Com patrocínio da Abramed, FIS debate os desafios da saúde

Organizado pelo CBEXs, evento recebeu palestrantes nacionais e internacionais dia 12 de novembro no Rio de Janeiro

13 de Novembro de 2018

A segunda edição do Fórum Inovação Saúde (FIS) reuniu cerca de 400 profissionais com perfil de liderança e alto poder de decisão no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro (RJ), para debater “O diálogo na Saúde – Dilemas, Paradoxos e Desafios”. Organizado pelo Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXs), o encontro foi realizado dia 12 de novembro e contou com a presença de Cláudia Cohn e Priscilla Franklim Martins, respectivamente presidente do conselho e diretora-executiva da Abramed, que patrocina o evento.

“O FIS promoveu um excelente diálogo entre importantes lideranças da saúde. Com um olhar dedicado à inovação, elencou os principais caminhos para o desenvolvimento do nosso setor apresentando, inclusive, experiências europeias de sucesso. E é por isso que a Abramed, como parceira do CBEXs e do fórum, parabeniza a organização do evento e espera ansiosamente a realização da terceira edição em 2019”, comenta Priscilla a respeito do encontro que promoveu mais de 10 horas de conteúdo apresentado por 30 palestrantes, debatedores e comentaristas nacionais e internacionais.

Comandada por Francisco Balestrin, presidente do International Hospital Federation (IHF) e presidente do Conselho de Administração do CBEXs, a solenidade de abertura também recebeu o presidente do fórum, Josier Vilar. Ao longo do dia foram destacados alguns dos principais temas que impactam diretamente os sistemas de saúde do país.

A primeira apresentação, ainda pela manhã, recebeu Marco Lucchesi, presidente da Academia Brasileira de Letras, e a professora do Coppead UFRJ, Heloisa Leite, para debater “Uma ética permanente para o diálogo”, apresentação que reforçou a importância da troca de informações de forma ética dentro do setor de saúde. Na sequência, o fórum abriu espaço para o debate “O complexo econômico-industrial da saúde – Uma oportunidade para o Rio de Janeiro, um desafio nacional”. A temática reuniu Carlos Gadelha, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o embaixador Eduardo Prisco, chefe do Itamaraty-RJ.

Também foi realizado o painel “É possível existir um sistema de saúde sustentável?”, apresentado por Ligia Bahia, professora do IESC, da UFRJ; e Januário Mantone, sócio da Monitor Saúde; com moderação de Gonzalo Vecina, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Ary Ribeiro, vice-presidente da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp).

Inovação em saúde – A segunda edição do FIS promoveu um talk-show com grandes nomes do setor de saúde brasileiro para debater inovação. Na ocasião, participaram Sidney Klajner, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein; Patrícia Ellen, presidente da Optum; Jorge Matos, presidente do ETALENT; e Renata Aranha, cofundadora da Entropia.

O encontro apresentou ideias sobre como humanizar a saúde por meio da tecnologia e garantir um bom retorno sobre a experiência de quem utiliza os sistemas, além de abordar as novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas a fim de otimizar todos os processos da cadeia. Após a apresentação dos quatro convidados foi realizado um debate moderado por Alfredo Cardoso, diretor executivo da Gama Saúde, e Martha Oliveira, CEO da Anahp.

Conferências do FIS – O período da tarde da segunda edição do Fórum Inovação Saúde foi dedicado a quatro conferências. A primeira delas, intitulada “Como chegamos até aqui: os caminhos, as conquistas e as dificuldades do sistema de saúde brasileiro”, recebeu Luiz Antonio Santini, consultor internacional de políticas de câncer; e Remilson Rehem, presidente do Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (Ibross), para discussão sobre os dilemas da saúde atual.

Internacionalizando a programação, o fórum recebeu Oscar Gaspar, presidente executivo da Associação Portuguesa dos Hospitais Privados; e Josier Vilar, presidente do IBKL e sócio diretor da Pronep para debater “A experiência do relacionamento público-privado no sistema de saúde português”. Na sequência, os participantes ouviram Manel Jovells Cases, diretor geral da Fundação Althaia e ex-presidente da União Catalã de Hospitais; Solange Beatriz, presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde); e José Ricardo Agliardi Silveira, diretor do Grupo Hospitalar Conceição, abordando a institucionalização da qualidade da saúde catalã na conferência “A experiência da Catalunha na Gestão da Saúde”.

Encerrando o rol de conferências, o encontro tratou da “Importância da construção de uma relação de confiança entre o público e o privado – Um desafio de todos nós”. Na ocasião subiram ao palco Claudio Lottenberg, presidente do UnitedHealth Group Brasil, e Francisco Balestrin. A segunda edição do FIS ainda realizou o Prêmio Edson de Godoy Bueno de Inovação – Desafio das Startups para premiar iniciativas inovadoras da saúde.

Seminário Sustentabilidade Valor: a mentalidade de saúde em xeque

Abramed participa de painel durante evento promovido por Dasa e Jornal Valor Econômico

07 de Novembro de 2018

Não é de hoje que se discute um novo modelo de saúde para o Brasil no qual a prevenção é mais importante que a doença. Porém, chegamos a um ponto em que a insustentabilidade do setor caminha para prejudicar os agentes desse ecossistema, principalmente da saúde suplementar. Por isso, é necessária a promoção de uma nova mentalidade de saúde. Para ajudar na divulgação dessa iniciativa, a presidente do Conselho da Abramed, Claudia Cohn, participou do seminário A Sustentabilidade da Saúde pela Inovação, promovido pelo Dasa e pelo jornal Valor Econômico, dia 6/11, em São Paulo.

No painel “A nova mentalidade da saúde”, Claudia discutiu com representantes de associações do setor a necessidade urgente dessa mudança. A tendência mundial privilegia um modelo de prevenção, o que evita desperdício de procedimentos e possibilita maior acesso à saúde, além de melhorar a remuneração dos envolvidos na cadeia. Para ela, a informação é um dos pontos centrais da discussão.

“O diagnóstico em si passa por todas as cadeias, mas sempre precisa do dado, da informação. No momento em que falamos de nova mentalidade, não podemos nos ater a legados de sistemas que todos na saúde temos. Os sistemas vão continuar a existir e gerenciar a saúde como um todo. É preciso evoluir dessa visão para a de interoperabilidade, de integração de dados”, destacou.

Citado por outros profissionais como uma saída para a integração, o cadastro único também é uma opção na visão de Claudia. “Para chegar ao ponto de ter um sistema único, precisamos trabalhar no engajamento médico. O incentivo deve ser diferente para esse profissional, não só em reajuste, mas principalmente em como ele lida com o desfecho e a educação”, pontuou.

