Resultados positivos em testes de covid-19 saltam de 3,7% para 23,1%, segundo Abramed

Percentual cresceu 19,4 pontos percentuais na comparação entre a primeira semana de outubro e a primeira semana de novembro

A taxa de positividade nos exames de covid-19 continua crescendo, segundo dados compilados pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), cujo associados respondem por cerca de 60% de todos os exames realizados pela saúde suplementar no país.

O número saltou de 3,7% no começo de outubro para 23,1% na primeira semana de novembro, representando um aumento de 19,4 pontos percentuais no período. Na primeira semana de outubro (de 1 a 7), foram realizados 21.552 exames, sendo 3,7% positivos. Na semana seguinte, de 8 a 14, foram realizados 17.336 exames, com 5,1% de positividade.

De 15 a 21 de outubro, registraram-se 18.031 exames, sendo 8,8% positivos. De 22 a 28 de outubro, foram 18.935 exames e 17,3% de positividade, chegando à semana de 29 de outubro a 4 de novembro, quando foram realizados 18.510 exames, com 23,1% de registros positivos.

Esses números, referentes a testes para diagnóstico, mostram a evolução da doença e o aumento da transmissibilidade, por isso os resultados apresentados semanalmente pela Abramed são tão importantes para o acompanhamento da covid-19 no Brasil.

Especialistas afirmam que o surgimento de uma nova subvariante, a pouca adesão às doses de reforço das vacinas e as aglomerações na campanha eleitoral dispararam a taxa de transmissão, aumentando as internações e o risco de uma nova onda às vésperas das festas de fim de ano.

ABRAMED NA MÍDIA

Os principais veículos de comunicação noticiaram o aumento da taxa de positividade nos exames de covid-19. Confira alguns destaques e as inserções na íntegra estão disponíveis na aba “Abramed na Mídia”, em nosso site.

G1: https://g1.globo.com/saude/coronavirus/noticia/2022/11/10/covid-19-boletim-da-fiocruz-aponta-aumento-nos-casos-em-quatro-estados.ghtmlR7: https://noticias.r7.com/saude/numero-de-internacoes-por-covid-sobe-em-sp-rj-rs-e-am-alerta-fiocruz-10112022

Extra: https://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/covid-19-taxa-de-positivos-atinge-patamar-mais-alto-dos-ultimos-tres-meses-em-farmacias-laboratorios-do-pais-25606218.html

Record News, a partir de 0:41

G1: https://g1.globo.com/saude/coronavirus/noticia/2022/11/08/aumento-de-casos-e-subvariante-bq1-o-que-se-sabe-sobre-surgimento-de-uma-nova-onda-de-covid-no-brasil.ghtml

UOL: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2022/11/09/nova-onda-covid-19-aumento-de-casos-internacoes.htm

Média mensal de exames PSA aumenta 17% até setembro de 2022, segundo Abramed

Crescimento pode ser um efeito da retomada pós-pandemia de covid-19. Este é um exame que auxilia no diagnóstico precoce e no monitoramento de recidivas do câncer de próstata

Segundo levantamento da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), feito com os associados, que representam mais de 60% dos exames realizados na saúde suplementar no país, no ano de 2021, foram realizados 818 mil exames de PSA Total, aqueles que correspondem à quantidade de PSA presente no sangue, com resultados fora dos intervalos de referência (que podem indicar positividade) de 10% (80 mil). Já em 2022, foram 715 mil exames realizados até setembro, com aumento dos intervalos de referência nos resultados para 12%. De acordo com a Abramed, esse aumento pode ser um efeito da retomada pós-pandemia de covid-19.

Na média mensal, em 2022, até setembro, a realização de exames de PSA Total cresceu 17% – um aumento significativo. Destes, 47% aconteceram no estado de São Paulo, com resultados positivos de 12,5%. Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte se destacam resultados com intervalos de referência muito acima da média: 16,3% e 16,1%, respectivamente. Já Amazonas e Roraima, na região Norte, destacam-se com resultados positivos muito abaixo da média este ano, com 6,5% e 5,2%, respectivamente.

Em relação ao exame de PSA Livre, em que é medida a quantidade de PSA que circula solta no sangue, a Abramed evidencia que, em 2021, foram realizados (no ano inteiro) 542 mil exames, com resultados positivos de 10%. Em 2022, até setembro, foram feitos 453 mil exames. A taxa de resultados positivos ficou estável, em 10%. Na média mensal, em 2022 estão sendo realizados 11% de exames a mais de PSA Livre do que no ano anterior.

São Paulo também representa o estado com maior número de exames realizados (48%) e, em 2022, a taxa de resultados positivos ficou em 10%. No levantamento, Minas Gerais se destaca com uma taxa de positivos muito acima dos demais estados (18%), enquanto Amazonas e Pará apresentam resultados muito abaixo da média (6% e 7%, respectivamente).

A Abramed salienta que, em 2021, foram realizadas 4,8 mil biópsias de próstata pelos laboratórios associados que participaram do levantamento de dados. Até setembro de 2022, esse número aumentou para 5,3 mil, representando um aumento de 50% na quantidade de exames realizados por mês. São Paulo, novamente, foi o estado que mais realizou exames, com 24% do total do país.

Além de evidenciar a importância da prevenção do câncer de próstata, a diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano, avalia que o Novembro Azul chama a atenção para a saúde masculina como um todo e sobre a necessidade de realização regular de exames como hemograma, eletrocardiograma, colesterol e glicemia. “Exames norteiam a conduta médica e podem salvar vidas”, fala Milva.

O membro do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed, Alexandre Marconi, ressalta que a medicina diagnóstica possui uma ampla variedade de métodos utilizados para a prevenção, diagnóstico e acompanhamento terapêutico de diversas patologias. Em relação aos exames preventivos na radiologia, cada vez mais tem-se ampliado a participação dos métodos de imagem como importante e fundamental ferramenta complementar da anamnese, exame físico e dos exames laboratoriais.

“Para a prevenção do câncer de próstata, as equipes médicas utilizam os pilares das queixas clínicas, apesar da pouca sintomatologia da doença observada nas fases iniciais, do exame físico, através do toque retal e da avaliação laboratorial, através da dosagem do PSA. A utilização da ressonância magnética dedicada de próstata tem tudo para tornar-se uma etapa importante deste processo, trazendo importantes informações que culminarão no diagnóstico precoce. A ultrassonografia também é um método que pode auxiliar na avaliação desses pacientes”, revela Marconi.

Além do PSA e do toque prostático, o avanço da biotecnologia tem permitido diagnósticos mais precisos de qualquer predisposição masculina para o câncer de próstata. Testes genéticos são indicados especialmente para homens que já tiveram alguma incidência da doença na família. Com eles, é possível identificar mutações nos principais genes (BRCA1 e BRCA2), que embora associadas ao câncer de mama e ovário, estão também atrelados à gravidade e surgimento de um tumor de próstata no futuro.

“Quando sofrem mutações, esses genes são os responsáveis pelos tumores na próstata e pode-se descobrir essas mutações por meio da amostra de DNA que será analisada em laboratório. Os testes genéticos contribuem para selecionar melhor quais são aqueles homens que precisam fazer biópsia e/ou ressonância de próstata, isto é, estabelecem critérios mais indicativos da doença, que mereçam uma biópsia visando confirmar o diagnóstico”, explica o presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik.

ABRAMED enfatiza o caráter emergencial da situação para evitar a interrupção total da assistência aos pacientes

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (ABRAMED), diante dos relatos do prolongamento das dificuldades logísticas que se apresentam neste momento no País, ressalta que laboratórios de medicina diagnóstica de todas as regiões brasileiras já registram dificuldades em relação ao transporte e abastecimento de insumos, como reagentes e contrastes, e até mesmo de amostras coletadas dos pacientes para processamento de exames.

A entidade salienta que exames diagnósticos são fundamentais para a conduta clínica a ser adotada pelos profissionais médicos em cada caso. A situação atual traz risco relevante aos cuidados fundamentais de pacientes portadores de doenças que necessitam de intervenção imediata e contínua.  

A ABRAMED segue alerta e acompanhando os desdobramentos do cenário e, diante dele, enfatiza o caráter emergencial da situação para evitar a interrupção total da assistência aos pacientes.

SOBRE A ABRAMED

Fundada em 2010, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica – ABRAMED, surgiu num momento de transformações no sistema de saúde brasileiro, entre elas a consolidação de um novo perfil empresarial e o estabelecimento de regulamentações determinantes para o futuro da medicina diagnóstica no país. Esse cen​​ário foi propício para que as empresas com atuação de ponta no país vislumbrassem os benefícios de uma ação integrada em torno da defesa de causas comuns.

