COP 30: desafios e oportunidades para o avanço da sustentabilidade e da agenda ESG na Medicina Diagnóstica

Com o Brasil no centro das discussões climáticas globais, o setor de saúde tem a oportunidade de se posicionar como um dos protagonistas da transição para modelos operacionais mais sustentáveis, inovadores e socialmente responsáveis

Por Daniel Périgo

A COP 30, que será sediada em Belém (PA) em 2025, representa um marco geopolítico e ambiental para o Brasil e para o mundo. Ao colocar o país como palco central das discussões sobre clima, a conferência também abre uma janela estratégica para que setores fundamentais para o desenvolvimento da sociedade, como o de saúde, se posicionem como protagonistas da transição para uma economia de baixo carbono e de práticas ESG mais maduras.

O momento é de urgência, mas também de enorme potencial de transformação, e naturalmente abarca os esforços da Medicina Diagnóstica, especialmente quando consideramos fatores como o aumento de doenças emergentes relacionadas ao aquecimento global e à proliferação de vetores em ambientes úmidos, além dos impactos nas doenças circulatórias e respiratórias, que aumentam a pressão sobre os setores de exames diagnósticos e cuidados preventivos.

No campo das oportunidades, por exemplo, o desenvolvimento de novos testes para doenças emergentes e melhoria dos modelos atuais visando uma maior agilidade na liberação de resultados pode ser decisivo para o desenho do futuro na Medicina Diagnóstica.

Isso posto, a responsabilidade ambiental do setor de saúde se apresenta como uma demanda indispensável para o planeta, haja vista que, atualmente, os sistemas de healthcare são responsáveis por cerca de 4,4% das emissões de CO2 globais.

Nesse sentido, o primeiro passo é entendermos que a agenda ESG é estratégica e merece destaque na condução central dos negócios, tendo de ser vista como um investimento essencial, e não somente como uma despesa, já que a sustentabilidade se reverte também em políticas de governança mais sólidas, redução de riscos, atração de investimentos e ganhos institucionais junto a uma sociedade cada vez mais atenta ao comprometimento das empresas com a pauta socioambiental.

Dentro desse contexto, é importante destacar ainda que a intensificação de eventos climáticos extremos já está aumentando a ocorrência de determinadas doenças, sobretudo em comunidades mais vulneráveis e sem acesso a saneamento básico e saúde de qualidade, fato que impõe,  segundo posicionamento recente da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em colaboração com o Ministério da Saúde do Brasil, a necessidade de preparar os serviços de saúde da América Latina para combaterem os impactos decorrentes das mudanças climáticas.

Essa necessidade mobiliza ainda a criação de um Plano de Ação sobre Clima e Saúde, atualmente em desenvolvimento por essas organizações que será considerado no âmbito da COP 30. Essa iniciativa, somada ao plano setorial de adaptação ao clima da área de saúde do governo brasileiro, atualmente em consulta pública, pode fornecer subsídios para um melhor enfrentamento aos efeitos das mudanças do clima no setor de saúde e no país.

Em outras palavras: o setor de saúde será um ator relevante para o cumprimento dos objetivos da COP 30 que prioriza, dentre outros, temas como adaptação e justiça climática, transição energética, redução da emissão de gases de efeito estufa, desenvolvimento de soluções de baixo carbono e atenção aos impactos sociais das mudanças no clima.

Para o setor de saúde e de Medicina Diagnóstica, na prática isso significa ampliar o acesso à saúde de forma equitativa, fortalecer a resiliência dos sistemas assistenciais frente às emergências climáticas e reduzir o impacto ambiental das operações implantando ações concretas que incluem desde a ampliação da telemedicina para diminuir deslocamentos, passando por um aumento nos investimentos na redução e em uma melhor gestão dos resíduos gerados e na diversificação da matriz energética das operações até a adoção de mecanismos de redução do consumo ou substituição do uso de gases anestésicos com alto potencial de geração de emissões, como o óxido nitroso.

No entanto, é necessário ainda avançar em iniciativas conjuntas, em especial com a cadeia de fornecimento, na busca de soluções mais sustentáveis com relação à logística reversa de resíduos e eletrificação de frotas logísticas, apenas para citar alguns exemplos que podem ser decisivos para uma nova mentalidade em um segmento tão importante para a vida da população.

Neste cenário, a inovação tecnológica desponta como ferramenta indispensável. A inteligência artificial, por exemplo, pode ajudar a construir modelos preditivos climáticos mais precisos que orientem investimentos em prevenção de impactos, otimizem fluxos e reduzam desperdícios. Equipamentos de menor consumo energético e investimentos na integração de informações e processos do ecossistema de saúde são outros passos fundamentais. Mas há desafios: o próprio processamento intensivo de informações na IA consome energia, o que exige a criação de modelos computacionais mais enxutos e bases de dados mais otimizadas.