Confiança

Vista como um avanço, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) pode contribuir para acelerar o processo de criação de um cadastro único de informações de pacientes. “Falamos muito em confiança entre os players do setor, mas muitas vezes o paciente tem temor de o dado dele ser compartilhado por questões de segurança. A transparência e o engajamento é o que pode trazer a confiança desse paciente”, afirmou.

Segundo Claudia, todas as provocações para promover essa nova mentalidade são pautas frequentes da Abramed. “Transformamos tudo em açãona Abramed.Faremos em fevereiro um grande evento para continuar a discussão de adaptabilidade de todo o setor para que todos estejam adequados à lei. Essa adaptação é um passo importante para trazer a segurança e a transparência ao paciente.”

Para Fernando Torelly, conselheiro da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), a questão da confiança é primordial. “É preciso que haja uma alternativa radical para o nosso modelo. Entre as alternativas, a principal é uma relação de confiança maior entre todas as partes do sistema.”Torelly exemplificou a sua argumentação ao citar o projeto de atenção primária implantado no Sírio-Libanês, o Médico da Família. Desenvolvido a princípio para todos os colaboradores e dependentes do hospital, ele foi ampliado para a população. “O impacto foi tão positivo que vamosoferecer para a sociedade. Abrimos um hospital no Banco Votorantim em fevereiro deste ano. Agora estamos com nove e até março de 2019 serão 25 unidades de saúde corporativa.”

Para Carlos Alfredo Lobo Jasmim, diretor de defesa profissional da Associação Médica Brasileira (AMB), o cadastro único é a única forma de evitar o custo sobreposto de exames, de novas consultas e novos tratamentos. “Nosso sistema é duplo para financiamento e único para utilização. Toda vez que dividimos o sistema, criamos um conflito financeiro. Os interesses são conflitantes. Precisamos ter um cadastro único de saúde com toda a informação na nuvem”, afirmou.

Solange Beatriz Carneiro Mendes, presidente da FenaSaúde, pontuou que o consumidor deve estar no centro da estratégia de interoperabilidade. “É preciso mostrar valor a ele na atenção primária em saúde. São dois desafios para a implementação: tem que convencer o usuário que existe valor nesse modelo e a segunda é a questão dos profissionais da saúde. Hoje os médicos generalistas são 1% dos especialistas. Carecemos também dessa formação profissional. Na atenção primária, é preciso olhar para esses dois pontos.”

Tendências point of care

A população brasileira está envelhecendo e é preciso ter um olhar atento ao cuidado ao paciente. Embora concorde que não há necessidade de pedidos indiscriminados de exames, Claudia cita uma tendência que está crescendo no país: os exames em farmácias.

“Quando falamos em exames em farmácias, é uma tendência, não só em farmácia, mas em outros locais como point ofcare. A RDC 302 para laboratórios fala sobre como tem que ser um posto de coleta, onde se pode colher, seja sangue ou outros materiais biológicos.Não dá para falar que será assim em farmácias ou que elas virarão hospitais em breve. As farmácias estão em consultas na Anvisapara que também tenham essas regras.”

Na abertura do evento, o CEO do Dasa, Pedro de Godoy Bueno, frisou que o motor da inovação é a necessidade. “Estamos começando a entrar em um momento no nosso setor de muita oportunidade, um momento único, porque a necessidade vai fazer a gente andar.Temos que mudar não só a forma de tratar o paciente. A gente nunca teve tantas ferramentas à disposição para viabilizar que isso seja feito de forma escalável, eficiente, com inteligência artificial e todas as tecnologias que estão surgindo. Acho que 2019 vai ser um ano decisivo para o nosso setor para realmente transformar tudo.”

Conahp 2018: Abramed participa de discussão sobre custos no sistema de saúde

Em estudo apresentado no Conahp, Anahp revela que frequência é principal componente de aumento de custo na saúde complementar. Para Abramed, interoperabilidade somada a um esforço para a educação no setor é a solução

Novembro de 2018

A ineficiência do sistema provocou um aumento de 70% na utilização dos serviços da saúde privada entre 2012 e 2017. Segundo estudo encomendado pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), o gasto do setor teve um acréscimo de R$49 bilhões no mesmo período e a frequência de uso dos serviços disponíveis foi a principal responsável por esse crescimento. O tema esteve em pauta em uma discussão ocorrida no último dia do Conahp 2018 e contou com a participação da presidente do Conselho da Abramed, Claudia Cohn, além de outros especialistas do setor.

Em sua reflexão, Claudia pontuou que a tecnologia não deveria influenciar no aumento de custo ao defender uma participação efetiva de todos os agentes da cadeia de saúde para mudar esse quadro. “Se todos cruzarem os braços, teremos uma frequência ainda maior. A incorporação da tecnologia vai existir e tem que ser usada da maneira correta, de forma a evitar o custo maior na frente.” Segundo ela, a solução para esse problema é a interoperabilidade somada a um esforço para a educação no setor. “Podemos trabalhar na busca de protocolos para que diminuam os pedidos de exames desnecessários. A responsabilidade também é nossa”, frisou.

Na abertura do painel, Martha Oliveira, diretora executiva da Anahp, detalhou os dados do estudo encomendado pela Associação, que revelou dados importantes sobre o custo do sistema de saúde suplementar no Brasil. O panorama mostrou que o número de beneficiários não cresceu muito de 2012 a 2017 (variação de 0,7%). Por outro lado, o número de eventos por beneficiário passou de 21 para 28 por ano, o que elevou a frequência de uso dos serviços disponíveis para 70%. “Neste cenário, o grande impacto é o da frequência. Ela é multifatorial e mostra um momento especial da situação da saúde do Brasil”, concluiu Martha.

Além de Claudia Cohn, participaram do debate sobre o tema Maurício Lopes (SulAmérica), Leandro Reis (Rede D’Or) e José Henrique Salvador (Hospital Mater Dei).Para Leandro Reis, da Rede D’Or, o estudo aponta para a necessidade de discutir a frequência e o desafio pode ser enfrentado por todos os entes do setor. “Quando a inflação repousa na frequência, retoma-se a necessidade de falar sobre algo muito debatido na saúde pública e pouco na privada, que é a gestão populacional. É preciso deixar de fazer gestão individual e evitar usar o risco como estratégia.Ferramentas de gestão eletrônica do paciente trazem luz para esse caminho.”

Representando as operadoras nessa discussão, Maurício Lopes, da SulAmérica,vê a crise como um fator que ajudou a traçar o caminho para acabar com esse ciclo ruim pelo qual o setor passa. “Crise é sempre oportunidade. Começo a enxergar uma capacidade de interlocução mais racional, mais sólida e mais próxima de todos os agentes da cadeia.” Segundo ele, uma solução seria propor meios de pagamentos diferentes.

