram colocadas em prática durante a pandemia, levando pesquisadores e profissionais que trabalham em laboratórios clínicos a adaptar métodos analíticos que eram muitas vezes usados em outras situações para enfrentar a pandemia”, diz Wilson Shcolnik. Um exemplo é o sequenciamento de Nova Geração, muito utilizado na medicina personalizada para detecção de mutações, que acabou sendo usado também na pandemia. “Podemos chamar de um pequeno desvio de função, mas com proveitos para a população”, acrescenta. 

Para todas as linhas de negócio citadas já existiam iniciativas incipientes dos membros associados à Abramed, no entanto, durante a pandemia, a implantação desses serviços acelerou-se de forma brutal. “Com a evolução da pandemia, do tratamento e da assistência dada a todos os beneficiários e pacientes, o sistema se adaptou de forma a não retroagir. Pode ser que algumas pessoas ainda prefiram usar o método antigo, mas quem descobriu outra via de acesso, proporcionada principalmente pelas plataformas, tem mantido a incidência muito alta em comparação com o pré-pandemia. É o conceito da conveniência”, diz Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed.

As empresas associadas à Abramed também investem continuamente para promover soluções capazes de entregar mais valor aos pacientes. Por meio de softwares e sistemas avançados de gerenciamento, é possível analisar exames laboratoriais e de imagem de forma cada vez mais rápida e eficiente, além de possibilitar condutas clínicas mais assertivas. Um número maior de empresas associadas à Abramed tem se adaptado a essas tecnologias, com destaque para os softwares de Business Intelligence (BI), utilizados por 96,2% das associadas.

Um dos destaques é a tendência crescente de investimento na integração de dados originados de vários segmentos do cuidado ao paciente, para proporcionar maior agilidade, melhorar a tomada de decisões e obter maiores ganhos de eficiência do sistema de saúde.

O serviço de atendimento domiciliar também está no foco das associadas à Abramed, principalmente impulsionado pela pandemia. Isso porque as unidades laboratoriais tiveram de adaptar suas estruturas para atender os pacientes com suspeita de covid-19 de forma separada dos demais que foram realizar outros exames. Uma das alternativas encontradas pelos laboratórios foi oferecer o exame para detecção do novo coronavírus em sistema drive-thru ou coleta domiciliar.

O Grupo Pardini, por exemplo, desde o início da pandemia, executou mais de 30 projetos, incluindo o drive-thru e o atendimento domiciliar, o que permitiu atender com segurança o crescente fluxo de pacientes.

Já a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein ampliou o serviço de atendimento domiciliar em 2020. Além da coleta de exames laboratoriais e vacinação, passou a incluir eletrocardiograma, ultrassonografia e polissonografia, evitando os deslocamentos.

Tecnologia traz boas perspectivas para o futuro da Medicina Diagnóstica

Mesmo diante dos desafios econômicos, regulatórios e legislativos, o panorama para o setor no Brasil é promissor

Mesmo com o panorama desafiador enfrentado nos últimos dois anos, o setor de Medicina Diagnóstica continuou investindo em novas tecnologias e formas de atendimento para ofertar soluções de diagnóstico laboratorial e de imagem, acelerar ainda mais a transformação digital, a automação de processos, a utilização das tecnologias de inteligência artificial, internet das coisas, entre tantas outras, sempre visando fornecer serviços de excelência que contribuem para o melhor cuidado da saúde.

Desde o início da pandemia, o setor atuou no desenvolvimento de testes moleculares recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os exames de imagem, como as tomografias computadorizadas, também foram essenciais para diagnosticar e monitorar casos mais graves que implicaram insuficiência respiratória, com outros exames laboratoriais. Continuamente, inúmeras ações foram realizadas para aprimorar os métodos diagnósticos e facilitar o acesso à população brasileira. A cooperação dos diversos agentes foi essencial para o avanço e a consolidação das medidas necessárias ao enfrentamento da crise.

Falando das perspectivas para 2022, Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed – Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica, acredita que aqueles que deixaram de cuidar da saúde durante a pandemia vão voltar de forma gradativa às consultas e colocarão seus exames em dia.

Segundo o Painel Abramed 2021 – o DNA do Diagnóstico, cerca de 177 milhões de exames complementares deixaram de ser realizados na saúde suplementar em 2020 em decorrência da pandemia. “Percebemos que muitas pessoas que acabaram não resistindo à covid-19 eram portadoras de doenças crônicas não tratadas. Com isso, acreditamos que a população aprendeu a importância de se cuidar, para estar mais segura sobre a própria saúde”, diz Figueira.

O cenário é bastante desafiador, afinal de contas, é preciso assistir essa população. “Mas estamos otimistas, a vacinação trouxe benefícios e vamos conseguir implantar um ritmo para que a saúde seja uma pauta para todos os brasileiros”, comenta o vice-presidente.

Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, acrescenta que com o envelhecimento da população estão surgindo novos movimentos para valorizar a prevenção e a promoção à saúde, como a medicina personalizada. Vale lembrar que a quantidade de pessoas com 60 anos ou mais aumenta a cada ano e de forma acelerada, principalmente nos países menos desenvolvidos. “Há movimentos empresariais acontecendo, como novas incorporações, aquisições, fusões. A área de Medicina Diagnóstica no Brasil vem acompanhando o movimento mundial e acredito que ela possa dar as respostas que o sistema de saúde precisa”, expõe.

Sem dúvida, o futuro da saúde está diretamente ligado à prevenção e à promoção da saúde e também à saúde populacional. “Através da tecnologia, conseguimos identificar segmentos de pessoas propensas a algumas doenças, possibilitando programar e planejar intervenções para evitar que se instalem ou se descontrolem”, acrescenta o presidente.

Também é preciso cuidar das pessoas que já têm doenças identificadas, sobretudo crônicas, que exigem tratamentos prolongados. Os exames de diagnóstico por imagem e laboratoriais possibilitam ao médico gerenciar tratamentos, identificando mudanças de rumo terapêutico, às vezes tão necessárias.

Outro tema, que já está presente na área de saúde e Medicina Diagnóstica e ganha cada vez mais espaço, é o ESG (Environmental, social and corporate governance), sigla em inglês para ambiental, social e governança corporativa. Esse conceito amplia o olhar da sustentabilidade para eixos diferentes, extrapolando as questões relacionadas ao meio ambiente, e envolvendo ações que impactem positivamente a vida das pessoas de diversas maneiras e com diversas frentes. A geração de resíduos na realização dos exames é um dos assuntos que merecem atenção dentro desse conceito.

Vários laboratórios associados à Abramed já vêm adotando práticas de sustentabilidade há alguns anos.  A Abramed, inclusive, criou um comitê para começar a abordar o tema. O Comitê de ESG atuará em três pilares: benchmarking para trazer para os associados as melhores práticas; geração de conteúdo; e projetos aplicados, que consistem nas iniciativas que serão abraçadas pela entidade em ESG.

Mais um destaque quando se fala em perspectivas no setor é o diagnóstico assistido por inteligência artificial, que pode considerar todas as evidências médicas disponíveis, identificar patologias com exatidão e fornecer atendimento personalizado, melhorando os resultados do tratamento frente à existência de inúmeros dados em saúde, ainda pouco explorados.

Os softwares de inteligência artificial são capazes de incorporar o histórico familiar, fatores de risco e resultados de diversos exames para auxiliar no diagnóstico de inúmeras doenças.

“Há inúmeras oportunidades com a inteligência artificial, que, aplicada na área de Medicina Diagnóstica, como já vem acontecendo, vai ampliar a participação dos associados no sistema de saúde”, comenta Shcolnik.

Telemedicina

A telemedicina, mais do que tendência, é uma realidade necessária na assistência à saúde da população mundial. Ela é impulsionada pela necessidade de superar barreiras em regiões com infraestrutura limitada no acesso dos serviços de saúde e restrições orçamentárias enfrentadas, principalmente, por países em desenvolvimento.

De modo geral, a expectativa é que os procedimentos online sejam mais baratos que os presenciais, o que pode resultar na redução dos custos em saúde e evitar os desperdícios. Nesse sentido, diversas tecnologias estão em desenvolvimento para atender às necessidades de pacientes, médicos e outros profissionais de saúde.

Com a chegada do 5G e o avanço da tecnologia, o país vai ter mais condição de, por meio de telemedicina, fazer a medicina chegar a locais mais distantes. “A telerradiologia já é uma tecnologia regulamentada consagrada no país. Através dela, é possível operar equipamentos de tomografia computadorizada ou ressonância magnética a partir de centros tecnológicos em São Paulo ou em outros lugares. O Brasil é pioneiro nisso”, diz Figueira.

Mesmo diante desse cenário, ainda há desafios para se alcançar o pleno potencial da telemedicina. Entre eles, a necessidade de integração de dados entre os atores do sistema de saúde, uma integração mais adequada das atividades virtuais e rotinas de trabalho dos médicos no cotidiano, com o objetivo de possibilitar modelos de atendimento híbridos e o alinhamento dos incentivos para o trabalho virtual baseado em valor.

Durante a pandemia, a plataforma de telemedicina desempenhou um papel relevante no controle de disseminação e na ampliação do conhecimento sobre a doença. Mas a manutenção do seu uso em grande escala é incerta. No entanto, várias lições foram aprendidas neste período com objetivo de evitar o uso inadequado dos serviços médicos, estabelecendo processos de triagem mais eficientes.

