ABRAMED promove discussões no Global Summit 2021 sobre transformação digital na medicina diagnóstica

A convite da entidade, especialistas em tecnologia e em telessaúde falaram sobre o 5G e as inúmeras possibilidades de aplicações, bem como os desafios e as oportunidades que ajudarão a aprimorar a qualidade do diagnóstico e a experiência do paciente 

A Abramed participou da edição 2021 do Global Summit Telemedicine & Digital Health visando discutir a saúde digital e os seus impactos na medicina diagnóstica. O evento é promovido anualmente pela Associação Paulista de Medicina (APM) em parceria com o Transamerica Expo Center e aconteceu de 9 a 13 de novembro. 

No segundo dia de evento, Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, moderou o painel “Empresas de Diagnóstico”, com participação de Daniella Maria M. Bahia, diretora Médica do Grupo Fleury; Victor Gadelha, head de Inovação Médica de Operações Hospitalares e Cuidados Integrados da DASA; Gustavo Meireles, vice-presidente médico do Grupo Alliar Médicos à Frente; e Istvan Camargo, head do Skyhub do Grupo Sabin.

Eles abordaram temas como a saúde digital no diagnóstico a serviço da melhor experiência na Saúde, a inovação como caminho para saúde baseada em valor, as estratégias para geração de valor, eficiência e qualidade em diagnóstico por imagem e a transformação da user experience de análises clínicas. 

Shcolnik acentuou que a saúde digital tem papel importante na eficiência do diagnóstico, na melhoria da experiência do paciente, na qualidade do atendimento e também na redução de custos. “Este é um processo irreversível e vem acontecendo aceleradamente no setor”, ressalta. 

Daniela trouxe diversos aspectos sobre como a experiência do usuário, médico ou paciente, deve ser agradável e reforçou como isso conquistou relevância nos últimos dez anos. No entanto, segundo a médica, ainda existe um questionamento a respeito de ainda ser possível conciliar a humanização e o digital mantendo uma boa experiência e respondeu à pergunta afirmativamente. “Fazemos telemedicina desde os primórdios da medicina diagnóstica se pensarmos nos 95 anos do Fleury, por exemplo, e nas inteirações entre os profissionais discutindo casos clínicos. No contexto do diagnóstico, na radiologia especificamente, isso é uma realidade, e sabemos quanto a digitalização nos auxiliou no contexto da covid-19 e também na hematologia, o quão é possível uma centralização de laudos. São recursos que agilizam o diagnóstico, que permitem acurácia e qualidade no nosso dia a dia. A mesma coisa na patologia digital, trazendo flexibilidade no local de trabalho”, enfatiza.

E é exatamente a experiência do paciente que embasa esse processo de transformação digital tão importante para a saúde que foi contextualizado por Victor Gadelha. Nesse cenário, os pacientes têm conquistado cada vez mais força e estão engajando-se cada vez mais em seu tratamento, demandando do profissional de saúde outro comportamento. Segundo ele, a medicina baseada em evidência mudou a saúde e a colocou um patamar muito avançado, mas a medicina de precisão e os algoritmos permitem um passo a diante. 

Com esse aprendizado profundo e inteligência artificial, é possível descer ao nível do indivíduo, o que está muito forte, por exemplo, na genética. “O algoritmo é importantíssimo para diagnosticar precocemente as doenças e fazer uma terapia que entregue muito valor em saúde, melhorando muito o desfecho clínico e fazendo as pessoas viverem por mais tempo. Esse é um atributo fundamental. E já estamos vendo isso. Criamos esse mundo real baseado em dados”, complementa. 

Ainda sobre agregar valor, Gustavo Meireles trouxe um exemplo real sobre algumas estratégias de geração de valor, eficiência e qualidade em diagnóstico por imagem. O executivo detalhou um modelo que já vem sendo operado no Grupo Alliar há alguns anos, que é a IDR (Inteligência Diagnóstica Remota), uma plataforma de soluções em saúde que congrega um command center, treinamentos, protocolos padronizados, algoritmos de inteligência artificial, serviços de telemedicina – incluindo telerradiologia e telecardiologia – e reconstruções avançadas. Na radiologia e no diagnóstico por imagem, por exemplo, ela surge como apoio para a realização de exames à distância, comandados remotamente por médicos especialistas e feitos por braços robóticos. 

“Isso permite não só ampliar o acesso, levando os exames para regiões mais distantes, como também diminui o tempo de realização e aumenta a assertividade dos diagnósticos, inclusive com apoio da inteligência artificial para fazer as primeiras triagens e reconstruir as imagens em 3D. O objetivo é aumento das receitas, disponibilidade maior de ativos, redução de custos, a qualidade médica e de gestão, gerando, claro, valor para o cliente final”, ressalta Meireles. 

Voltando um pouco para experiência do paciente e entrando especialmente na esfera das transformações nas análises clínicas, Istvan Camargo contextualizou que esse conceito de inovação mudou, assim como no mercado como um todo. Ela está deixando de ser direcionada somente a novos produtos, medicamentos, testes, vacinas, e volta-se, especialmente, à geração do valor, com foco mais do que nunca na experiência do usuário. “É aqui que a inovação deve acontecer daqui para diante. Nesse ponto, o setor de saúde sempre foi muito criticado e apontado como conservador, mas é preciso quebrar esse dogma. De fato, sempre investimos muito em produto e temos uma prestação de serviços de excelência. Mas, o consumidor quer mais e busca uma experiência mais similar com a que está acostumado em outros setores de sua vida. A boa notícia é que não estamos parados: a pandemia acelerou isso e mexeu profundamente com a UX.” 

No caso do usuário de análises clínicas, Camargo ressalta que a aplicação da tecnologia já avançou e está desde a consulta e o pedido médico, agendamento do exame, preparação e orientação, até a realização dos exames e o envio dos resultados, ajudando a trazer mais fluidez e otimização dos processos. 

Painel Nacional – Abramed e Anahp

No dia 11, representando a Abramed, Carlos Figueiredo, superintendente de Negócios e Operações do HCor, abordou os desafios da telessaúde na medicina diagnóstica. Figueiredo contou como o telediagnóstico já vem sendo usado na prática, por meio do TeleCG, um programa no HCor com o PROADI-SUS, que atende os pacientes nas ambulâncias do SAMU. Os exames à distância ampliam o acesso ao diagnóstico em regiões com escassez de recursos, equilibrando a oferta e a demanda, bem como aumentam a qualidade da avaliação diagnóstica, em especial se combinados a ferramentas de suporte à decisão clínica e algoritmos de inteligência artificial que ajudam na priorização dos diagnósticos, evidenciando o que, talvez, não seria percebido pelo olho humano. Além, claro, de proporcionar redução de custos. 

“Às vezes não temos disponibilidade de profissionais para fazer uma avaliação de um eletro em tempo real. Com o telediagnóstico, atingimos uma população que, se não fosse através de uma ferramenta digital, não teria acesso no tempo necessário e no local necessário”, enfatiza. 