Ato contínuo, no campo social da agenda ESG que dialoga com a COP 30 dentro da busca pela redução dos impactos sociais frente às mudanças climáticas, é fundamental fortalecer programas de saúde para populações vulneráveis, investir em diversidade, inclusão e na formação e bem-estar dos profissionais de saúde, bem como, garantir acesso equitativo ao diagnóstico e a saúde de qualidade para a toda a população.

Diante de tantas demandas urgentes que envolvem ainda a padronização de protocolos nacionais e internacionais voltados ao tema e fortalecimento da governança das políticas ESG, a Abramed coloca essa agenda no centro de suas discussões. Além de contar com um Comitê ESG exclusivo que incentiva os debates e trocas de experiências entre empresas associadas, a Associação tem investido na consolidação de dados de ESG do setor e na disseminação de conteúdo e aprendizado sobre essas pautas, seja na newsletter mensal, no Fórum de Líderes de Saúde (FILIS) ou na realização de simpósios específicos sobre as temáticas ambientais, sociais e de governança.

A COP 30 é, portanto, mais um chamado para que a temática socioambiental se torne um pilar estratégico do setor de saúde e da Medicina Diagnóstica, que deve cumprir um papel decisivo, tanto diante das mudanças climáticas que já são uma realidade no Brasil e no mundo, quanto como um setor ativo na jornada de transição para sistemas econômicos de baixo nível de emissões e na busca por mais equidade social. 

Daniel Périgo é Líder do Comitê ESG da Abramed e Gerente Sênior de Sustentabilidade do Grupo Fleury

Revisão da tabela TUSS 38 da ANS: Abramed participa de Comitê para aprimorar classificação de glosas

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) participou recentemente 1ª reunião do Comitê de Padronização das Informações em Saúde Suplementar (COPISS) da ANS de 2025.Entre os temas debatidos, um dos destaques foi a retomada da revisão da Tabela TUSS 38 — instrumento que organiza a nomenclatura, codificação de procedimentos e mensagens padronizadas na comunicação entre operadoras e prestadores de serviços de saúde, incluindo a Medicina Diagnóstica. A atualização da tabela busca eliminar repetições, padronizar descrições e trazer maior clareza e objetividade aos fluxos de informação.

Para a Abramed, trata-se de uma discussão estratégica, com impactos diretos na previsibilidade financeira e na sustentabilidade do setor. A entidade tem contribuído ativamente com propostas técnicas, com foco em dois desafios principais enfrentados por seus associados: o excesso de códigos pouco aplicáveis e a subjetividade das mensagens de glosa.

Segundo Claudio Laudeauzer, líder do Comitê Padrão TISS da Abramed e Gerente Corporativo de TI do Grupo Sabin, “a TUSS 38 possui muitos códigos que acabam ficando dúbios e em duplicidade. Isso dificulta o entendimento da glosa ou da negativa, e é comum as operadoras utilizarem códigos diferentes para o mesmo motivo”.

Essa falta de padronização prejudica a gestão operacional das instituições de Saúde, impactando diretamente o tempo e os custos administrativos. “O excesso de códigos atrapalha o entendimento do real motivo da glosa ou negativa. Muitas vezes, a correção depende da interpretação da descrição da mensagem, o que pode atrasar o processo ou, até mesmo, torná-lo ineficaz”, explica o especialista.

Com a revisão em curso, o objetivo é tornar a tabela mais enxuta, objetiva e funcional. “A proposta é reduzir o número de mensagens e clarificar os textos das remanescentes. Isso vai reduzir o trabalho interpretativo e gerar uma comunicação mais assertiva”, afirma Laudeauzer. “Teremos uma tabela mais compacta e objetiva, que permitirá uma correção mais rápida e eficaz, reduzindo a recorrência das glosas”.

A participação ativa da Abramed inclui a sistematização de contribuições técnicas elaboradas por seus associados, atualmente em fase de compilação pelo grupo de trabalho do Comitê de Padronização das Informações em Saúde Suplementar, para posterior convergência entre as entidades envolvidas e envio da versão final para avaliação no COPISS.

Essa discussão também reforça a importância de se buscar, no futuro, maior interoperabilidade e padronização entre os sistemas utilizados na Saúde Suplementar brasileira. “Hoje, cada prestador possui seus códigos internos e muitas operadoras adotam protocolos próprios de comunicação. Isso gera um cenário fragmentado e de difícil sustentação. Um modelo único, padronizado e adotado por toda a cadeia traria ganhos reais de eficiência e transparência”, defende Laudeauzer.

O papel da Abramed como voz técnica da Medicina Diagnóstica em discussões como essa reforça o compromisso do setor com a promoção da qualidade da informação em saúde, a busca uma regulação mais eficiente e a construção de relações mais equilibradas e transparentes entre operadoras e prestadores.