Pandemia impulsiona desenvolvimento de aplicativos, reduzindo desperdícios no setor da saúde

Quase 70% das associadas à Abramed desenvolveram soluções principalmente para o agendamento de atendimentos

A pandemia alterou dramaticamente a prestação do atendimento ambulatorial no ano de 2020. Desde o início da pandemia, os pacientes começaram a adiar consultas eletivas e tratamentos, migrando para o uso de telemedicina.

A necessidade de isolamento social, visando à proteção dos profissionais de saúde e pacientes, contribuiu ainda mais para adaptações dos serviços de saúde por meio da utilização dessa tecnologia a fim de mitigar a disseminação da covid-19.

Para lidar com esses desafios, as empresas associadas à Abramed – Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica – têm investido no desenvolvimento de aplicativos para smartphones com objetivo de oferecer maior conforto e praticidade aos pacientes, conforme demonstra o Painel Abramed 2021 – O DNA do Diagnóstico.

Em 2021, 69,2% das associadas à entidade desenvolveram aplicativos, principalmente para o agendamento de atendimentos em razão da pandemia. A ampliação do acesso de pacientes e médicos aos resultados de exames contribui para reduzir significativamente o desperdício no setor.

Segundo Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed, os aplicativos fazem parte da vida dos brasileiros e vieram para ficar. A portabilidade dos resultados foi intensificada durante a pandemia, trazendo uma vantagem enorme, porque as pessoas deixaram de ter a exclusiva necessidade de circular com seus exames como antigamente, passando a ter todo o seu histórico dentro de um aplicativo. “Isso, em termos de saúde pública, muda o desfecho, trazendo uma nova visão de futuro”, expõe.

Através dos aplicativos também é possível mudar a jornada dos pacientes dentro dos ambulatórios e das clínicas, por meio de agendamento antecipado e do web check-in, diminuindo o tempo de permanência no local. Atualmente, a portabilidade da Medicina Diagnóstica no smartphone gera resultados ainda incalculáveis. “O benefício que isso trará para a coletividade é muito grande”, salienta Figueira.

Só para ilustrar, o aumento das despesas médico-hospitalares é um dos principais desafios para a sustentabilidade do mercado de saúde no Brasil e no mundo. Geralmente esse aumento decorre, entre outros fatores, do aumento na frequência de utilização dos serviços de assistência médica, dos preços dos procedimentos, materiais e insumos, além de fraudes, desperdícios e judicialização da saúde. Essa escalada onera principalmente os contratantes de planos de saúde: empresas, indivíduos e famílias. Os aplicativos estão entre as soluções que podem ajudar a reduzir esses custos.

Esses e outros dados estão no Painel Abramed 2021 – O DNA do Diagnóstico. Publicação traz um panorama único do setor de Medicina Diagnóstica no Brasil. Clique aqui para acessar.

Nota Técnica sobre Desabastecimento de Insumos para Testes de Covid-19

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), através de seu Comitê de Análises Clínicas, orienta por meio desta nota acerca da utilização criteriosa de testes para evitar risco de redução de oferta de exames para detecção da Covid-19. 

A importância da testagem de toda a população para controle epidemiológico e manejo de pacientes em uma pandemia é reconhecida por todos os profissionais de saúde e até mesmo por pacientes. Todavia a Abramed alerta que, assim como em outras partes do mundo,  a alta demanda de exames laboratoriais para o diagnóstico da Covid-19 trouxe ao setor de medicina diagnóstica brasileiro a preocupação com a falta de insumos necessários para a realização desses exames.

A alta transmissibilidade da nova variante Ômicron causou aumento exponencial de casos, o que vem demandando significativo aumento da  capacidade produtiva global de testes, tanto de PCR como de antígeno, e se os estoques não forem recompostos rapidamente poderá ocorrer a falta de oferta de exames. 

Quando avaliamos as notícias que vêm de outros países, de que eles já estão sem insumos, é certo que o problema chegará ao Brasil, não sendo possível mensurar nesse momento até quando poderemos atender, pois os estoques são variados dependendo do laboratório e da região, mas há um risco real de desabastecimento.

Dessa forma, recomendamos aos associados a priorização de pacientes para efetuarem os testes, segundo uma escala de gravidade a seguir: 

  1. Pacientes que tenham maior gravidade de sintomas
  2. Pacientes hospitalizados e cirúrgicos
  3. Pessoas no  grupo de risco
  4. Gestantes
  5. Trabalhadores assistenciais da área da saúde,
  6. Colaboradores de serviços essenciais

Outras entidades do setor de saúde também serão contatadas pela Abramed, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),  Agência Nacional de Saúde Suplementar  (ANS),  Ministério da Saúde,  Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Associação Médica Brasileira (AMB), e outras entidades congêneres, para que haja a sensibilização sobre a importância de otimizar o uso dos testes disponíveis até que a situação seja normalizada.

