Em artigo publicado no Estadão, presidentes da Abramed e SBAC alertam sobre CP 912

Os presidentes da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) e Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), Wilson Shcolnik e Luiz Fernando Barcelos, respectivamente, assinaram o artigo “Exames realizados fora do ambiente laboratorial? É importante inovar sem desproteger”, publicado no Estadão nesse sábado (10/10).

Confira o texto na íntegra:

Exames realizados fora do ambiente laboratorial? É importante inovar sem desproteger

Apesar de ganharem ainda mais notoriedade durante a pandemia de COVID-19 como forma de suprir a carência por exames para detecção da infecção pelo novo coronavírus, os Point-of-care tests (POCT), também conhecidos como Testes Laboratoriais Remotos (TLR), já são uma realidade há décadas no setor de diagnóstico, e os profissionais que atuam em laboratórios clínicos conhecem tanto suas virtudes quanto seus problemas.

Esses testes, que podem ser realizados por dispositivos portáteis fora do ambiente laboratorial, já eram inclusive mencionados na RDC 302, que, publicada em meados de 2005 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), regula o funcionamento dos laboratórios clínicos impondo rígidas recomendações que balizam a segurança sanitária e, consequentemente, conferem segurança aos pacientes.

Sabemos que eles são úteis por proporcionarem reações rápidas, trazendo resultados de forma praticamente imediata. E, de fato, reconhecemos que eles podem contribuir, sobretudo em catástrofes, guerras ou desastres naturais ou, ainda, para preencher eventuais lacunas existentes no cuidado, porém desde que sejam integrados aos sistemas de saúde, que já sofrem com a fragmentação da assistência. Afinal, apesar de rápidos, esses testes não deixam de ser exames laboratoriais. Hoje temos POCT inclusive para biologia molecular, metodologia de alta complexidade utilizada em laboratórios clínicos.

Há algum tempo o setor de análises clínicas vem observando um forte movimento da indústria em prol desses exames, o que despertou a atenção da Anvisa. Isso é plenamente compreensível pois não podemos esquecer que a missão da Agência é promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e do consumo de produtos e serviços, inclusive as tecnologias a eles relacionadas.

A RDC 302 – regulamento técnico para funcionamento de laboratórios clínicos –, é uma excelente resolução que promoveu melhoria significativa na qualidade dos laboratórios no Brasil, mas necessita de revisão, algo que o setor vem pleiteando há tempos.

Surpreendentemente, o que vimos acontecer recentemente foi não uma revisão dessa RDC, mas a sua substituição por um novo texto que está em consulta pública. A proposta da CP 912 cogita, sem limites, a liberação da realização de exames fora dos ambientes altamente controlados dos laboratórios clínicos, adota terminologias incompatíveis com a realidade internacional, desconstrói os laboratórios brasileiros, desrespeita os profissionais do setor e coloca gravemente em risco a segurança dos pacientes.

Há farta literatura científica comprovando que a maior parte dos erros nos exames realizados remotamente ocorre durante a fase analítica, ou seja, por falhas de operadores na calibração dos equipamentos e na avaliação dos controles de qualidade que asseguram a precisão e exatidão dos resultados. Por isso, o setor questiona: como garantir que esses exames sejam feitos de forma segura para não colocar em risco a segurança dos pacientes?

Segundo estudo compilado nos arquivos da CP 912, outros países impõem limitações à realização de POCT fora dos laboratórios. A Inglaterra, por exemplo, só os permite em farmácias para controle de glicemia, colesterol, gripe e hepatite. Além da glicemia, a França autoriza para influenza A e B e estreptococos. Já a Escócia, apenas para testes de gravidez e de HIV.

E no Brasil? Será que é desejo dos órgãos reguladores liberar todos os tipos de testes fora do ambiente laboratorial? Será que a população pode ser exposta com a realização de testes complexos sem a segurança hoje exigida pela RDC 302? Será que resultados críticos, que exigem intervenção médica imediata, podem ser obtidos desta forma?

Cabe à Anvisa regulamentar esse tipo de serviço, garantindo que tanto as recomendações das sociedades científicas que atuam nesse setor quanto as normas internacionais sejam seguidas independentemente do local onde o exame é realizado. Os ambientes e equipamentos devem ser adequados, e os profissionais, habilitados e capacitados, como já previsto pela RDC 302.

Sabemos que resultados de exames laboratoriais são responsáveis por 70% das decisões médicas e têm papel importante na detecção de fatores de risco, podendo mudar completamente o rumo do diagnóstico, do monitoramento e do tratamento de doenças. Reduzir o controle de qualidade desses exames é expor a novos riscos os cidadãos que recorrem a eles para preservar e tratar sua saúde.

Esperamos chegar a um modelo que beneficie e proteja, de forma efetiva, os maiores interessados nesse processo: os pacientes. Com a palavra da nossa agência reguladora, a Anvisa.

* Wilson Shcolnik é presidente da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e presidente do conselho de ex-presidentes da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e membro da Câmara Técnica de Segurança do Paciente do CFM.

* Luiz Fernando Barcelos é presidente da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas.

Percepções do setor de saúde a respeito das Consultas Públicas 911 e 912

Diante da publicação das Consultas Públicas (CPs) 911 e 912, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que seguem abertas até 07 de dezembro e tratam, respectivamente, da regulação de farmácias e drogarias, bem como das diretrizes que regem as atividades dos laboratórios clínicos, várias entidades da saúde uniram-se para analisar essas propostas e apresentar as principais percepções acerca do tema.

O setor de laboratórios clínicos há muitos anos vem sinalizando à Anvisa a necessidade de incluir, em sua agenda regulatória, a revisão da RDC 302, principal norma que rege as atividades desses estabelecimentos. Ao longo do tempo, a norma contribuiu com melhorias para que a regulação controlasse com rigidez os ambientes e as boas práticas laboratoriais, em conformidade com a nova realidade tecnológica.

No entanto, para surpresa do setor, a CP 912 apresentada em consulta pública não considera muitos desses apontamentos. Além disso, traz propostas de terminologias não observadas em normas internacionais que regem o setor, colocando em risco a segurança dos pacientes. Paralelamente, a CP 911 – que revisa a RDC 44 sobre regulação de serviços farmacêuticos – considera que qualquer unidade de saúde pode aferir parâmetros fisiológicos e bioquímicos por meio de dispositivos de apoio ao diagnóstico, sem definir quais testes podem ser realizados e quais práticas devem ser respeitadas fora do ambiente laboratorial.

Diante desse cenário, o conglomerado de entidades que questionam as propostas apresentadas em consultas públicas sugere a adoção de posicionamento embasado nas mensagens-chave elencadas a seguir, a serem reforçadas pelos porta-vozes da entidade e de empresas associadas em todas as interações e oportunidades que tenham com imprensa, formadores de opinião, influenciadores, comunidade médica, órgãos reguladores, legisladores, governos e a sociedade em geral.