A ABRAMED expressa também a visão de um setor de grande relevância socioeconômica, cujo desempenho tem impacto significativo sobre a saúde de parcela expressiva da população.

Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), nada menos do que 50 milhões de brasileiros são beneficiários potenciais dos serviços disponibilizados pelo setor.

Como instrumento aglutinador de um segmento que mobiliza uma vasta cadeia de valor, a ABRAMED verbaliza os anseios de seus associados, atuando no diálogo com instituições públicas, governamentais e regulatórias, buscando contribuir para o debate nacional sobre saúde e influenciar na adoção de políticas e medidas que levem em conta a relevância da medicina diagnóstica para a população do país. A representatividade da ABRAMED se traduz ainda na parceria com a comunidade científica e no diálogo com as demais entidades do setor e com a sociedade civil.

A ABRAMED conta com associados, que, juntos, respondem por mais de 60% de todos os exames realizados pela saúde suplementar no país. Essas empresas também são reconhecidas por sua qualidade na prestação de serviços, pela excelência tecnológica e pelas práticas avançadas de gestão, inovação, governança e responsabilidade corporativa.

MAIS INFORMAÇÕES À IMPRENSA

Deborah Rezende

Jornalista | Assessora de Imprensa

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(11) 97020-6159

Mulheres sem histórico familiar para câncer de mama não estão isentas de risco

No mês dedicado à conscientização sobre a doença, Abramed ressalta o papel fundamental dos exames para diagnóstico precoce e melhor qualidade de vida das mulheres

Desde o início dos anos 2000, no Brasil, o mês de outubro é dedicado à conscientização da população sobre o câncer de mama. Milhares de campanhas contribuem para fortalecer a cultura da prevenção, garantindo a saúde e, principalmente, salvando vidas. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) ressalta que a prevenção está ligada a duas abordagens distintas: impedir que o câncer se desenvolva, ou seja, evitar a exposição aos fatores de risco adotando estilos de vida mais saudáveis; e detectar e tratar doenças pré-malignas ou cânceres ainda quando são assintomáticos e estão em seus estágios iniciais e, neste momento, a medicina diagnóstica tem papel fundamental no processo.

Segundo dados do “Painel Abramed 2021 – O DNA do Diagnóstico”, no ano passado, as empresas associadas à Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) realizaram cerca de 1,2 milhão de mamografias. O número equivale a 25% do total estimado de todas as mamografias realizadas pela saúde suplementar e a 15% de todas as mamografias realizadas em 2021 no país.

Estima-se que no último ano foram realizadas 8,1 milhões de mamografias no Brasil, sendo 4,6 milhões na saúde suplementar e 3,5 milhões no Sistema Único de Saúde (SUS). No âmbito da saúde suplementar, a população-alvo desses exames corresponde a cerca de 7,3 milhões de mulheres com idade acima de 50 anos – conclui-se que 64% dessa população-alvo fez o exame em 2021.

A diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano, ressalta que todos os associados realizam campanhas e ações especiais de conscientização da importância do diagnóstico precoce – não apenas durante o Outubro Rosa – para aumentar o número de mamografias de rastreio. O entendimento de que diagnosticar pacientes precocemente salva vidas e pode reduzir consideravelmente as despesas assistenciais já está consolidado há muito tempo e é uma premissa da entidade e de seus membros. 

“Outubro já está na mente das pessoas como o mês da prevenção do câncer de mama, mas isso precisa acontecer nos outros meses. Na Abramed, por exemplo, estamos com a campanha “De peito aberto”, no qual trazemos depoimentos e dados nas redes sociais de representantes da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e do Instituto Lado a Lado pela Vida, reiterando o papel do diagnóstico na detecção precoce. Todos os anos damos bastante destaque às ações de outubro, mas reforço: a conscientização deve ocorrer durante o ano inteiro”, salienta Milva.

De acordo com a médica mastologista e coordenadora do Podcast da SBM, Rebeca Neves Heinzen, existe uma disseminação errônea de que a mamografia seria um exame responsável por causar câncer de mama, por isso muitas mulheres acreditam que, ao realizá-la para o rastreamento, estariam causando a neoplasia. Essa interpretação nada mais é do que fake news. Somado a isso, há ainda o estigma em torno da palavra “câncer”, o que muitos enxergam como uma sentença de morte, o que, segundo Rebeca, é inadmissível na atualidade: no caso do câncer de mama, há maior chance de cura quando detectado em estágio inicial.

Para entender o conhecimento, a atitude e a prática das mulheres brasileiras em relação ao câncer de mama, a SBM, em parceria com a Libbs Farmacêutica, realizou uma pesquisa que identificou como principais resultados: informações distorcidas, medo do diagnóstico, dificuldades de acesso. O levantamento, feito através de um questionário disponível na internet, mostrou que praticamente todas já ouviram falar sobre a doença, porém a maioria acredita que o histórico familiar (95,7%) é o principal fator de risco para o seu desenvolvimento.

Segundo a SBM, isso é preocupante, já que apenas 10% a 20% dos casos são hereditários ou têm história familiar próxima, ou seja, 80% não têm história familiar. Portanto, o risco pode ser subestimado nesta população, que deixa de se prevenir porque acha que está protegida. Esses e outros dados comprovam a necessidade de ampliar-se não só a conscientização sobre a doença, mas também a orientação sobre ela.

O estudo indicou que a maioria das pessoas entrevistadas (90,1%) realiza exames para a detecção do câncer de mama incentivadas pelo aconselhamento médico (69,4%), por medo de desenvolver a doença (53,2%) e devido a casos de câncer na família (34,9%). Embora tenham informado que a mamografia é o melhor exame para identificar a doença, apenas 46,2% realizaram uma vez ao ano (o mais recomendável pelos mastologistas) e 27% nunca realizaram.

Já as barreiras para as mulheres não realizarem os exames foram: dificuldade de acesso (64,9%), medo de encontrar anormalidades (54,5%), falta de conhecimento sobre as técnicas de detecção (54%), longo tempo para conseguirem uma consulta (45,6%) ou experiências negativas em relação ao tema (34,2%), entre outras.

“Essa pesquisa visou entender o atual cenário do câncer de mama no país. Tivemos o apoio de uma farmacêutica, porque obviamente ela é quem fornece os medicamentos. A metodologia utilizada foi um questionário eletrônico e, por incrível que pareça, a grande parte das respondentes ainda acredita que, se não tem ninguém na família com câncer de mama, seria isenta de risco. Isso, na realidade, é a raridade”, contextualiza Rebeca.

A médica reitera que muitas mulheres não realizam o exame porque acreditam que não têm fator de risco e acham que nunca irão desenvolver a doença, sendo necessário desmistificá-la.

“A mamografia é o exame capaz de detectar o câncer mais precoce, o qual, às vezes, é subcentimétrico, com menos de um centímetro. E isso pode aumentar a chance de cura. A neoplasia mamária quando descoberta no estágio inicial chega a taxas de quase 100% de cura. Penso que é um papel da sociedade médica, dos meios de comunicação, das empresas, trazer esse assunto à tona para que as mulheres realizem o exame tendo em vista que é o câncer mais comum na população feminina”, enfatiza Rebeca.

Fundado há 13 anos, o Instituto Lado a Lado pela Vida é a única organização social brasileira que se dedica simultaneamente às duas principais causas da mortalidade no país – o câncer e as doenças cardiovasculares –, além do intenso trabalho relacionado à saúde do homem. A diretora de Relações Institucionais e Internacionais, Fernanda Carvalho, reitera a importância do diagnóstico precoce.

“Queremos que a população busque sempre conhecer o seu corpo, conhecer o que está acontecendo com ele e nada melhor do que o diagnóstico precoce para qualquer tipo de doença e, no nosso caso, dedicamos bastante atenção ao câncer e às doenças cardiovasculares. Sobre a neoplasia mamária, a detecção precoce é muito importante, porque sabemos que não é um câncer com prevenção sob a perspectiva primária, de você evitá-lo, mas ele tem, sim, a prevenção secundária, ou seja, a possibilidade de se descobrir cedo. Quanto antes você tiver a informação de um diagnóstico correto, melhor para que possa seguir o tratamento e tenha uma sobrevida e uma qualidade de vida melhor”, fala Fernanda.

Segundo ela, o câncer de mama tem atingido mulheres mais jovens, sendo preciso atenção quanto a fatores de risco evitáveis, como obesidade e tabagismo. Além disso, Fernanda conta que muitas pacientes entendem que o autoexame é suficiente e acabam postergando a mamografia ou o ultrassom de mama, conforme a orientação clínica. O autoexame, na verdade, é mais uma ferramenta para que a pessoa se mantenha atenta aos sinais do corpo, contudo não substitui os exames médicos.