Lançamento do livro Medicina Diagnóstica e Direito Administrativo tem apoio da Abramed

A obra Medicina Diagnóstica e Direito Administrativo, coordenada pelo professor André Saddy e publicada pelo Centro para Estudos Empírico-Jurídicos (CEEJ) da Universidade Federal Fluminense (UFF), reúne especialistas de diferentes áreas do Direito e da Saúde para discutir, sob uma perspectiva técnico-regulatória, temas relevantes para a prática da Medicina Diagnóstica no país.


Entre eles, a atuação normativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os impactos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) na gestão de exames e informações sensíveis, o papel da biossegurança nos laboratórios, o uso de inteligência artificial no diagnóstico, a responsabilização civil por erros em exames e a viabilidade legal dos serviços laboratoriais em farmácias.


Além disso, o livro discute a contribuição das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e de startups para o desenvolvimento de soluções tecnológicas voltadas à saúde, destacando os desafios regulatórios e as oportunidades para a modernização do setor.

“Publicações como essa fortalecem a base técnica e jurídica que sustenta as transformações da Medicina Diagnóstica, promovendo um olhar mais integrado entre saúde, regulação e inovação”, afirma Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.


Com mais de 400 páginas, o livro conta com o apoio da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e, em breve, estará disponível nas versões física e digital.


A obra se propõe a ser uma referência para profissionais da Saúde, juristas, gestores públicos, reguladores e pesquisadores interessados em compreender os desafios e caminhos para um setor mais seguro, ético e eficiente.

Abramed debate inovações baseadas em IA durante o Fórum Inovação Saúde 2025

O painel “IA no Diagnóstico: Como Expandir Possibilidades e Maximizar Oportunidades?”, realizado no dia 7 de abril, no Fórum Inovação Saúde 2025, evento organizado pela Iniciativa FIS, em Recife, contou com mediação de Milva Pagano, Diretora Executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), e reuniu Linaldo Vilar, Head of Lab Operations da DASA, e Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin e Vice-Presidente do Conselho de Administração da Abramed, para refletir sobre o uso da Inteligência Artificial no setor.

Os executivos compartilharam experiências e perspectivas sobre o uso da IA no setor, destacando avanços recentes, pontos de atenção e as transformações que ainda virão.

Linaldo Vilar relembrou que a jornada de inovação da DASA teve início em 2017 e passou por uma fase intensa de experimentação até alcançar resultados consistentes a partir de 2021. Segundo ele, hoje a empresa já opera com mais de 80 ressonâncias magnéticas equipadas com aceleradores de imagem e cerca de 50 algoritmos voltados à identificação de achados críticos.

“É preciso usar a tecnologia como um suporte à decisão clínica, e não como substituto da prática médica”, defendeu. Para Vilar, a IA oferece ganhos concretos de agilidade e qualidade, especialmente em áreas como oncologia e genômica, mas sua implementação precisa respeitar os fluxos operacionais dos prestadores. “Não será uma integração impositiva e única. É preciso escolher onde aplicar, adaptar rotinas, integrar sistemas e trabalhar a aceitação da equipe assistencial”, afirmou.

Ele também alertou sobre a importância de ter dados de qualidade para treinar as máquinas e poder usá-las com segurança.

Lídia Abdalla reforçou que a transformação digital exige mais do que investimento em tecnologia. Para ela, o fator humano ainda é o principal desafio. “Se as pessoas não confiarem na empresa e na liderança, se não entenderem que a IA está aqui para tornar a operação mais sustentável, haverá resistência — não só à IA, mas a qualquer tecnologia”, explicou.

A executiva também ressaltou o potencial da IA para ampliar o acesso ao diagnóstico em um país de dimensões continentais. No entanto, chamou atenção sobre os riscos de desigualdade em regiões que não têm estrutura operacional e iniciativas para capacitar as pessoas para usarem as novas tecnologias.

Em seu discurso, a CEO do Grupo Sabin ressaltou um entrave importante: o financiamento. “Na Saúde Suplementar, muitas operadoras ainda não cobrem procedimentos com IA, de modo que, muitas vezes, a inovação ainda é um privilégio de quem pode pagar particular”.

Segundo ela, o Grupo Sabin tem investido em um ecossistema robusto de inovação, com aceleradoras e parcerias com startups, buscando soluções que possam ser aplicadas de forma prática e sustentável para que os benefícios cheguem para todos, principalmente para os pacientes.

Tecnologia, comportamento e humanização

Durante a mediação do painel, Milva Pagano destacou o impacto da IA não apenas do ponto de vista técnico, mas também comportamental. Para ela, apesar do receio e medo de substituição, o avanço da tecnologia já transformou a forma como profissionais, pacientes e as pessoas no geral interagem com a tecnologia.

“Mesmo com resistência, nos acostumamos a usar e muitos até já criaram uma dependência. Mas, quando pensamos no cuidado com a saúde, não podemos perder a dimensão da relação humana e há o receio dessa relação ser substituída pela Inteligência Artificial”, pontuou.