Sobre os desafios, Figueiredo ressaltou que nesses dois anos a adoção de métodos digitais acelerou de uma forma que, em períodos normais, aconteceria em décadas. No entanto, enfatizou que ainda existem muitos problemas relacionados a infraestrutura no país. Muitas cidades no Brasil ainda não têm acesso a conexão de qualidade para a integração e para que o diagnóstico aconteça no tempo e na forma adequada, com discrepâncias entre regiões. A segurança da informação também foi apontada como desafio recente e deve ser olhada com atenção, assim como as barreiras culturais, que, dependendo do tipo da aplicação, principalmente na área diagnóstica, ainda existem. Além disso, outro ponto é a dificuldade de dar seguimento ao cuidado, seja no tratamento, seja na orientação do profissional que está recebendo o laudo a respeito da conduta a ser seguida. “É preciso oferecer não só o diagnóstico e orientação, mas também mecanismos e ferramentas que gerem disponibilidade no sistema para continuidade no tratamento”, reforça.

Participaram ainda do debate Eduardo Cordioli, gerente médico de telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein e presidente da Saúde Digital Brasil e Felipe Cabral, Coordenador Médico de Saúde Digital do Hospital Moinhos de Vento.

Cordioli complementou um ponto importante colocado por Figueiredo, que é a falta de estrutura. Para o especialista, a chegada do 5G será uma importante alavanca para levar ao cenário ideal da saúde: médicos e pacientes conectados ao longo de toda a jornada do cuidado. Cabral também colocou a interoperabilidade e a colaboração entre todos os stakeholders da saúde também foi apontada como uma condição essencial. Assim como, a educação e o treinamento dos profissionais para estarem aptos a exercerem com excelência a telemedicina, que nada mais é do que medicina.

Diagnóstico e genética foram tema do quarto episódio de #DiálogosDigitais Abramed

Exames genéticos, diagnósticos mais precisos, oncologia de precisão, painéis hereditários e mapeamento genético estiveram entre os assuntos debatidos no encontro virtual

O quarto episódio de 2021 da série #DiálogosDigitais Abramed abordou o tema “A prevenção é mesmo o futuro? Diagnóstico e Genética”. O bate-papo aconteceu no dia 16 de novembro e contou com a moderação de Cristovam Scapulatempo Neto, diretor médico de Anatomia Patológica e Genética da DASA e diretor do Comitê de Anatomia Patológica da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

Participaram como convidados Fábio Ferreira, coordenador da Clínica de Alto Risco da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Mariano Zalis, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da OC Precision Medicine; e Marlene Oliveira, presidente e fundadora do Instituto Lado a Lado pela Vida.

Zalis explicou que desde o momento que se tem um câncer e o tumor começa a crescer, é importante entender quais foram as mudanças que geraram a doença, ou seja, não apenas os riscos genéticos, mas também a influência do sol, do tabaco, do álcool e do meio ambiente onde a pessoa vive. “Saber quais são essas mudanças está muito relacionado com o tipo do tratamento. Há, atualmente, drogas-alvos associadas a uma mutação específica de um gene e cada vez mais surgem novas drogas, novas terapias, referentes às mudanças genéticas do câncer”, expôs.

Ele disse que o monitoramento do tumor está virando uma realidade, pois já existe exame de sangue para detecção precoce do câncer. “Atualmente há algoritmos para identificar modificações no DNA que são muito específicas para o tumor e o tecido. O sistema de acetilação consegue identificar a origem do DNA tumoral. Chegaremos ao ponto onde o paciente terá um rastreamento precoce, principalmente pessoas com alto risco de ter câncer. E depois ainda tem o monitoramento com drogas específicas, sendo uma terapia de precisão.”

Também foi comentado que a biópsia líquida não substitui o patologista, mas veio para ficar. “Chega o momento em que não se tem o material e não adianta utilizar o mesmo de um ano atrás, pois ele se tornou geneticamente outro e agora está muito mais complexo, com muito mais mutações perigosas, não tem mais como consertar o DNA. Hoje é possível sequenciar os genes sem precisar expor o paciente”, contou. 

Por sua vez, Marlene apresentou o trabalho do Instituto Lado a Lado pela Vida, que percorre o país inteiro para orientar e conscientizar a população, com foco na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer. “Hoje, o tumor tem nome e sobrenome. Como traduzir isso para o paciente, os familiares e o cuidador? É isso que fazemos através de nossas campanhas, como a de Novembro Azul e Outubro Rosa.”

A instituição foi uma das primeiras do país a falar do câncer de pulmão além do tabaco. Antigamente, 7% dos pacientes com câncer nunca fumaram. Hoje, já são 22%. Vários fatores precisam ser entendidos e orientados. “Estamos realizando um trabalho muito forte também de políticas públicas. Não adianta a medicina avançar e as pessoas não terem acesso a ela.”

Marlene destacou que a medicina personalizada pode ser uma luz e que a instituição precisa acender esse interruptor, pois só assim será possível influenciar positivamente o cenário da saúde no país, com profissionais de saúde, pacientes, familiares, gestores, todos focados na conscientização.

O Instituto Lado a Lado pela Vida foi a primeira organização social a incluir, em 2015, a medicina personalizada na agenda, tanto na comunicação com a sociedade, quanto realizando eventos com formuladores de políticas públicas. “A medicina personalizada pode organizar todo o sistema de saúde. Precisamos avançar nessas discussões e nos aproximar dos legisladores. Temos de ampliar o acesso aos testes, o que ainda está muito longe no sistema público de saúde”. Ao que Scapulatempo Neto comentou: “são dois caminhos, primeiro acesso ao teste e depois acesso ao tratamento.”

De acordo com Fábio Ferreira, medicina personalizada, de prevenção e previsão estão muito interligadas. “Ao ter uma medicina de precisão baseada em dados genômicos, acaba-se personalizando ainda mais o tratamento, sem esquecer o lado humano, a importância da consulta médica, o histórico familiar e o risco de fatores ambientais. Com isso, a longo prazo, diminuímos o custo do sistema de saúde. Trocaremos o diagnóstico em fase avançada por uma situação de risco pré-diagnóstico de câncer, permitindo que se invista em orientações e mudança de estilo de vida baseados naquele risco individual, genético, determinado pela tecnologia atual.” 

Segundo Ferreira, em pouco tempo, será possível, através de um simples exame de sangue, visualizar um painel de risco para câncer, doença cardiovascular e neurológica, por exemplo. “Isso é fundamental em termos de saúde pública. O caminho não é focar exclusivamente em mutações conhecidamente patogênicas, mas na ideia de desenvolvimento de estratégias de registro que permitam, em algum momento, também fazermos estudos poligênicos, que são os estudos de associação de genoma completo.” 

Disse ainda que ao mapear a população, é possível ter um perfil dos polimorfismos daquela comunidade e colocar os indivíduos em percentil de risco, o que permitiria, daqui a um tempo, fazer programas de rastreamento de forma muito mais dirigida.

Confira o quarto episódio desta temporada na íntegra clicando aqui.

5° FILIS discute a transformação e o futuro da medicina diagnóstica

Debate reuniu especialistas de mercado no segundo dia do evento

Moderado pelo conselheiro da Abramed e sócio da Clínica Imagem, Ademar Paes Junior, o debate “Transformação e o Futuro da Medicina Diagnóstica” marcou o segundo dia do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS).