Sobre o desconforto da mamografia, que muitas mulheres alegam, Fernanda revela que é uma dor sem memória e muito breve (Pi Center). “Agora, se você imaginar que ela salva sua vida, passa bem rápido. Atualmente temos excelentes profissionais, equipamentos ultramodernos e técnicas menos invasivas. Mesmo assim, ao pensar na dor, pense que vale a pena sentir”, garante Fernanda.

“Além de falarmos da prevenção, é imprescindível ter sempre em mente a necessidade da detecção precoce do câncer de mama, orientação que serve para outras doenças também. Além do autoexame, as mulheres precisam consultar um médico regularmente e as que têm mais de 50 aos devem realizar a mamografia anualmente. Trata-se do exame mais eficaz para o diagnóstico precoce e somente com auxílio médico será possível a eficácia e êxito no tratamento. Em tempos de consultas excessivas à internet, sempre válido ressaltar que elas nunca substituirão o contato com o profissional”, reforça Milva.

Abramed participa do Global Summit Telemedicine & Digital Health

O membro do Conselho de Administração, Eliezer Silva, esteve à frente de conferência e representou a entidade integrando painel na programação do evento

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) esteve presente no Global Summit Telemedicine & Digital Health (GS), o mais relevante encontro sobre telemedicina e saúde digital da América Latina, que aconteceu entre 4 e 6 de outubro, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. O membro do Conselho de Administração da Abramed e diretor de Medicina Diagnóstica e Ambulatorial no Hospital Israelita Albert Einstein, Eliezer Silva, representou a entidade no painel em que abordou a transformação digital na saúde.

Iniciando suas contribuições, o médico palestrou sobre “Cuidado integrado baseado em plataforma”, com a moderação do professor e pesquisador Unicamp Renato Sabbatini. Segundo Silva, o cuidado integrado pressupõe que, em vez de as pessoas utilizarem recursos de saúde sem uma orientação adequada, sejam percebidas as características da população e do indivíduo, uma vez que se recolherá dados dessa população. De posse dessas informações, será possível sugerir a melhor navegação, isto é, se você precisa apenas de atividades de promoção e prevenção à saúde, ou se tiver uma condição em um agravo de saúde em tal nível de atenção, indicará a necessidade de adentrar em um dos sistemas: primário, secundário e terciário.

Outro benefício do cuidado integrado é que, ao entender a jornada do paciente, se terá uma integração, ou seja, será possível saber quando a pessoa evoluiu de um nível para outro e, ao voltar para a atenção primária, refazer o plano de saúde, evitando deslocamentos e desperdícios e otimizando o tempo da pessoa e da organização.

“O que expus brevemente no GS2022 foi um modelo chamado ‘cuidado integrado’ e como plataformas digitais viabilizam esse cuidado. Para que eu tenha noção de como deveria ser uma jornada de um paciente, preciso, fundamentalmente, permitir acesso, e o digital é uma grande forma de dar escala a qualquer processo, em que preciso ter troca de informações ou de dados. Logo, num cuidado integrado, onde coordeno e vejo a pertinência dele, preciso entender o que é necessário para a atenção primária, secundária e terciária. Uma plataforma digital é vital, porque, em vez de deixar o paciente solto no sistema, quando propomos a integração, direcionamos o paciente para o cuidado de que ele precisa, evitando desperdício, deslocamentos, qualquer tipo de utilização de recursos de saúde desnecessários, no sentido maior de promover a saúde, mas, se essa pessoa tiver algum tipo de agravo, será dada a ela a assistência justa e necessária para aquela condição”, ressaltou Silva.

Para o membro do Conselho de Administração da Abramed, o mais importante com o cuidado integrado é viabilizar a equidade no atendimento. Ao conhecer o indivíduo e a população, a organização de saúde consegue se planejar no dimensionamento e ser equânime, entregando o melhor de acordo com a necessidade daquele paciente. “Não entrego o cuidado igual para todo mundo, mas sim customizado para aquele indivíduo que estou atendendo”, garante Silva.

Experiências

Na sequência, o executivo retornou ao palco para dividir painel com a fundadora e CEO da UXMed, Helen Mazarakis; e com a integrante dos grupos de trabalhos da Saúde Digital Brasil (SDB), Data Protection Officer (DPO) e gerente jurídica para a América Latina da Teladoc Health, Analluza Bolivar Dallari. A moderação foi do diretor-geral da DOC24 no Brasil, Fernando Ferrari.

O Norte do Brasil tem taxa 43% menor do que a média nacional de médicos por habitantes, segundo a demografia médica realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Diante desse cenário, o projeto TeleAMEs – Assistência Médica Especializada na Região Norte do Brasil por meio de Telemedicina atua para ampliar o acesso à assistência médica na região. O projeto é realizado por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), do Ministério da Saúde, em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e foi o case apresentado por Silva para abordar a transformação digital na saúde.

O TeleAMEs visa melhorar a qualidade da assistência, reduzir os tempos de espera, melhorar a satisfação do usuário, reduzir o número de transferências desnecessárias de pacientes e, consequentemente, aprimorar a alocação de recursos para melhorar a saúde geral da população. Por meio dele, quando o médico da Unidade Básica de Saúde (UBS) participante encaminha um paciente a uma das especialidades incluídas no projeto, é agendada uma teleinterconsulta com o especialista do Einstein. Em conjunto com médico local e o paciente, ele fornece as informações relevantes para a condução do caso, baseadas em protocolos clínicos validados internacionalmente, adaptados para considerar a realidade dos recursos disponíveis no local.

Esse processo cria um ciclo virtuoso, em que o médico generalista obtém uma resposta direta e interativa, podendo tirar suas dúvidas e, com o tempo, passar a lidar com casos semelhantes de forma autônoma. Isso torna a atenção primária mais eficiente e resolutiva, com cada vez menos encaminhamentos inadequados e maior empoderamento da equipe de saúde local. Evitam-se, ainda, os altos custos de deslocamento para tratamento fora do domicílio, que afetam fortemente as prefeituras locais, já carentes de recursos. “São exemplos como esses que permitem o acesso, a qualificação do atendimento, mas, fundamentalmente, a democratização de cuidados em saúde dentro do nosso país”, afirma Silva.

Por sua vez, Helen trouxe à tona o papel das healthtechs para o acesso à saúde, também com uma experiência tendo a região Norte como cenário, mais especificamente o estado do Pará. Ela mostrou dados relacionados ao acesso à internet e de que modo isso mudou com a pandemia de covid-19: o Norte foi a região que mais avançou nesse quesito, segundo a fundadora e CEO da UXMed.

“Esse é um dado muito significativo de acesso e estrutura, mas enquanto isso, em Curralinho, município da Ilha do Marajó, uma das regiões mais pobres do Pará, tem-se outra realidade, e a saúde é feita de um jeito completamente diferente, por várias razões. Eis que surge o questionamento: só a tecnologia não resolve? A tecnologia é um meio muito importante para ganharmos escala e chegarmos nos lugares onde antes não seria possível. Mas, antes, precisamos entender o contexto, e isso nos ajuda a projetar soluções tecnológicas e de inovação. Tecnologia não é inovação, ou melhor, inovação não é só tecnologia. Olhando para isso, você consegue projetar soluções que sejam feitas para esse tipo de ambiente – extremamente remoto, caro e complexo”, enfatizou Helen.

Já Analluza destacou aspectos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) na saúde digital e as perspectivas no pós-pandemia. Ela fez ponderações do status da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), salientando que, durante a pandemia, os estabelecimentos tiveram que se transformar digitalmente de forma muito rápida para possibilitar a continuidade da assistência ao paciente.

“Fiz um apanhado das lacunas pendentes de regulamentação pela ANPD para saúde e fiz uma crítica ponderada de que não é possível a Autoridade Nacional sozinha regulamentar este segmento. É muito importante que outros órgãos setoriais atuem nessa regulamentação para não travar o sistema nem o desenvolvimento científico e em benefício sempre do paciente. E, como ainda nem o Ministério da Saúde, nem o DATASUS têm um encarregado de dados, fica difícil para o setor implementar a LGDP sem esse olhar top down. É importante que entidades como a Abramed atuem na redação dessas boas práticas de governança para viabilizar um tráfego de dados na saúde de forma segura, ética, sem prática de seleção de riscos – o que é um crime –, e auxiliando a ANPD”, alertou Analluza.

Além da presença de Eliezer Silva, o GS2022 teve participação do sócio da Clínica Imagem, presidente da Associação Catarinense de Medicina (ACM) e membro do Conselho de Administração da Abramed, Ademar José de Oliveira Paes Junior, e do diretor médico da Alliar Médicos à Frente e diretor do Comitê Técnico de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da entidade, Gustavo Meirelles.