Ela também mencionou a importância de considerar os pensamentos e valores das pessoas no processo de adoção tecnológica. “São as crenças que moldam nossa relação com o novo, por isso, nunca podemos subestimar as crenças que surgem nos seres humanos”.

Todo cuidado começa com um diagnóstico: o papel da Medicina Diagnóstica na Jornada da Saúde

A Medicina Diagnóstica tem um papel fundamental na promoção da saúde em todas as fases da vida, começando pelo acompanhamento gestacional e seguindo ao longo do desenvolvimento humano. No Dia Mundial da Saúde de 2025, celebrado em 7 de abril, essa importância ganha ainda mais destaque, reforçando como o diagnóstico precoce é essencial para garantir um início de vida saudável e prevenir complicações futuras.

Neste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou a campanha “Começos Saudáveis, Futuros Esperançosos”, com foco na saúde materna e neonatal. A iniciativa visa reduzir óbitos evitáveis de mães e recém-nascidos, promovendo cuidados de saúde de qualidade desde a gestação até o pós-parto. A Medicina Diagnóstica se destaca nesse cenário, especialmente com a triagem neonatal — como o teste do pezinho, realizado entre o terceiro e o quinto dia de vida —, fundamental para detectar precocemente doenças genéticas, metabólicas e infecciosas, assegurando tratamento oportuno e melhor qualidade de vida para as novas gerações.

Com a ampliação promovida pela Lei nº 14.154, o teste do pezinho passou a identificar até 53 doenças, incluindo fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito e anemia falciforme. Essa evolução reforça a importância do diagnóstico precoce na promoção da saúde infantil e na prevenção de sequelas.

“A evolução tecnológica permitiu ampliar o painel de doenças rastreadas no teste do pezinho. Além disso, técnicas como sequenciamento genético e Inteligência Artificial estão revolucionando a velocidade e a precisão dos diagnósticos. Mas precisamos avançar na acessibilidade, garantindo que todas as crianças, especialmente em regiões remotas, tenham acesso a esses exames”, explica Alex Galoro, médico e líder do Comitê de Análises Clínicas da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica.

Diagnósticos nos primeiros 30 dias de vida reduzem em até 70% as hospitalizações por doenças tratáveis. No Brasil, o teste do pezinho alcança mais de 80% dos recém-nascidos, mas a cobertura do exame varia significativamente entre os estados brasileiros.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal e Erros Inatos do Metabolismo, enquanto em Brasília 97% dos recém-nascidos são submetidos ao exame nos primeiros sete dias após o nascimento, estados como Piauí e Pernambuco apresentam cobertura de apenas 24%.

A campanha da OMS reforça a necessidade de sistemas de saúde que priorizem a prevenção e o cuidado desde o início da vida.

Com ações integradas, a Medicina Diagnóstica pode contribuir com a ampliação da cobertura de exames neonatais, parcerias para viabilizar testes expandidos e capacitação contínua de profissionais para a análise ágil e precisa dos resultados.

Para Milva Pagano, Diretora Executiva da Abramed, investir em saúde neonatal é um compromisso com a saúde da população. “Ao fortalecer o diagnóstico precoce, o setor contribui diretamente para políticas de saúde mais eficientes, equitativas e orientadas à prevenção”, pontua.

Como a nuvem está transformando o setor de Medicina Diagnóstica?

Com investimentos robustos em todo o mundo, tecnologia cloud fortalece a integração no setor de saúde

24 de março de 2025 – Quando pensamos no movimento de transformação digital que impulsiona a economia contemporânea, não há maiores dúvidas de que a computação na nuvem é um dos pilares dessa revolução que alcança também o setor de saúde e de medicina diagnóstica.

Para termos uma ideia desse cenário, só no ano passado, US$ 53,8 bilhões foram investidos globalmente em infraestrutura e soluções cloud para o segmento de healthcare global, segundo dados da consultoria Markets and Markets. E a expectativa é que a presença dessa tecnologia cresça 17,5% ao ano até 2029 no setor, gerando cerca de US$ 120,6 em direcionamento de recursos no mercado.     

Diante de tais indicadores, é possível afirmar que a Medicina Diagnóstica já está vivenciando uma mudança de paradigmas na forma como os dados médicos são armazenados, compartilhados e analisados, trazendo consigo uma série de benefícios que impactam diretamente a eficiência, a segurança e a qualidade dos serviços de saúde. 

As possibilidades abertas em termos de escalabilidade e acessibilidade são  ganhos primordiais dessa tecnologia para o setor, conforme explica Rafael Jácomo, membro do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e Diretor Técnico do Grupo Sabin. 

“A principal vantagem da nuvem para os serviços de saúde é a alta disponibilidade que os sistemas em nuvem disponibilizam e seu consequente acesso independente da estrutura física. Juntos, estes dois benefícios se traduzem em facilidade para médicos e pacientes em conseguir as informações necessárias para tomada de decisões”, afirma. 

