bioMérieux adotou campanha liderada por funcionários e doou 13 toneladas de alimentos na pandemia

 A cada R$ 1 real doado por colaborador, a empresa colocava mais R$ 2. Confira detalhes das ações sociais da companhia

Visando contribuir com a minimização dos impactos da pandemia de Covid-19, a bioMérieux – líder global em diagnóstico in vitro, parceira da Abramed, integra o time de empresas que promoveram ações sociais nesse período. A participação na saúde pública faz parte dos valores da companhia desde sua fundação e sua responsabilidade social em meio à crise ganhou forma com um único objetivo: auxiliar a quem precisa. Duas foram as preocupações nesses últimos meses: a resistência antimicrobiana ocasionada pelo uso indevido de antibióticos para tratamento da Covid-19 e os impactos alimentares na sociedade.

A bioMérieux tomou conhecimento do engajamento dos funcionários e decidiu aderir à iniciativa, organizando esforços para convidar todos que desejassem participar. Embora importantes, as ações foram amplamente divulgadas internamente, não ganhando tanto destaque fora dos muros da companhia.

“O principal desafio foi como seria coordenar o processo de transformação das doações efetuadas por cada colaborador, acrescida de dois reais por parte da empresa para cada real doado pelos funcionários, revestidos em mantimentos para as pessoas que desejávamos beneficiar – especialmente com a adoção das medidas de prevenção da Covid-19”, explica o gerente médico da bioMérieux, Bernardo Silveira Barros.

Barroso detalhou que após se identificar diferentes ONGs com experiência na distribuição de alimentos, foram doadas cerca de 13 toneladas de itens para serem distribuídos geograficamente às regiões carentes ao redor do Brasil. Buscaram-se organizações que tivessem foco em populações e regiões mais atingidas pela Covid-19, como o estado do Amazonas e bairros carentes de São Paulo. Novas campanhas de arrecadação devem ser organizadas enquanto a pandemia persistir.

Além de colaborar com o empenho dos funcionários, a matriz da bioMérieux disponibilizou valores a cada uma de suas filiais para poderem contribuir localmente independente de outras ações que estivessem a ocorrer ali. “Já existe essa tradição na empresa, que na década de 1970 doou 100 milhões de doses da vacina da meningite para imunizar toda a população brasileira na epidemia que ocorria à época”, lembra Barros.

Preocupada em ampliar seu olhar para além da medicina diagnóstica e, primeiro, sobre seus colaboradores, ainda no início da crise provocada pelo coronavírus, a bioMérieux determinou o fechamento dos escritórios e migração para o trabalho remoto – nos setores não-críticos, pois as fábricas e centros de pesquisa não podiam parar para suprir o mercado com os exames para Covid-19 e outras doenças. Em ambos, foram introduzidas medidas preventivas e de isolamento no possível.

Segundo o gerente médico, a empresa também assumiu o compromisso de não realizar demissões, independente de qual fosse o impacto da Covid-19 nos negócios – tranquilizando toda a equipe para se esforçar ao máximo na busca por soluções diagnósticas para a pandemia.

“Diversos laboratórios se aliaram com a bioMérieux para disponibilizar rapidamente os testes diagnósticos para Covid-19 com máxima presteza. Além disso, foram firmadas parcerias com indústrias farmacêuticas, oferecendo nossa tecnologia para fazer o diagnóstico de Covid-19 em estudos para identificar medicamentos que pudessem combater a evolução da, então, nova doença”, ressaltou Barros.

Para auxiliar no enfrentamento da pandemia, bioMérieux também reforçou uma interface entre o laboratório e os clínicos, que leva rapidamente os resultados de testes – especialmente de microbiologia (crescimento e análise de microorganismos) – para que as decisões sobre uso ou retirada de antibióticos seja tomada da maneira mais eficaz possível.