Paes Junior esteve ao lado do diretor médico regional da Oncologia da Rede D’Or, Antonio Carlos Onofre de Lira, e da executiva do portfólio digital da Diretoria de Compromisso Social do Hospital Sírio-Libanês, Beatriz de Faria Leao, para debater sobre o papel da liderança médica em saúde digital. Ele destacou que o profissional precisa equalizar o conhecimento em três pilares, que são essenciais: gestão, saúde e informação. Além disso, enfatizou o conceito de medicina preventiva, baseado nos 4 P’s, cuja proposta é criar um sistema de saúde que tenha como foco pesquisa e prevenção e, não mais, tratamento e cura. Os 4 P’s são: prevenção, predição, participação e personalização e possibilitam modificar significativamente os paradigmas da saúde populacional.

Já Meirelles integrou painel que debateu inteligência artificial, ao lado do head da Cia Técnica Research, Cezar Taurion; e do Big Data Analytics do Hospital Israelita Albert Einstein, Edson Amaro. A moderação foi de Beatriz de Faria Leao. Segundo Meirelles, existe um desconhecimento enorme sobre a utilização da inteligência artificial em áreas como radiologia e patologia, por se acreditar que o médico será facilmente substituído, o que não se justifica. A tecnologia é uma ferramenta que vem para auxiliar o profissional e deixá-lo livre para ações mais importantes para o cuidado direto do paciente.

O Global Summit Telemedicine & Digital Health é uma iniciativa da Associação Paulista de Medicina (APM) em parceria com o Transamerica Expo Center. Com esse evento, a APM busca contribuir para a sociedade e o crescimento do ecossistema da saúde digital, sem perder o foco na capacitação e no desenvolvimento dos médicos e de todos os profissionais envolvidos com a área da saúde.

A importância da acreditação para estabelecimentos de medicina diagnóstica

Método de avaliação e certificação busca promover a qualidade e a segurança da assistência. Abramed explica os principais programas de acreditação voltados para laboratórios e clínicas de imagem

A Sociedade Internacional para a Qualidade do Cuidado em Saúde (The International Society of Quality in Health – ISQa, na sigla em inglês) define acreditação como o processo de revisão em pares de autoavaliação e externa que é utilizado pelas organizações de saúde e de assistência social visando avaliar, de maneira precisa, os seus níveis de performance em relação aos padrões estabelecidos com intuito de implementar formas de melhorar continuamente o sistema de saúde. Trata-se de uma ferramenta de gestão que busca garantir o aprimoramento dos processos de uma instituição do setor, entre elas as de medicina diagnóstica.

“É um método de avaliação e certificação que busca, por meio de padrões e requisitos previamente definidos, promover a qualidade e a segurança da assistência no setor de saúde. Surgiu como uma necessidade de estas instituições comprovarem que executam as melhores práticas de suas áreas de atuação”, ressalta o diretor de Acreditação e Qualidade da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) – biênio 2022/23 –, Guilherme Ferreira de Oliveira.

Entre os benefícios e as vantagens da acreditação para as instituições de saúde, em especial voltados para a medicina diagnóstica, Oliveira elenca:

  • aumentar a eficiência, reduzindo desperdício/retrabalho e, consequentemente, os custos;
  • assegurar a validade e a confiabilidade dos resultados emitidos pelo seu laboratório;
  • comprovar a seriedade, a competência e o profissionalismo do seu laboratório;
  • aumentar a segurança para os pacientes, bem como para os profissionais;
  • assegurar a aceitabilidade dos resultados emitidos pelo seu laboratório, dispensando as repetições desnecessárias e onerosas;
  • obter posição diferenciada nos veículos de divulgação de operadoras de planos de saúde (convênios), segundo o Programa de Qualificação de Prestadores de Serviço da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS);
  • assegurar aos clientes mais qualidade, melhor atendimento e mais satisfação;
  • contribuir para a defesa no caso de acusações infundadas de má prática; e
  • aumentar o poder de negociação na contratualização com compradores de serviço.

Para a coordenadora de Qualidade do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), Cássia Manfredini, as instituições de saúde, diferentemente de outros segmentos, lidam com vidas o tempo todo. Por isso, as acreditações nacionais e internacionais, em geral, determinam padrões que visam à segurança do paciente, desviando-se de erros evitáveis. Contudo, para radiologia e diagnóstico por imagem, era necessário um posicionamento mais específico que englobasse precisamente as exigências desse segmento.

Pensando nisso, o CBR se posicionou e se capacitou para criar diretrizes capazes de contemplar essas necessidades. Com o auxílio de especialistas e técnicos da área, foram desenvolvidos e revisados padrões de qualidade e segurança que abrangem todo o processo desde o agendamento, a realização e a entrega dos exames até os aspectos legais vinculados ao segmento.

Assim, foi criado o Programa de Acreditação e Diagnóstico por Imagem (Padi), cuja importância está relacionada principalmente aos ganhos internos, tanto financeiros quanto de qualidade dos processos de exames e equipes capacitadas e preparadas. A obtenção de um sistema de gestão eficiente é um dos primeiros passos para alcançar esse reconhecimento.

“A integração dos processos internos resulta em rapidez no atendimento, na gestão eficiente dos insumos e maior qualidade nos resultados de exames. O maior legado que um serviço de saúde tem para com a sociedade é sua reputação e o fortalecimento da sua marca. Portanto, o serviço de diagnóstico por imagem que conquistar os padrões de qualidade e excelência do Padi, além de demonstrar comprometimento com a segurança de seus pacientes, consequentemente conquista a qualidade e eficiência de seus processos, gerando maior credibilidade e fortalecendo seu respeito e sua imagem positiva perante clientes, fornecedores, colaboradores e sociedade”, explica Cássia.

Segundo Oliveira, a acreditação fornece aos clientes dos laboratórios uma evidência concreta da sua preocupação com a qualidade dos exames oferecidos. Isso é importante, pois, frequentemente, as pessoas não têm conhecimentos técnicos suficientes que lhes permitam determinar se um estabelecimento opera em nível satisfatório. A SBPC/ML chancela que realizar seus exames em laboratórios acreditados pelo Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (Palc) representa segurança na obtenção de resultados precisos para um diagnóstico correto e um tratamento eficaz.

A representante do CBR reitera que, para o paciente/usuário dos serviços de saúde, a qualidade no atendimento é um fator primordial. Além disso, esperam-se profissionais capacitados e processos de trabalho menos complexos, que assegurem agendamento ágil e entrega de exames precisos. Para que isso aconteça, os serviços precisam trabalhar na melhoria constante dos processos de atendimento, da qualidade na assistência e da realização dos exames, bem como na segurança dos pacientes e profissionais.

“Serviços de diagnóstico por imagem acreditados pelo CBR passam por avaliações periódicas, em que devem demonstrar evidências do cumprimento dos padrões de segurança e qualidade, o que eleva a credibilidade para a escolha da realização de exames pelos pacientes/usuários. Os programas de qualidade do Colégio têm um diferencial comparado às outras acreditações no mundo, em que é realizada a avaliação técnica da qualidade dos exames por médicos especialistas. Esse processo garante que as clínicas acreditadas pelo CBR realizem exames de alta qualidade”, salienta Cássia.

Para conseguir a acreditação dos programas de qualidade do CBR, entre eles o Padi, a clínica de diagnóstico por imagem deve atender às exigências técnicas de qualidade de exames e cumprir os padrões de qualidade e segurança, que passarão por uma cuidadosa avaliação, para aferição completa e atestamento do nível de serviço prestado. É importante ressaltar que os programas de qualidade do CBR não são voltados para fiscalização de cumprimento de normas e legislação, mas visa proporcionar um referencial de qualidade para pacientes e serviços em diagnóstico por imagem, públicos ou privados.

Por sua vez, o laboratório clínico que desejar ser acreditado pela SBPC/ML deve estudar a versão atualizada da norma Palc e adequar seu sistema de garantia da qualidade aos critérios ali descritos. Quando estiver seguro de que está adequado, deve inscrever-se no programa e solicitar a auditoria externa de acreditação. Em data acordada, os auditores comparecerão ao laboratório e farão a auditoria. No caso de serem encontradas inadequações (não conformidades), o laboratório tem um prazo para corrigi-las. Concluída com êxito a etapa de correções, o estabelecimento recebe o certificado de acreditação. De acordo com Oliveira, periodicamente serão realizadas auditorias de acompanhamento para verificar a manutenção do Sistema de Garantia da Qualidade.