Rogéria Cruz, Líder do Comitê de Proteção de Dados da Abramed e Diretora-Executiva Jurídica da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, complementa essa visão, “Os profissionais de saúde podem acessar prontuários, laudos e exames de qualquer lugar, o que facilita o atendimento e a tomada de decisão. Além disso, a nuvem permite um compartilhamento seguro entre instituições”.

Redução de riscos e sustentabilidade

A transição para esse novo ecossistema tem como trunfo outro pilar decisivo na gestão de informações clínicas: a segurança de dados.

Um primeiro ponto mais evidente diz respeito à redução dos riscos associados à gestão de mídias físicas, como danos causados por incêndios, inundações ou mesmo a perda de documentos. A nuvem oferece ainda recursos avançados de segurança, como criptografia de ponta a ponta, monitoramento contínuo contra ataques cibernéticos e backups automáticos, dentro de um panorama em que os provedores investem de modo robusto em medidas de proteção e atualizações constantes para mitigar riscos.

Nesse mesmo sentido, a nuvem é um vetor de maior desempenho que aumenta a eficiência, precisão e produtividade nas rotinas de diagnóstico e na oferta de serviços de saúde de modo geral.

A capacidade de processar e compartilhar exames e laudos em tempo real, por exemplo, acelera o encaminhamento de diagnósticos e tratamentos, ao passo que a integração de sistemas na nuvem contribui para uma maior colaboração entre diferentes profissionais de saúde, tornando a distância física um fator irrelevante. 

Rogéria Cruz exemplifica esse contexto ao mencionar que “um paciente que realiza um exame de imagem pode ter seus resultados acessados instantaneamente por médicos de diferentes especialidades, possibilitando um diagnóstico mais rápido e preciso. Além disso, sistemas de telemedicina integrados à nuvem estão revolucionando o atendimento, permitindo consultas e laudos à distância sem comprometer a segurança dos dados”.

Finalmente, do ponto de vista financeiro e ambiental, a migração para a nuvem pode gerar tanto economia – ao reduzir a necessidade de investimento em data centers e aumentar o acesso a soluções que poderiam ser inviáveis por meio de aquisição direta – quanto uma maior eficiência energética por parte das empresas, que não dependem mais de infraestruturas físicas para o compartilhamento de arquivos.   

Um olhar para o futuro da Medicina Diagnóstica

Para que as empresas do setor de Medicina Diagnóstica acelerem a implementação da nuvem e absorvam tantos benefícios, é fundamental superar um desafio cultural importante de confiança por parte das equipes, promovendo uma mudança de mentalidade acerca da segurança dos dados na nuvem. 

A escolha de fornecedores cloud que atendam a altos padrões de cibersegurança e a consequente implementação de políticas internas e rigorosas de governança de dados, são passos essenciais para garantir a proteção de informações clínicas sensíveis e o entendimento dos colaboradores sobre as vantagens da nuvem.

Vantagens essas que incluem, por fim, a base para tecnologias mais integradas e um uso ampliado da inteligência artificial na saúde. 

Rafael Jácomo vislumbra um futuro em que “a Medicina Diagnóstica será moldada por tecnologias mais integradas, com uso ampliado da inteligência artificial e acesso mais abrangente. A análise de grandes volumes de dados será facilitada, permitindo a personalização do diagnóstico com um protagonismo sem precedentes”. 

Para que tudo isso seja possível, a ampla adoção da nuvem na Medicina Diagnóstica exige que as instituições do país avancem em sua maturidade digital e dependerá de fatores como regulamentação, custos e adesão das instituições de saúde.

Nesse contexto, a Abramed tem reafirmado seu compromisso em impulsionar um ecossistema mais inovador, alinhado às tendências, que permita a interoperabilidade entre sistemas de saúde para que hospitais, laboratórios e clínicas compartilhem informações de forma mais eficiente e segura e aprimorem a qualidade dos serviços de Medicina Diagnóstica no Brasil.

Dengue: apesar da queda nos índices de positividade, o primeiro trimestre de 2025 já registra o segundo maior número de casos da história

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) segue monitorando a evolução dos casos de dengue no Brasil. Dados recentes indicam que a taxa de positividade dos exames realizados pelos laboratórios associados permanece em níveis elevados, com aumento registrado nas últimas semanas de fevereiro (semanas epidemiológicas 07, 08 e 09), quando a positividade chegou a 19,2% —  o maior índice desde outubro de 2024.

Embora a média móvel aponte uma tendência de queda, essa redução ocorre porque o pico de casos de janeiro não compõe mais a base de comparação. Ao desconsiderar esse período, as taxas até fevereiro foram as mais elevadas desde agosto de 2024 (semana epidemiológica 32).

Dengue atinge níveis históricos no Brasil

Apesar de dados do Ministério da Saúde apontarem uma queda considerável de quase 70% nos casos prováveis de dengue registrados nos dois primeiros meses de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024, historicamente, o Brasil enfrenta o segundo ano com mais ocorrências da doença.