Exames para detecção de COVID-19 aumentaram 98% entre a semana do natal e o início de janeiro

Segundo dados extraídos dos associados da Abramed, além do salto na procura pelas testagens, houve um crescimento na taxa de positividade. Já os exames para detecção do vírus Influenza cresceram 1000% antes mesmo da virada do ano em alguns laboratórios

O início de 2022 está sendo marcado por um intenso aumento na demanda nos laboratórios privados nacionais por exames para detecção da infecção pelo novo coronavírus.  Dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) mostram que, entre as empresas associadas – que respondem por mais de 65%% de todos os exames realizados pela saúde suplementar no país,  entre os dias 3 e 8 de janeiro de 2022 foram mais de 240 mil exames feitos. Esses números representam aumento de 98% no número de exames realizados, em comparação a semana do natal (20 a 26 de dezembro de 2021).

A positividade também cresceu quando comparado esse mesmo período. O volume de exames com resultados positivos para Covid-19 passou de uma média de 7,6% na para mais de 40%, agora no início do mês. Apesar de não existirem dados comparativos com essa mesma semana em 2021, se o ritmo for mantido, a expectativa é que, até o final do mês, os números alcancem os registrados no final de  janeiro de 2021, quando foram realizados cerca de 1,5 milhão de exames.

Os exames para detecção do vírus Influenza também apresentaram aumento expressivo antes mesmo da virada do ano. Alguns laboratórios associados da Abramed registraram elevação superior a 1000% entre a primeira e a última semana de dezembro de 2021. A taxa de positividade chegou a 40% neste mesmo período. Entretanto, em janeiro, apesar do alto volume de testagens, a taxa de positividade caiu para 10% nos exames de Influenza.

SOBRE A ABRAMED

Fundada em 2010, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica – ABRAMED, surgiu num momento de transformações no sistema de saúde brasileiro, entre elas a consolidação de um novo perfil empresarial e o estabelecimento de regulamentações determinantes para o futuro da medicina diagnóstica no país. Esse cenário foi propício para que as empresas com atuação de ponta no país vislumbrassem os benefícios de uma ação integrada em torno da defesa de causas comuns.

A Abramed expressa também a visão de um setor de grande relevância socioeconômica, cujo desempenho tem impacto significativo sobre a saúde de parcela expressiva da população.

A Abramed conta com associados, que, juntos, respondem por mais de 65% de todos os exames realizados pela saúde suplementar no país. Essas empresas também são reconhecidas por sua qualidade na prestação de serviços, pela excelência tecnológica e pelas práticas avançadas de gestão, inovação, governança e responsabilidade corporativa.

MAIS INFORMAÇÕES À IMPRENSA

Deborah Rezende

Jornalista | Assessora de Imprensa

deborah@dehlicom.com.br

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Abramed debate o futuro da saúde pós-Covid-19 durante o evento da MD Health

A proposta do evento é servir como um guia para os profissionais do setor, que já tem em curso diversas transformações digitais e outras tantas novidades que estão a caminho, como o 5G

O dia 9 de novembro de 2021 ficou marcado para o presidente do conselho da MD Health, Dr. Marcelo Sampaio. “Após dois anos este é o meu primeiro evento presencial. Fiz muitas especializações onlines, mas nada substitui o ‘olho no olho’. Portanto, posso definir esse momento como especial também pela possiblidade de, quem sabe, estejamos vencendo a Covid-19”, discursou. Na ocasião, Dr. Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), e Luis Natel, ex-diretor executivo do Grupo Notredame Intermédica e fundador da Abramed, estiveram presentes para debater “O futuro da saúde pós-Covid” ao lado de Henrique Neves, diretor geral do Hospital Israelita Albert Einstein; e Dr. Nelson Teich, oncologista clínico e mestre em Economia da Saúde.

De acordo com o Dr. Marcelo Sampaio, só será possível ter a real dimensão da Covid-19 daqui cinco anos. “Eventos como esse em que podemos discutir sobre o futuro da saúde servem como um guia para iluminar os caminhos na medicina, que está passando por uma verdadeira revolução. A prova viva disso é o quanto estão avançando os atendimentos virtuais, os devices, monitoramento à distância, realidade virtual expandida, robótica, entre tantas outras novidades que estão a caminho, como o 5G”.

Em sua apresentação de abertura, Sampaio também explanou como a MD Health, empresa de educação médica independente do Brasil e América Latina, [JP1] vem contribuindo para que a capacitação profissional seja cada vez mais independente e, assim, ser capaz de lidar com as adversidades. “Até pouco tempo atrás, a informação era restrita a academia. Se saíssemos da faculdade não tínhamos mais acesso ao conhecimento. Agora não mais. Queremos ser a maior potência de conhecimento deste país, e no final poder gerar a cura de doenças e elevar a qualidade de vida das pessoas. Hoje, queremos expandir nossa atuação de oncologia para a cardiologia, neurologia e ortopedia. Montamos um verdadeiro time para termos mais médicos qualificados e assertivos em suas decisões terapêuticas”.