Ações sociais do Fleury no enfrentamento da pandemia

Responsabilidade com colaboradores e investimentos em P&D são marcas do Grupo nesse período

A pandemia de Covid-19 impactou absolutamente todos os setores da economia e toda a população brasileira. A responsabilidade social tornou-se ainda mais importante para proteger a população tanto do coronavírus – através de políticas públicas e ações de saúde – quanto da crise econômica que assolou inevitavelmente o país. Nesse cenário, o Grupo Fleury atuou em algumas frentes exercendo seu protagonismo para além da medicina diagnóstica, através de uma abordagem focada em cinco pilares: Saúde Pública; Colaboradores; Filantropia; P&D; e Empresas.

Primeiramente, após um rápido desenvolvimento da metodologia de detecção COVID RT-PCR pela equipe de P&D – Pesquisa & Desenvolvimento, a empresa optou, a princípio considerando a escassez do teste no mercado, priorizar a oferta do teste, a preço de custo, para os hospitais, considerando que os pacientes de maior gravidade e que necessitavam rápido diagnóstico estavam nesse ambiente. À medida que a oferta se tornou maior, o teste foi ofertado nas unidades de atendimento do Grupo.

Segundo o Gerente Sênior de Sustentabilidade e Segurança Ocupacional do Grupo Fleury, Daniel Marques Périgo, em todo o momento buscou-se apoiar os colaboradores e familiares em função da crise sanitária e econômica decorrente da epidemia. O serviço de saúde do Grupo – Viver Melhor – foi ampliado, em especial as iniciativas de saúde mental, com a expansão das agendas de apoio psicológico (programa Acolher), ações de mindfulness, yoga, meditação, entre outras.

“Também foram oferecidas aulas online de alongamento e outras modalidades. Foram realizados mais de 130 mil atendimentos no programa Viver Melhor. Criamos também o benefício Rede de Apoio, e durante três meses ofertamos R$ 150 por criança para colaboradores com salário de até R$ 6 mil. O projeto Interestellar focou na criação de um ambiente de home office e home working saudável para a atuação dos colaboradores que trabalharam nessa modalidade, tais como auxílio energia elétrica e internet, disponibilização de equipamentos ergonômicos, etc. E o Grupo aderiu ao Movimento Não Demita, não realizando desligamentos até a data final do compromisso”, elencou Périgo.

No quesito filantropia, foram realizadas campanhas relacionadas à crise sanitária e econômica, doações de exames Covid-19 para instituições filantrópicas e governamentais, ações de voluntariado remoto para manter o espírito de solidariedade entre os colaboradores, apoio por telemedicina para comunidades que necessitavam de orientação sobre a pandemia, aportes via benefício fiscal e adesão a compromissos voluntários relacionados ao tema.

Ao longo de 2020 o Fleury investiu mais de R$ 14 milhões em pesquisa e desenvolvimento, trabalhando, inclusive, com a criação do teste de proteômica, técnica que permite uma maior estabilidade das amostras, o que é excelente para a testagem em regiões mais afastadas onde há maior tempo de transporte.

Segundo Périgo, foram desenvolvidas parcerias para validação de protocolos de medicamentos e vacinas, apoio na validação de testes de detecção de Covid-19, mapeamento soroepidemiológico da cidade de São Paulo, segunda opinião gratuita de exames de tomografia para hospitais públicos, lives e webinares para disseminação de conhecimento acerca da doença do coronavírus para médicos e população em geral.

Ainda houve validação de produtos e serviços de apoio às empresas para testagem de seus colaboradores, criação e validação de protocolos assistenciais e de retorno ao trabalho.