Outro ponto que chama a atenção dos especialistas é a circulação do sorotipo 3, que esteve ausente no Brasil por mais de 15 anos e pode aumentar o risco de contágio, já que grande parte da população nunca foi exposta à essa variante e não possui anticorpos específicos.

“Os sintomas da dengue, como febre alta, dor abdominal intensa e vômitos persistentes, podem ser confundidos com outras viroses, dificultando o diagnóstico e diminuindo a atenção a sinais de agravamento, isto reforça a importância dos testes laboratoriais para a detecção da doença”, explica Dr. Alex Galoro, patologista clínico e líder do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Abramed.

Além disso, mesmo com a adesão de todas as doses disponíveis para 2025, a distribuição ainda é restrita e a vacinação contra a dengue está disponível na rede pública apenas para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos — em algumas regiões, a faixa etária foi estendida até os 16 anos.

Com o aumento histórico de casos, as estratégias de combate à dengue incluem medidas preventivas como eliminação de criadouros do mosquito Aedes Aegypti, principal transmissor da doença. O Ministério da Saúde alerta que 75% dos focos do mosquito estão dentro de residências, reforçando a necessidade de ações contínuas de conscientização e controle ambiental.

A Abramed reitera a importância da vigilância laboratorial, do diagnóstico precoce e da notificação dos casos para a tomada de decisões estratégicas no enfrentamento da epidemia. O monitoramento contínuo e a atuação conjunta entre governos, setor privado e sociedade são fundamentais para conter o avanço da doença no Brasil.

Monitoramento

Os associados à Abramed são responsáveis por cerca de 80% do volume de exames realizados na Saúde Suplementar no Brasil. Os dados são compilados por meio da plataforma de inteligência de dados METRICARE, desenvolvida e gerenciada pela Controllab, parceira da associação. Essa colaboração tem permitido o acompanhamento de dados relevantes, fornecendo uma visão clara e estratégica para a tomada de decisões em prol da saúde populacional.

Importante ressaltar que as associadas da Abramed enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico conduzido pelo Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para entender a progressão da dengue no Brasil e embasar medidas de saúde pública voltadas à contenção da doença.

Entidade celebra data com nova logo e iniciativas que destacam seu impacto no setor de saúde

Em 2025, a Abramed completa 15 anos de atuação, um marco que destaca sua trajetória e contribuição essencial para a promoção do diálogo e a defesa de pautas estratégicas no setor de saúde no Brasil.

Ao longo desse período, a entidade tem se dedicado ao desenvolvimento da Medicina Diagnóstica, um elo fundamental da cadeia da saúde. Desde sua fundação, vem ampliando sua representatividade, impulsionando pautas propositivas, fomentando a inovação e a sustentabilidade e fortalecendo parcerias com o governo, empresas e outras instituições – sempre com foco no paciente.

Para marcar esta trajetória, foi criada uma logo especial que estará presente em nossas comunicações ao longo de 2025, celebrando essa história de impacto e transformação.

Também serão preparadas uma série de iniciativas para celebrar essa trajetória, incluindo conteúdos especiais e ações que destacam o papel da entidade na construção de um futuro mais saudável e conectado.

Segundo Milva Pagano, diretora da Abramed, a criação visa destacar em nossas comunicações a importância dessa celebração: “Nestes 15 anos, a Abramed conectou stakeholders, superou desafios e provou que a colaboração constrói um setor de saúde resiliente. Essa trajetória reforça o papel da entidade como articuladora de um sistema integrado — onde qualidade, segurança do paciente e sustentabilidade caminham juntas”.

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Os impactos da Reforma Tributária na Medicina Diagnóstica: avanço ou novos desafios?

Lei Complementar nº 214/15 introduz novos paradigmas fiscais para o setor e exige adaptação

Por Renato Nunes*

Com a recente promulgação, em 16 de janeiro de 2025, da Lei Complementar nº 214/15, a Reforma Tributária deu um significativo passo em sua longa jornada de transição – que deve vigorar até 2032, segundo cronograma estabelecido pelo Governo Federal – estabelecendo a criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS), tributos que trarão implicações profundas para diversos setores da economia e da sociedade brasileira, incluindo a Medicina Diagnóstica. 

Tais implicações influenciam tanto na dinâmica da arrecadação – a partir, por exemplo, da instituição do princípio de não cumulatividade para apuração dos valores a serem pagos de IBS e CBS representantes do setor – quanto nos processos de governança e planejamento financeiro das organizações.  

Diante desse cenário, é imprescindível avaliar se tais mudanças trarão avanços ou novos desafios para o já complexo contexto tributário para um segmento crucial do ecossistema de saúde brasileiro.

Uma nova dinâmica tributária

Certamente, o principal efeito sobre o dia a dia das empresas de Medicina Diagnóstica se dará no processo de recolhimento dos tributos instituídos pela Reforma Tributária. Antes de tudo, é importante reforçar que o IBS e a CBS substituirão o ISS e o PIS/COFINS, tributos que hoje incidem sobre o consumo e atualmente são recolhidos pelas organizações do segmento. 