Abordando temas relacionados à pandemia e a inovação, o painel contou com a participação de relevantes nomes do mercado como Armando Lopes, Diretor de Diagnósticos por Imagem e Digitalização da Siemens Healthineers na América Latina; Carlos Martins, presidente Roche Diagnóstica no Brasil; Cleber Morais, diretor-geral da Amazon Web Services; e Rafael Palombini, presidente e CEO da GE Healthcare para a América Latina. Juntos, eles discutiram como a Covid-19 transformou a visão da indústria diagnóstica, quais mudanças e oportunidades de avanços tecnológicos nos últimos 18 meses trouxeram para o Brasil e a humanidade.

“Na pandemia, a tecnologia passou a ser o grande habilitador de tudo, da manutenção preventiva, consulta remota, mas o mais importante é entender o paciente como o core de tudo isso, como a tecnologia pode ajudar o paciente nesta jornada”, afirmou Cleber Morais, da Amazon Web Services.

Para Morais, como divisão da Amazon que leva serviços de computação, armazenamento e segurança aos clientes através da internet, o apoio da empresa foi fundamental para ajudar os clientes a passar por este período pandêmico, destacando o papel da empresa na elaboração de uma das vacinas contra a Covid-19. “A Moderna utilizando uma tecnologia nossa, da WS, para conseguir desenvolver a vacina em um tempo recorde, por meio inteligência artificial, elasticidade e capacidade tecnológica maior”, reafirmando que o período consolidou a tecnologia como grande habilitador de redução de custos e acelerador de benefícios para os pacientes.

Mas antes da vacina ficar pronta, Carlos Martins, da Roche, lembrou que o teste diagnóstico foi “um herói silencioso no meio de tudo isso que ocorreu”. “Isolar doentes para separar da população saudável foi o que pode nos salvar antes da vacina”, pontuou ele, que utilizou dados significativos para contextualizar a relevância da medicina diagnóstica na prevenção e cura de doenças: “70% das decisões clínicas são baseadas em exames diagnósticos, seja in vitro, de laboratório; ou in vivo, no doente, de imagem”.

Segundo ele, devido à demanda, foi necessário um foco muito grande para que o primeiro teste de RT-PCR fosse lançado em janeiro de 2020. Deste esforço, ele acredita que nasceu um dos principais aprendizados da pandemia. “Vimos do que nós, seres humanos, fazemos quando estamos focados em um tema, qual o poder que temos quando estamos determinados a realizar algo conjuntamente”, afirmou.

Nesta linha, Rafael Palombini, da GE Healthcare para a América Latina, compartilha que “pessoas, empatia e relacionamento” foram a chave para toda uma nova perspectiva decorrente da pandemia. “ Precisamos entender como gerar valor em termos de relacionamento, de apoio, de estar próximo e se reinventar na busca do que fosse melhor para manter o setor de saúde funcionando e operando”, afirmou ele, contando que a partir daí, foi possível apoiar o time da linha de frente na utilização de equipamentos diferenciados, buscando ritmo e eficiência.

“Adicionalmente aos temas de volumetria de atendimento, acesso à saúde e utilização de máquinas está esse olhar no paciente em uma visão completa da sua jornada, como antecipamos buscando a saúde do indivíduo, o que em cima do hoje podemos prevenir o amanhã, essa conscientização”, explicou.

O nível de conscientização das pessoas com relação ao valor do zelo da saúde também foi destaque na fala do diretor da Siemens- Healthineers, Armando Lopes, explicando que essa conscientização “mudou de patamar”, lembrando que a taxa de abandono de exames diminuiu brutalmente. “A pessoa faz e no mesmo dia ou no dia seguinte quer saber o resultado. A discussão sobre comorbidades, como pressão alta, diabetes e sobrepeso também passou a ser discutida inclusive à luz da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados)”.

Tecnologia, convívio e investimentos – Outro aspecto citado por Lopes foi o fato de que embora muitas das ferramentas utilizadas na pandemia já estivessem disponíveis antes de 2020, foi durante essa “tragédia que se abateu sob a humanidade” que a telemedicina, por exemplo, foi usada com sofisticação tecnológica. “A maneira que enfrentamos esta pandemia é o que deixará um legado muito grande. O desafio do pós-pandemia será o modelo híbrido, que precisará manter o legado do afastamento, mas resgatar coisas anteriores importantes do convívio do nosso antigo normal”.

“O Brasil já consome tecnologia há muito tempo, no mundo ocidental somos o segundo maior mercado de full service depois dos Estados Unidos, temos uma rede pública bastante ampla, população grande, mas em alta tecnologia acabamos consumindo mais que desenvolvendo“, pontuou o moderador Ademar Paes Junior, que também preside a Associação Catarinense de Medicina (ACM). Segundo ele, o pós-pandemia traz a oportunidade de tornar o Brasil mais relevante no cenário de desenvolvedor de tecnologia e soluções para a saúde.

Para isso, Carlos Martins, da Roche, destaca a importância da proatividade da indústria na busca por parcerias. “Temos que nos conectar com todos os stakeholders, autoridades e profissionais de saúde, pois há necessidade de investimentos”, apresentando dados de que embora 2% de todo o valor associado à saúde esteja associado à medicina diagnóstica ao nível mundial, no Brasil este percentual é de apenas 0,5%.

Os demais debatedores também concordam que ainda há muitas lacunas a serem preenchidas no segmento de medicina diagnóstica no Brasil, responsável por suprir a necessidade de 25% da população que utiliza a saúde suplementar. “Investimos US$ 5 bilhões de dólares em desenvolvimento e pesquisa de healthcare e o fato da população brasileira ser heterogênea é muito importante para os algoritmos da inteligência artificial”, explica Rafael Palombini, da GE Healthcare para a América Latina.

Outro desafio citado no debate foi o envelhecimento da população. “O Brasil está se preparando para fazer uma transição demográfica muito grande. A população envelhecerá      nos próximos anos”, afirmou Ademar, que lembrou o pioneirismo do segmento da Abramed. “A medicina diagnóstica sempre foi pioneira em levar inovação para o paciente, e tenho certeza de que continuaremos a fazer esse trabalho de antecipar o futuro lá na ponta com o paciente, no consultório médico, na sala de cirurgia, no laboratório, na sala de imagem, para oferecer uma saúde cada vez melhor para o brasileiro”, completou.

O 5º FILIS foi realizado de forma totalmente digital, em dois dias com intensa programação. Confira aqui, a cobertura completa desta e das demais palestras e painéis concretizados nesta edição. A gravação estará disponível até o final do mês de outubro.

Pesquisas em saúde ganham escala na quarta revolução industrial

Em palestra no 5° FILIS, especialista britânico destaca necessidade de maturidade digital nos sistemas 

“Com muito investimento, existe a aplicação de ciência de dados e inteligência artificial para a pesquisa na área da saúde do diagnóstico ao tratamento”, afirmou o britânico Andrew Morris, Diretor do Health Data Research UK no segundo (14) no Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS). Diretamente da Escócia, ele ministrou ao vivo e de maneira remota a palestra “Ciência de Dados e Tecnologia em Medicina Diagnóstica” .

O médico destacou que a ciência e a pesquisa em saúde estão prestes a vivenciar a quarta revolução industrial que unirá disciplinas como robótica, sensores e tecnologia web para criar produtos incríveis. “A segunda coisa que será abraçada é a escala com grandes números, com mais pessoas participando de estudos clínicos”, explicou. Para ele, outra vantagem conquistada por meio da big data e de estudos mais amplos é a possibilidade de uma mesma pesquisa mapear diferentes tipos de doenças.