  1. Considerando que cerca de 70% das decisões médicas se baseiam em resultados de exames laboratoriais, a confiabilidade desses exames é fundamental para garantir diagnósticos precoces, precisos e decisões corretas sobre definição e monitoramento de tratamentos. Liberar a realização de exames fora de ambientes altamente controlados, como os observados nos laboratórios clínicos, coloca a segurança dos pacientes em risco, visto que, sem definição clara de como serão feitos os controles de qualidade, torna-se inviável garantir a confiabilidade e utilidade dos resultados desses exames, sobretudo em casos que exigem intervenção médica imediata.
  • As propostas das CPs 911 e 912 não consideram os apontamentos de melhorias feitos nos últimos anos pelos laboratórios clínicos brasileiros que estão em consonância com normas internacionalmente aceitas. Ademais, são mencionadas nos textos das CPs terminologias incompatíveis com as utilizadas pela Anvisa, assim como pelas normas nacionais e internacionais; e previsões igualmente incompatíveis com as atividades dos laboratórios clínicos que, desconectadas da realidade, prejudicam a prestação de serviços laboratoriais e afetam a segurança dos pacientes.
  • As propostas desprestigiam o setor e desrespeitam os profissionais que se capacitaram, especializaram, treinaram e adquiriram expertise nas práticas laboratoriais ao permitir que qualquer profissional lotado em unidade de saúde seja equiparado a um profissional de laboratório clínico.
  • A CP 912 permite a oferta de serviços em locais sem nenhum critério mínimo de infraestrutura, enquanto os laboratórios clínicos seguem rígidas recomendações vigentes para assegurar a mitigação de riscos, a segurança sanitária e a qualidade.
  • A CP 911 não define os limites da assistência farmacêutica, ou seja, não estabelece critérios e classificações para definição de complexidade de quais exames poderiam ser realizados fora do ambiente laboratorial. Os point-of-care testing (POCT), também conhecidos como testes laboratoriais remotos (TLR), podem incluir exames de variadas complexidades, e outros países, a exemplo dos Estados Unidos, apenas autorizam a realização de POCT classificados como testes de baixa complexidade em farmácias e drogarias, exigindo inspeções periódicas quando são ofertados exames de média e alta complexidade.

Reforçamos que as CPs 911 e 912 seguem abertas até 08 de dezembro. A situação traz riscos para o paciente e para o funcionamento dos laboratórios clínicos, o que torna imprescindíveis a reflexão sobre o tema e a repercussão dele.

Encontro virtual debate dificuldades e oportunidades de melhorias da cadeia de suprimentos em saúde

Quinto encontro do #DiálogosDigitais Abramed contou com especialistas relatando entraves da pandemia e lições para o futuro

08 de outubro de 2020

O setor de suprimentos em saúde foi um dos primeiros impactados pela pandemia de COVID-19. Assim que o novo coronavírus se espalhou pelo mundo, o crescimento exponencial da demanda por equipamentos de proteção individual (EPIs), respiradores e outros tantos insumos – entre eles os laboratoriais – somado à problemas de logística gerou uma disputa internacional e uma defasagem generalizada. O que a crise deixa de aprendizado para o futuro da cadeia de suprimentos e quais os atuais entraves para melhorias nesse fluxo foram debatidos no quinto encontro da série #DiálogosDigitais Abramed, realizado na noite de 6 de outubro.

Moderando o bate-papo, Guilherme Collares, membro do Conselho Fiscal da Abramed e diretor de Operações do Hermes Pardini, disse ter vivenciado muitos dos entraves trazidos pela COVID-19 em sua atuação no ambiente laboratorial. “Enfrentei todas essas dificuldades e assisti a situação melhorar ao longo do tempo se transformando em uma oportunidade para aprendermos e repensarmos a forma como fazemos nossas negociações”, comentou ao apresentar Antonio Fabron Jr, CEO da DB Diagnósticos do Brasil; Malu Sevieri, diretora-executiva da Medical Fair Brasil; Sergio Rocha, presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (ABRAIDI); e Thiago Liska, diretor-executivo da Diagnóstica Cremer, como os palestrantes da noite.

Abrindo espaço para que os participantes comentassem como a COVID-19 impactou a medicina diagnóstica, Collares convidou Fabron a contar mais sobre sua experiência na DB Diagnósticos do Brasil. Segundo o executivo, foram diversas as dificuldades, mas uma gestão eficiente conseguiu contorná-las para que o paciente final não fosse prejudicado. “Com relação à logística, tivemos de reestruturar toda nossa malha aérea, mas como descentralizamos nossas unidades, o impacto não foi tão grande”, comentou Fabron.

Ainda sobre a questão logística, Rocha mencionou o que percebeu junto aos associados da ABRAIDI. “Hoje até 80% do que importamos vêm dos EUA. Com o corte dos voos internacionais, o começo da pandemia foi muito difícil. Para reduzir esse impacto, investimos na interlocução com o poder público fazendo reuniões com o Ministério da Saúde, o Ministério da Economia e até mesmo com a ANAC para buscar alternativas”, declarou. Esse diálogo com o governo e entidades que atuam diretamente com a logística do Brasil foi feito, inclusive, em conjunto com a Abramed.

Dependência de importações

A dependência brasileira de insumos importados foi um dos temas abordados ao longo do debate. “Não temos a missão de suprir 100% das nossas necessidades internas, mas não podemos ser totalmente dependentes de importações senão continuaremos suscetíveis”, comentou Liska.

O setor de saúde, de forma generalizada, está em plena evidência, na opinião de Rocha. Para o executivo, é hora de agir. “Para isso precisamos parar de olhar para nosso próprio umbigo e nos organizarmos, atuarmos em conjunto. Não podemos deixar de lado tudo o que vem ocorrendo nos últimos sete meses. Nossa educação tem de mudar. Ou a gente evolui tecnologicamente ou continuaremos importando mais de 90% do que utilizamos”, disse.

Ampliar a produção interna é um desafio. “Precisamos criar uma situação econômica que favoreça as empresas nacionais e as multinacionais com fabricação em nosso território para que produzam mais dos insumos que precisamos. Assim poderemos enfrentar novas pandemias e novos cenários desfavoráveis com mais serenidade”, encerrou Fabron.

Impacto na relação entre comprador e vendedor

Criar bons laços com os fornecedores foi a alternativa encontrada pela DB Diagnósticos do Brasil para evitar prejuízos em seus estoques. “Com relação aos EPIs, fomos afetados, mas graças às entregas programadas e ao bom relacionamento com nossos fornecedores, o impacto foi assimilável”, disse Fabron.

Para falar sobre como o distanciamento social imposto pela COVID-19 impactou essas relações, Malu Sevieri, que comanda a Medical Fair Brasil, fez seus comentários. O evento, que é a versão brasileira da Feira MEDICA da Alemanha, foi adiado para maio de 2021 devido à pandemia, mas seguiu auxiliando seus parceiros. “Atendemos clientes que nos ligavam para pedir ajuda. Vimos fábricas que fecharam por 90 dias pois não tinham motivos para produzir, já que toda a compra estava voltada à COVID-19 ou às emergências. Agora percebemos que com a volta das cirurgias eletivas, a demanda está retomando aos poucos”, pontuou.