Embora a frequência tenha sido a principal vilã dessa discussão, todos concordam que o período exige a união dos agentes do ecossistema de saúde no sentido de reformular o atual sistema. “Temos esse sistema que preparamos há 40 anos atrás. Para atualizá-lo, é preciso pelo menos quatro anos. A culpa da frequência não é do paciente, que fica no meio do sistema sendo jogado de lá para cá, sofrendo efeitos disso”, refletiu Martha.

Abramed participa de painel sobre futuro da tecnologia na saúde

Segundo Claudia Cohn, é necessário discutir questões éticas e de governança dos dados para a evolução da tecnologia e a disponibilidade de dados no setor de saúde

24 de outubro de 2018

Não é de hoje que se discute o impacto da tecnologia e a disponibilidade de dados no setor da saúde. A atuação das tecnologias disruptivas e sua influência no ecossistema de saúde suplementar foram discutidos durante o 4º Fórum da Saúde Suplementar, promovido pela Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), em 22 e 23 de outubro, no Rio de Janeiro.

No segundo dia do Fórum, o painel “O Futuro da Informação” teve a presença da presidente do Conselho da Abramed, Claudia Cohn, além de Henrique von Atzingen do Amaral, líder do ThinkLab na IBM Brasil; Flávio Bitter, diretor-gerente da Bradesco Saúde e vice-presidente da FenaSaúde; Franklin Padrão Junior, diretor-presidente da Golden Cross e vice-presidente da FenaSaúde; e Josier Marques Vilar, diretor-presidente do IBKL.

Para a presidente da Abramed, o setor de saúde – que sempre teve a desconfiança como premissa no que diz respeito à disponibilização de dados de pacientes – está em vias de chegar a um ponto de mudança, mas é preciso discutir ética e governança. “O avanço na questão do uso e a disponibilidade dos dados dos pacientes vai acontecer. Mas tudo isso é um processo. Da mesma forma que falamos em evolução tecnológica, também é necessário entender que a governança e a ética de se tratar disso em uma cultura analógica e em um ambiente de desconfiança precisa de um processo”, destacou Claudia.

A recém-sancionada Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) deve colaborar para a evolução no setor. “A legislação vem para trazer transparência e padrão, mas não está no tempo certo. Temos aí um trabalho de Câmara e Senado, e a demonstração de que o Brasil precisa avançar nessa questão com consciência”, pontua. “Já temos inúmeros wearables, mas não sabemos o que fazer com os dados. Como reunir e tratar os dados de maneira a começar o piloto?”, questiona.

Nesse contexto, Claudia destacou que a Abramed colabora para promover um ambiente confiável e transparente, que gere confiança ao usuário para usar e compartilhar seus dados. “Na prática, é preciso se despir da desconfiança. Temos iniciativas com umas dez empresas, entre hospitais, operadoras e laboratórios, que se reuniram para formar essa governança de dados. Estamos na fase final para levar sugestões para a iniciativa privada.”

O futuro da informação

Estamos diante de inovações que podem trazer muito valor aos beneficiários. Na abertura do painel mediado pelo jornalista William Waack, o líder do ThinkLab na IBM Brasil, Henrique von Atzingen do Amaral, destacou de que forma tecnologias disruptivas como inteligência artificial e blockchain podem atuar a favor da saúde. Segundo ele, estamos frente a uma curva exponencial de geração de dados e a capacidade de adaptação da população ainda é linear. “Cada vez mais a importância do conhecimento de ética vai crescer”, destacou. Ele falou também sobre como o blockchain pode promover essa confiança ao fornecer um ambiente seguro para transações e troca de informação.

Flávio Bitter, diretor-gerente da Bradesco Saúde e vice-presidente da FenaSaúde, pontuou que o maior desafio do setor é ter transparência no emprego dos dados do usuário, e a LGPD vem beneficiar nesse sentido. “A lei traz desafio, mas não é impeditiva. A comunicação adequada e clara que é necessária.” Segundo ele, tecnologias podem inclusive permitir a integração de dados da saúde pública e privada. “Precisa de liderança, investimento e firme propósito do uso da informação.”

A atualização dos profissionais também é importante, destacou Josier Marques Vilar, diretor-presidente do IBKL. “Muitas pessoas têm dificuldade de entender, são analógicas. Médicos e terapeutas precisam entender como essas tecnologias podem gerar valor ao paciente. Para a cadeia, isso contribui para reduzir custos e proporcionar uma entrega de melhor qualidade.”

Franklin Padrão Junior, diretor-presidente da Golden Cross e vice-presidente da FenaSaúde, segue a linha de Vilar. “O caminho para a evolução é inexorável. Existe resistência. Médicos precisam ser treinados. Pacientes não são o problema real com a autorização da informação. A dificuldade está com os médicos.”

No final do painel, ficou claro que a evolução no compartilhamento de dados no setor de saúde por seus vários agentes, incluindo o usuário do sistema, precisa ainda de muita discussão para que gere realmente valor para todo o ecossistema. Além da discussão acerca da governança e ética no uso desses dados, o setor caminha para definir um modelo de uso que possa contribuir sobretudo para aumentar a qualidade de vida do cidadão, seja do sistema privado, seja do sistema público de saúde.

Abramed participa de painel sobre impactos da Lei Geral de Proteção de Dados na Saúde

Sancionada em agosto deste ano, lei que entrará em vigor em fevereiro de 2020 regulamenta o uso e a proteção de dados no Brasil; tema foi debatido durante o Fórum de Segurança e Privacidade de Dados no Setor de Saúde, realizado pelo Icos e pela Optum

06 de Outubro de 2018

No último dia 5 de outubro, a Abramed, representada pela presidente de Conselho, Claudia Cohn, participou de um painel durante o “Fórum de Segurança e Privacidade de Dados Pessoais e seus Impactos no Setor da Saúde”, realizado pelo Instituto Coalizão Saúde (Icos) e a empresa Optum, em São Paulo.

O encontrou recebeu diversos stakeholders da saúde com o objetivo de discutir os impactos da Lei nº 13.709, sancionada pelo presidente Michel Temer no dia 14 de agosto de 2018. Denominada como Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), a norma representa um marco legal que regulamenta o uso, a proteção e a transferência de dados no Brasil. A Lei entrará em vigor em fevereiro de 2020 e cria obrigações para os controladores de dados e direitos para os seus titulares.

Claudia participou do painel de encerramento do Fórum, que contemplou um debate plural com membros influentes da cadeia de saúde. Com o tema “Impactos da LGPD nas organizações e como se adequar à nova legislação”, a discussão foi moderada por Bruno Nagli, diretor na Optum, e contou ainda com José Eduardo Krieger, professor e diretor no InCor-HCFMUSP; Renato Casarotti, vice-presidente de Relações Institucionais do UnitedHealth Group Brasil; e Thiago Camargo, secretário de Políticas Digitais do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação.