“A organização acreditada estabelece uma série de rotinas com o objetivo de garantir a manutenção do Sistema de Garantia da Qualidade. Este processo deve gerar evidências não só da manutenção como da melhoria dele. As rotinas incluem programa de indicadores e benchmarking, avaliações internas e externas, mapeamento e gestão de riscos, entre outros. Já as entidades acreditadoras têm canais de ouvidoria que recebem denúncias, que são prontamente investigadas, a respeito de supostas más práticas dos estabelecimentos acreditados. A acreditação é suspensa quando a entidade é reprovada nas auditorias externas, descumpre o regulamento do programa ou ocorre a comprovação de más práticas”, explica Oliveira.

Os programas de qualidade do CBR também contam com manutenção periódica para acompanhar a sustentabilidade da certificação. Os serviços certificados devem manter as boas práticas estabelecidas pelos programas. O Padi exige a realização de auditorias internas anualmente. Além disso, de acordo com Cássia, o Padi realiza uma auditoria educativa, por meio da qual auxilia as instituições acreditadas a tratar de forma efetiva seus eventos e não conformidades.

“Os serviços prestados pelas empresas associadas à Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) têm a qualidade assegurada por meio de diversos processos de acreditação e certificação, entre elas o Padi e o Palc. Ser um estabelecimento acreditado é um critério de elegibilidade para ser um associado. A melhoria contínua da qualidade dos serviços de medicina diagnóstica pode ser alcançada por meio de processos de acreditação e certificação, entre outros processos de avaliações objetivas e imparciais”, enfatiza a diretora-executiva da Associação, Milva Pagano.

Sobre o Padi

O Padi surgiu em 2014 para beneficiar pacientes em todo o país, por meio do incentivo à qualidade crescente da prática médica na área e para oferecer aos serviços uma referência em acreditação construída a partir da credibilidade e do conhecimento do CBR. Desde 2017, os padrões da acreditação Padi são reconhecidos internacionalmente pela ISQua, mantendo-o entre as melhores acreditadoras mundiais. Presente em mais de 100 países, em cinco continentes, a ISQua é a única sociedade no mundo que chancela padrões voltados para a acreditação em saúde, reconhecendo-os internacionalmente.

“Queremos qualificar nacionalmente os serviços, públicos ou privados, que aderirem voluntariamente ao programa, por meio de avaliações, criteriosas e imparciais, do cumprimento de requisitos mínimos de qualidade, segurança e sustentabilidade. O CBR acredita que, para atingir a excelência em serviços em diagnóstico por imagem, é necessário aliar a gestão e a técnica”, afirma o presidente do Colégio – gestão 2021/22 –, Valdair Muglia.

O Padi se aplica a todos os serviços de diagnóstico por imagem: radiologia; mamografia; tomografia computadorizada; densitometria óssea; ressonância magnética; ecografia; medicina nuclear e telerradiologia. Seus princípios foram desenvolvidos com base na trajetória do paciente, envolvendo todas as etapas do exame de diagnóstico por imagem, do agendamento ao recebimento do laudo, passando pelo exame propriamente dito, focando sempre na segurança do paciente.

“Com a chancela da ISQua, os serviços acreditados Padi demonstram que estão adequados às melhores práticas mundiais. O primeiro foco é a segurança do paciente e a qualidade crescente na prática médica. Assim, a gente consegue oferecer serviços de referência que apresentam credibilidade. Tudo por meio da experiência acumulada de 30 anos de programas de qualidade do CBR”, fala o coordenador da Comissão de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (Cadi) do CBR, Ruy Guimarães.

Sobre o Palc

A SBPC/ML mantém, desde 1998, seu Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos, reconhecido pela ANS e certificado pela ISQua. O Palc foi criado como iniciativa de uma sociedade científica de médicos, especialistas em Patologia Clínica, para promover a qualidade dos laboratórios brasileiros, a exemplo de outros países, e de maneira independente (sem vinculação governamental).

O Palc se aplica a laboratórios clínicos, ou seja, laboratórios que analisam material biológico humano. Não se aplica a laboratórios veterinários e de anatomia patológica.

“Outro diferencial muito importante da norma Palc é sua constante atualização. O programa existe há 24 anos e a norma vigente foi publicada em 2021, representando a sua sétima versão. Ele é atualizado periodicamente levando em consideração a legislação, os regulamentos e as normas similares internacionalmente aceitas. Representa, dessa forma, o estado da arte do laboratório clínico”, evidencia Oliveira.

Ecossistemas de saúde: vantagens e desvantagens

Por Ana Carolina Navarrete*

Não é novidade que o mercado de saúde é fragmentado, e uma das principais discussões atuais se dá em torno da formação dos chamados ecossistemas, seja por movimentos de verticalização (termo usualmente empregado para se referir a processos em que operadoras passam a ser elas próprias donas da rede de atendimento), quanto de concentração (em que prestadores passam a também intermediar esquemas de pagamento por carteiras mutualistas).

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) não tem posição contrária ou favorável a determinado modelo de negócio ou outro. Nosso foco é na qualidade e no direito à saúde do usuário, o que passa pela busca do desfecho último ser a saúde dele. Assim, se estamos falando de um plano com livre escolha, com acesso exclusivo pela rede credenciada ou referenciada, ou de um plano verticalizado, nossa avaliação se direciona à qualidade desse atendimento.

Importante ressaltar que cada modelo de negócio tem suas vantagens e desvantagens, dependendo da perspectiva, por isso precisa de atenções diferentes da reguladora.

No caso da verticalização, estamos diante de uma estratégia para alcançar vantagens de redução de custos através da criação de redes próprias de atendimento. Contudo, um ponto de atenção que achamos que precisa estar no horizonte de quem atua ou regula esse mercado é a proximidade de interesses contrapostos ou os conflitos de agência, para usar o termo da literatura econômica – “quem prescreve não olha a conta” –, o que pode gerar altos custos.

Entretanto, há casos brasileiros que demonstram os riscos de conciliação desses interesses em torno de um agente só. Quando tratamos de modelos verticalizados, quem prescreve responde diretamente a quem paga a conta, o que pode, sim, gerar decisões ruins para o desfecho de saúde, prejudicando a qualidade. É o que vimos, por exemplo, com operadoras verticalizadas, que, a pretexto de pensar em soluções para a desospitalização, optaram por usar, em seus protocolos de atendimento, medicamentos comprovadamente ineficazes para tratar a covid-19.

Possivelmente estamos falando de outros motores, além do econômico, para a prescrição de cloroquina, mas esses casos demonstraram a lacuna que temos na hora de controlar problemas sérios de assistência médica de baixíssima qualidade. O que ficou bastante claro na “CPI da Covid”, foi um grande conflito negativo de competência sobre quem deveria ter fiscalizado, evitado e punido operadoras que se valeram do “óbito também é alta”.

Já no segundo caso, da concentração de mercados da saúde, em que hospitais passam a ser eles mesmos donos de operadoras de planos de saúde ou healthtechs – startups que trabalham com soluções tecnológicas para a saúde – há uma reflexão que precisa ser feita sobre o poder de mercado que essas empresas podem exercer. Se de um lado é possível um maior controle sobre a estrutura de custos, de outro tem-se maior dominância de mercado, com repercussões para o ambiente concorrencial que precisam ser devidamente endereçadas pelo CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica.

Além disso, há muita promessa de que esses ecossistemas possam aglutinar informação e capacidade de gestão que signifique economia para consumidores e precisamos ser realistas sobre o que é fato e o que é expectativa. É raro ver ganhos de eficiência com boa gestão serem diretamente repassados para o consumidor pelas políticas de preço e reajuste.

O episódio do reajuste negativo dos planos individuais ilustra bem a situação. As economias consideráveis que o mercado experimentou com a pandemia em 2020 foram refletidas para planos individuais uma vez que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determina o reajuste máximo dessas carteiras e monitora a variação das despesas médico-hospitalares desse mercado. Já as carteiras coletivas, de regulação mais livre, tiveram reajustes positivos e alguns até bem elevados. Desobrigadas de reajustar de acordo com uma regulação específica, os ganhos de 2020 não foram repassados ao consumidor dos planos coletivos.

Uma última discussão ainda afeita aos ecossistemas diz respeito à promessa de uso intensivo de tecnologia. O Idec vem identificando a necessidade de aprofundar seu monitoramento e atuação no tema da saúde digital desde 2019, especialmente no que concerne ao uso de dados de usuários para precificar de maneira discriminatória – o chamado health score. Em 2020, os Programas de Saúde e de Telecomunicações e Direitos Digitais criaram uma interface para possibilitar uma atuação mais integrada e interdisciplinar. Esse é um reconhecimento de que a digitalização de serviços de saúde é uma tendência irreversível, que se agrega aos demais debates que esse setor vem travando.