Algumas iniciativas do Grupo merecem destaque por atingirem mais de 40 mil pessoas, com a participação de mais de 2 mil voluntários da empresa. Confira as principais:

  • Telecorona solidário: atendimento via telemedicina, em parceria com o Hospital Sírio-Libanês, para a comunidade do bairro da Bela Vista (SP), fornecendo orientações e esclarecendo dúvidas sobre a Covid-19;
  • Campanha Corona no Paredão, Fome Não: campanha de doação financeira para aquisição de cestas digitais para comunidades no país em parceria com a ONG Gerando Falcões. A cada real doado, o Grupo Fleury dobra o valor;
  • Campanha Salvando Vidas: campanha do BNDES de apoio a hospitais filantrópicos para compra de EPIs e oxigênio medicinal. O Grupo doou R$ 1 milhão;
  • Adesão ao movimento Unidos pela Vacina: encabeçado pelo grupo Mulheres do Brasil, disseminando conhecimento e incentivando à vacinação contra a Covid-19;
  • Outubro Rosa: tradicional ação anual de abertura de unidades do Grupo em vários estados para realização de exames a pacientes sem planos de saúde, ONGs e hospitais filantrópicos;
  • Campanhas de arrecadação de alimentos e outros produtos para ONGs nos locais onde temos atuação; doação de máscaras para hospitais da Baixada Fluminense (RJ);
  • Desenvolvimento de protocolos de retorno ao trabalho para a ONG Instituto Acaia, em parceria com o Hospital Beneficência Portuguesa (SP);
  • News Solidária: news mensal para os colaboradores do Grupo com oportunidades de atuação em voluntariado remoto;
  • Adote um idoso: apoio emocional a distância para idosos em instituições de longa permanência por meio da troca de mensagens e vídeos;
  • Colabinar: ação de voluntariado de colaborador para colaborador, nas quais colaboradores podem ensinar outros sobre diversos temas;
  • Doações de testes Covid: doação ou subsídio, em parceria com empresas, para realização de exames de RT-PCR e sorologia de Covid-19 para ONGs e instituições governamentais. Foram realizados mais de 40 mil exames em 2020; e,
  • Doação de R$ 2 milhões em projetos de leis de incentivo.

A solidariedade no setor de medicina diagnóstica tem sido intensa nos últimos meses. Empresas de diversos portes e até mesmo concorrentes se uniram em prol de um único propósito.

O Fleury se aproximou de marcas como Coca-cola, Coca-Cola Femsa e Bradesco Saúde para doação de quase 25 mil exames RT-PCR ao governo do estado de São Paulo; realizou parceria com a Cielo para realização de 5 mil exames de testagem para funcionários do Instituto do Coração (InCor) e das Casas André Luiz; fez parceria com o Fundo Todos pela Saúde para realização de 11.500 exames RT-PCR para funcionários e assistidos de instituições de longa permanência no país; com Ibope Inteligência, Instituto Semeia e Todos pela Saúde para realização do perfil soroepidemiológico da cidade de São Paulo, mapeando a prevalência da infecção por SArs-COV-2 no município de São Paulo para subsidiar políticas públicas.

“Também houve parceria com o projeto Fapesp Covid-19 Data Sharing/BR, um repositório de informações clínicas da Covid-19, criado pela Fapesp, para compartilhar informações clínicas de pacientes para subsidiar pesquisas científicas; o desenvolvimento do Projeto Radvid, ação organizada por radiologistas de todo o país com o intuito de criar um banco de dados com exames de raios-X e tomografia de tórax e ajudar profissionais de saúde no diagnóstico de casos de Covid-19; e a parceria Kunumi, para desenvolver algoritmos para identificação e comparação de padrões de componentes sanguíneos avaliados em hemogramas”, completa Périgo.

Grupo Sabin: responsabilidade social com coragem, resiliência e cuidado

Um ano marcado pelos reflexos da pandemia na economia global. É assim que especialistas de diversos setores do mercado resumem 2021 e destacam como a maior crise sanitária que também provocou mudanças significativas no mindset das lideranças das grandes companhias.