Após citar dados históricos da pesquisa em saúde – como o estudo realizado por cientistas de Boston (EUA) com 5.200 pessoas que, em 1948, levou a criação do termo fator de risco para englobar hipertensão, tabagismo, colesterol e diabetes; e a criação do National Health Service (NHS), o amplo sistema público de saúde britânico; Morris destacou os atuais desafios dos estudos globais do setor.

De acordo com ele, o nível de maturidade digital dos sistemas é o principal deles. “É tudo muito fragmentado, então precisamos pensar como impulsionar o acesso e o compartilhamento de dados de grandes sistemas e isso precisa de uma equipe de ciência bem escolhida”.

Para enfrentar tamanho desafio, o NHS criou a organização que Morris dirige atualmente – a Health Data Research UK (HDRUK) – que conta com 12 financiadores nacionais e internacionais independentes. Por meio da organização, o Reino Unido consegue trabalhar com dados diversos de seus 68 milhões de habitantes. “É a democratização da ciência de dados e saúde. O setor precisa saber que tem dados com confiabilidade e transparência para serem usados de maneira escalada em benefício público”.

Nos últimos três anos, o HDRUK criou quatro institutos nacionais de dados, compostos por 86 organizações em 32 localizações do Reino Unido. “Isso mostra como conseguimos juntar a comunidade para compartilhar as políticas, os insights, as tecnologias de maneira escalada”. Além disso, foram instituídos subgrupos temáticos, os hubs, focados em câncer e saúde mental, por exemplo. “É uma coordenação para apuração e mentoria de dados, com evidências, que disponibilizamos para mais de 400 projetos da academia e do governo”, completou.

Segundo ele, o modelo de banco de dados da organização permite que sejam realizados diferentes tipos de pesquisa em todo o Reino Unido. Para exemplificar essa capilaridade geográfica e temática, ele apresentou alguns estudos de caso promovidos por meio do HDRUK, como a pesquisa da British Heart Foundation que conectou dados de doenças cardiovasculares com a Covid-19 através de dados de 54 milhões de pessoas cujas informações de cuidados primários e secundários estavam catalogados.

Outro exemplo citado pelo palestrante foi o estudo relacionado à eficácia das vacinas. “Sei que existem parcerias de trabalho com o Brasil nesta questão, mas o nosso time foi o primeiro a mostrar a eficácia de uma dose das vacinas da Astrazeneca Biontech e da Pfizer em termos de proteção, infecção, hospitalização e mortalidade”, lembrando que tais informações foram muito importantes na tomada de decisões políticas. “Em termos de genômica viral, o Reino Unido conseguiu sequenciar mais de 1,1 milhão de genomas virais para saber também a eficácia de vacinas, dados e resultados para demonstrar como esses diagnósticos podem influenciar políticas públicas”, afirmou ele, lembrando que há 18 meses a sequência viral era uma ferramenta de pesquisa e agora é uma ferramenta de uso clínico, que detecta, inclusive, a importação de novas variantes da Covid.

Internacionalmente, o HDRUK está trabalhando com diferentes organizações com o mesmo modelo. “É um cenário bem amplo de alianças de dados de Covid-19. Agora estamos com 12 grandes projetos e dois deles são em parceria com a Fiocruz para responder perguntas importantes globalmente”, completou ele, explicando que este esforço internacional possui liderança, inovação e especialização muito fortes também vindas do Brasil.

O 5º FILIS foi realizado de forma totalmente digital, em dois dias com intensa programação. Confira aqui a cobertura completa desta e das demais palestras e painéis concretizados nesta edição. A gravação estará disponível até o final do mês de outubro.

Especialistas debatem o legado e os desafios da medicina diagnóstica no pós-pandemia

Bate-papo abordou temas relevantes para o segmento no primeiro dia do 5° FILIS

O paciente no centro do atendimento, o acesso aos cuidados, a sobrecarga do sistema no pós-pandemia, a formação de profissionais e a fragmentação da saúde são alguns dos desafios econômicos para o segmento de diagnóstico debatidos na 5° edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS). Moderado pelo médico sanitarista e professor da Universidade de São Paulo, Gonzalo Vecina, o painel com o tema “Futuro da Saúde e os impactos econômicos no Pós Pandemia” reuniu para a conversa o CEO da DB Diagnósticos do Brasil, Antonio Fabron Junior; o General Manager da Abbott no Brasil, Julio Aderne; o CEO Americas Serviços Médicos – UHG, Marco Costa; e o Presidente do Hospital Albert Einstein, Sidney Klajner.

De acordo com Vecina, é preciso articular como ficará a questão do acesso à saúde em um sistema sobrecarregado que ainda tem o ônus de muitos exames não realizados durante a pandemia de Covid-19. “É preciso discutir a questão do abalo econômico do setor que trabalha tanto com o Sistema Único de Saúde (SUS) quanto com a iniciativa privada”, disse ele, que destacou que a Abramed é um elemento fundamental para construir essa colaboração no segmento.

Adepto deste conceito de união do setor, Sidney Klajner afirmou que para alcançar o propósito de levar saúde para todos os cidadãos são necessárias ações colaborativas e que, neste sentido, “nenhuma organização conseguirá fazer nada sozinha”. O presidente também falou sobre a diferença entre custos e valor quando se trata de saúde. “Valor não é previsibilidade de custos. A entrega em saúde, o tratamento ou a alta complexidade podem ser o maior valor”, explicou.

Para Julio Aderne, o paradigma central no processo de criar valor no sistema de saúde é colocar o paciente no centro das decisões. “Cada elemento da cadeia de saúde, complexa e fragmentada, precisa colocar verdadeiramente o interesse do paciente no centro”, lembrando que, uma enquete realizada pela Abbott em maio com mais de duas mil pessoas de todas as regiões do Brasil revelou ser esse exatamente o desejo da população “estar no centro do atendimento”.

A pesquisa mostrou ainda que 70% das pessoas querem utilizar tecnologia para interagir com seus médicos, o que, segundo Aderne, se relaciona diretamente ao compromisso da Abbott como desenvolvedor de tecnologia: gerar informação através da tecnologia para permitir a maximização da eficiência do sistema.

“Nosso setor tem grande potencial, mesmo na crise econômica, nós crescemos, mas temos que acelerar as transformações em tecnologia e a qualidade do atendimento aos pacientes, colocando-os no centro dos cuidados e investindo em ações preventivas”, comentou Antonio Fabron Junior, ponderando que elementos culturais institucionais brasileiros – como a corrupção e a falta de articulação dos agentes públicos –devem impactar a curva de recuperação da economia no pós-pandemia.

De acordo com Fabron, para diminuir os impactos econômicos do pós-pandemia, os gestores de empresas de medicina diagnóstica precisam acelerar a transformação tecnológica que aumenta eficiência e produtividade, bem como a qualidade da relação com os clientes, lembrando ainda da relevância da medicina preventiva.