Entre os principais entraves pontuados no debate, destaca-se a questão do curto prazo para a vigência da lei. Sancionada em agosto deste ano, a regulamentação propõe apenas 18 meses de implantação, passando a valer em fevereiro de 2020. “Esse prazo é uma tentativa de mostrar que somos mais ágeis que a União Europeia, que deu 24 meses para a implantação, quando na realidade deveríamos ter até meses a mais. Dizem que estamos inspirados na lei europeia, mas vale ressaltar que ela entrou em vigor há apenas três meses e metade dos dilemas que estamos discutindo aqui, hoje, eles ainda não presenciaram”, alertou Casarotti.

Nesse sentido, Claudia também trouxe uma importante discussão ao debate, a questão da interoperabilidade no setor. “Há um ano, o setor começou a questionar e a analisar os assuntos que englobam a interoperabilidade, por exemplo. A cadeia achou que em dois meses tudo estaria resolvido, mas não foi assim. Interoperar é, antes de tudo, saber que o paciente consente. São questões complexas, é necessário aculturar as pessoas e colocá-las para discutir e pensar sobre a segurança de dados. Podemos falar que estamos prontos? Ainda não sabemos qual modelo exatamente será implantado, mas cabe a nós, com todo esse debate, analisarmos se ele será bom ou ruim”, argumentou a presidente da Abramed.

Mais cedo, Giovanni Cerri, vice-presidente do Icos, e Patricia Ellen, presidente da Optum Brasil, abriram o evento. Durante o seu discurso, Cerri ressaltou o avanço que a nova lei representa para o país. “Principalmente para a saúde, área em que as questões de segurança e privacidade de dados são fundamentais, uma vez que o setor detém informações pessoais, como tipo sanguíneo e histórico de saúde.”

Patricia trouxe uma breve apresentação sobre os desafios da implantação da lei no sistema de saúde brasileiro. A executiva frisou que os entraves são também grandes oportunidades para o setor se desenvolver.

Um painel de grande notoriedade foi comandado por Ramon Alberto, advogado e especialista em tecnologia, que trouxe um apanhado geral sobre a nova regulamentação. “Se os dados são o novo ‘petróleo’, eles também podem vazar, ser mal utilizados e produzir prejuízos”, criticou. Ainda, segundo ele, a norma terá aplicação extraterritorial, ou seja, o dever da conformidade será os limites geográficos do Brasil.

“Ter uma legislação que regule qualquer inovação é um desafio. Não sabemos qual será a autoridade regulamentadora da LGPD, mas é recomendado que ela discuta os modelos de aplicação da lei e alimente o mercado que utiliza dados para que ele se oriente”, completou o secretário de Políticas Digitais do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação.

Abramed debate ética na saúde durante evento em Florianópolis

Fórum “Ética em Medicina Diagnóstica, promovido pela SBPC/ML, fechou 52º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial

01 de Outubro de 2018

A Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) participou, entre os dias 25 e 28 de setembro, do 52º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, promovido pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial (SBPC/ML). A presidente da entidade, Claudia Cohn, compôs a lista de debatedores do fórum “Ética em Medicina Diagnóstica”, mediado pelo presidente da SBPC/ML, Wilson Shcolnik, que fechou o evento, no dia 28.

Os palestrantes foram o procurador da República e coordenador da Operação Lava-Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, e o promotor de Justiça em São Paulo e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu.

Iniciando sua explanação, Dallagnol fez um retrospecto dos números da Lava-Jato e questionou por que pessoas com altos salários continuavam envolvidas em corrupção para ganhar mais. Ao indagar o motivo pelo qual as pessoas se corrompem, respondeu: “Impunidade e ganância. Esses podem ser os pontos-chaves para entender o que aconteceu no Brasil”, afirmou.

Os números e os dados – mesmo para quem conhece os caminhos da operação no país – impressionam. “O que nos move é o mesmo que inspira o trabalho de vocês. Lutar contra o sofrimento humano”, pontuou o procurador, relacionando seu trabalho com a área de saúde. Ele contou que, certa vez, em uma consulta de rotina, explicou ao médico que não estava comendo direito, não praticava atividades físicas regulares e não dormia bem. A resposta que recebeu traduzia o que sente boa parte do povo brasileiro. “Deltan, pode continuar comendo mal, dormindo mal e sem fazer exercícios físicos porque o corpo aguenta, mas continua firme na Lava Jato”, disse o médico.

Ao longo dos relatos sobre diversos momentos da operação, ele lembrou que primeiro é preciso o diagnóstico, mas que também é necessário continuar o tratamento. “Diagnosticar não resolve o problema da saúde, assim como não resolve o problema da corrupção. A mudança é necessária. É o mesmo efeito de um antibiótico que não fez efeito. A infecção volta.”

Na palestra seguinte, Roberto Livianu citou momentos vividos pelo país, onde o combate à corrupção sofre pressões políticas para que não vá adiante. “Precisamos de mais mudanças, mas não conseguimos fazer sozinhos, e a sociedade acredita que pode mudar o rumo das coisas.”

Entre outros pontos, Livianu trouxe para o debate questões como o conflito de interesses em diversas áreas, lembrando que a interpretação não pode ser diferente se for para benefício próprio ou de outra pessoa. “Integridade não é modismo. Ou se tem ou não tem. Deltan falou em união e essa é a palavra-chave. Não podemos ficar nos lamuriando. Precisamos agir. Cada um fazendo a sua parte a situação pode, sim, ser diferente; se todos nós agirmos.”

A posição de diversos setores

O debate prosseguiu com a participação e visão de áreas diferentes da medicina. “A SBPC/ML precisa trazer a discussão para o nosso setor”, disse o presidente da SBPC/ML, Wilson Shcolnik. “A ética é necessária porque o impacto na saúde é muito grande. Não há acesso nem serviços qualificados. Nossa população está desassistida.”

Para Claudia Cohn, as associações têm uma enorme responsabilidade: “Não é possível sair por aquela porta hoje sem ter a certeza que é preciso fazer alguma coisa”, disse, detalhando o processo complexo que envolve desde a escolha até o pagamento do serviço. “Quem paga não é o médico e quem escolhe não é o paciente. São vários atores, alguns deles pressionados. A linha reta é a indicação por uma questão técnica e não era isso que estava acontecendo.”