No Brasil, empresas se uniram em uma verdadeira corrente de solidariedade e reforçaram seu compromisso social, dedicando atenção especial aos mais vulneráveis. Um exemplo disso vem de Brasília, o Grupo Sabin. Movido pelo propósito de inspirar pessoas a cuidar das pessoas, a empresa abraçou uma série de iniciativas importantes no enfrentamento à pandemia, indo além da atuação na área de medicina diagnóstica.

“Nos unimos à campanha ‘Vacinar é um ato de cuidado!’ – campanha estadual de vacinação contra a Covid-19 e com o nosso Programa de Voluntariado Corporativo do Sabin conseguimos mobilizar quase 3 mil colaboradores nessa corrente do bem para vacinação da população. Foram mais de 23 mil horas de trabalho e 58 mil doses aplicadas. Também cedemos três espaços de atendimento drive-thru para garantir a imunização aos sábados e domingos, durante 6 meses consecutivos”, celebrou a Presidente Executiva do Sabin, Lídia Abdalla.

A empresa também somou forças com o Movimento Unidos pela Vacina, que tem como madrinha a cofundadora do Sabin, Janete Vaz, em parceria com a ONG Grupo Mulheres do Brasil DF, computadores e insumos foram doados para a produção de equipamentos de proteção individual (EPIs), ajudando na produção das peças de proteção desenvolvidas na Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap).

Empresa da alma feminina, o Sabin investiu na reestruturação do seu aplicativo e inseriu a ferramenta “Quebre o Silêncio”, funcionalidade semelhante ao “botão do pânico”, dando a oportunidade de fazer denúncias contra violência doméstica. “Também lançamos a campanha “Quarentena sem violência”, entregando às nossas colaboradoras um guia com orientações sobre como atuar diante de uma situação de violência ou ajudar pessoas que enfrentam este tipo de prática” detalhou a executiva.

Junto com o Grupo Fleury, o Sabin lançou também o movimento “Coração de Mulher”, para alertar as mulheres brasileiras à importância dos cuidados com a saúde do coração, e apoiou as os movimentos “Vamos Virar o Jogo” e “Não Demita’, inspirando outras companhias com alternativas para manutenção dos empregos e ações de retomada. O Grupo também criou um novo protocolo de comunicação humanizada para pacientes positivos Covid foi implementado para que os especialistas da empresa estabelecessem uma comunicação humanizada e focada nas orientações de saúde para apoiar os pacientes que testaram positivo na sua jornada de cuidados, resultando em quase 300.000 pessoas atendidas.

A pandemia provocou uma transformação social e corporativa ainda não vista na nossa história recente e nos inseriu em um contexto de transformações profundas e significativas para as sociedades e para o mundo corporativo. Vimos cada vez mais as companhias e organizações valorizando ainda mais a atuação pautada pela ética, respeito e pela responsabilidade social. Foi uma virada de chave. Uma quebra de paradigmas que deve se perpetuar nos próximos anos e contribuir ainda mais na trilha de novos projetos”.

O olhar aos mais vulneráveis ficou ainda mais sensível diante das adversidades da pandemia e influenciou a adoção de medidas nas cinco frentes de atuação no campo da inovação e assistência social. Por meio do Instituto Sabin, seu braço social a empresa apoiou iniciativas e abraçou parcerias que deram a mais de 277 organizações sociais no Brasil a possibilidade de fazer com que milhares de brasileiros pudessem viver com mais dignidade.  Além de ser a primeira empresa de Medicina Diagnóstica a integrar as notificações da COVID-19 à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), do Ministério da Saúde, o Grupo apoiou mais de 1200 organizações com protocolos de triagem, testagem e monitoramento, além da integração com protocolos sanitários para a retomada de diferentes setores da economia de forma segura e responsável.

A inovação no DNA da empresa permitiu ainda fortes investimentos em tecnologia, inovação para acelerar projetos que resultaram na expansão dos canais de atendimento para melhorar a experiência dos clientes, lançou novos modelos de serviços e integrou à sua plataforma e-commerce unidades especializadas para exames da Covid. “Expandimos nossa plataforma de testagem e capacidade produtiva e nos tornamos ainda mais eficazes e preparados para superar desafios logísticos e garantir insumos e reagentes para realização de testes em todas as regiões do Brasil”.