O ISS e o PIS/COFINS são calculados de forma cumulativa – ou seja, sem que haja a possibilidade de compensar tributos pagos em etapas anteriores da cadeia, lembrando que, conforme mencionado anteriormente, com a Reforma Tributária, a nova sistemática passará a ser não cumulativa, permitindo que as empresas abatam créditos dos valores de IBS e CBS pagos nas aquisições de bens e serviços. 

Em tese, esse seria um potencial benefício para as empresas e não há dúvidas de que se trata de uma mudança fundamental de paradigmas tributários. No entanto, ele também traz consigo mais complexidade para a apuração fiscal, exigindo maiores níveis de controle e adaptação operacional por parte das organizações.

Essa complexidade, aliás, ganha uma camada adicional quando levamos em conta que, durante o período de transição da Reforma, as empresas do setor precisarão lidar com a coexistência de dois regimes fiscais, questão que poderá exigir potenciais investimentos extras em capacitação, tecnologia e cumprimento de obrigações – tudo isso considerando ainda complementares regulamentação e debates que seguirão transcorrendo nesta nova página que está se desenhando no sistema tributário nacional. 

Em outras palavras: a possibilidade de abatimento de créditos tributários é uma medida positiva, mas seu impacto real depende da eficiência da sistemática de apuração, do compliance dos fornecedores para fins de tomada de crédito do IBS e da CBS nas aquisições e mesmo do grau de esclarecimento e suporte oferecido pelo Fisco nessa jornada de transição. 

Dentro de todo esse cenário, é preciso considerar também que a discussão hoje existente quanto ao ISS sobre serviços de análises clínicas (quando a coleta se dá em Município distinto daquele onde ocorre o processamento do material biológico) pode continuar nebulosa no âmbito do IBS, já que as disposições da Lei Complementar nº 214/15 sobre o local de ocorrência do fato gerador deste tributo ainda oferecem margem a dúvidas sobre para qual Município ou até mesmo Estado esse último imposto será devido. 

Isso posto, é essencial também citar que o setor de saúde (incluindo o segmento de Medicina Diagnóstica) foi contemplado com uma alíquota reduzida em 60% para os novos tributos do IBS e CBS, o que mitiga o impacto da excessiva carga de 28% projetada pelo Governo Federal, que colocará o Brasil com o IVA mais alto do mundo. 

Se as alíquotas ordinárias do IBS e CBS confirmarem esse montante previsto pelo próprio Governo Federal, as empresas de Medicina Diagnóstica pagarão algo em torno de 11,2%, percentual próximo à carga atual, se considerarmos ISS, PIS/COFINS e os tributos incidentes nas aquisições de bens e serviços.

Daí a necessidade de que se acompanhe com atenção os próximos capítulos da Reforma Tributária, de modo que sejam sanadas dúvidas sobre a regulamentação e implementação das alíquotas – que, aliás, já começarão a ser testadas pelo Fisco em 2026.

Desafios e perspectivas para o futuro da Medicina Diagnóstica

Como é possível notar, ainda há incertezas consideráveis e desafios já previstos para o novo contexto tributário que alcança as empresas de Medicina Diagnóstica.

A falta de maior clareza sobre a incidência do IBS no caso de exames realizados em localidades diferentes daquelas em que os materiais biológicos são processados, por exemplo, pode ser um fator de disputa entre Municípios ou até mesmo entre Estados e, no limite, gerar um ônus tributário para as organizações.

Nesse sentido, a regulamentação da Lei Complementar nº 214/15 será crucial para garantir previsibilidade, segurança jurídica e para que realmente o setor de saúde conviva com uma carga tributária semelhante à atual (um dos objetivos intrínsecos a alíquota reduzida de 60% aplicada ao segmento).

A própria transição complexa para o modelo do IVA Dual poderá afetar operacionalmente o dia a dia da gestão fiscal das empresas e, por isso mesmo, a atuação da Abramed tem sido decisiva tanto no sentido de garantir que a regulamentação da reforma tributária leve em consideração as demandas do setor de Medicina Diagnóstica quanto no esclarecimento e suporte a seus associados por meio de eventos, publicações e atualizações contínuas sobre o andamento da Reforma. 

A efetividade das mudanças propostas pelo novo regime dependerá, por fim, de um diálogo entre governo, setor empresarial e entidades representativas, de modo que elas tragam, de fato, mais justiça e equilíbrio para o nosso desafiador sistema tributário.   

*Renato Nunes é sócio da Machado Nunes Advogados, assessoria jurídica da Abramed

Welcome Saúde 2025 debate inovação, Inteligência Artificial e os desafios da sustentabilidade na saúde

Evento abre o calendário de discussões sobre as perspectivas políticas e econômicas do setor para o ano. A Abramed esteve presente em debate no primeiro dia.