Dando o parecer da indústria, Liska relatou situações que levaram a um aumento de custos nem sempre bem compreendido pelos clientes, como por exemplo o aumento do valor do frete internacional. “No curto prazo temos que torcer para aumentar a oferta e para que os fabricantes consigam ajustar à demanda fazendo o preço voltar à normalidade. E, no médio e longo prazos, investir em conversas estruturadas com poder público e a iniciativa privada viabilizando maior produção local”, avaliou.

União para evolução

Falta confiança entre os elos da complexa cadeia de saúde na opinião de Liska. “A gente consegue ter a tecnologia e fazê-la funcionar. Mas vejo pouca confiança entre os entes e baixo apetite para a interoperabilidade, conectividade e eficiência da cadeia. Precisamos nos reunir com maturidade, nos despir de nossas agendas individuais, e pensarmos, juntos, como construir um mercado mais integrado, mais eficiente e menos custoso”, completou.

Malu trouxe bons exemplos de como a tecnologia ajuda. “Existem, hoje, startups dedicadas a compras consolidadas. Um hospital ou mesmo um laboratório clínico compra, por exemplo, de cinco fornecedores distintos. Ele pode consolidar tudo isso em uma mesma carga. Precisa, apenas de planejamento”, explicou. Além disso, a executiva mencionou que vários compradores podem se unir para fazer um único pedido, conseguindo preços mais competitivos e até mesmo fretes mais baratos.

Para que esse diálogo se concretize, são diversos os caminhos possíveis. Na opinião de Rocha, a criação de grupos de trabalho é um deles. “Criar grupos com pessoas da área que estão envolvidas com seus setores e têm vontade de trabalhar, deixando a política de lado, é ótimo”, pontuou.

Legado da pandemia

“O que a COVID-19 deixa de legado? Quais aprendizados devemos levar”, questionou Collares.

Para Liska, a visão de coletivo foi o ponto de maior aprendizado. “Começamos a entender que temos uma responsabilidade coletiva”, disse. Rocha concordou. “A coletividade está acima da individualidade”. Já para Malu, o principal destaque está na capacidade de adaptação do povo brasileiro. “Estamos de parabéns. Reagimos rápido”, disse. Encerrando as ponderações sobre o legado, Fabron mencionou a tecnologia: “temos que investir pesado na digitalização”.

Para fechar o bate-papo, Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed, trouxe uma pergunta do presidente do Conselho de Administração da entidade, Wilson Shcolnik: “vivemos uma situação inédita onde todos se empenharam para manter o abastecimento do mercado. Mas olhando para frente, teremos produção? Vamos conseguir fazer a distribuição, garantindo exames e cirurgias?”.

Com a experiência da DB Diagnósticos do Brasil, Fabron disse que não só estão retomando a produção como estão produzindo 15% a mais do que produziam antes da crise. Collares também aposta em melhorias, em uma produção mais veloz e segura. Rocha e Liska também são otimistas quanto a entrega. Já Malu tem suas dúvidas e acredita que o equilíbrio deve demorar um pouco mais para ocorrer.

O bate-papo completo deste episódio está disponível no canal do YouTube da Abramed (clique AQUI para assistir) e a próxima edição está marcada para 20 de outubro e trará, como tema principal, “Cuidado Inteligente”.

COVID-19 – Congresso debate visão das entidades médicas e riscos dos laboratórios clínicos durante a crise

1º Congresso Virtual da SBPC/ML contou com participação de Wilson Shcolnik, da Abramed, em duas mesas redondas

05 de outubro de 2020

Entre 28 e 30 de setembro, o presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Wilson Shcolnik, participou de duas mesas redondas que compuseram a ampla agenda de debates do 1º Congresso Virtual da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML). Na segunda-feira (28), a discussão tratou da visão das entidades médicas sobre a crise de COVID-19. Já na quarta-feira (30), o assunto se voltou aos riscos enfrentados pelos laboratórios clínicos durante a pandemia.

Moderado por Daniel Kanaa Faria, médico patologista da DASA e membro da comissão do Congresso, o debate da segunda-feira contou com apresentações de Shcolnik e, também, de Gustavo Campana, vice-presidente da SBPC/ML; Lincoln Lopes Ferreira, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB) e Natasha Slhessarenko, conselheira titular do estado do Mato Grosso do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Em sua apresentação, Natasha reforçou uma pesquisa realizada pelo CFM sobre a percepção dos cidadãos quanto a atuação médica nacional no contexto da pandemia. “A maioria da população aprova o desempenho do médico e a qualidade do atendimento, visto que tivemos mais de 60% de avaliações entre ótimo e bom”, disse.

Segundo a conselheira, essa percepção reflete o empenho da classe profissional no enfrentamento, já que de acordo com dados por ela apresentados, o país conta com mais de 422 mil médicos aptos a atuar no combate (com menos de 60 anos de idade), o que seria “uma proporção excelente”. “De janeiro a maio passamos a contar com quase 10 mil novos médicos que puderam antecipar suas formaturas. Assim, a razão de médicos no país chegou a 2,49 profissionais por mil habitantes, o que é mais do que na Coreia, na Polônia, no Japão e apenas um pouco abaixo do Canadá e dos EUA”, explicou.

Representando a SBPC/ML, Campanha parabenizou a medicina diagnóstica nacional relembrando que os laboratórios privados agiram com muita rapidez assim que o primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus foi confirmado no país. “Tenho orgulho em dizer que no Brasil em fevereiro nós já tínhamos o teste de RT-PCR disponível”, disse.

Se havia médicos suficientes para atender à toda a população exposta ao novo coronavírus e o país conseguiu rapidamente desenvolver soluções diagnósticas – por mais que o acesso tenha sido um pouco complicado por outras razões –, o sistema poderia não estar tão preparado. Foi esse um dos temas abordados por Ferreira na apresentação. “Nossa preocupação inicial foi com o possível colapso do sistema, visto que as demais enfermidades seguiriam seu curso normal e precisaríamos continuar atendendo a infartos, embolias, neoplasias e traumas”, enfatizou.

Com o sistema resistindo, visto que felizmente o Brasil não assistiu às cenas tristes vistas na Europa de cidadãos sem atendimento médico devido à lotação máxima dos hospitais ter sido atingida em muitas cidades, foi preciso focar no setor de diagnóstico, principalmente depois da Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado que o caminho para o combate à COVID-19 era “testar, testar e testar”.

Entrando nesse assunto, Shcolnik relembrou o sucesso do projeto de validação de testes para COVID-19, uma iniciativa da Abramed em parceria com a SBPC/ML, a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) e a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC). “Foram utilizados soros de pacientes infectados colhidos em diferentes períodos da doença e tivemos mais de 10 mil amostrar analisadas”, comentou.

Na quarta-feira, para tratar sobre os riscos, foram convidados profissionais do setor jurídico em atuação na área de medicina diagnóstica. Dessa vez, Shcolnik coordenou o bate-papo que recebeu Ana Paula Aleixo Schimiloski, supervisora jurídico e compliance da DB Diagnósticos do Brasil; Gustavo Rola, especialista em direito do trabalho e procurador em Belém (PA); Juliana Micheletti, coordenadora de Contratos do Grupo Hermes Pardini; e Walquiria Nakano Eloy Favero, superintendente jurídico, compliance e regulatório da DASA.