Em Brasília, a empresa lançou o Skyhub, o 1º hub de inovação dentro de uma empresa de Medicina Diagnóstica no Brasil, e assim contribui com startups de todo o país e fortalece o ecossistema de inovação no país. Outro negócio da empresa foi o fundo de investimentos lançado em parceria com o Grupo Fleury, o Kortex Venture, um dos maiores fundos de Corporate Venture Capital de Saúde no Brasil, que destina aportes em startups nacionais e estrangeiras, com foco em empresas de saúde e tecnologia para saúde.

Para contribuir com a democratização do acesso à saúde de qualidade aos brasileiros, o Sabin lançou o Rita Saúde. Desenvolvido dentro do conceito de saúde 5.0, em que as pessoas estão no centro do cuidado, o centro de saúde digital promove acompanhamento integral de toda a jornada do paciente, por meio de plataforma de telemedicina, uma modalidade que permite a interação de toda a rede médica durante os cuidados com a saúde. “São investimentos dedicados a inovação e à responsabilidade social nos últimos anos que nos permitem cumprir nossa missão de entregar serviços de saúde com excelência e reforçar nosso compromisso com clientes, cadeia produtiva e toda a comunidade”, concluiu a Presidente Executiva.

“Telepredicina” : um remédio para o sistema de saúde

Artigo assinado por Caio Soares*

Ao longo do último ano, nunca antes no cenário da saúde havíamos ouvido falar tanto de todos os termos iniciados com o prefixo “tele”: telemedicina, teleatendimento, teleconsulta, teleassistência, teleoperação, telemonitoramento. Da mesma forma, a discussão e a percepção dos impactos, dos prós e contras, extrapolaram as barreiras das instituições de saúde e do âmbito governamental para entrar em rodas de discussões da população em geral.

No entanto, existem alguns impactos, que muitas vezes não são tão evidentes, em especial para quem não está no dia a dia. Além de facilitar o acesso e aumentar a velocidade com que o paciente é cuidado, entregar resolutividade, aumentar a segurança e evitar desperdícios, outra grande vantagem da telemedicina é antecipar cenários, algo crucial quando estamos falando sobre saúde de populações.

Apelidei esse conceito de “telepredicina”. Parece até nome de medicamento, o que não deixa de ser.  Afinal, essa predição pode ser de fato um remédio para o sistema de saúde. Isso porque, quando partimos para um lado mais analítico, a telemedicina revela informações que nos ajudam a corrigir rotas, a nos prepararmos, prevermos aumentos ou quedas de demanda. Explico o motivo.

Segundo dados extraídos das bases da Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital – a Saúde Digital Brasil (SDB), de março do ano passado a abril deste ano, foram mais de 7,5 milhões de atendimentos. Destes, 87% foram primeiras consultas, evitando as famosas idas desnecessárias e até identificando por meio de exames a necessidade de um atendimento em unidade hospitalar.

Aliás, uma das grandes capacidades que a telemedicina tem é de absorver um atendimento que seria tradicionalmente direcionado às estruturas mais complexas. Ela assume o papel dos prontos-socorros, que são em geral a porta de entrada do sistema, mas que foram desenhados para atender a um nível de complexidade superior ao que a grande maioria das pessoas realmente precisa.

Obviamente, todos que por ali chegam terão as suas queixas acolhidas. No entanto, ao mesmo tempo, essas pessoas estão usando um recurso de grande complexidade estrutural, quando, na verdade, a real necessidade seria de uma unidade de atendimento de grande densidade de conhecimento, capaz de resolver, na maioria dos casos, o problema, ou então encaminhar para um serviço  mais especializado, já muito certeiro.