Nesta linha, Marco Costa destacou os Sistemas de Excelência de Cuidados Avançados voltado às doenças crônicas. “Temos uma campanha de tentar resolver o problema da fragmentação do cuidado da saúde suplementar no Brasil e estamos tentando criar um sistema de saúde integral da saúde”. Com uma visão otimista sobre o futuro, Costa afirma que a Americas está investindo na digitalização dos serviços e no oferecimento do acesso à saúde. “E assim vamos avançando na redução do atendimento em pronto-socorro tratando esse paciente em casa ou no sistema ambulatorial e assim diminuir um pouquinho essa fragmentação na saúde”, completou.

Papel fundamental no futuro da saúde, a formação em novos médicos e profissionais da saúde também foi abordada. Segundo Klajner, o investimento na área acadêmica veio para suprir a necessidade de atualização dos currículos das instituições tradicionais de ensino. “Não cabe mais a formação de um profissional que não contenha temas como transformação digital e gestão.  É obrigação de todo médico poder antever o que a sua caneta consegue realizar com o sistema de saúde”, disse, completando que as iniciativas de ensino do Einstein cresceram 80% em 2000, chegando a 85 mil alunos por conta da ampliação de ambientes virtuais.

Confira aqui o debate na íntegra deste e das demais palestras e painéis concretizados nesta 5° edição do FILIS. A gravação estará disponível até o final do mês de outubro.

Debate do 5° FILIS discutiu as consequências da pandemia no desenvolvimento da medicina no Brasil

Representantes de instituições de pesquisa, da indústria de produtos para a saúde e da medicina diagnóstica apontaram erros e acertos do período e quais pontos merecem maior atenção

“O avanço da medicina sob pressão” foi tema da sala paralela no segundo dia do 5° Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), evento promovido pela Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica). Patrocinada pela Thermo Fisher, a sessão contou com a moderação de Cláudia Cohn, CEO do Alta Excelência Diagnóstica e Diretora-Executiva da Dasa.

Participaram do debate Ester Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da      Universidade de São Paulo (USP); Esper Kallas, professor titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da USP; Roberto Santoro, CEO do Grupo Pardini; e Nicolas Marchon, diretor de marketing Latam da Thermo Fisher.

Para iniciar, Claudia contextualiza explicando que a medicina sofre pressão em todos os aspectos e durante a pandemia continuou em plena ação, mesmo com os desafios remotos na organização e gestão da saúde, na produção de equipamentos e insumos, no transporte e logística dos materiais, enfrentando novos casos e diagnósticos variados nestes quase dois anos. Segundo ela, um Brasil sofrido que continuou a exercer sua atividade incansavelmente na área médica. 

“Vimos a medicina pública e privada contribuindo entre si, eliminando todo o viés político. Foi muito importante termos entes públicos que continuaram a regular e a definir políticas de diagnóstico e tratamento”, disse a moderadora, citando também a importância da indústria nesse período e convidando Nicolas Marchon  para iniciar sua fala.

Para ele, a velocidade de resposta da indústria à pandemia foi ímpar, após o momento inicial de surpresa. Entre os fatores primordiais que geraram este resultado citou o senso de urgência, devido ao potencial pandêmico; o avanço na pesquisa voltada aos testes de Covid-19, pois não foi necessário      desenvolver nenhuma tecnologia nova; e a colaboração entre os stakeholders da saúde. “Vimos indústria, universidades, agências reguladoras e      governo      atuando de forma uníssona”, ressaltou.

Na sequência, Ester Sabino contou que quando os casos de covid-19 começaram, a entidade já estava trabalhando em como responder de forma rápida a epidemias. “Tão logo apareceram os casos na China, nós nos organizamos. A resposta imediata depende do fortalecimento pré-pandemia. Por isso é importante investir em ciência”, expôs.

Outra questão importante citada foi o fato de a ciência ter passado a fazer parte do dia a dia das pessoas, recebendo seu merecido reconhecimento. “Isso estava faltando, não se conhecia o que a ciência vem produzindo no Brasil”, disse, comentando, inclusive, como o conceito de fator R0 (R zero) acabou se tornando assunto entre os leigos. 

Já Esper Kallas  aproveitou para chamar a atenção para as zoonoses, que podem dar um salto e causar outras pandemias. “Precisamos crescer na identificação dos vírus e outros patógenos que estão em circulação, temos um longo caminho para nos desenvolvermos nesta área. As iniciativas de enfrentamento que surgiram no Brasil se deram através da colaboração entre grupos que já existiam. Não há investimento em estudo de novas zoonoses. Veja, ainda, o recente corte no orçamento para pesquisas. É ultrajante”, comentou.

Segundo ele, o país não está preparado para enfrentar as próximas doenças, não tem fortalecido grupos para estudar pandemias, como de zika, nem criado estratégias racionais de enfrentamento, tampouco investido em ciência. “Claro que sempre há a possibilidade de erro. Erramos em vários momentos durante a pandemia. Poderíamos ter evitado mortes, mas, na posição de médicos, tivemos de encontrar uma solução. Tentamos algumas estratégias de tratamento, mas o que faltou, de forma geral, foi entender que a ciência é construída e se desenvolve ao longo do acúmulo do conhecimento”, frisou Esper.

O professor também criticou a politização durante a pandemia no Brasil, que acabou gerando a morte de muitas pessoas. “O conhecimento científico deveria ser respeitado. Essa interferência externa prejudicou ainda mais a situação. A saúde pública tem de ser, sim, uma conjunção entre ciência e política, mas, no nosso caso, a integração foi muito danosa. Faltou construir com a população, ao longo dos anos, a aceitação da importância da ciência. E faltou nutrir os nossos políticos de opiniões mais especializadas para a tomada de decisão. Temos de trazer essa discussão para a sociedade. A ciência é um método para encontrar soluções para a saúde coletiva.”

Claudia Cohn aproveitou a ocasião para ressaltar que a Abramed vem fazendo seu papel de levar luz a essas questões, para que políticos e sociedade entendam a importância do conhecimento científico. “Não dá para transformar o Brasil em uma referência sem construirmos isso juntos.”

Para Roberto Santoro, durante a pandemia, foi evidenciada a importância da medicina diagnóstica no Brasil e a sua adaptação sob pressão. “A medicina diagnóstica é infraestrutura, é logística, é capacidade de produção, é pesquisa & desenvolvimento, é interface de sistemas. A pandemia trouxe a visão da necessidade de uma infraestrutura melhor no Brasil”, disse.

Quando a demanda aumentou, o Pardini, que tem 10 mil laboratórios em todo o Brasil, desenvolveu inovações tanto na produção quanto na logística. “Hoje percorremos 90 mil quilômetros por dia, estamos em mais de dois mil municípios e temos mais de 100 bases logísticas. Nunca atuamos nesta dimensão.”

Um ponto que preocupa Santoro está relacionado justamente a esse crescimento e ao futuro. Uma projeção sobre a necessidade de laboratórios nos próximos cinco anos mostra que haverá um déficit no setor. Outro ponto que merece atenção é a falta da medicina diagnóstica na atenção primária e secundária e também na área oncológica. “Receio que este gap pode evoluir levando ao aumento da mortalidade desses pacientes”, expôs.

Santoro também citou a questão da interoperabilidade no Brasil. “Utilizar os dados coletados para construir modelos preditivos através de analytics e fazer interface com operadores de saúde, atenção pública e privada são grandes desafios. Na Europa, os setores público e privado compartilham dados, mas isso ainda é difícil no Brasil.”