Foram tratados diversos assuntos inerentes à insegurança jurídica que se instalou diante de um cenário de incertezas causado por um patógeno desconhecido. Rola mencionou as medidas provisórias 927 e 936, que impactaram diretamente as empresas ao propor mudanças nas relações de trabalho como, por exemplo, alternativas para a manutenção do emprego e possibilidades de suspensão ou redução do contrato de trabalho.

Já Walquiria, com base e sua experiência na DASA, falou sobre as mudanças operacionais que os laboratórios tiveram que instituir para que estivessem preparados para os atendimentos. Entre as mudanças elencadas pela especialista relativas à segurança do paciente e controle epidemiológico estavam a medição de temperatura, o uso de máscaras pelos pacientes e o distanciamento social que obrigou as unidades a controlar o acesso. “Caso os laboratórios não respeitassem essas regras estavam sujeitos à fiscalização da vigilância sanitária e multas”, explicou.

Com todas as mudanças que ocorreram nos últimos meses, as empresas precisam estar atentas, pois o cenário é de oscilação. Para Juliana, as orientações têm sido dinâmicas, visto que seguem as recomendações da OMS e dos demais órgãos de saúde nacionais. “Isso também gera um certo conflito, visto que estados e municípios podem legislar de forma diferente”, pontuou.

Assim, os departamentos jurídicos tiveram de ficar 100% em estado de alerta acompanhando o cenário global e o que vinha acontecendo “dentro de casa”. Foi o que mencionou Ana Paula. “Em um curto período tivemos uma imensidão de medidas provisórias na área trabalhista, um excesso de portarias que precisaram – e ainda precisam – de análise contínua”, disse.

Ao abrir a mesa redonda para o debate, Shcolnik levou aos palestrantes algumas das perguntas do público, entre elas como explicar ao paciente que nem sempre ele terá um resultado conclusivo do teste de COVID-19. “Muitas vezes o paciente não entende o resultado inconclusivo. Ele quer receber uma informação precisa. Porém sabemos que o momento da coleta da amostra tem relação com o resultado obtido e que os testes sorológicos têm variação ainda maior. Vocês tiveram queixas ou problemas nesses moldes? Como proceder?”, questionou.

Para Walquiria, que confirmou que na DASA ocorreram esses casos, um dos caminhos está na transparência com o paciente e, para minimizar a frustração, oferecer um voucher para que ele realize um novo teste. “Possibilitar uma liberação ou um desconto para a realização de um segundo exame confirmatório é uma atitude bem-vinda e que preserva a imagem da rede”, disse.

Além dessas duas mesas redondas, o 1º Congresso Virtual da SBPC/ML contou com inúmeras outras palestras. Foram sete dias de debates, workshops e conferências, realizado entre os dias 25 de setembro e 2 de outubro de 2020.

A Saúde Conectada 5.0 e a era da Medicina Digital

Ideia de Saúde Distribuída vem tomando corpo de forma acelerada junto a uma telemedicina realmente conectada e organizada

30 de setembro de 2020

A pandemia da Covid-19 deixou clara para as instituições de saúde a necessidade de ter uma Telemedicina estratégica, com atuação estruturada e organizada para a prestação dos serviços de saúde – o que vai muito além da interação médico-paciente por uma ferramenta de videoconferência para tratar doenças. Vem tomando corpo, de forma acelerada, a ideia de uma Saúde Distribuída, com uma Telemedicina realmente conectada e organizada, para o atendimento aos indivíduos como uma prática de cuidados da saúde, especialmente na prevenção.

Para o Dr. Chao Lung Wen, líder do grupo de pesquisa em Telemedicina da USP, professor da FMUSP e reconhecida autoridade no assunto, a Telemedicina é irreversível em razão da própria transformação digital da sociedade, que ganhou um impulso extraordinário no momento que vivemos. Em recente webinar promovido pela SYNNEX Comstor, ele lembrou a questão da conectividade, que no Brasil caminha agora para a 5G. E isso significa, entre outras coisas, que estamos evoluindo para casas conectadas, o que se relaciona diretamente a casas inteligentes e ao que se poderia chamar de Internet das Coisas Médicas.

Nesse quadro, seria a hora de falarmos em Sociedade 5.0, uma vez que o conceito “Revolução Industrial 4.0”, originado no Fórum Econômico de Davos em 2011, teria sido ultrapassado, com a presença já tão disseminada em nosso cotidiano da Robótica, com aparelhos até para a limpeza doméstica, e da Inteligência Artificial, de que os aplicativos de trânsito são um bom exemplo. Na Saúde 5.0, que é a saúde conectada, o cuidado com o bem-estar das pessoas é mais do que somente o tratamento de doenças. E aí que entra a importância da Telemedicina.

Vale a pena começar pela explicação do que não é Telemedicina. Uma simples chamada de vídeo não caracteriza a Telemedicina. Ela também não é uma ferramenta ou apenas um processo estruturado. Em primeiro lugar, exige a educação digital do profissional de saúde e a pesquisa continuada para que seja possível a prevenção, especialmente quando nos damos conta do envelhecimento da população e do aumento de doenças crônicas. Segundo uma breve definição do Dr. Chao, a Telemedicina “é um método de investigação e cuidados não presenciais, usando recursos digitais interativos”.

Nesse sentido, as empresas que fornecem tecnologias e os profissionais que desenvolvem soluções específicas têm muito a contribuir. A Telemedicina requer uma série de elementos com os quais ainda não contamos, como aparelhos que possam se conectar com a casa das pessoas para aferir condições específicas de cada paciente. Ela precisa, antes de tudo, de sistemas capazes de integrar informações e interação com o paciente, para que o médico seja capaz de manter o compromisso de realmente cuidar da saúde do paciente.

Já existem avanços nessa direção,  aqui no Brasil. A Yoobot, uma empresa com foco no desenvolvimento de sistemas integrados para resolver questões ligadas a processos, já está oferecendo uma solução que utiliza o Cisco Webex Meetings e Cisco Webex Teams para proporcionar a utilização, em uma só plataforma para atendimento mais simples, confortável e eficiente ao paciente, sem que seja necessário o médico entrar em vários sistemas, com diferentes logins, durante uma consulta. Isso implica dispersividade, prejudicando a atenção ao paciente. Nos sistemas comuns de conferência, o próprio contato visual, tão importante para a avaliação diagnóstica, se perde enquanto o médico navega em busca de informações.

A ideia é oferecer às instituições médicas um sistema realmente inteligente, completamente seguro, que evite a redundância de dados, que seja capaz de aplicar as regras de negócios dos sistemas internos. Além disso, esse sistema cuida da chamada ao paciente, do seu agendamento de forma on-line e de uma consulta simples, sem esforço, proporcionando ao médico o acesso a todos os dados referentes ao cliente em atendimento. A coleta de informações a cada momento da interação é também um ponto importante que permitirá ao médico adotar decisões com base em dados sempre atualizados.

Estamos dando, com certeza, os primeiros passos em direção à implementação de uma nova organização da Telemedicina. Como já está claro, não haverá retrocesso. O que precisamos agora é acelerar o desenvolvimento de novas plataformas que sejam seguras, robustas e de fácil utilização, em benefício do médico e do paciente.