Sendo assim, pode-se dizer que, além de desafogar essa estrutura complexa e evitar tanto a subutilização de especialistas quanto a superutilização do sistema, a telemedicina, pela agilidade que proporciona e pelo volume de dados que registra, consegue evidenciar, do ponto de vista populacional, os movimentos que acontecem de saúde e o adoecimento com alguma antecedência.

Isso, inclusive, mostrou-se verdadeiro durante a pandemia, quando tivemos um volume de atendimento muito grande e conquistamos a capacidade de acompanhar os indicadores que eram obtidos nas consultas online e compará-los com dados de atendimentos presenciais nas unidades ambulatoriais e hospitalares presenciais. Fazendo uma análise estatística com base nas curvas de crescimento dos atendimentos via telemedicina, no caso da Covid-19, por exemplo, percebemos que eles permitem antecipar a informação entre cinco e sete dias em relação ao que é observado no presencial.

Enquanto os números oficiais mostravam regressão e estabilidade, os da telemedicina apontavam crescimento. E temos visto isso se repetir constantemente, nas últimas quatro ou cinco semanas, com um aumento sistemático de casos entre 15% e 30%. Seria este uma predição do que está por vir e que impactará o sistema como um todo, mais uma vez?

Estamos falando apenas desta pandemia, que tem proporções assustadoras. Da mesma forma, a  telemedicina poderia ajudar a antecipar também outras variações e demandas do sistema de saúde (público e privado) de doenças e/ou surtos. Sabemos que as tendências dizem muito a respeito de epidemias e pandemias. Ou seja, é algo diretamente proporcional – se muitas pessoas entram no sistema com a mesma queixa, é (ou pode ser) um valioso sinal de alerta. Significa que tem algo errado. E aí voltamos para a questão de quanto a tecnologia pode ser preditiva e antecipar o que pode acontecer.

Posto isso, já parou para pensar quanto dinheiro, quantos recursos e, principalmente, quantas vidas poderiam ser poupadas, se a tecnologia for utilizada da forma correta e em todo seu potencial? O benefício é para todo mundo. O ganho é para o gestor, é para o sistema de saúde, é para o paciente e para o médico. A telepredicina, a telemedicina, a teleconsulta, o uso da tecnologia, ou como preferirem chamar, são definitivamente bons remédios para a nossa saúde.

*Caio Soares, vice-presidente da Saúde Digital Brasil –  Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital

Outubro Rosa e Novembro Azul – Prevenção sempre será o caminho

O calendário de saúde nacional dedica dois meses inteiros à prevenção de duas das doenças que mais matam no mundo: câncer de mama e câncer de próstata. Com campanhas como o Outubro Rosa e o Novembro Azul, o país fortalece a cultura da prevenção, atitude que é sempre  o melhor caminho para garantir a saúde e a qualidade de vida populacional.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) a prevenção está ligada a duas abordagens distintas. A primeira é impedir que o câncer se desenvolva, ou seja, evitar a exposição aos fatores de risco adotando estilos de vida mais saudáveis. A segunda está em detectar e tratar doenças pré-malignas ou cânceres ainda quando são assintomáticos e estão sem seus estágios iniciais. E nesse momento a medicina diagnóstica assume papel extremamente relevante.

O INCA estima que em 2021 tenhamos cerca de 66.280 novos casos de câncer de mama no país, doença que mais causa a morte das brasileiras. Após investir em uma vida mais saudável, cortando hábitos ruins como o tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas e o sedentarismo, as mulheres precisam se lembrar de manter os seus exames preventivos em dia.

A mamografia – radiografia capaz de detectar alterações mamárias – é um exame de rotina que contribui com o rastreamento do câncer de mama e permite a identificação da doença antes do surgimento de qualquer sintoma. No Brasil, a recomendação das autoridades é que mulheres de 50 a 69 anos realizem uma mamografia a cada dois anos. 