Confira aqui o debate na íntegra deste e das demais palestras e painéis concretizados nesta 5° edição do FILIS. A gravação estará disponível até o final do mês de outubro.

Medicina diagnóstica brasileira investiu em diferentes ações sociais para minimizar os impactos da pandemia

Empresas atuaram para a ampliação da testagem, arrecadação e distribuição de doações diversas

Para encerrar a 5ª edição do FILIS (Fórum Internacional de Lideranças da Saúde), empresas associadas e parceiras da Abramed estiveram reunidas na sala paralela com o tema “O papel social da Medicina Diagnóstica no enfrentamento da Pandemia”. Com moderação de Cesar Higa Nomura, superintendente de Medicina Diagnóstica do Hospital Sírio-Libanês, o encontro promoveu um debate interessante sobre a importância da responsabilidade social em momentos de crise como o que estamos vivendo.

“A pandemia impactou todos os setores. Vimos um lado triste, mas pudemos notar também uma grande preocupação social que merece ser destacada”, comentou Nomura ao abrir as apresentações realizadas por Caio Duarte Hashimoto, diretor administrativo financeiro da DMS Burnier; Daniel Marques Perigo, gerente de Sustentabilidade do Grupo Fleury; Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin; e Raquel Dilguerian de Oliveira Conceição, gerente médica de Saúde Populacional e Saúde Corporativa do Hospital Israelita Albert Einstein.

Na visão de Lídia, a pandemia ampliou dois problemas que já enfrentávamos enquanto comunidade: a desigualdade social e a violência doméstica. “No Sabin sempre pensamos a responsabilidade social de dentro para fora. Então cuidamos dos nossos colaboradores e familiares, assumindo o compromisso de não fazer demissões durante os quatro primeiros meses da crise, já que não existe nada mais sério do que garantir o emprego e, consequentemente, a dignidade das pessoas”, comentou. Além disso, o Sabin também investiu em uma campanha interna e externa de quarentena sem violência, promovendo um trabalho bastante forte junto à comunidade. 

Na sequência, Raquel falou um pouco sobre o empenho do Hospital Israelita Albert Einstein diante de tantas dificuldades enfrentadas pela população brasileira nos últimos meses. Entre colaboradores e dependentes, a instituição somou quase 5 mil infectados e para o melhor controle desse cenário investiu em um monitoramento forte, promovendo a assistência segura de forma remota. 

“Criamos um cinturão de segurança durante o qual foram realizados mais de 150 mil contatos para identificação das necessidades básicas das pessoas, inclusive daquelas que viviam nas comunidades e tinham dificuldade de manter o isolamento”, explicou. Nesta ação, o Albert Einstein fez um mapeamento da força interna de trabalho, detectou necessidades básicas de alimentação em 30% da equipe, e para isso fez a opção de, mesmo com a pandemia, manter o refeitório aberto de modo a prover refeição de qualidade para todos. Para a comunidade, além de doação de cestas básicas, foram feitas captação e distribuição de máscaras e álcool gel para que as pessoas pudessem evitar a disseminação do novo coronavírus em casa.

Já no Grupo Fleury, a gestão definiu iniciar com ações filantrópicas de responsabilidade social baseadas em parcerias com outras empresas e entes públicos para a realização de exames de covid-19 e, na sequência, buscou formas de promover ações de voluntariado engajando os colaboradores sem que eles tivessem de se expor a riscos.

De acordo com Perigo, ao longo de 2020 foram investidos mais de R$ 14 milhões em pesquisa e desenvolvimento. “Trabalhamos inclusive com a criação do teste de proteômica, técnica que permite uma maior estabilidade das amostras, o que é excelente para a testagem em regiões mais afastadas onde há maior tempo de transporte”, explicou. No grupo também foram desenvolvidas diversas ações para cuidado e apoio aos colaboradores e suas famílias, o que inclui um benefício oferecido durante três meses para todas as famílias com crianças acima de 12 anos. “Foi a maneira que a empresa entendeu ser mais efetiva para apoiar os times inclusive financeiramente”, disse Perigo.

Hashimoto também compartilhou as experiências sociais da DMS Burnier. Segundo o diretor, a empresa já promovia ações sociais como a doação de alimentos e brinquedos, mas com a chegada da pandemia, essas ações foram intensificadas. “Começamos a colocar metas de arrecadação e contrapartida da empresa quando alcançávamos essas metas. Assim estabelecemos maior frequência e criamos o nosso braço social”, declarou.

Na visão do executivo, a percepção de que o setor se movimentou para auxiliar não só no aspecto da medicina diagnóstica, mas também com preocupações comunitárias, merece ser destacada. “O objetivo principal das campanhas sociais da DMS Burnier está alinhado com os valores da empresa, de nos colocarmos sempre no lugar do outro. Não só dos nossos clientes, mas de toda a comunidade que participa da nossa cadeia de valor”, disse.

Parceira da Abramed, a BioMérieux foi representada por Barros, que reforçou duas preocupações da empresa durante a pandemia: a resistência antimicrobiana ocasionada pelo uso indevido de antibióticos para tratamento da covid-19 e os impactos alimentares gerados pela crise na sociedade.

“A carência alimentar foi uma grande preocupação, pois sabemos que no nosso país esse já era um problema. Assim, contribuímos com esse cenário global e localmente conquistando engajamento importante dos nossos colaboradores. A cada R$ 1 real doado, a empresa colocava mais R$ 2. Arrecadamos cerca de 15 toneladas de alimentos”, comentou. Quanto à resistência antimicrobiana, a empresa utilizou estudos diversos da União Europeia para desenvolver medidas educativas e evitar o uso indiscriminado desses medicamentos.

Para finalizar, Nomura falou um pouco sobre as ações criadas pelo Hospital Sírio-Libanês como, por exemplo, o projeto Radvid, que uniu diagnóstico por imagem e inteligência artificial para otimizar o manejo dos pacientes com covid-19. “Qualquer instituição de saúde, de qualquer região do Brasil, que contasse com um equipamento de tomografia podia enviar imagens para esse servidor que utilizava dois algoritmos para detectar a probabilidade de uma infecção pelo novo coronavírus e quantificar o acometimento pulmonar em cada exame de imagem compartilhado”, explicou.

O hospital também investiu no treinamento das equipes que passaram a atender os novos leitos de UTI do Hospital das Clínicas. “Eram profissionais que nunca trabalharam em unidades de terapia intensiva. Então desenvolvemos essa capacitação para cerca de 700 enfermeiros e técnicos de enfermagem”, comentou Nomura.

Para encerrar o painel, Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, comentou sobre o espírito de colaboração que tomou conta do setor de medicina diagnóstica durante a pandemia. “Foi encantador perceber a união das empresas em prol de um bem maior independentemente de bandeira, marca e do seu papel corporativo”, finalizou.

Os apontamentos feitos pelos participantes foram apenas algumas das ações desenvolvidas pelas empresas desde o início da crise no primeiro trimestre de 2020. 

O 5º FILIS foi realizado de forma totalmente digital, em dois dias com intensa programação. Confira aqui a gravação completa deste debate e de todas as palestras e painéis concretizados nesta edição. O conteúdo gravado ficará disponível até o final do mês de outubro.

Clique aqui acesse o resumos dos cases enviados pelas empresas que participaram do evento.