Por Adilson Wada – Healthcare Business Development Manager da SYNNEX Brasil

Abramed fala sobre impactos da pandemia e novos pleitos da medicina diagnóstica

Encontro virtual promovido pelo Banco Citi Brasil recebeu Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Associação

29 de setembro de 2020

Ultrapassando as barreiras do setor de saúde, Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) participou, dia 29 de setembro, de uma live do Banco Citi Brasil sobre a atual situação e as perspectivas do setor de medicina diagnóstica do país. Mediado por Tobias Stingelin e Leandro Bastos, respectivamente diretor e analista de research para Varejo, Saúde e Educação, o bate-papo trouxe detalhes sobre os impactos da pandemia e os atuais pleitos desse segmento essencial da saúde.

Depois de apresentar a Abramed e falar sobre a representatividade da Associação no mercado de saúde brasileiro, enfatizando que os associados são responsáveis pela realização de 56% de todos os exames feitos na saúde suplementar, Priscilla teve a oportunidade de falar sobre a evolução da medicina diagnóstica diante da pandemia de COVID-19.

“O setor de diagnósticos, que é prestador de serviços assim como os hospitais, foi muito impactado na pandemia. Os pacientes desapareceram das unidades e a queda no atendimento de laboratórios e clínicas chegou a 70%”, comentou a executiva mencionando que a rede privada de laboratórios foi muito eficiente e, logo que o primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus foi confirmado no Brasil, saiu em disparada para desenvolver os exames e, assim, poder testar a população o mais rapidamente possível.

Claro que uma pandemia dessas proporções também traz desafios diários para as equipes de saúde. Segundo Priscilla, um dos principais foi a disputa internacional por insumos. “Somos um setor dependente da indústria estrangeira e competimos com muitos outros países”, disse. No que diz respeito à importação, Priscilla comemorou o fato de que se por um lado tínhamos dificuldade em obter esses produtos do mercado externo, por outro o setor conseguiu duas vitórias junto Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): liberação dos insumos em apenas 24 horas (antes levava 10 dias), e isenção fiscal em mais de 200 itens.

Outro desafio mencionado por Priscilla durante o encontro virtual foi a interrupção da malha aérea e de problemas relativos ao transporte terrestre, o que colocou todo o setor em contato direto com o Ministério da Infraestrutura para minimizar os entraves, o que foi essencial.

Vencidos muitos empecilhos, na opinião da diretora da Abramed, houve uma evolução natural e gradual do combate à crise e, hoje, a situação soa praticamente normalizada. “O setor já segue rígidas regulações focadas na segurança do paciente. Passamos a comunicar as pessoas de que elas deveriam retomar seus cuidados com a saúde. Em junho começamos a ver um reaquecimento e hoje ainda não chegamos ao mesmo nível pré-pandemia, mas estamos muito perto disso”, declarou.

Como em toda crise, a pandemia de COVID-19 despertou a criatividade das empresas. “O que o setor tem feito para se reinventar”, questionou Stingelin. Priscilla mencionou a ampliação do atendimento na residência, com coletas domiciliares, e a vasta implementação do drive-thru, dando segurança e conforto para os pacientes. Paralelamente, mencionou uma certa competitividade prejudicial que fez com que houvesse muita irresponsabilidade na realização de testes em locais totalmente inapropriados. “Vimos testes para COVID-19 sendo feitos em postos de gasolina, conduzidos por profissionais que nem mesmo a máscara sabiam utilizar corretamente”, declarou. “Qual a procedência desses testes? Eles tiveram sua qualidade comprovada”, complementou.

Interessado em entender as lições que uma pandemia infecciosa como a do novo coronavírus gera em um setor tão importante da economia, Stingelin perguntou: “qual o grande aprendizado que veio para ficar e mudará a dinâmica do setor daqui para frente?”. Para Priscilla, a resposta está na telemedicina e na ampliação do diálogo entre todos os atores da complexa cadeia de saúde. “O telediagnóstico já existe há dez anos, mas a telessaúde como um todo, que a gente já desejava, foi acelerada e é um caminho sem volta. Assim como o diálogo que melhorou muito. Vimos muitas decisões serem tomadas a várias mãos e uma melhor comunicação com o governo”, apontou.

Novos pleitos do setor

Bastos questionou Priscilla sobre qual a atual agenda da medicina diagnóstica. Foi quando a executiva elencou os principais pleitos do segmento, começando pelas análises das Consultas Públicas 911 e 912 – que revisam a RDC 44, que regula as farmácias, e a RDC 302, responsável pelas diretrizes de funcionamento dos laboratórios clínicos – legislações que estão em andamento e visam a liberação de exames em farmácias e drogarias.

“Essa é uma discussão ampla, complexa, com prós e contras. Nosso setor entende que esse é sim um caminho, mas que não pode haver dois pesos e duas medidas. Caso as farmácias passem a realizar exames, deve haver regulação exatamente igual à que há para os laboratórios, até porque são justamente esses rígidos protocolos que garantem a segurança dos pacientes”, explicou.

Na sequência, Priscilla apresentou qual a percepção do setor quanto à atual Reforma Tributária que corre no Congresso Nacional, lembrando que laboratórios e clínicas de imagem apoiam a desburocratização, desde que haja neutralidade e que a essencialidade da saúde – bem como da educação – seja reconhecida. “As propostas que estamos vendo gerarão uma superoneração do sistema de saúde. Na medicina diagnóstica o aumento da carga tributária pode ultrapassar 40%. As empresas do setor, que não conseguirão arcar com suas folhas de pagamento, vão demitir e fechar; os beneficiários de planos de saúde vão ter dificuldade em manter seus convênios, migrando para o SUS; e o acesso ficará restrito independentemente da classe social das pessoas. É um problema que afeta todos”, explicou.

A executiva aproveitou a oportunidade para mencionar a campanha digital #aSaudeNaoPodePagarEssaConta e a aliança Saúde e Educação, formada entre os dois setores, para lutar pelo reconhecimento de sua essencialidade.

Oferecendo ambiente seguro e tecnológico, é possível atender todos os pacientes com confiança

Confira a entrevista com Carlos Figueiredo, do HCor, sobre telemedicina, COVID-19 e a importância de um setor unido e diverso

28 de setembro de 2020

É notório que a pandemia de COVID-19 impactou todos os setores e mudou muitos dos processos há anos consolidados. Com a tecnologia agregada ao DNA das corporações, a adaptação foi menos densa. Para Carlos Figueiredo, superintendente de Negócios e Operações do HCor, a telemedicina se tornou um dos pilares de inovação da instituição.

Paralelamente a esse avanço, que já fazia parte da realidade do hospital, mas foi alavancado pelo novo coronavírus, serviços de saúde tiveram de se movimentar a fim de criar um ambiente seguro para receber tanto pacientes com COVID-19 quanto pacientes que precisavam de consultas, exames e atendimentos para outras tantas doenças que nunca deixaram de se manifestar. E criar uma relação de confiança foi o que fez o HCor conseguir trazer esses pacientes de volta ao estabelecimento.

Nessa entrevista exclusiva para o Abramed em Foco, Figueiredo também fala sobre a importância de um setor unido e diverso para que a troca de experiências seja proveitosa.