O presidente da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), César Nomura, foi um dos executivos convidados a participar do Welcome Saúde 2025, evento promovido pelo Grupo Mídia, com correalização da Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para a Saúde (Abimed), que reuniu especialistas, líderes e autoridades para discutir desde a aplicação da Inteligência Artificial (IA) até os compromissos necessários para garantir a sustentabilidade e a qualidade do sistema de saúde.

Representando a entidade no painel “Compromissos de Líderes para 2025”, Nomura abordou os desafios e oportunidades do setor, com destaque para a interoperabilidade de dados, Inteligência Artificial e qualidade dos serviços de saúde.

Interoperabilidade, Sustentabilidade Financeira e Qualidade

Ao lado de Allisson Barcelos Borges (diretor-geral do Hospital DF, Rede D’Or) e Nilton Nunes (presidente da Unimed Teresina), sob a moderação de Fernando Silveira Filho, presidente da Abimed,  César Nomura enfatizou a importância da interoperabilidade para evitar a repetição desnecessária de exames e aprimorar o atendimento.

Hoje, o paciente faz um exame em um laboratório, mas, ao ser atendido em outro hospital, precisa repetir tudo. Isso gera custos desnecessários e reduz a eficiência do sistema”, afirmou Nomura.

Ele defendeu um maior diálogo entre os diferentes agentes do setor para garantir avanços concretos. “Precisamos sair do modo reativo e pensar em soluções estruturais. Tomar mais café juntos, fazer menos encontros online e mais presenciais, para construir um setor de saúde mais integrado e eficiente. A judicialização e a fragmentação do sistema só agravam os problemas”, refletiu.

Comentou ainda que a Abramed está trabalhando em parceria com a Secretaria de Informação e Saúde Digigital do Ministério da Saúde (SEIDIGI) em um projeto sobre interoperabilidade, que estabelece um padrão para troca de informações de exames dos exames de notificação compulsória, como os de Covid, Monkeypox e HIV, e ressaltou a necessidade de métricas claras para avaliar os serviços de saúde, mencionando a possibilidade de a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) lançaro QUALISS para a medicina diagnóstica, similar ao que já existe para hospitais.

Em relação à IA, o presidente da Abramed destacou o grande uso dessa tecnologia na área de medicina diagnóstica e reforçou os dados apresentados anteriormente por Giovanni Guido, Presidente do Conselho Diretor do INRAD e do Conselho de Administração do Instituto Coalizão Saúde:

Em 2024, quase 60% dos algoritmos aprovados para a saúde estavam relacionados à medicina diagnóstica. A regulamentação da IA precisa ser cuidadosa. Se for muito pesada, pode encarecer o que hoje é uma ferramenta de redução de custos e ganho de produtividade”.  Nomura alertou sobre a necessidade de uma regulamentação equilibrada para a inteligência artificial, que não iniba a inovação nem encareça os custos: 

Outro ponto debatido no painel foi a qualidade do serviço prestado. Allisson Barcelos Borges apontou a necessidade de padronização e transparência na avaliação dos serviços de saúde. “Pior que não ter uma informação, é ter uma informação errada. Precisamos de indicadores claros para que o paciente possa escolher onde se tratar com base em dados confiáveis”, opinou.

Já Nilton Nunes trouxe um tom crítico à judicialização da saúde, que, segundo ele, compromete a sustentabilidade do setor. “Hoje, qualquer prescrição pode ser levada à Justiça e, muitas vezes, aprovada sem critérios técnicos sólidos. No momento que eu prescrevo algo que eu não tenho uma relação de custo-eficácia adequada, eu estou onerando toda a cadeia do sistema e não sobra dinheiro para negociar com o prestador hospitalar, não sobra dinheiro para pagar melhor o radiologista nem a melhor clínica”, afirmou.


Reflexões e caminhos para o futuro

O Wellcome Saúde 2025 proporcionou uma discussão necessária sobre os rumos do setor e deixou claro que o futuro da Saúde dependerá da integração, inovação e responsabilidade na aplicação de novas tecnologias para garantir um sistema de saúde mais eficiente, acessível e seguro para todos.

César Nomura  encerrou sua participação com um chamado à ação:
“Precisamos nos colocar no lugar do paciente. Cada pessoa que busca atendimento é o amor da vida de alguém. Se tivermos isso em mente, as decisões serão mais fáceis e mais humanas. A inovação e a tecnologia são ferramentas poderosas, mas só farão sentido se estiverem a serviço das pessoas”.

Embora os desafios sejam grandes, a união de esforços e o foco em soluções práticas podem trazer avanços relevantes para o setor. A Abramed, juntamente com outras entidades e líderes, seguirá trabalhando para promover a interoperabilidade, a qualidade dos serviços e uma regulamentação equilibrada para a Inteligência Artificial, sempre com o objetivo de melhorar a experiência do paciente e garantir a sustentabilidade do sistema de saúde.