Para Dr. Wilson Shcolnik, a pandemia trouxe diversos desafios que prevalecerão nos próximos anos. “Antigamente, era nítido que cada um tinha seu nicho de atuação. Nesse período de crise sanitária vimos muita cooperação e solidariedade entre os profissionais da saúde. E tem que ser assim daqui por diante. Outro ponto que merece um olhar atento é a questão da barreira regulatória. Temos como exemplo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que simplificou os caminhos para termos os registros mais facilitados. As perspectivas para o futuro são boas e não estão diretamente ligada à Covid, como a constituição de ecossistemas”.

Outra observação do presidente da Abramed foi em relação a importância da medicina diagnóstica constante. “Em 2020 eram esperados que fossem realizados 1 bilhão de exames complementares na saúde suplementar. Por conta da pandemia, apenas 85% foi feito. A consequência disso, na prática, é que tivemos uma queda de 46% no número de mamografias, por exemplo, entre outras doenças que necessitam de diagnósticos essenciais. Além disso, temos uma população que está envelhecendo e que, via de regra, tem mais de duas doenças crônicas que necessitam de exames. Com a medicina personalizada na tendência do setor, é inegável a importância de combater o desperdício na hora do diagnóstico. Sabemos de todas as limitações para a sustentabilidade do sistema”.

“O mundo é global quando interessa. Quando o problema fica grande, ele é local”, foi o que apontou Luis Natel. “Os insumos inacessíveis durante a primeira onda da Covid e a dificuldade de vacinar a população foram as provas disso. Sempre vimos as Entidades de classe tentando aglutinar os objetivos. Mas, de fato, só vimos isso acontecer com a pandemia. Devemos continuar esse movimento colaborativo. A inflação médica também ficou bem clara e exposta. O desperdício deve ser combatido, seja o que for: erro, má conduta, medo, recursos. É preciso aprender sobre gestão. O mercado vem se profissionalizando e, para termos um trabalho mais amplo, devemos ser integrados”.

Já Henrique Neves destacou o fato de algumas mudanças já estarem em curso quando o surto da Covid chegou. “Já havia uma transformação digital em andamento, na questão da transmissão e do armazenamento dos dados. Já emergia um novo consumidor, com voz ativa, que se manifesta e diz suas necessidades sem intermediador. O grande fato que vimos foi o poder de resiliência do brasileiro. Vimos um esforço profundo do estado e dos municípios para conseguir controlar a situação. Na segunda onda, vimos um sistema de saúde mais calibrado e evoluído, capaz de administrar e conseguir recursos. Estamos chegando no ‘início do final’, espero não estar sendo traído pelo vírus”, disse bem-humorado.

Na visão de Neves, o que é interessante é refletir se teremos paciência de olharmos para trás para refletir sobre essa experiência. “O que é tendência? O que acontecerá com o sistema de saúde no futuro? Quais as lições aprendidas durante a pandemia? Precisamos entender cada ponto e avaliar a questão da equidade, o que nós, como país, entendemos como equidade de acesso. Temos obrigação de fazer e discutir mais sobre esse tema que, certamente, dominará a agenda política”.

Dr. Nelson Teich lamentou o fato de ter presenciado o mundo inteiro brigando por um respirador. “A experiência de querer ajudar e não conseguir foi tensa, sofrida. A Covid veio para mostrar as fragilidades e ineficiências do sistema de saúde. A inovação transformou rapidamente os acessos, como o recurso diagnóstico. Mas, a capacidade de gestão não acompanhou na mesma velocidade. Os gestores precisam ter informação detalhada sobre o financiamento, a operação e a entrega. A informação deve ser clara, senão caminha-se às cegas e tomam-se decisões baseadas em intuição. Quando não se domina as variáveis, trabalhamos com a sensação que estamos usando a lógica. Em uma pandemia, aquilo que deveria ser tratado como evolução é encarada como uma situação de confronto. Nenhum país é preparado para uma sobrecarga como foi, nem Japão e países europeus foram capazes de lidar com o coronavírus”. O presidente da MD Health mostrou sua preocupação: “Onde está o verdadeiro colapso? É esse que vimos ou virá pós-Covid?”. Para o executivo é essencial estudarmos algumas variáveis. “Os médicos precisam entender um pouco sobre gestão, independente do sistema ser público ou privado. Vimos uma mudança de pensamento da população brasileira, que está mais preocupada com a sua saúde. Nos grandes centros vimos outro fenômeno, a vinda de pacientes que não imaginavam que alguns serviços não tinham o custo tão elevado. Agora: o que faremos com os programas de prevenções de doenças crônicas que foram interrompidos nesses dois anos? Quais serão os efeitos? Tivemos pesquisas e áreas de conhecimentos que também foram interrompidas. O que isso vai representar para o mundo pós-Covid?”, finalizou.