Startups de saúde são mais um agente econômico que chega neste mercado, demandando, sem dúvida, uma atenção específica de reguladores. Ao mesmo tempo em que esses serviços, baseados no uso de dados de consumidores, podem ser positivamente utilizados, por exemplo, para prevenção de doenças, por outro, eles podem permitir que empresas tracem perfis de usuários sobre os quais estes saibam muito pouco, ou cobrar preços mais elevados de alguns, de acordo com as condições de saúde. Se endereçar a estes riscos requer não apenas a atuação da ANS, mas também da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD).

E nesse sentido, é importante ressaltar como a regulação não é entrave para o crescimento da saúde suplementar, mas sim peça-chave para o equilíbrio desse mercado. Crescer aumentando iniquidades em saúde, a partir de modelos que exploram, porém não entregam valor ao usuário e às comunidades, é inviabilizar o projeto que a Constituição destinou à iniciativa privada em saúde – perseguir o interesse público.

*Ana Carolina Navarrete é coordenadora do Programa de Saúde do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).

Fortalecimento do SUS e aumento do financiamento da saúde estão entre as prioridades do próximo governo do Brasil

Evento realizado conjuntamente por Abramed, ABIMO, AMB, ComSaude/Fiesp e SindHosp reuniu assessores de Ciro Gomes, Lula e Simone Tebet. Wilson Shcolnik questionou sobre a oferta de serviços de saúde em farmácias

Na semana que antecede o primeiro turno das eleições gerais no Brasil, algumas das principais entidades de saúde do país promoveram, em 27 de setembro, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o evento “Diálogos com assessores de saúde dos presidenciáveis” para apresentação das propostas dos candidatos à presidência da República para o setor. Participaram Nelson Marconi, pelo candidato Ciro Gomes (PDT); João Gabbardo, pela candidata Simone Tebet (MDB); e o Senador Humberto Costa, pelo candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os representantes do candidato Jair Bolsonaro (PL) não apresentaram justificativa à organização para a ausência no debate.

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) esteve à frente da iniciativa, em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO), a Associação Médica Brasileira (AMB), o Comitê da Cadeia Produtiva de Saúde e Biotecnologia da Fiesp (ComSaude/Fiesp), e o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp).

Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, destacou que o evento foi muito importante por reunir assessores de três candidaturas muito representativas, com ideias convergentes e que mostraram conhecer com profundidade os problemas dos sistemas de saúde brasileiros e as oportunidades necessárias para elevar a qualidade da assistência prestada.

“Os maiores beneficiários serão os brasileiros e as brasileiras, que hoje, em sua maioria, dependem do sistema público. Lucram também todos os componentes da cadeia de saúde que estiveram aqui nesse evento representados e que confirmaram a importância do papel de cada um para mudarmos para esse novo patamar a assistência à saúde em nosso país. Acredito que o setor de medicina diagnóstica, especificamente, se representou aqui colocando de alguma maneira as nossas expectativas e a nossa esperança de que algo melhor venha para o nosso país”, disse Shcolnik.

Ao lado dele, compuseram a mesa o diretor titular do ComSaude/Fiesp, Ruy Baumer; o presidente do SindHosp, Francisco Balestrin; o superintendente da ABIMO, Paulo Henrique Fraccaro; e o presidente da AMB, César Eduardo Fernandes.

O representante do candidato Ciro Gomes iniciou as apresentações ressaltando que, quando se fala de política de saúde, é necessário pensar no resgate do Sistema Único de Saúde (SUS), reconhecido mundialmente e que tem sido, infelizmente, bastante desestruturado.

“Esse é um princípio básico do nosso programa de governo: fortalecer o SUS. Também gostaria de ressaltar que na pandemia o atendimento do SUS foi muito direcionado para a covid-19 e por isso existe agora uma série de procedimentos e uma fila de atendimentos de diagnósticos que precisam ser equacionados. Para isso, precisamos fazer um esforço concentrado, juntando setores público e privado, para zerar essa fila”, expôs Marconi.

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) também foi abordado por ele. Segundo Gabbardo, a cobertura vacinal no Brasil já vinha perdendo amplitude mesmo antes da pandemia e os índices só pioraram, trazendo o risco de reaparecimento de doenças há muito erradicadas no país, sendo esse um dos pontos de atenção caso Ciro Gomes seja eleito.

Marconi evidenciou a falta de medicamentos como outra questão séria. “E tem tudo a ver com o complexo industrial da Saúde, que precisa ser recuperado”, afirmou. Segundo ele, o programa Farmácia Popular é um importante instrumento, por oferecer medicamentos essenciais para a saúde preventiva, como os que controlam a pressão arterial e a diabetes. “Para não aumentar a fila do SUS, precisamos fortalecer a Farmácia Popular”, disse o assessor, defendendo um sistema centralizado de compra de medicamentos de alta complexidade.

Por sua vez, o assessor de Simone Tebet elencou como prioridade número um de quem assumir o Ministério da Saúde o resgate da credibilidade do SUS, cuja falta de comando durante a pandemia foi um desastre. De acordo com Gabbardo, a governança do sistema precisa ser restabelecida.

“Também queria destacar o que considero um ponto mais difícil e relevante ao qual teremos que demandar mais atenção, que é a questão do acesso, que sempre foi uma dificuldade do SUS”, ressaltou Gabbardo, complementando que, entre os utentes do SUS, a avaliação é sempre muito mais positiva do que negativa e que as pesquisas apontam que a maioria daqueles que avaliam mal o sistema não o utiliza. 

“Isso acontece porque o problema do SUS é a dificuldade de acesso. As pessoas não conseguem marcar o procedimento, demoram a ser atendidas, entram numa fila de espera que nem sempre é transparente ou clara e não sabem quando vão ser chamadas”, disse o representante de Simone Tebet.

O incentivo para que hospitais tenham interesse em realizar os procedimentos foi outro ponto de atenção lembrado por Gabbardo. “Precisamos aumentar o financiamento e criar incentivos financeiros, assim como revisar a tabela de procedimentos”, frisou.

Representando o candidato Lula, Costa explicou que o PT elaborou um programa de governo, segundo ele, mais bem caracterizado como diretrizes de programa de governo a partir dos partidos que integram a frente que sustenta a candidatura do ex-presidente.

“Criamos uma plataforma em que todo mundo podia apresentar sugestões. Incorporamos algumas ideias e aquelas que não incorporamos até agora serão encaminhadas à futura equipe de transição. Queremos resgatar o diálogo. Hoje, o Ministério da Saúde é uma estrutura fechada, onde se substituiu o federalismo de colaboração por uma espécie de federalismo de conflito. Não há diálogo com os setores público e privado e queremos restabelecer isso. Também propusemos um conjunto de ações para a área da saúde e a primeira delas, condição sine qua non para se fazer qualquer coisa, é exatamente a questão do financiamento”, afirmou Costa.

De acordo com o Senador, o futuro governo de Lula atuará sob a perspectiva de que a saúde não é meramente gasto, e sim um investimento importante para geração de melhor qualidade de vida, sendo também investimento econômico, porque é um segmento com destacada participação no PIB do país, bem como na geração de empregos formais.

“É uma área que, mediante estímulos não tão grandes, conseguirá dar uma contribuição importante para o processo de retomada do crescimento e do desenvolvimento econômico do nosso país. Por isso, estamos colocando como grande prioridade o fortalecimento do complexo industrial e econômico da saúde”, garantiu Costa.

Em tempo, Costa ainda pontuou que se pretende substituir mecanismos de controle fiscal que estão superados, citando a Emenda Constitucional 95, que retirou R$ 37 bilhões da área da saúde entre 2018 até 2022. “Vamos trabalhar para fazer essa recomposição e acabar com o orçamento secreto, para o qual estão bloqueados R$ 10 bilhões só no ano que vem”, afirmou.

Abramed questiona sobre a oferta de serviços de saúde em farmácias

Com a palavra, o presidente do Conselho de Administração da Abramed parabenizou os assessores pelo amplo conhecimento que demonstraram dos problemas do sistema de saúde e ressaltou que a entidade tem associados que prestam serviços na área laboratorial e também em radiologia e diagnóstico por imagem, muitos deles atendendo a clientela do SUS, contratados por prefeituras. Na sequência, comentou que o problema da tabela de procedimentos coloca em risco, sobretudo, a qualidade dos serviços oferecidos, sendo este, portanto, um ponto que se espera ser corrigido durante o mandato do novo presidente.

“Sabemos que uma atenção primária abrangente, baseada na comunidade, consegue resolver quase 90% de todas as necessidades em saúde de um indivíduo ao longo da sua vida. Ela oferece vários serviços que vão desde a promoção e prevenção até o controle de doenças crônicas; cuidados paliativos até reabilitação, ou seja, uma atenção integral próxima do ambiente cotidiano de todas as pessoas, e, como sabemos, tem se mostrado custo-efetiva, pois diminui os gastos totais em saúde e melhora a eficiência, reduzindo, por exemplo, as internações hospitalares. Com a inovação chegando ao setor de saúde, outros segmentos se preparam para oferecer novos serviços, ampliando as suas atividades, como as farmácias (Med per Uomo). Os senhores consideram que essa oferta de serviços em farmácias, que podem incluir a telessaúde, poderá substituir a atenção primária oferecida hoje pelo SUS?”, questionou Shcolnik.