Para a organização, o evento foi um marco na história no setor de saúde: “Levantar o debate para o final do 52º Congresso da SBPC/ML foi uma atitude corajosa”, disse Carlos Eduardo Gouvêa, do IES e da CBDL. “Trazer a informação para o nosso mercado para combater a corrupção é fundamental. O instituto tem hoje 240 associados, representando os diferentes setores da indústria.” Gouvêa detalhou como funciona o IES e disse que recebeu cerca de 600 denúncias, com 1,5 mil denunciados, entre médicos, hospitais, laboratórios e instituições públicas.

“Perdemos muito tempo. As entidades médicas e instituições ficaram adormecidas e se achando autossuficientes para resolver as mazelas internas”, foi o diagnóstico do momento, feito pelo ex-presidente do CFM Roberto Luiz D’Ávilla. Para o médico, o número de denúncias em relação a incentivos e comissões, por exemplo, são raros, porque denunciantes e denunciados convivem muito bem.

D’Ávilla explicou que não é possível uma denúncia anônima ao CFM. “Posso afirmar que não há corporativismo. Os fatos são apresentados e o julgamento acontece. Os pacientes depositam confiança em nós e os interesses deles têm que estar acima de qualquer coisa”, que atuou também como corregedor do conselho.

“É preciso levar a discussão e o engajamento para a sociedade. Não adianta só discutir e propor ações aqui dentro de sala se não conseguirmos chegar à população”, enfatizou Ademar Paes Jr., presidente da ACM. Ele explicou que a transparência é necessária porque traz confiança às ações. Destacou o acesso à saúde como um dos principais problemas não só no setor público, mas também no privado. “Aliás, nenhum dos dois está funcionando direito.” Também mencionou a necessidade de dados para melhor avaliar a situação do país.

Wilson Shcolnik comentou que existem denúncias, mas também há dificuldades em relação a dados para decisões, e que esse fato precisa ser avaliado com atenção para que seja tomada uma atitude em benefício do paciente.

Luiz Fernando Barcelos, presidente da SBAC (Sociedade Brasileira de Análises Clínicas), disse que gostaria muito de estar indignado com as colocações no debate, mas o setor vivencia o problema. “Infelizmente, a corrupção existe. Tem como provar? Muito difícil conseguir”, lamentou. Ele explicou que o país vive um momento muito complicado na área de saúde e que em diversos momentos o médico precisa cercar-se de segurança, solicitando muitos exames, porque nunca viu o paciente antes nem sabe se verá uma segunda vez.

Shcolnik falou sobre a divulgação de informações nos Estados Unidos, com dados online na área de saúde disponíveis na internet (open payment), e que no Brasil, em Minas Gerais, existe uma lei similar de transparência, regulamentada por um decreto de 2017. “É preciso maior transparência entre médicos, indústria, distribuição de medicamentos e insumos. Não estamos fora disso. Precisaremos de leis federais para disciplinar?”, questionou o presidente da SBPC/ML.

Entre as conclusões dos participantes está a necessidade de educar, ser feito um trabalho conjunto de conscientização em todos os segmentos, com leis e sem impunidade.

“Estamos vivendo novos tempos. Que cada um de nós coloque a mão na consciência, contando com os esforços de todos para mudar o quadro no Brasil, que tanto corrói os nossos recursos”, finalizou o presidente da SBPC/ML.

Value-Based Healthcare na medicina diagnóstica em pauta

União entre players em prol de mais valor e menos gasto em medicina foi unanimidade na discussão que ocorreu no HIS 2018

21 de Setembro de 2018

Aconteceu nos dias 19 e 20 de setembro mais uma edição do Healthcare Innovation Show (HIS). O evento, promovido pela unidade de negócios Healthcare da UBM Brazil trouxe dezenas de palestras, oferecidas por profissionais de renome nacional e internacional, tratando dos mais atuais assuntos inerentes ao setor de saúde.

Entre eles, estava o Value-Based Healthcare (VBHC), o conceito de mudança de mercado para os cuidados baseados em valor que se torna cada vez mais inevitável nos Estados Unidos e vem emergindo como uma saída para lidar com o aumento dos custos de cuidados de saúde no Brasil.

Em modelos baseados em valor, os médicos e hospitais são pagos para ajudar e melhorar a saúde das pessoas que apresentam doenças crônicas com uma abordagem baseada em evidências.

De acordo com o Dr. Michael E. Porter, autor do livro Redefining Health Care: Creating Value-Based Competition on Results, alcançar valor elevado para os pacientes deve tornar-se a meta primordial da prestação de cuidados de saúde, ou seja, se o valor melhorar, os pacientes, os provedores e os fornecedores podem se beneficiar, enquanto a sustentabilidade do sistema de saúde aumenta.

O objetivo é reduzir os custos dos cuidados de saúde e melhorar a qualidade e os resultados. Como o valor depende dos resultados, não dos insumos, o cuidado de saúde passa a ser medido pelos resultados alcançados, e não pela quantidade, ou volume de serviços prestados, e mudar a atenção do volume para o valor é um desafio central.

A mudança se afasta completamente do modelo de reembolso; em vez disso, será sobre os custos e resultados dos pacientes, que visam a recuperações mais rápidas, redução de taxas de infecções, menos readmissões, ou seja, tudo baseado no valor percebido.

Como a medicina opera em um ambiente em rápida evolução, os sistemas de cuidado de saúde devem adotar a redução dos custos sem comprometer a qualidade dos resultados.

Alguns gestores apresentam resistência em relação à possibilidade de migrar para VBHC, visto que o nível de investimento financeiro (FFS) é significativo/considerável, bem como a atual estrutura de pagamento e taxa de serviço ainda é rentável. Entretanto, algumas instituições estão se preparando ativamente para a transição; sendo assim, entender esse modelo de trabalho é o primeiro passo.

O VBHC específico na medicina diagnóstica foi um dos temas discutidos no HIS, em palestra durante o summit dedicado ao segmento, que trouxe a presidente da Abramed, Claudia Cohn; a diretora executiva da Anahp, Martha Oliveira; o superintendente geral da Unimed Porto Alegre, Dr. Flávio da Costa Vieira; e o secretário do Ministério da Saúde, Francisco Figueiredo, moderados pela jornalista Camila Galvez para tratar o assunto.

Em sua fala, Claudia Cohn colocou a vertical da mudança de remuneração como uma das mais importantes do conceito de VBHC. “Não se deve incentivar através do volume, e sim através de um desfecho bem feito”, iniciou, classificando a vertical da educação médica como importante: “Quanto mais respaldado o médico estiver, com protocolos, com interoperabilidade, tendo acesso aos dados anteriores do paciente, mais efetivos seremos”, disse. A presidente da Abramed citou como grande o desafio amadurecer o setor em seu todo para que se entenda que a receita não é o que trará diferença. “É importante saber que o desprendimento precisa existir e que isso é um benefício para todos. As pequenas iniciativas talvez tragam um modelo que podemos seguir juntos para termos oportunidade de futuro”, concluiu.