Margareth Dalcolmo, médica pneumologista da Fiocruz, é premiada durante 5º FILIS

A especialista foi agraciada com a terceira edição do prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld, reconhecimento da Abramed pela sua atuação durante a pandemia de covid-19

Há três anos a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) instituiu o prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld durante a realização anual do FILIS (Fórum Internacional de Lideranças da Saúde) a fim de homenagear profissionais que fomentam o desenvolvimento e a melhoria da saúde no Brasil. Nesta edição de 2021, a homenageada foi Margareth Dalcolmo, médica pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

“Neste ano a Abramed conferiu o prêmio à doutora Margareth reconhecendo sua inestimável contribuição ao combate da pandemia especialmente pelo compartilhamento de informações científicas corretas e confiáveis com toda a população tanto sobre as características da doença quanto sobre as mais seguras formas de proteção”, disse Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed ao entregar o prêmio.

Participando ao vivo da cerimônia, Margareth agradeceu a homenagem. “Esse troféu me deu honra e um enorme sentimento afetivo de pertencimento lembrando, mais uma vez, que a união entre clínica e laboratório nunca esteve tão presente”, disse. 

A especialista aproveitou a oportunidade para vangloriar a atuação de todos os profissionais de saúde que se mostraram prontos e disponíveis para gerir a crise no Brasil. “Esse não é um reconhecimento somente a mim, mas a todos os médicos que mais do que eu estiveram na linha de frente, no SUS e na rede suplementar, e foram exigidos exaustivamente em uma realidade tão adversa como a que enfrentamos há vinte meses”, pontuou agradecendo à Abramed.

Margareth Dalcolmo tem sido uma das grandes porta-vozes da ciência durante todo o período da pandemia, visto que, segundo a Fiocruz, tem mais de 100 artigos científicos publicados nacional e internacionalmente. 

Graduada em medicina pela Santa Casa de Misericórdia de Vitória, tem especialização em Pneumologia Sanitária pela Fiocruz e doutorado em medicina pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Com ampla experiência na condução e participação de protocolos de pesquisa clínica e tratamento da tuberculose e outras microbacterioses, é presidente eleita para a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o biênio 2022-2024.

Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld

Ao criar o Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld, a Abramed buscou prestar uma homenagem a este renomado profissional do setor que, por décadas, esteve empenhado em tornar o segmento de diagnóstico mais unido. Médico hematologista e patologista clínico, Luiz Gastão Rosenfeld foi membro da Câmara Técnica da Abramed, além de diretor de Relações Institucionais do DASA e conselheiro do Hospital Israelita Albert Einstein.

No 5° FILIS especialistas debatem se a realização de exames fora dos laboratórios representa risco ou acesso

Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, moderou o bate-papo 

O primeiro debate do segundo dia de programação da 5ª edição do FILIS (Fórum Internacional de Lideranças da Saúde) trouxe um tema extremamente relevante e se tornou ainda mais prioritário durante a pandemia de covid-19. Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, moderou o painel “Exames fora do ambiente laboratorial: acessibilidade ou risco?” e recebeu Fabiana Barini Rodrigues Alves, diretora adjunta da Terceira Diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o deputado federal (PP-RS) Pedro Westphalen.

Durante uma hora, foram debatidos assuntos inerentes à revisão da RDC 302, que trata justamente dessa temática, sendo que Fabiana trouxe uma visão bastante aprofundada de como a ANVISA lida com o assunto e Westphalen  reforçou a competência da Agência diante de todas essas análises técnicas e se mostrou bastante confiante de que em breve teremos bons resultados dessa revisão.

“A RDC 302 representou um marco para a qualidade dos serviços laboratoriais e a literatura aponta que a realização de testes rápidos fora dos laboratórios clínicos apresenta erros preponderantes na fase analítica. O que precisamos assegurar para que esses exames não causem danos aos nossos pacientes”, questionou Shcolnik.

Na visão da diretora da ANVISA, passados 15 anos a norma precisa de uma readequação à nova realidade que vivemos. “O que precisamos lembrar é que para a realização de qualquer etapa de um exame, dentro ou fora do ambiente laboratorial, precisamos ter profissionais qualificados, processos bem definidos, equipamentos validados e produtos com eficácia e segurança. Assim, entendo que todos os serviços que realizarão esses testes, resguardadas as diferenças de complexidade entre eles, devem garantir a qualidade da execução nas três fases: pré-analítica, analítica e pós-analítica”, disse.

Após relembrar como é o passo a passo de uma revisão normativa dentro da ANVISA, Fabiana relembrou que das quase 3 mil propostas recebidas durante a revisão da RDC 302, 94% eram de impacto negativo ao setor. “Um número muito expressivo. Então nossa equipe técnica tem feito um trabalho aprofundado sobre cada tema, atenta para readequar tudo o que se faz necessário”, declarou. Para Westphalen, é importante valorizarmos a atuação da Agência. “A ANVISA é um órgão técnico que tem que ser tratado dessa forma, pois é isso que nos traz segurança e garantia”, disse. 

Lembrando que a medicina diagnóstica é um setor muito atrelado e preocupado com a qualidade de suas entregas, o presidente da Abramed questionou Fabiana: “o controle de qualidade é uma ferramenta preciosa tradicionalmente usada pelos laboratórios para assegurar a precisão e a exatidão dos resultados obtidos. É aceitável que um controle de qualidade seja realizado à distância, fora do local onde a amostra é manipulada e onde a reação química de fato ocorre?”.

A executiva explicou que tanto os controles internos quanto os ensaios de proficiência são inerentes ao ato de realização do exame. “Esses controles devem sempre ser feitos nas mesmas condições e locais. Esse foi um dos temas com maior número de considerações e mereceu atenção especial da nossa equipe técnica. É esperada a inclusão de critérios que assegurem e fortaleçam essa avaliação”, declarou.

Para encerrar o debate, Westphalen mostrou uma percepção bastante positiva sobre os próximos passos. “Não tenho dúvidas de que avançaremos nessa discussão garantindo que os interesses dos pacientes sejam preservados”, disse após lembrar que Antonio Barra Torres, diretor-presidente da ANVISA, recebeu o setor pessoalmente para ouvir os pleitos e os impactos que a revisão da norma pode desencadear.

Sistema Único de Saúde merece aplausos

Os participantes aproveitaram a ocasião para reforçar a relevância do Sistema Único de Saúde e da Saúde Suplementar nacional no combate à pandemia. “Temos de fortalecer o sistema e entender que a rede suplementar é fundamental. É importante olharmos as formas de financiamento para termos um sistema efetivo em toda a assistência”, comentou o deputado federal.

Trazendo uma ampla visão, Fabiane declarou: “tenho muito orgulho do nosso sistema de saúde. Durante oito meses de pandemia tive a oportunidade de visitar vários estados, cidades afastadas dos grandes centros, para ver como o atendimento estava preparado. E pude observar a grandiosidade do Brasil, a complexidade, e o que significa não ter acesso a médicos, assistências e exames. Foi um grande ensinamento que hoje me ajuda na tomada de decisões”.

O 5º FILIS foi realizado de forma totalmente digital, em dois dias com intensa programação. Clique aqui e confira a cobertura completa deste e de todas as palestras e painéis concretizados nesta edição. A gravação estará disponível até o final do mês de outubro.