Confira o que disseram os assessores:

“Penso que a farmácia não vai substituir a estratégia de saúde da família, de jeito nenhum. Elas podem contribuir de uma forma muito relevante na dispensação de medicamentos. Acho que a dispensação de medicamentos do SUS pode ser ampliada ao extremo, pode ser distribuída em todas as redes de farmácias e com isso facilitamos a vida das pessoas, que poderão receber medicamentos sem deslocamento e de uma forma mais rápida. Em hipótese alguma acredito que qualquer serviço que possa se implementar em uma farmácia substituirá o programa de saúde da família”, disse João Gabbardo, representando Simone Tebet.

“Entendemos que o SUS é a porta de entrada do ponto de vista da prevenção, do acompanhamento da saúde. A unidade básica de saúde deve estar bem estruturada para poder acompanhar o cidadão, fazer a prevenção com a equipe de saúde da família, para evitar um procedimento mais custoso e para evitar um problema de saúde maior. Esse componente do sistema é essencial para o seu bom funcionamento. Acho que a farmácia não tem como substituir a unidade básica de saúde nessa etapa, mas concordo que ela pode ser uma importante organização para disseminar, fazer com que o medicamento chegue à população”, disse Nelson Marconi, representando Ciro Gomes.

“Não acredito que as farmácias serão esse espaço ou de substituição, ou de acréscimo, eu acho que elas têm um grande papel a cumprir. Por exemplo, tenho certeza de que, se ganharmos a eleição, vamos trabalhar com um programa de Farmácia Popular mais arrojado. Se uma das três razões de gasto privado são os medicamentos, se amplio a oferta gratuitamente ou em modo de copagamento, posso evitar muitas complicações de doenças, permitir melhor acompanhamento e ampliar o acesso das pessoas a medicamentos que originalmente estavam na distribuição direta do SUS. Podemos construir entendimentos que incluam as nossas pretensões de fortalecimento do complexo econômico industrial da saúde. Acho que as farmácias podem cumprir um papel importante”, disse Humberto Costa, representando Luiz Inácio Lula da Silva.

Fórum Permanente do Setor de Saúde em Proteção de Dados e Privacidade é lançado em Brasília

Com participação da Abramed, iniciativa visa debater e fomentar discussões envolvendo privacidade, proteção de dados, inovação e tecnologia para o segmento de saúde, além de desenvolver uma proposta de autorregulação do setor

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), representada pela diretora do Comitê de Proteção de Dados, Rogéria Cruz, participou do lançamento do Fórum Permanente do Setor de Saúde em Proteção de Dados e Privacidade, que aconteceu durante o Congresso “Diálogo Entre os Poderes no Direito da Saúde”, no dia 29 de agosto, no Conselho de Justiça Federal, em Brasília. Trata-se de uma coalizão em caráter permanente composta de associações, federações e confederações representativas do setor de saúde, cuja missão é debater e fomentar os temas envolvendo Privacidade e Proteção de Dados (P&PD), inovação e tecnologia para o segmento, além de preparar a proposta de autorregulação do setor.

Com a Abramed, integram o fórum a Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para a Saúde (Abraidi), Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), Associação de Planos Odontológicos (Sinog), Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Federação Brasileira de Hospitais (FBH) e Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde).

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) – Lei 13.709/2018 – trouxe um enorme impacto para o setor de saúde, que utiliza dados sensíveis em seu cotidiano, desde a anamnese, o diagnóstico e a identificação até o tratamento de doenças. Com a pandemia de covid-19, surgiram novos desafios voltados não só à cibersegurança como também às relações trabalhistas. O tema é bastante complexo para todos os atores da cadeia de saúde e, justamente por isso, o diálogo aberto e transparente é fundamental.

Nesse contexto, o objetivo do Fórum é uniformizar os conceitos, os entendimentos, discutir os temas de interesse do setor no que compete à privacidade de dados, bem como para ser um interlocutor qualificado tanto para a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) quanto para o poder legislativo. Ainda, o debate subsidia o segmento de saúde com um modelo de regulação mais homogêneo, único e conforme o que de fato é vivenciado no cotidiano.

“Esse Fórum nasceu da necessidade de o setor de saúde de trabalhar, eventualmente, em uma autorregulação regulada, já que é um segmento muito sensível, que lida com dados sensíveis, e, ao mesmo tempo, traz vários stakeholders, desde o hospital, que presta assistência beira-leito, até as entidades de medicina diagnóstica, como a Abramed; as operadoras, aquelas que trabalham com os dados; e as Santas Casas, que lidam muito com dados públicos. Em determinado momento, entendemos ser necessário tentarmos, em alguns temas críticos, buscar convergir entendimentos”, explica Rogéria.

A diretora do Comitê de Proteção de Dados da Abramed fala que, felizmente, conseguiu-se unir todas as entidades que integram esse Fórum para participar desse conceito, muito bem-recebido, afinal todas sofrem as mesmas dores nesse sentido. Existem questões críticas para discutir conjuntamente, por exemplo, compartilhamento de dados, interoperabilidade, transferência internacional de dados, limite da tutela da saúde, assim como acompanhamento do trabalho da ANPD, que já está se organizando para iniciar os primeiros processos fiscalizatórios.

Rogéria destaca que estão em andamento consultas públicas (CPs) sobre dosimetria e tratamento de dados pessoais de crianças e adolescentes, dois assuntos relevantes na saúde, que exigem atenção. A CP sobre dosimetria quer ouvir os setores sociais para que a ANPD estabeleça parâmetros, regras e critérios claros para a aplicação de sanções administrativas decorrentes de incidentes de segurança. Esta será a primeira contribuição do Fórum, visando contribuir com o órgão, levando-lhe a sensibilidade do segmento de saúde, que trabalha com dados sensíveis, procurando não apenas apoiá-lo, mas tornar-se referência em assuntos relacionados à privacidade e inteligência artificial.

O Fórum é composto de dois Grupos de Trabalho (GTs). Um deles é responsável por police, coordenado pela Abramed. O outro irá compilar todas as discussões para desenvolver um guia de boas práticas. Um primeiro documento, embrionário, foi feito pela CNSaúde, mas o que se quer, agora, é aperfeiçoar esse material, uma vez que a LGPD já está em vigor e permitiu experiências, ou seja, vai ser possível publicar uma versão atualizada desse código.

“O setor de saúde, que engloba medicina diagnóstica (laboratórios), assistência (hospitais) e operadores de saúde têm questões muito parecidas, como o compartilhamento de dados. E sempre surgem dúvidas: o que se pode compartilhar? Qual é o limite do compartilhamento na tutela da saúde? Qual é o conceito de tutela da saúde? São definições que permeiam todo o setor e que, quando definidas, reduzem as incertezas jurídicas. O Fórum discutirá assuntos relevantes e dores de todo o setor”, ressalta a diretora do Comitê de Proteção de Dados da Abramed. De acordo com Rogéria, a ideia é somar onde for possível e atuar de maneira unificada. A expectativa é a convergência entre entidades para oferecer à ANPD um posicionamento do setor de saúde.

Na saúde, os dados estão sendo coletados e manuseados a todo momento e, em razão disso, é importante que o colaborador esteja envolvido em um programa sólido e consistente de privacidade. Rogéria fala que os associados à Abramed sabem da importância de apoiar a conscientização e o treinamento profissional de seus colaboradores, mas também reconhecem que pessoas são falíveis, o que torna ainda mais sensível o tema. Por ser um programa contínuo, investir em treinamento é essencial. 

“As ferramentas são valiosas e agregam valor aos programas, mas o foco deve estar nas pessoas, seja no aculturamento, seja na aplicação dos conceitos, para se identificar no dia a dia as melhorias significativas aos processos”, complementa Rogéria.

A saúde é um segmento muito assimétrico no Brasil, com estabelecimentos que apresentam realidades muito distintas. Existem instituições que ainda estão longe de possuir suporte tecnológico para se adequar às exigências da LGPD. Por isso, o Fórum deseja se tornar um interlocutor qualificado, a fim de contribuir para temas sensíveis que envolvem a saúde promovendo união no setor.

“Este foi o primeiro ponto que tentamos tratar, as diferenças existentes no Brasil. Por isso, temos conosco a FBH, as Santas Casas, por exemplo, justamente com o intuito de inseri-las nessa discussão e sermos apresentados a essas outras realidades. Queremos propor soluções, alternativas, sugestões que busquem contemplar a saúde como um todo e em todas as suas particularidades”, sentencia Rogéria.