São inúmeros os desafios que o país enfrenta para garantir acesso à mamografia a todas as suas mulheres. Além do fato de que somente um em cada cinco municípios brasileiros tem um mamógrafo, o que nos leva a um vazio assistencial regionalizado, a pandemia tornou-se um novo empecilho para a prevenção do câncer de mama.

Muitas mulheres que estão na faixa etária para o rastreamento da doença deixaram de realizar o exame. Segundo dados do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, somente nas empresas que integram a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) – que em 2019 representaram 56,4% do total de exames realizados na saúde suplementar – entre março e novembro de 2020 houve diminuição de 53,1% na quantidade de mamografias quando comparado com o mesmo período do ano anterior.

Com o maior conhecimento acerca da disseminação do novo coronavírus, bem como com o avanço da testagem e o início da vacinação, o panorama começou a melhorar e as mulheres gradualmente voltaram às consultas, laboratórios e clínicas de imagem. Porém, a campanha segue sendo ainda mais necessária para lembrar a todos que mesmo diante de uma doença infecciosa como a covid-19, as outras doenças não deixam de existir.

No âmbito do câncer de próstata, o cenário não é muito diferente. Segundo tipo de câncer mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma) tendo matado, segundo o INCA, quase 16 mil brasileiros em 2019, a doença também carece de detecção precoce. Ao diagnosticar nos estágios iniciais, as chances de sucesso no tratamento aumentam consideravelmente.

Para essa detecção precoce estão disponíveis exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos e o rastreamento de homens assintomáticos é feito pelo toque retal e pelo exame de sangue para avaliação da dosagem de PSA (antígeno prostático específico).

Durante a pandemia, os homens também se afastaram dos cuidados com a saúde e deixaram de realizar seus exames. Dados levantados pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) analisando relatórios do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS do Ministério da Saúde referentes aos procedimentos realizados entre janeiro e agosto de 2020 e comparando-os com as quantidades de testes no mesmo período de 2019, apontou queda média de 34,4% no número de exames de PSA.

Outros dois exames de imagem também relacionados ao diagnóstico da patologia, ultrassonografia de próstata por via abdominal e por via transretal, apresentaram queda de 37,8% e 35,7% respectivamente. Já a biópsia reduziu 22,7% no período.

Os números nos levam à percepção de que a pandemia de covid-19 fez o país dar um passo atrás na cultura da prevenção dessas doenças. O momento é de reforçar a importância do autocuidado, dos exames preventivos, e dos benefícios do diagnóstico precoce junto à população.

Medicina diagnóstica, personalizada e especializada é o caminho

Durante o Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), refletimos sobre a Medicina Diagnóstica e a construção do sistema de saúde do amanhã. Tendências do setor, avanços da Oncologia e dos exames de alta especialização estiveram na pauta.

29 de outubro de 2021

Ao longo dos anos, observamos como a ANS tem incorporado, no rol de cobertura, exames de alta complexidade, principalmente de Genética, Genômica e Biologia Molecular. Para o diretor-presidente do Grupo Pardini, Roberto Santoro, o movimento gera acesso aos diagnósticos complexos, e também desafios aos provedores desses exames. “É o que já estamos fazendo no Grupo Pardini, com a oferta de mais de 8 mil exames, um dos maiores portfólios do país, para os quatro cantos do país”, pontuou.

Viabilizar acesso à saúde significa, antes de tudo, estar presente de forma abrangente. Com essa percepção atrelada ao seu propósito, o Grupo Pardini anunciou, em junho, a aquisição de 100% do laboratório Paulo C. Azevedo. Líder no mercado de Medicina Diagnóstica (PSC) no estado do Pará, com 80 anos de reputação, o laboratório conta com 22 unidades, localizadas em Belém e em outros seis municípios. Referência em Análises Clínicas, Anatomia Patológica e Onco-hematologia, responde também pelo atendimento a quatro hospitais na região Norte do país. “A convergência em expertises fortalece a cadeia de saúde no Norte do Brasil e marca a estratégia do Grupo Pardini de reforçar sua presença em todas as regiões do país”, destacou Santoro.