Abramed promove discussão sobre Medicina Diagnóstica do Futuro no ComMeets 21

Painel teve presença da Quest Diagnostics e do Hospital Israelita Albert Einstein

A “Medicina Diagnóstica do Futuro” foi o tema discutido no ComMeets 21, uma iniciativa do Fórum Inovação Saúde (FIS), que contou com a mediação de Wilson Shcolnik, presidente do conselho de administração da Abramed. No dia 12 de novembro, Carlos Moreira, diretor gerente da Quest Diagnostics CALA (Caribe e América do Sul); e Eliezer Silva, diretor de medicina diagnóstica e ambulatorial do Hospital Israelita Albert Einstein, estiveram juntos para mostrar seus cases e suas visões de mercado.

Em sua apresentação, Eliezer Silva mostrou que a medicina diagnóstica começou desde a fundação do Albert Einstein para dar todo o suporte necessário ao processo assistencial. “São 50 anos de experiência. Quando decidimos montar unidade de urgência e consultórios médicos, tivemos uma expansão da medicina diagnóstica, sempre casada com a assistência. Cada unidade lançada era associada a um serviço, papel preponderante dentro do hospital. Nos últimos três anos, decidimos criar a rede de atenção primária e, novamente, ela esteve presente – nos exames essenciais, permeando todos os níveis de atenção, participando ativamente na sustentabilidade da instituição. Atendemos o SUS, administramos dois hospitais, 23 unidades básicas, AMAS, Caps”, revela.

Carlos Moreira apresentou toda a expertise da Quest, inclusive o know-how em promover muito mais do que diagnósticos. “Trabalhamos na direção e consideração de riscos, bem como na predição de doenças e enfermidades antes mesmo dela existirem. Os investimentos nessa linha são altos, como espectrometria de massa, mobilidade iônica, entre outras tecnologias. Afinal, é preciso obter resultados melhores em saúde por meio de insights no diagnóstico”.

O Albert Einstein foi o primeiro laboratório brasileiro a diagnosticar um paciente com Covid. “Em janeiro de 2020, criamos uma rotina semanal, depois diária para o enfrentamento da doença. Isso foi fundamental para fazer uma previsão da curva de progressão e traçar a taxa de ocupação hospitalar e terapia intensiva. No final de fevereiro, registramos 135 internados na rede privada. Participamos da criação do Hospital Campanha do Pacaembu, tivemos que desenvolver nossa área de biologia molecular, precisávamos criar uma capacidade operacional brutal. Apoiamos, e continuamos apoiando, o Instituto Butantan na realização dos exames RT-PCR”.

Para Silva, a área de imagem foi fundamental, principalmente na medida que os processamentos de exames de pulmão foram demandados de maneira intensa, dando suporte tanto a unidade de pronto atendimento, quanto terapia intensiva. “Nos preparamos muito. O que achamos que ia acontecer em 2020, aconteceu no ano seguinte. Em 2021, tivemos 303 pacientes internados (o dobro do ano anterior) e quase 100 pacientes em ventilação mecânica. Fomos obrigados a criar um hospital de campanha dentro da nossa unidade no Morumbi. O fato é que a medicina diagnóstica vem se estruturando em processos e dando suporte em tempo real para assistir adequadamente os pacientes. Hoje, em novembro de 2021, temos oito internados e apenas dois em ventilação mecânica”.

Os investimentos da Quest durante o auge da pandemia foram massivos. “Colocamos para operar 25 centros de testagem nos Estados Unidos, repentinamente. Hoje, fazemos 200 mil testes PCR e 350 mil de antígeno por dia. Prestamos um serviço importante para as empresas que não podiam deixar seus funcionários em casa. Foram 6.800 postos de atendimentos nos EUA e 30 mil espalhados pelo mundo, por meio dos nossos parceiros. Foi muito importante ter tido essa estrutura e capacidade de grandes testagens”, afirma Moreira.

Revolução tecnológica

No final do ano passado, o diretor de medicina diagnóstica do Einstein recebeu a missão de coordenar o processo de transformação digital da instituição. “Um desafio enorme de aproximar as áreas de TI, big data, assistenciais e de negócios. Ao desenhar a jornada do paciente começamos pela medicina diagnóstica. Notamos que havia um distanciamento enorme desses processos da ponta que tem íntima relação com a experiência do cliente na percepção da equipe de tecnologia. Ouvimos com frequência: ‘não sabia que era para isso’. Nosso propósito da mudança é entender as necessidades mais triviais de forma integrada. Durante a pandemia, saltamos de 200 mil clientes atendidos diretamente pelo médico para uma base de 2 milhões por meio dos recursos digitais. O que notamos é que o indivíduo aprendeu a usar a tecnologia”. Moreira afirma que na Quest o digital sempre teve papel importante. “São 1,800 milhão de testes diariamente, 7 mil postos de atendimentos, 3.700 veículos de coleta, 23 aviões, 56 bilhões de data points de pacientes. É muito investimento em pesquisa e desenvolvimento para combinar dados e algoritmos. O uso da tecnologia é caro, mas permite informações mais precisas e de qualidade superior que conseguem trazer aspecto de predição”, finaliza.