Confira a entrevista completa.

Abramed em Foco – Em 2019, a Central de Telemedicina do HCor – que emite laudos à distância de exames de eletrocardiograma (ECG) para todo o país – completou 10 anos atingindo a marca de 1 milhão de laudos. O que a telemedicina representa para a instituição?

Carlos Figueiredo – Desde que começamos a atender aos usuários do SAMU através do Tele-Eletrocardiograma, muita coisa mudou na Telemedicina. Naquela época, o principal objetivo era levar atendimento qualificado a regiões onde não havia disponibilidade de profissionais e equipamentos para atender um caso de emergência cardiológica. Um cidadão de um município longínquo que sofria uma dor no peito e era atendido pela equipe do SAMU, realizando um eletrocardiograma em tempo real, com laudo feito aqui no HCor, por uma equipe médica altamente qualificada, com recomendação da melhor conduta de continuidade do cuidado, usando os protocolos mais atuais. Isso foi a diferença entre a vida e a morte de muitas pessoas. Atualmente, oferecemos outras modalidades de atendimento, como segunda opinião médica e consultas. A telemedicina é um dos pilares de inovação do HCor. É um caminho que a pandemia da Covid-19 consolidou.

Abramed em Foco – Há mais de um ano, o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentou o atendimento online no Brasil e, com a pandemia de COVID-19, passamos a integrar essa realidade em nossa rotina. Quais ainda são os grandes desafios da telemedicina no país?

Carlos Figueiredo – Vejo a telemedicina como uma grande oportunidade de acesso, como no caso do Tele-Eletrocardiograma. Sabemos que há diversas regiões do país que são carentes de profissionais e equipamentos. Mas para a telemedicina disponibilizar todo o potencial que ela pode nos proporcionar, precisamos de infraestrutura de telecomunicações. Há lugares onde não temos banda larga de qualidade que nos permita fazer um atendimento em tempo real, seja para avaliar e laudar exames de imagens ou seja para uma avaliação de segunda opinião entre dois médicos. Outro desafio importante é cuidarmos para que não percamos o contato, o toque e tudo que compreende o processo do diagnóstico do paciente. De qualquer forma, esse é um aspecto que a tecnologia tem evoluído muito rapidamente. Antes pensávamos que a tecnologia iria nos afastar, hoje estamos mais próximos. Mesmo de longe.

Abramed em Foco – O Centro de Diagnósticos por Imagem HCor disponibiliza serviços como tomografia computadorizada, ressonância magnética, medicina nuclear, mamografia, MAPA, ecocardiograma e serviços de laboratório, entre outros. Durante a pandemia do novo coronavírus, muitos brasileiros estão deixando de realizar exames e de se prevenirem de outras doenças. Esses exames tiveram queda no número de realizações no CD HCor? Como a instituição está lidando com esse cenário?

Carlos Figueiredo – Assim como todas as instituições, precisamos construir fluxos específicos para pacientes Covid-19 e pacientes que denominamos do HCor+Seguro – ou seja, pacientes sem sintomas clínicos da doença. No primeiro momento, muitos pacientes, mesmo precisando realizar exames e outros procedimentos, deixaram de frequentar as instituições de saúde por medo de contrair a doença. Mas conseguimos construir fluxos seguros, de isolamento e distanciamento social, que transmitiram aos pacientes a segurança necessária para retomarem seus cuidados. Atualmente, conseguimos atender a todos, seja no fluxo da síndrome gripal ou no HCor+Seguro, com todas as regras e protocolos de proteção e segurança necessários.

Abramed em Foco – O Centro de Diagnósticos por Imagem do HCor reúne tecnologias avançadas e equipamentos de última geração. A inovação na esfera hospitalar é essencial, sobretudo para manter a competitividade da instituição no mercado. Em seu ponto de vista, o fortalecimento do setor está diretamente atrelado à inovação tecnológica?

Carlos Figueiredo – Diria que inovação e tecnologia são pilares do fortalecimento do setor. Com a evolução, temos conseguido oferecer uma gama cada vez maior de exames, com precisão e confiabilidade, embora o acesso a esses serviços ainda possa melhorar. Não é incomum um paciente precisar de um determinado exame e não encontrar locais onde realizá-lo. E, quando encontra, ou precisa se deslocar um longo tempo ou a disponibilidade de agenda não é imediata. O acesso é algo que ainda precisa evoluir em nosso sistema de saúde.

Abramed em Foco – Quais lições a Saúde pode aprender com a pandemia do novo coronavírus, especialmente a área de medicina diagnóstica?

Carlos Figueiredo – Diria que nossa maior lição foi entender que a velocidade de adaptação de processos e adoção de protocolos de segurança fazem a diferença. Foi necessário conquistar a confiança de nossos pacientes, através de medidas e ações concretas. Lembrem-se que, felizmente, os pacientes são bem informados e exigentes, conhecem os riscos da doença e sabem quando uma instituição de saúde está oferecendo medidas adequadas de proteção. Outro aspecto fundamental foi a capacidade de nossas equipes de lidarem com esses novos fluxos distintos. Como sempre, pessoas preparadas e engajadas são a receita do sucesso.

Abramed em Foco – Qual a importância de uma associação como a Abramed congregar serviços diversos dentro da área da medicina diagnóstica, incorporando desde hospitais, grandes grupos laboratoriais e até mesmo as pequenas empresas que atuam no segmento?

Carlos Figueiredo – A diversidade de experiências é fundamental. Aprendemos umas com as outras, através de compartilhamento de melhores práticas. E não importa o tamanho da organização, os problemas atingem a todos. A Abramed é um catalisador de processos. Isso faz com que o setor de medicina diagnóstica como um todo evolua. Ao mesmo tempo, a cooperação na troca de melhores práticas estimula a competição na oferta de melhores serviços aos nossos pacientes. É o que chamamos de coopetição. Cooperamos nas melhores práticas e competimos na conquista dos clientes através dos melhores serviços. No resultado final, ganham os pacientes.

Abramed em Foco – Este ano, a Abramed comemora 10 anos. Como associado, o que esperar da Associação para a próxima década?

Carlos Figueiredo – A Abramed já se consolidou como entidade representativa do segmento e como fórum de compartilhamento de melhores práticas, através dos diversos comitês e grupos técnicos. Espero que ela cresça no número de associados, para que, cada vez mais, outras organizações possam trilhar esses caminhos. Ganha o setor de medicina diagnóstica, ganha o setor saúde como um todo e, acima de tudo, ganham os nossos pacientes.

Presidente da Abramed fala ao Domingo Espetacular sobre regulamentação de laboratórios no país

O nosso presidente do Conselho de Administração, Wilson Shcolnik, participou da última edição do Domingo Espetacular, transmitida pela TV Record no dia 27/9, falando sobre a regulamentação no setor. Em reportagem, o telejornal denunciou um laboratório clandestino que realiza testes de covid-19 sem autorização no centro de São Paulo.