Martha, da Anahp, seguiu a mesma linha, adicionando a importância da mudança de cultura que se faz necessária, principalmente sobre hospitais e prestadoras de serviço. “Estamos em um processo e até a forma como nos posicionamos é importante para termos o tema valor no centro”, disse, além de afirmar que não pode haver segregação entre os atores. A representante dos hospitais privados adicionou que o conceito precisa ser mais bem definido. “Hoje falamos muito de valor, em vários eventos, mas será que o que é valor pra mim é o mesmo valor para o outro? Precisamos definir é o que é esse valor que tanto falamos e depois trazer o paciente para o centro.”

O representante da Unimed, Flávio da Costa Vieira, também ressaltou a necessidade da integração do sistema, já que o dado é fundamental para se conseguir fazer o modelo por performance. “O nosso modelo de remuneração está errado, e precisamos também, cada vez mais, trazer todos os agentes envolvidos para a mesa.” Para Vieira, muito precisa mudar no mindset de operadores, prestadores, usuários e médicos. Ele abordou ainda a questão da cultura do próprio paciente, que “não se considera bem-atendido se não sair com pedidos de exame. Além disso, os médicos não são preparados dentro das universidades para ter uma relação mais direta com a solicitação de exames”, afirmou, frisando a formação deficiente do profissional médico no que diz respeito à medicina diagnóstica. Para ele, essa discussão tem que ser levada também para os bancos da academia.

Quando indagado sobre os desafios da remuneração na saúde pública, principalmente no tocante aos relativos à tabela SUS, o representante do Ministério da Saúde, Francisco Figueiredo, falou da grandeza do sistema e do amplo número de pessoas dependentes dele. “Nós temos hoje no ministério 43 mil unidades básicas de saúde que não têm uma visão logística”, disse. “Temos exemplos de um hospital onde estamos fazendo vários diagnósticos. Um exame de urgência que demora duas horas e meia para ficar pronto passou para uma espera de apenas quarenta minutos. Com isso, o tempo de permanência na urgência, que era de seis horas, caiu para uma hora e quarenta”, exemplificou.

“No que diz respeito à remuneração, nós sabemos que o SUS tem que ser repensado, mas a tabela a todo momento citada é somente parte do movimento de remuneração”, disse, salientando – em uníssono com os outros participantes – que todos os players precisam estar juntos.

Também em consonância com o que já havia sido falado pelo setor privado, Figueiredo concordou com a necessidade de implementação da digitalização de dados: “Nós precisamos informatizar as unidades básicas de saúde”, afirmou. “Essa é uma grande necessidade, pois o ministério tem que saber o que acontece em cada canto desse país.”

Para Cláudia, da Abramed, Francisco tocou em um ponto crucial ao abordar a universalidade do sistema de saúde e a pluralidade da população atendida. “Quando falamos de modelo de remuneração, temos que entender que as políticas ou definições de prestação de serviço ou de prescrição devem levar em consideração cada realidade. O que para uma população distante e o que é para quem está na capital precisa ser feito, por exemplo”, afirmou, dando como exemplo um mutirão de mamografia feito em um local afastado que detectou precocemente um grande número de cânceres de mama. “Quando falamos de uma população que não tem acesso e que precisa fazer um trabalho de screnning estamos falando de um outro tipo de política.”

“Quando falamos em performance, temos que saber para quem estamos voltando essa política e essa prestação de serviço”, pontuou, asseverando que vê um amadurecimento do setor e que as definições precisam ocorrer independentemente de qualquer governo.

O presidente do Conselho da Abramed elencou outro ponto importante ao levantar o assunto compliance. “Focamos na Associação no tema ética, trabalhando para que todos os associados definitivamente adotassem uma conduta adequada, não aceitando nenhum tipo de incentivo”, contou. “Esse é o ponto mais importante e vem antes de qualquer outro, que vem da condição e do valor que a gente pode impor para o sistema, com o paciente no centro dessa questão.”

Mais sobre o HIS

O HIS também ofereceu, pela primeira vez, um recurso dentro do aplicativo do evento para marcar reuniões de negócios entre expositores e participantes com interesses em comum. A plataforma, disponibilizada de forma gratuita para download no Google Play e na App Store, gerou diversos encontros na Meeting Arena, a qual foi pensada especificamente para este fim. Além disso, o evento também realizou as premiações “Referências da Saúde”, patrocinada pela Hermes Pardini, e “GPTW – Saúde”, patrocinada pelo Sesc, para reconhecer as empresas de destaque do setor em diversas categorias, como gestão administrativo-financeira e governança corporativa, além das 90 melhores companhias para se trabalhar escolhidas neste ano.

Para o próximo ano, Rodrigo Moreira, diretor de Estratégia do portfólio de saúde da UBM Brazil, afirma que a expectativa é continuar com o crescimento expressivo do evento, “agregando ainda mais conhecimento para o público de altíssimo nível que atendemos e que tem um perfil muito forte de geração de impacto. A temática de tecnologia e inovação é um vetor de desenvolvimento setorial muito importante, e nós percebemos um incremento na maturidade do segmento para discutir essas questões. Este ano é de muita relevância porque o evento entra de fato no calendário do mercado de saúde”, finaliza.

Jarbas Barbosa, da OPAS, recebe Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld

Médico brasileiro foi homenageado durante 3º FILIS

03 de Setembro de 2018

Criado pela Abramed para reconhecer profissionais que fomentam o desenvolvimento e a melhoria da saúde no Brasil, o Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld homenageou, durante a terceira edição do FILIS – Fórum Internacional de Lideranças da Saúde, Jarbas Barbosa, subdiretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas.

Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed, apresentou a premiação e declarou: “A escolha foi árdua, mas chegamos a um consenso de homenagear Barbosa, uma figura muito bem vista e quista por toda a cadeia de saúde”. A entrega foi realizada por Francisco Balestrin, presidente da International Hospital Federation (IHF), e por familiares de Rosenfeld.

Com trajetória marcante, Barbosa assumiu em julho deste ano o posto de subdiretor da OPAS tornando-se responsável por supervisionar os programas de cooperação técnica fornecidos pela organização aos 35 Estados Membros. O profissional também atuou, ao longo de sua carreira, como diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

O Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld presta uma homenagem a este renomado profissional do setor que faleceu em março após décadas de empenho em tornar o segmento de diagnóstico mais unido. Médico hematologista e patologista clínico, Luiz Gastão Rosenfeld foi membro da Câmara Técnica da Abramed, além de diretor de Relações Institucionais do DASA e conselheiro do Hospital Israelita Albert Einstein.