Mobilização do setor de diagnóstico trouxe conquistas que permitirão a evolução das práticas assistenciais

Abramed ampliou o debate com outras entidades e órgãos reguladores para superar desafios e ampliar a representatividade da medicina diagnóstica

A saúde é uma área altamente regulada, que segue rígidas diretrizes, algo fundamental para garantir a segurança dos pacientes. Inserida nesse cenário, a medicina diagnóstica vem mantendo o diálogo com instituições públicas, governamentais e regulatórias, expressando a visão e os anseios quanto a assuntos relacionados ao setor, bem como à adoção de políticas e medidas que consideram a importância do segmento para os cuidados da população.

Este ano, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) alcançou conquistas significativas para o setor, que farão evoluir as práticas assistenciais e de gestão, além de afirmar a representatividade da medicina diagnóstica.

“Avançamos para 2021 com o pleito junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre as Consultas Públicas (CPs) 911 e 912, que tratam, respectivamente, da regulação de farmácias e drogarias e das diretrizes que regem as atividades dos laboratórios clínicos como possibilidade para a revisão da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 302/2005, há tempos pleiteada pelo segmento. Com a mobilização que conseguimos no setor decorrente das manifestações sobre as CPs, houve uma paralisação na condução desse tema pelo órgão regulador, o qual anunciou que irá rever o processo e fazer novas escutas sobre o tema com o setor”, explica Alex Galoro, diretor do Comitê Técnico de Análises Clínicas (CTAC) da Abramed.

O comunicado da Anvisa, em agosto, informou que a análise feita pela área técnica da agência identificou pontos que necessitam de uma nova rodada de discussões, para que seja possível construir um instrumento normativo que atenda às demandas relacionadas ao tema. Para tanto, prevê a realização de reuniões para a discussão de assuntos específicos sobre essa temática.

Em paralelo, para subsidiar o órgão regulador com as melhores práticas setoriais, o CTAC desenvolveu propostas para revisões da RDC nº 302, sobre o regulamento técnico para funcionamento de laboratórios clínicos com outras entidades do setor e com os Conselhos Regionais de Medicina, Biomedicina e Farmácia.

“Fizemos um grupo de trabalho que compilou as propostas que tínhamos com os pleitos feitos para as CPs e encaminhamos uma proposta à Anvisa sobre como regular os testes rápidos e fora do ambiente seguro dos laboratórios”, comentou Galoro, que destacou o trabalho da diretoria da Abramed na aproximação junto à Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) na elaboração de uma proposta conjunta para revisão da RDC nº 302.

O CTAC ainda trabalhou na proposta de revisão da Portaria CVS-13 — que trata das condições de funcionamento dos laboratórios de análises e pesquisas clínicas, patologia clínica e congêneres, dos postos de coleta descentralizados, regulamenta os procedimentos de coleta de material humano realizados nos domicílios dos cidadãos, disciplina o transporte de material humano —, especialmente sobre a mudança na exigência da presença do responsável técnico durante todo o horário de funcionamento dos laboratórios e postos de coleta.

Forte atuação

Outra conquista regulatória da Abramed no ano foi a interlocução com a ANAC — Agência Nacional de Aviação Civil para discutir os dispositivos da RBAC nº 175 e da IS nº 175-012, que obrigam a utilização de embalagens ensaiadas e apresentação dos respectivos laudos para o transporte de artigos perigosos e infectantes, demonstrando impactos e as dificuldades atuais do mercado para atender a nova exigência.

A nova regra, em princípio, valeria a partir de 1º de outubro, porém, em atendimento ao pedido de adiamento formulado pela entidade perante a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o início da vigência foi prorrogado para 1º de abril de 2022,  promovendo mais tranquilidade para adaptação do setor.

Em reuniões realizadas com o órgão regulador, segundo Teresa Gutierrez, sócia da Machado Nunes Advogados e membro do Comitê Jurídico da Abramed, foram apresentados os impactos da nova regra na dinâmica e logística de toda a rede de medicina diagnóstica nacional, que habitualmente se vale da aviação para transportar milhões de amostras de exames utilizados para prevenção, diagnóstico e gerenciamento de doenças.