De acordo com o veículo, os exames realizados nesse labotarótio são adquiridos por estrangeiros, principalmente bolivianos, que querem deixar o Brasil durante a pandemia e precisam comprovar que não estão infectados pelo coronavírus. O Domingo Espetacular denuncia que a empresa não possuiu licença sanitária municipal ativa

“A legislação atual impõe desde requisitos de infraestrutura, como medições de sala, pias, lavatórios e macas, até a realização do controle de qualidade dos exames laboratoriais”, disse Shcolnik sobre a regulamentação do setor.

Assista a reportagem completa em: https://bit.ly/2HCMCl0

Expectativa x Realidade – Quais os pontos de discordância da CP 912?

Encontro virtual promovido pela LabRede coloca em debate a nova consulta pública proposta pela Anvisa que considera a realização de exames fora dos ambientes laboratoriais

25 de setembro de 2020

Na noite de 24 de setembro, três especialistas da área laboratorial estiveram reunidos em um debate virtual promovido pela LabRede para discutir a Consulta Pública 912, que envolve a revisão da RDC 302 e impacta diretamente o setor de medicina diagnóstica. Mediada por Roberto Joji Kimura, biomédico e CEO da Sancet Medicina Diagnóstica; a conversa recebeu Luisane Vieira, médica patologista clínica, auditora e consultora em gestão de qualidade; e Wilson Shcolnik, médico patologista clínico e presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

O webinar traçou um paralelo entre a expectativa do setor quanto à revisão da RDC 302 e a realidade que está se construindo com base na proposta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Foram colocados todos os principais pontos de discordância do segmento quanto à essa legislação.

Quando o setor analisou o texto da CP 912, na opinião de Shcolnik, o primeiro sentimento foi de espanto e preocupação, visto que foram muitas as solicitações para que a revisão da RDC 302 entrasse na agenda, mas o texto apresentado para a consulta pública deixa de considerar muitos dos apontamentos dos laboratórios clínicos. Porém, na visão do presidente da Abramed, vivemos um momento oportuno para que todos estejam unidos em prol de uma única batalha.

“Esse cenário criou uma oportunidade para que as entidades se aglutinassem em torno desse tema. É um momento importante para a história das análises clínicas”, enfatizou ao mencionar que uma recente reunião com a Anvisa para tratar especificamente desse assunto contou com a participação do Conselho Federal de Medicina (CFM), Conselho Federal de Farmácia (CFF), Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), Confederação Nacional da Saúde (CNSaúde), Associação Brasileira de Biomedicina (ABBM), além da Abramed e de vários sindicatos de várias regiões do país.

Um dos primeiros pontos de estranhamento apresentados no debate diz respeito a mudanças diretas no cenário de exames laboratoriais. “A impressão que tivemos foi que há um movimento para realização de exames laboratoriais em configurações diferentes das atuais, uma ampliação para que esses exames possam ser realizados por outras entidades como se análise clínica fosse uma atividade que pode ser feita por qualquer pessoa e em qualquer equipamento”, comentou Luisane.

Concordando com essa percepção, Shcolnik enfatizou a relevância das análises clínicas, atividade responsável por exames preditivos, confirmação de diagnósticos, definição e monitoramento de tratamentos e, inclusive, pela medicina personalizada, um grande avanço da saúde que depende dos resultados laboratoriais para ser constituída. “Nos sentimos desprestigiados diante dessa nova proposta”, apontou.

Testes Laboratoriais Remotos – TLR

Os Testes Laboratoriais Remotos (TLR), também conhecidos por sua terminologia em inglês Point-of-Care (POCT), existem há décadas no mercado e já eram mencionados na RDC 302. Com essa nova consulta pública, o assunto volta ao debate. “Nós que trabalhamos em laboratórios clínicos sabemos das virtudes e dos problemas desses testes, então a questão mercadológica não nos assusta”, explicou Shcolnik. Na visão do executivo, o problema está na forma como esses testes são realizados. “Temos visto exames sendo feitos em farmácias, mas também em outros locais como postos de gasolina, consultórios odontológicos e até pet shops. Será que todo mundo tem capacitação para realizar um exame, por mais simples que seja o dispositivo?”, questionou lembrando que o setor de laboratórios é um setor regulado com muita rigidez e que deve permanecer assim para que os interesses sanitários e populacionais sejam plenamente atendidos.

Para os especialistas, um dos pontos mais importantes e que precisam ser questionados está em quais exames serão permitidos fora do ambiente laboratorial. “Uma tira reagente de urina, uma pesquisa de sangue oculto nas fezes, uma glicemia em sangue capilar, são exemplos com equipamentos e sistemas de operação simples onde o risco é considerado tolerável para que seja executado sem toda a regulamentação que o laboratório clínico deve atender”, disse Luisane antes de explicar por qual motivo os TLRs são considerados complexos.

“Podemos fazer um teste para dengue em uma campanha de saúde de forma remota e podemos fazer dentro do laboratório. É o mesmo teste. O que caracteriza o TLR é que o resultado será entregue sem passar por toda a cadeia que o laboratório executa antes da geração do laudo. O resultado é imediato e por isso é de alto risco”, explicou.

Complementando esse raciocínio, Shcolnik, que é médico patologista clínico, questionou até onde a Anvisa pretende liberalizar os testes. “Hoje temos TLR até para biologia molecular e metodologias mais complexas. É desejo da Agência liberar todos os tipos de testes fora do ambiente laboratorial? Será que a população estará segura para receber resultados com essa complexidade?”, questionou.

Segundo o executivo, a própria consulta pública conta com documentos e estudos internacionais que mostram que os outros países impõem limites claros. “A Inglaterra permite a realização apenas de glicemia, colesterol, gripe e hepatites A e B nas farmácias. Na Escócia, o documento diz que farmácias podem realizar apenas testes de gravidez e de HIV. Já a França autoriza a realização desses testes fora dos laboratórios para glicemia, influenza e estreptococos do grupo A”, apontou.

O que está por trás da limitação? São criadas categorias para os testes remotos com base em diversos critérios como conhecimento, treinamento, experiência; preparação de materiais e de reagentes; e características dos espaços operacionais. Além disso, a liberação dos exames também obedece a critérios como calibração, controle de qualidade, ensaios de proficiência, resolução de problemas comuns, manutenção dos equipamentos, interpretação e julgamento de resultados. “Tanto o local quanto a pessoa que vai realizar esses testes fora do ambiente laboratorial devem atender a todos esses requisitos que servem para categorizar os exames”, completou Shcolnik.

Programas de ensaio de proficiência, inclusive, são fundamentais, na opinião do executivo, para que os diferentes kits que apresentam desempenho variável tenham essas diferenças evidenciadas e possam ser sinalizados aqueles com melhor qualidade.

Expectativa x Realidade

Shcolnik se mostrou confiante. “Acredito que com os dados que apresentamos à Anvisa e com todo o nosso conhecimento para contribuir com uma revisão saudável da RDC 302 chegaremos a um bom termo que levará benefícios para todos nós, profissionais sérios que atuam em laboratórios clínicos, e para todos os pacientes que recorrem aos nossos serviços”, disse.

Parafraseando Ariano Suassuna, Luisane disse que “o otimista é bobo, o pessimista é chato e bom mesmo é ser um realista esperançoso”. Para ela, é preciso entender o atual cenário e se posicionar. “Gostaria que todos lessem a CP 912 e comparassem com a RDC 302 e que se manifestassem”, comentou ao incentivar que tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas acessassem a consulta pública para opinar.