“Reconhecer o legado de Rosenfeld é mais do que uma obrigação. Se a Abramed existe e está consolidada, devemos muito a ele que enxergou a necessidade de o setor de medicina diagnóstica ser uníssono, provocando todos os atores a trabalharem em conjunto”, comentou Priscilla.

Para Balestrin, amigo de Rosenfeld, “se hoje estamos nesse patamar da indústria de diagnóstico devemos grande parte a ele, um homem verdadeiro, que tinha convicção de suas razões e compromisso inquebrantável com a verdade”.

Com interação da plateia, FILIS debate sustentabilidade do setor

Por meio de plataforma virtual, participantes responderam a questões sobre verticalização, modelos de remuneração e inserção de inteligência artificial

03 de Setembro de 2018

A participação ativa da plateia foi um dos grandes destaques do 3º FILIS – Fórum Internacional de Lideranças da Saúde. Durante sessões interativas, todos os participantes foram convidados a responder, em uma plataforma virtual, a perguntas sobre alguns dos temas mais atuais do setor de saúde. Após centenas de participações, as respostas foram debatidas por quatro especialistas: Ademar José de Oliveira Paes Jr, presidente da Associação Catarinense de Medicina (ACM); Carlos Senne, presidente da Senne Liquor; Eliezer Silva, diretor de medicina diagnóstica do Hospital Israelita Albert Einstein; e Leandro Figueira, diretor de relacionamento da Alliar Médicos à Frente.

Metade dos participantes que responderam à sessão interativa pertenciam ao setor de medicina diagnóstica e a outra metade estava dividida entre membros de hospitais, de operadoras de saúde, ou atuantes diretos no setor de equipamentos médicos ou suprimentos para análise clínica.

Muitas questões estavam direcionadas à necessidade de investimentos na sustentabilidade do sistema de saúde, ponto que 66% dos participantes concordaram ser de responsabilidade de todos os players de forma igualitária.

A primeira pergunta feita ao público dizia respeito ao conhecimento sobre as expressões “underuse” e “overuse”, tema que tem sido foco de muitas discussões no setor. Com 71% dos participantes mostrando entendimento sobre o que esses termos representam, o assunto mereceu uma explicação histórica por parte de Leandro, que reforçou que em meados da década de 1980, as consultas médicas foram encurtadas e, como consequência, a responsabilidade da anamnese e do exame físico completo acabou sendo dividida entre o médico e os exames laboratoriais, o que aumentou a quantidade de solicitações por exames nesse primeiro contato com o paciente. “Existe a oportunidade de racionalização de custos, mas para isso é preciso mudar essa cultura, senão passaremos os próximos dez anos debatendo o mesmo assunto”, declarou.

Ainda em busca de soluções para melhorar a saúde brasileira, o time de especialistas observou que a grande maioria dos presentes planeja mudanças nos modelos de remuneração, visto que 56% já implementaram novos modelos e estão avaliando os resultados, 20% já confirmaram a obtenção de resultados positivos e apenas 3% disseram ter obtido resultados negativos. Nesse ponto, Eliezer fez um alerta importante de que é preciso pensar na sustentabilidade da saúde como um todo, e não apenas de um único segmento: “O que preocupa é que diferentes organizações buscam, na sustentabilidade, melhorias para seu setor e não para a sociedade”.

Complementando o raciocínio, Ademar declarou que a adoção de novos modelos de remuneração requer controle de acessos e análise de dados para que as negociações sejam claras. “Nossa qualidade não pode ser avaliada por quem faz o pagamento, e isso é muito importante”.

Tendo como um dos fundamentos de uma boa gestão a previsibilidade de custos, Leandro mostrou-se totalmente favorável à verticalização, processo que, segundo ele, além de maior previsibilidade, gera melhor gerenciamento de filas e garantias de acesso em estruturas inteligentes com expertise na entrega. Porém o tema mostrou-se ainda dúbio para grande parte dos presentes, visto que 37% dos participantes que responderam à enquete afirmaram não trabalhar com serviços verticalizados mesmo acreditando que essa é uma solução interessante, enquanto outros 26% disseram não ter opinião formada sobre o assunto.

Paralelamente à verticalização de muitas operadoras, algumas empresas vêm contratando prestadores de serviços de saúde de forma direta, sem a intermediação dos planos. A plateia também se mostrou dividida sobre este assunto. A maioria acredita que essa é uma tendência irreversível, porém 39% apostam que ainda não estamos preparados para prestar esses serviços enquanto 31% acreditam que já estamos preparados.

Para os debatedores que conduziram a sessão, ainda há dúvidas sobre como o processo se dará daqui para frente. “Quem conseguir gerenciar o ciclo completo do tratamento utilizando melhor os recursos disponíveis, entregará o melhor resultado”, declarou Eliezer. “O sistema precisa de uma adequação e se faremos isso com ou sem intermediários dependerá, exclusivamente, da atuação desses intermediários”, complementou Leandro.

Diante de uma busca incansável por sustentabilidade, também existe o debate sobre os avanços tecnológicos que modificam a dinâmica do setor. Quando o assunto abordado foi inteligência artificial, 51% dos participantes disseram confiar em laudos feitos por inteligência artificial pois esse é o caminho do futuro. Ao mesmo tempo, 47% disseram confiar nos resultados e na qualidade, porém acreditam que a interação humana ainda é mais importante.

“Esse equilíbrio é exatamente o que vivemos”, declarou Eliezer. Com muitas instituições já atuando com processos automatizados – como o departamento de oncologia do Memorial Sloan-Kettering, nos EUA, que utiliza inteligência artificial para reconhecer padrões em uma biblioteca de laudos, gerando diagnósticos e apontando tratamentos com maior probabilidade de sucesso para os pacientes – a tecnologia deve assumir processos que ainda hoje são realizados por humanos, mas, segundo Leandro “deve demorar muito tempo para que sejamos totalmente substituíveis”.

Encerrando a sessão interativa, Carlos declarou satisfação pela promoção do debate. “Temos essa obrigação de promover esses encontros para distribuir conhecimento e espero que tenhamos, cada vez mais, novos agregados”. Para Leandro, contar com uma plateia multidisciplinar como a do FILIS é muito importante para ampliar a discussão. “Entendo que as pessoas que participam destes eventos de forma espontânea são as que têm boa vontade e apostam em iniciativas para dialogar e fazer da área de saúde um setor muito melhor”, declarou.