Após a prorrogação da entrada em vigor da resolução da ANAC, o Comitê Jurídico da entidade aguarda a constituição de grupo de trabalho com a agência reguladora para a discussão sobre as limitações existentes no mercado para a realização dos ensaios e certificação das embalagens.

Ainda abordando processos de alteração de normas em vigor, a Abramed conquistou, em novembro, a revisão da RDC 25/2001, da Anvisa, que trata especificamente da importação, comercialização e doação de produtos para saúde usados e recondicionados. Desde 2018, a Associação vinha enfatizando seu posicionamento de ter como premissa a segurança do paciente e elencando razões pelas quais as restrições da RDC impactavam negativamente o setor.

Com a revisão da RDC 25/2001 e as propostas da Abramed acatadas, definiu-se que equipamentos usados devem ter a etiqueta indelével para viabilizar a rastreabilidade; para Classes I e II — produtos considerados mais simples e menos perigosos, passa a ser autorizada a transferência de equipamentos usados mediante avaliação de profissional dentro do mesmo grupo econômico; para as Classes III e IV, passa a ser cobrado laudo técnico, emitido por empresa detentora de registro, pelo fabricante ou terceiro por ela indicado, atestando atendimento às especificações do fabricante. Serão isentos de laudo os equipamentos da RDC 330/2019, bem como transferências dentro do mesmo grupo econômico. (Veja matéria completa)

Desafios

O ano de 2021 continua desafios. As novas ondas da covid-19 e as instabilidades no país, segundo o diretor do Comitê Jurídico (CJ) da Abramed, Fábio Cunha, trouxeram urgências em temas bastante sensíveis.

“Discussões significativas envolvendo questões trabalhistas, como a covid-19 ser uma doença relacionada ao trabalho ou não; de quem é a responsabilidade pelo uso dos equipamentos de proteção individual; se é permitido ou não demitir funcionário que se recusar a tomar a vacina contra a covid-19, permearam o dia a dia dos desafios jurídicos enfrentados pelas empresas de medicina diagnóstica”, exemplificou o advogado.

As empresas associadas à Abramed também continuam aguardando o entendimento jurídico sobre o recolhimento do Imposto Sobre Serviços (ISS) para laboratórios de análises clínicas, serviços de patologia e de imagem. Alguns municípios, como a cidade de São Paulo, publicaram portaria determinando que o pagamento do tributo aconteça no município onde a coleta do material biológico é realizada, independentemente do local onde será feita a análise clínica. 

Para tal decisão, o legislador adotou o princípio da territorialidade como critério definidor da competência tributária, observando a Lei Complementar nº 116/2003, que, em seu artigo 3º, considera o recolhimento do imposto no local da prestação de serviço.

Essa questão, segundo Cunha, continua amplamente debatida nos Tribunais Estaduais, inclusive com entendimentos divergentes, pois há quem reconheça que o recolhimento do ISS deve ser feito no município onde é feita a análise do material biológico coletado.

Telessaúde

Junto à Saúde Digital Brasil (SDB) e à Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), a Abramed está atuando em prol do Projeto de Lei (PL) nº 1998/2020, que autoriza e define a prática da telemedicina em todo o território nacional.

Em análise na Câmara dos Deputados, a proposta prevê a realização dos atendimentos remotos, podendo o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentar os procedimentos mínimos para a prática, autorizada temporariamente no Brasil, em abril do ano passado, devido à pandemia de covid-19.

O diretor do CJ chama a atenção para a Resolução CFM 2299/2021, de 26 de outubro, que normatiza, regulamenta e disciplina a emissão de documentos médicos eletrônicos, como a prescrição digital nas consultas presenciais e na telemedicina. As regras valerão a partir de 25 de dezembro de 2021.

A nova norma traz mudanças importantes para o dia a dia do médico, como a exigência de assinaturas eletrônicas certificadas com nível de segurança 2 — geradas por certificados e chaves emitidos pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras (ICP-Brasil). Também apresenta normas direcionadas aos fornecedores de sistemas de prescrição eletrônicas e gestores de saúde.

Com a nova resolução, será necessário ter uma assinatura digital não somente para prescrição de medicamento controlado e atestados médicos, como estabelecido pela Lei Federal nº 14.063/2020, mas também para a emissão de laudos, solicitações de exames, relatórios e pareceres técnicos. A exceção fica somente para os prontuários eletrônicos.

“Essa medida aumenta o escopo da transformação da saúde para digital e requer mais investimento em um cenário em que o desafio regulatório da telessaúde ainda não está resolvido”, ressalta Fábio Cunha.

Estratégias

Desde sua constituição, há 11 anos, a Abramed tem uma atuação importante no  acompanhamento do mercado, antevendo as mudanças regulatórias e dando o suporte necessário para que as normas expedidas pela administração pública garantam atuação equânime ao mercado de saúde suplementar, sem criar desequilíbrio entre os diversos agentes.