Encerrando o webinar, Kimura questionou: “qual vai ser o desfecho disso tudo?”. Segundo ele, o momento é dinâmico e trará muito aprendizado e conhecimento para todos.

Ambiente acolhedor, multidisciplinar e envolvimento de todos os atores contribuem para experiências positivas na saúde

Quarto encontro da série #DiálogosDigitais Abramed tratou da experiência na jornada do paciente

24 de setembro de 2020

Colocar o paciente no centro do cuidado já é uma percepção fundamentada na saúde. Hoje, mais do que permitir que ele protagonize seu próprio atendimento, as instituições de saúde estão preocupadas em como esse paciente enfrenta toda a sua jornada. Impactos da pandemia, valor, inovações e tecnologia foram os temas abordados no quarto episódio da série #DiálogosDigitais Abramed, encontro virtual realizado na tarde de 22 de setembro.

O debate contou com profissionais com ampla expertise para a construção de um bate-papo positivo sobre o tema. Participaram Adriano Caldas, general manager da Guerbet do Brasil; Luis Natel, CEO do Grupo Oncoclínicas; e Maria Alice Rocha, diretora-executiva de Pessoas e Experiência do Cliente da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. A conversa foi moderada por Ademar Paes Junior, membro do Conselho de Administração da Abramed e sócio médico radiologista da Clínica Imagem.

“Nesse ano de 2020 é impossível não falarmos sobre o impacto de toda a transformação impulsionada pela COVID-19 na jornada e na experiência do paciente”, disse Ademar ao abrir o diálogo, dando a oportunidade para que os palestrantes comentassem como o novo coronavírus transformou suas atividades e qual a percepção de seus pacientes diante desses inúmeros desafios.

Na visão de Natel, que está habituado a gerenciar pacientes oncológicos e, por isso, com múltiplas necessidades distintas, o fato do Grupo Oncoclínicas ter investido no estabelecimento de um bom processo de governança, com um comitê de crise que permitiu decisões ágeis, foi fundamental para que os pacientes continuassem tendo acesso integral aos seus tratamentos. “Conseguimos manter a linearidade de tratamento dos nossos pacientes durante a pandemia. Temos uma tabela de controle daqueles que não compareceram nos últimos meses e esses poucos não vieram ou por ter alguma outra comorbidade mais importante ou por ter sido internado por COVID-19. Mas todo o restante, a maioria, em 15 dias do início da pandemia já tinha retornado aos seus tratamentos”, pontuou enfatizando que o câncer não espera a pandemia passar para surgir e se agravar.

Na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, que tem três unidades hospitalares espalhadas por São Paulo, a pandemia trouxe impactos de grandes dimensões, porém um bom alinhamento interno entre as equipes e o corpo clínico permitiu que os pacientes sentissem segurança na instituição para retomar os tratamentos. “A nossa relação direta com os pacientes e a proximidade deles com todas as especialidades deram a sensação de segurança que eles precisavam”, disse Maria Alice.

Complementando esse raciocínio, Natel estende essa visão de acolhimento aos familiares e acompanhantes, principalmente quando se trata do setor de oncologia. “No nosso caso, cada paciente tem suas necessidades pessoais. Além disso, o câncer afeta o contexto completo da família. Por isso é preciso manter a proximidade tanto com o paciente em si quanto com quem o acompanha, compartilhando detalhes sobre o tratamento, os efeitos adversos e qual a importância do apoio familiar durante todo o processo”, comentou. Além disso, o presidente enfatizou que o grupo está diariamente questionando os pacientes sobre suas experiências de atendimento em todas as etapas a fim de identificar falhas e potenciais melhorias.

Tecnologia como aliada

Para a executiva da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, a construção do bom relacionamento entre paciente e hospital pode ser ampliada por meio da tecnologia. “Credibilidade se cultiva todos os dias. E quando o paciente precisa da instituição para receber a segurança necessária e seguir com seu tratamento é que essa credibilidade é testada. No momento em que a relação entre médico e paciente já está próxima e consolidada, baseada em confiança mútua, a tecnologia chega para facilitar”, declarou Maria Alice ao mencionar a adesão à telemedicina.

Muita dessa tecnologia que ganhou corpo durante a pandemia nasceu por conta das adversidades na opinião de Caldas, da Guerbet do Brasil. Para o especialista, ao reduzir muitos dos passos burocráticos e permitir que o trâmite dentro do hospital seja mais acelerado, há ganho para todos os envolvidos, inclusive para o paciente. “Até mesmo o checkin do paciente, que antes envolvia vários passos após ele entrar no hospital e agora é feito grande parte de forma remota e antecipada, traz benefícios. São mudanças que surgiram e que não vão desaparecer após a COVID-19. Elas vão permanecer”, declarou.

Multiprofissional e multidisciplinar

A jornada do paciente depende de uma boa integração entre todos os elos da cadeia de saúde. “Quando falamos em ter uma equipe multidisciplinar pensamos na necessidade de envolvimento do médico, que é parte fundamental dos tratamentos, mas também dos técnicos de enfermagem, dos enfermeiros, dos farmacêuticos e psicólogos”, disse Natel ao relatar que todos esses trabalhadores precisam estar alinhados com o propósito de construir um ambiente acolhedor e seguro.

Porém, não adianta ter todo um ambiente preparado se o paciente não tem acesso correto a ele. Quando o assunto foi a mudança de comportamento desse paciente nos últimos tempos, Maria Alice mencionou que percebe sim uma alteração na forma como o paciente busca o atendimento, que muitas vezes se concentra no pronto-socorro. “Historicamente falando, a dificuldade de acesso para chegar a uma consulta levava muitas pessoas a buscar atendimento no pronto-socorro a fim de evitar os dias de demora para agendar e conseguir uma consulta. Quando temos uma oferta completa, acesso facilitado para o serviço certo e uma perspectiva de cuidado contínuo, essa migração passa a ser natural e representa um enorme ganho para o paciente, que começa a ter um serviço integrado”, completou.

Para Caldas, a indústria também tem atuação muito relevante na construção dessa jornada positiva que ultrapassa a inovação e a melhoria de processos, o que mostra que além de multidisciplinar dentro dos preceitos da medicina, é preciso que o engajamento seja multiprofissional. “Nosso papel, como indústria, não é somente oferecer produtos de alta qualidade e que promovam a segurança dos pacientes, mas trabalhar em conjunto com todos os atores em protocolos adequados e indicações corretas para o melhor uso daqueles produtos”, esclareceu.

Para finalizar, Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed, a pedido do presidente do Conselho de Administração da entidade, Wilson Shcolnik, solicitou que os participantes resumissem em uma só palavra um valor principal que constrói a jornada positiva do paciente. Maria Alice escolheu “boa saúde”; Adriano apontou “respeito”; Natel definiu como “propósito”; e Junior escolheu “confiança”.

O bate-papo completo deste episódio está disponível no canal do YouTube da Abramed (clique AQUI para assistir) e a próxima edição está marcada para 6 de outubro e trará, como tema principal, “O futuro dos suprimentos de saúde”.