5° FILIS trouxe debate sobre LGPD com visão de diversos atores da cadeia de saúde sobre adequação

Em sala paralela, bate-papo atualizou as perspectivas do setor

No primeiro dia da 5ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS) foi realizado, em uma das salas paralelas, o debate sobre os impactos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) na saúde. Moderado por Marcos Ottoni, coordenador jurídico da CNSaúde e conselheiro da ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), a conversa trouxe a visão de alguns dos principais atores dessa complexa cadeia sobre como o segmento está se adequando à nova legislação.

Participaram do encontro Cesar Brenha Rocha Serra, diretor de Desenvolvimento Setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) traçando os principais desafios da saúde suplementar, e Matheus Zuliane Falcão, assessor jurídico do IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) que apontou as grandes preocupações do ponto de vista do cidadão, protagonista diante de todo esse cenário. 

Também estiveram presentes Waldemar Gonçalves Ortunho Junior, presidente da ANPD, apresentando todo o trabalho desenvolvido nesse quase um ano de existência da Autoridade, e Renato Adriano Martins, gerente jurídico, compliance officer e data protection officer da Roche Diagnóstica no Brasil, que trouxe informações sobre como a indústria da saúde vem se comportando para estar completamente adequada aos princípios da Lei nº 13.709/2018.

“A LGPD traz um enorme impacto para o setor de saúde que utiliza, no dia a dia, desde a anamnese, o diagnóstico, a identificação e o tratamento de doenças, dados sensíveis. Principalmente agora, com a pandemia de covid-19, temos ainda mais desafios voltados inclusive à cibersegurança e até mesmo às relações trabalhistas no momento em que precisamos compreender a saúde dos colaboradores e se eles estão ou não vacinados”, comentou Ottoni ao iniciar o debate. Ottoni representa o setor de saúde na Autoridade Nacional.

Visão de operadoras e beneficiários

O tema é bastante complexo para todos os atores da cadeia de saúde e, justamente por isso, o diálogo aberto e transparente é fundamental. Na saúde suplementar, que atende mais de 40 milhões de brasileiros, as preocupações com a LGPD são diversas. 

De acordo com Serra, logo no início, dentro da ANS, a legislação acarretou a revisão do Padrão TISS (Troca de Informações na Saúde Suplementar) por meio do Comitê de Padronização das Informações em Saúde Suplementar (COPISS), que conta inclusive  com participação ativa da Abramed. O novo formato foi publicado no final de julho e entrará em vigor no prazo de um ano.

Paralelamente, na saúde suplementar há uma vasta preocupação para impedir que os dados dos pacientes possam ser utilizados para seleção de risco, trazendo uma possibilidade de escolha, por parte dos planos de saúde, daqueles “clientes ideais”. Essa preocupação foi demonstrada tanto por Serra quanto por Falcão, que reforçava a defesa do cidadão brasileiro.

“O IDEC acompanha o tema com atenção. A tecnologia tem papel importante para aprimorar a assistência, mas também pode ampliar a possibilidade de discriminação por preço, ou seja, de responsabilizar o consumidor por sua condição de saúde”, pontuou o executivo do IDEC enfatizando que transparência deve sempre ser a palavra-chave.

Desafio dos dados para inovação e ampliação de acesso

A indústria é um dos importantes atores da cadeia de saúde e tem papel fundamental na construção da cultura de proteção de dados. Na visão de Martins, há total interesse dessa fatia de mercado em cumprir as exigências de forma completa, atuando pelo benefício do setor. “Temos a ambição de levar nossas soluções a mais pacientes de forma cada vez mais rápida. E isso só acontece quando temos consciência do valor dos dados coletados diariamente em equipamentos, soluções e estudos clínicos”, disse. “Devemos usar esse manancial, esse universo à nossa disposição, para conquistar benefícios ainda imensuráveis”, completou.

Do ponto de vista da Roche, que é uma empresa global com sede na Europa, essa cultura de proteção de dados já foi internalizada, visto que no cenário europeu o assunto teve início há mais tempo. “Hoje cada colaborador se percebe como um cidadão de dados, responsável por ser guardião daquelas informações e utilizá-las para fins corretos”, pontuou.

O executivo também comentou sobre o conceito de “privacy by design”, abordagem focada na incorporação de estratégias de privacidade de dados em todos os projetos desde a sua concepção. “Qualquer solução gerada na companhia em caráter global tem, no seu desenvolvimento, o envolvimento direto e a avaliação de um encarregado de dados responsável por aquele time e focado em identificar quais informações são efetivamente necessários e como mitigar eventuais exposições”, explicou concluindo que o mais assertivo é ter o critério de proteção de dados como valor efetivo da companhia em suas ações.

ANPD – Autoridade Nacional de Proteção de Dados

Para falar sobre a constituição e o desenvolvimento da ANPD, Ortunho Junior reforçou que é um órgão que ainda está se estruturando, mas que já são mais de 50 funcionários e que muitas conquistas precisam ser celebradas. “A ANPD é transversal, ou seja, qualquer empresa, independentemente do ramo, tem sua base e utiliza dados pessoais, estando sob a batuta da LGPD e, por consequência, da ANPD, Autoridade responsável pela normatização, fiscalização e sancionamento”, disse.

Com o plano estratégico e a agenda regulatória já traçados, a Autoridade batalha para, gradualmente, implementar no país a cultura da proteção de dados. Como comparativo, o executivo mencionou o cenário europeu, que mesmo com 25 anos de debates sobre o assunto, ainda vem definindo alterações nas suas leis. A General Data Protection Regulation (GDPR), inclusive, que é a lei europeia, serviu de base para a construção da LGPD no Brasil.

Lembrando que a ANPD não nasceu com o objetivo principal de punir quem não cumprir o que dita a legislação, Ortunho Junior enfatizou que a Autoridade também trabalha a orientação. “Tanto que fiscalização e sancionamento foram as últimas partes a entrar em vigor, em 1º de agosto deste ano. A razão de tudo é, claro, o titular dos dados, a quem vamos proteger, mas todos os atores devem compreender que a lei existe e que se trata de um investimento”, declarou. Outro ponto importante é que a fiscalização está embasada em riscos, ou seja, nos setores onde haverá mais risco, a Autoridade atuará de forma mais próxima.

Quanto ao trabalho da Autoridade frente às micro e pequenas empresas, o presidente foi claro ao enfatizar que haverá sim uma diferenciação de cobrança. Segundo ele, após trocar muitas experiências tanto com as agências reguladoras quanto com autoridades inclusive internacionais, não há como aplicar, às micro e pequenas empresas, o mesmo nível de exigência das grandes. Importante enfatizar, inclusive, que as normas para essas companhias foram priorizadas e devem ser publicadas até o início do próximo ano.  Mas nunca é demais reforçar que todas as ações que mostrem que a empresa está focada em minimizar os riscos serão bem-vista. Entre elas estão, por exemplo, a minimização de dados, ou seja, parar de coletar informações que não são necessárias para a atividade.

O 5º FILIS foi realizado de forma totalmente digital, em dois dias com intensa programação. Confira aqui, a cobertura completa desta e das demais palestras e painéis concretizados nesta edição. A gravação estará disponível até o final do mês de outubro.