Entendendo a anonimização e sua importância na utilização de dados em conformidade com a LGPD

Procedimento visa garantir a segurança e a privacidade de uma pessoa, desvinculando os dados pessoais do seu titular

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) – Lei 13.709/2018 – explica a anonimização como um procedimento técnico que visa dissociar dados a uma pessoa física, de modo que não se consiga identificar uma pessoa. Trata-se da utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis no momento do tratamento, por meio dos quais um dado perde a possibilidade de associação, direta ou indireta, a um indivíduo. O conceito tem aplicabilidade e impacto na saúde, inclusive na medicina diagnóstica.

Segundo o diretor-executivo da Nommad, empresa de consultoria em tecnologia da informação, Wagner Hiendlmayer, a anonimização de um dado é, por definição, um ato irreversível. Isso quer dizer que, utilizando ferramentas disponíveis, após o tratamento de um dado pessoal sensível, não se chegará a um indivíduo específico.

É importante saber discernir os tipos de dados, de acordo com a LGPD. Dado pessoal é a informação relacionada à pessoa natural identificada ou identificável; dado pessoal sensível é o dado pessoal relacionado à origem racial ou étnica, à convicção religiosa, à opinião política, à filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, à saúde ou à vida sexual, à genética ou à biometria, quando vinculado a uma pessoa natural.

“Em suma, dados pessoais são nome, endereço, telefone, CEP. O dado pessoal sensível pode indicar algum tipo de perseguição política, ou, na área da saúde, por exemplo, pode ser constrangedor, sobre algum tipo de doença, isto é, uma informação que pode fazer com que a pessoa sofra algum preconceito. O dado pessoal sensível significa que eu tenho um conjunto de proteções adicionais necessárias para garantir a segurança da pessoa física”, explica Hiendlmayer.

A anonimização de dados, segundo ele, é imprescindível, principalmente para que se possa tratar grandes volumes de informações e se consiga, eventualmente, compartilhá-las sem se preocupar com a pessoa física que está por trás daquilo.

“Estamos falando de um procedimento técnico, que visa desvincular os dados pessoais de uma pessoa natural. Dados anonimizados, portanto, são aqueles que perdem sua característica de dados pessoais e você não tem a aplicação dos efeitos da lei sobre tais”, completa Leila Paulino, integrante do Comitê de Proteção de Dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e coordenadora jurídica da área cível do Grupo Fleury.

Ela reitera ser fundamental observar qual é a técnica utilizada na anonimização. Para que um dado seja considerado, de fato, anonimizado, é necessário que se considere o processo irreversível, ou seja, que não se consiga chegar novamente ao titular do dado. Nesse sentido, se for possível reverter a anonimização, usando meios que se têm disponíveis, como softwares ou sistema interno da companhia, trata-se de um dado pseudonimizado.

Hiendlmayer também chama a atenção para a pseudonimização, que, embora semelhante no nome, não tem relação direta com a técnica da anonimização, mas está sob o escopo de aplicação da LGPD. É o tratamento por meio do qual um dado perde a possibilidade de associação, direta ou indireta, a um indivíduo, senão pelo uso de informação adicional mantida separadamente pelo controlador em ambiente controlado e seguro.

“Nesses casos, continua-se tendo alguma referência do indivíduo por trás do dado, ou seja, são compartilhadas informações com as quais não se deseja associar a alguém, mas ainda assim pode haver uma ‘chave’ que permitirá a identificação. O processo é protegido, mas de maneira reversível. De posse de um ID, será possível descobrir quem é o paciente, por exemplo. Então, a pessoa que está tratando um conjunto de informações pseudonimizadas não consegue saber quem é o paciente, mas com essa ‘chave’ consigo fazer isso”, fala Hiendlmayer.

Quando fazer anonimização de dados?

Leila explica que não se pode dizer que a anonimização é um processo obrigatório, porque há situações, como para o cumprimento de obrigações legais ou regulatórias, em que é preciso que o dado seja identificado.

“Em medicina diagnóstica, existe a obrigatoriedade de manter a guarda de laudos e exames por um prazo de cinco anos. Isso é determinado pela RDC 302/2005, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nessas situações, não podemos anonimizar o dado, precisamos fazer a guarda dele de maneira identificada. Devemos anonimizar sempre que possível”, atesta Leila.

As instituições de saúde, de acordo com a membro do Comitê de Proteção de Dados da Abramed, devem avaliar quais são as situações em que é possível e até recomendável realizar a anonimização, de modo que ela não possa representar risco, sendo, portanto, um procedimento que garante mais segurança nas operações.

“Você terá segurança tanto para a instituição trabalhar com dados anonimizados, quanto para os titulares de dados. Imagine o seguinte exemplo: em algum tipo de incidente, seja ele acesso não autorizado, seja vazamento, se estiver diante de uma base de dados anonimizada, você não vai ter risco para o titular do dado envolvido no episódio. A anonimização garante segurança nas operações de tratamento de dados”, evidencia Leila.

Segundo ela, o procedimento é muito indicado na área da saúde, justamente por envolver dados sensíveis, com potencial discriminatório. Por isso, a lei costuma tratá-los com mais rigor, o que exige maiores cuidados dos profissionais que trabalham nessas instituições.

“Em termos de bases legais, quando se trata de dados sensíveis, o que é o caso dos dados de saúde, a lei é mais restrita para o tratamento. A anonimização dos dados é um importante mecanismo para as instituições, mas, conforme informado, nem sempre os dados poderão ser anonimizados, considerando determinadas finalidades de tratamento como aquelas exigidas para o cumprimento de obrigações legais ou regulatórias, como é o caso da RDC 302/2005. Também é importante considerar que a lei faz uma recomendação expressa de anonimização, sempre que possível, quando a finalidade de tratamento for estudos por órgãos de pesquisas – entretanto, esta base legal de estudos é válida apenas para instituições de pesquisas, é importante ressalvar”, diz Leila.

Ainda conforme Leila, a anonimização também é um dos direitos do titular, previsto na lei, sendo possível ao titular solicitá-lo ou não em face da instituição, de modo que a instituição deve estar preparada para avaliar cada caso e, eventualmente, fazer o procedimento como solicitado.

Técnicas de anonimização

Para tornar um dado anonimizado, existem técnicas específicas: 1) supressão, que é a remoção completa dos dados da base de dados, de forma definitiva; 2) encobrimento, com a utilização de símbolos como “xxx” ou “***” para substituição dos caracteres em uma tabela. Este caso preserva a parte da informação que ainda é relevante para alguma finalidade específica; e 3) generalização, que é o agrupamento de informações por faixas, como a troca do CEP por região do país, ou a conversão de faixas etárias.

“Na supressão de dados, eu retiro uma parte das informações, removo o dado da base e isso também, por definição, é algo irreversível, ou seja, eu chego à conclusão de que aquele meu banco de dados, que possuía nome, telefone, CEP e toda uma condição de saúde do paciente, passará a ter apenas a parte que me interessa, a condição de saúde do indivíduo, servindo para políticas públicas e estudos clínicos, por exemplo. No restante, eu faço uma supressão absoluta, apago, literalmente, ou encubro”, ressalta Hiendlmayer.

O diretor-executivo da Nommad faz uma analogia de como funciona o encobrimento: quando alguém efetua um pagamento com cartão de crédito, no comprovante é devolvida uma parte do número do cartão em asterisco. Quem faz transação bancária deve encobrir uma parte desses dados, porque, se houver um episódio de vazamento, não se compartilharão números, como os do cartão.

Quem não faz a anonimização de dados de maneira correta pode ser punido com o bloqueio do uso ou a exclusão desses dados, pelo que estabelece a LGPD. A primeira hipótese se caracteriza pela suspensão de qualquer operação de tratamento de dados pessoais de determinada pessoa ou determinado grupo de pessoas. A segunda opção se dá por solicitação do titular, que deve ser atendida se considerando as bases legais para o tratamento de dados. Nesses casos, os dados poderão ser retidos, desde que exista previsão legal.

“A melhor recomendação para as instituições que já estão fazendo esse trabalho de adequação à LGPD é que avaliem e conheçam suas operações de tratamento de dados, bem como as finalidades de tratamento. Quando conhece a finalidade, você identifica corretamente a base legal e consegue saber se é possível anonimizar o dado. É claro que, sempre que for possível, deve-se trabalhar com dados anonimizados, assim se garante mais segurança para a instituição e para os titulares. Os dados de saúde têm, de fato, essa sensibilidade, porque existe um risco maior para o titular”, sentencia Leila.

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