Benefícios da inovação na medicina diagnóstica são pauta no 3º Filis

Especialistas são unânimes ao afirmar que a inteligência artificial é a grande aliada na busca por diagnóstico correto e tratamentos mais eficazes

03 de Setembro de 2018

A tecnologia afeta a sociedade em todos os aspectos, entretanto em nenhum outro setor esse impacto é mais aparente quanto na saúde. Os avanços tecnológicos compreendem a adoção de prontuários eletrônicos, avanços em engenharia e tecnologia biomédica, entre outros. A área da saúde vivencia uma mudança na forma como os cuidados de saúde estão sendo entregues. Contudo, é preciso refletir sobre que impactos essas mudanças estão trazendo – visto que muitas delas já fazem parte do cotidiano – e ainda trarão no fornecimento geral de cuidados.

A fim de debater esse tema, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) trouxe ao 3º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), evento realizado na última sexta-feira, 31, no Hotel Renaissance, em São Paulo, o debate “Inovação em diagnósticos: benefícios para os pacientes e perspectivas para o setor”.

Gustavo Meirelles, gestor médico de radiologia com ênfase em estratégia e inovação do Grupo Fleury, e Thiago Julio, gerente de Inovação Aberta e curador do Cubo Health, do Grupo Dasa, abriram o módulo com uma apresentação que abordou os avanços contínuos da tecnologia ao longo dos tempos. “Estou muito feliz com o resultado positivo de uma pesquisa apresentada aqui, que fala de robôs e inteligência artificial. Certamente se tivéssemos feito essa pergunta a resposta teria sido o oposto. É muito bom ver que não só estamos perdendo o medo dos robôs, como estamos começando a querer que eles cheguem mais rapidamente às nossas vidas”, brincou Thiago. “Hoje, quando se fala em tecnologia da informação, pensamos automaticamente em computadores, mas a verdade é que ela começou muito antes, com o desenvolvimento da fala, com as pinturas nas cavernas, e depois evoluiu por meio dos alfabetos, dos livros, da matemática. Ou seja, cada vez que a humanidade aprende a manusear, compactar e transmitir dados, de forma mais rápida e mais ágil, temos um salto de evolução”, apontou o gerente da Dasa.

Gustavo provocou a plateia ao questionar: por que inovação é tão importante? “Todo mundo fala em inovação hoje. Empresas investem em inovação, outras montaram departamentos inteiros só destinados a isso. Mas será que já paramos para nos perguntar por que estamos inovando? Ou para onde isso vai nos levar?”, questionou o gestor do Grupo Fleury. A palestra seguiu mostrando como as modernas tecnologias disruptivas são importantes para trazer eficiência e segurança ao setor de medicina diagnóstica do país.

Após a apresentação dos gestores da Dasa e do Grupo Fleury, foi a vez de CEOs do setor debaterem o tema. Entre os convidados para a mesa-redonda estavam presentes Antonio Vergara, CEO da Roche Diagnóstica Brasil; Armando Lopes, CEO da Siemens Healthineers; Fernando Terni, CEO da Alliar Médicos à Frente; Paulo Chapchap, CEO do Hospital Sírio-Libanês; e Roberto Santoro, CEO do Grupo Hermes Pardini. A moderação foi do conselheiro do Grupo Fleury Fernando Lopes Alberto.

Inteligência artificial

Levantando a questão do uso de inteligência artificial na saúde, o moderador arguiu o CEO da Siemens Healthineers sobre o que a empresa vem preparando para o futuro do setor. “Ao longo de toda a história, a tecnologia teve um papel de trazer progresso, ao substituir atividades importantes que nós humanos fazíamos. A diferença hoje é a velocidade com que essas disrupções estão acontecendo, além da democratização da possibilidade de se aplicar a tecnologia. Hoje temos chance de capturar e fazer inovação em qualquer lugar do mundo. A boa ideia e o olhar de qual é a necessidade talvez sejam os maiores valores entre todos nesse processo”, destacou Lopes, acrescentando que, em relação ao uso de inteligência artificial, é fundamental ter um banco de dados harmonioso, mais até do que padronizado, para que o conhecimento possa ser capturado. “Concordo com o que foi dito aqui pela manhã; é muito importante a questão da privacidade, é muito importante a discussão ética em cima disso. Mas não podemos abrir mão de ter essa informação neutralizada para que gere conhecimento. Não é algo nice to have, é algo necessário para enfrentarmos os desafios que são apresentados”, afirmou o CEO, destacando ainda que a Siemens Healthineers vem trabalhando em vários projetos de inteligência artificial, cada vez mais sofisticados, que prezam pelo desenvolvimento e segurança do setor.

Vergara acrescentou que a Roche considera a inteligência artificial um meio crítico e evidente de gerir a saúde. “Investimos continuamente em inovação laboratorial, em especial no desenvolvimento de testes de altíssimo valor médico, que tendem a ajudar num diagnóstico mais eficaz. Além disso, apostamos fortemente na gestão de dados. Para isso, estamos investindo numa nova ferramenta que fará a gestão dos dados de informação de uma forma muito mais eficaz. Essa ferramenta ajudará o profissional na tomada de decisão. Mas lembrando que ainda será este profissional quem irá dirigir, decidir e diagnosticar”, ressaltou o CEO.

Humanização

Corroborando a fala de Vergara sobre a participação do profissional, Chapchap, do Hospital Sírio-Libanês disse: “Preciso pensar como médico. A terceira causa de morte nos Estados Unidos são eventos adversos evitáveis dentro de hospitais, ou seja, erro médico. Nesse contexto, é melhor não ir para o hospital”, provocou. “Se pudermos fazer diagnósticos precoces, tratamentos extra hospitalares, os hospitais não serão mais necessários. Então eu pergunto: qual é o negócio do Sírio-Libanês? Certamente não é hospital. O hospital chega onde todos os sistemas falharam; porém, o ideal é que ninguém precise dele e que eles fiquem menores a ponto de serem desnecessários. Portanto, o negócio do Sírio-Libanês e de todos aqui é a promoção da saúde, não a doença. Nesse sentido, preciso pensar na tal da disrupção de mim mesmo”, disse. “Resistir à mudança tecnológica é condenar-se a si próprio. Por isso, vamos tirar os cardiologistas de dentro da sala de laudos e trocar por computadores. Vamos colocar esse profissional e outros perto do paciente, porque eles são os especialistas em diagnóstico. A tecnologia, por sua vez, vai ajudá-los a não errar, a ser mais precisos, vai auxiliar no diagnóstico correto, diminuindo o sofrimento do paciente”, salientou.

“Depois do auxílio à decisão pela tecnologia, um componente fundamental na educação e no cuidado é a interação humana. É o grau de empatia, a confiança, que irá levar o paciente a fazer o que é preciso, que siga o tratamento. Nós somos insubstituíveis. Alguém tem alguma dúvida de que a interação do ser humano com o ser humano é insubstituível?”, finalizou Chapchap.