Em agosto, a companhia anunciou a aquisição integral do laboratório APC, referência no Brasil em painéis de imuno-histoquímica e hibridização “in situ”, realizadas em biópsia de peças cirúrgicas com amplo espectro de diagnóstico em Oncologia. Com a aquisição, o Pardini amplia a oferta dos exames especializados a todo o país por meio de hospitais, médicos, indústria farmacêutica, e dos mais de 6 mil laboratórios parceiros Lab-to-Lab.

Desde 2012 o Pardini vem adquirindo laboratórios de alta credibilidade e especialização. A companhia percorreu esse caminho em Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), assumindo laboratórios de alta especialização e fortalecendo o mix de serviços direcionados ao paciente, incluindo exames de alta complexidade e de Medicina Personalizada.

O movimento responde às estimativas que apontam para o crescimento dos exames de alta especialização. Um exemplo é a Anatomia Patológica. A ANS e o SIA DATA SUS sinalizam que, nos últimos cinco anos, esse mercado deva crescer, aproximadamente, 11,3%, chegando a R$ 1 bilhão por ano. Desse montante, 36% da receita e 10% dos procedimentos estão vinculados à alta complexidade. O cenário reforça que demandas complexas exigem respostas cada vez mais precisas. Um caminho de atenção e compromisso de levar acesso ao diagnóstico especializado.

Setor da saúde precisa de união para ampliar o acesso à população e avançar nas políticas públicas

Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, participou do Encontro Estratégico Conahp 2021 e questionou sobre a oneração que a Reforma Tributária pode trazer ao setor

25 de outubro de 2021

O Presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira da Medicina Diagnóstica (Abramed), Wilson Shcolnik, participou, no dia 8 de outubro, do Encontro Estratégico Conahp 2021 – evento que antecede o Congresso Nacional de Hospital Privados –, que reuniu lideranças políticas, representantes das agências reguladoras, gestores das instituições associadas à Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e representantes das principais entidades de saúde.

Do encontro também participaram os deputados federais Pedro Westphalen (PP-RS) e Luiz Antônio Teixeira (PP-RJ), presidente da Comissão de Seguridade Social e Família na Câmara dos Deputados; Vera Valente, diretora-executiva da Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde); Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (Abimo); Rafael Cremonesi, diretor-geral do Hospital Mãe de Deus (Porto Alegre-RS); e José Octávio Leme, diretor-geral do Hospital Marcelino Champagnat (Curitiba-PR).

No debate, Westphalen destacou a importância do estreitamento do relacionamento dos representantes do setor com as lideranças políticas nacionais envolvidas nas temáticas de saúde nos últimos anos, principalmente durante a pandemia, e como isso tem sido decisivo para o entendimento sobre os projetos de lei que poderiam impactar na sustentabilidade do setor.

“As entidades estão se aproximando da política para tomar as decisões, com informações corretas e adequadas. O Congresso Nacional deu respostas muito importantes durante a pandemia, mostrando os caminhos que temos de trilhar juntos pela assistência à saúde no país e para definir o futuro do nosso setor”, disse Westphalen, que é médico.

A saúde, comentou Teixeira, representa 9,5% do PIB nacional, é o segundo setor que mais emprega no país e, para ele, não é dada a devida atenção, principalmente no que se refere a investimentos e desenvolvimento.

“Quando se trata de desonerar alguns setores, não se pensa na saúde e nem em estimular o setor, que além de gerar emprego e renda, é um dos que mais gera benefícios à população”, afirmou o deputado.

O presidente da Abramed reiterou que o estímulo é um dos pontos sensíveis à saúde, e questionou os parlamentares sobre a Reforma Tributária que tramita no Congresso. “Como está essa questão e como podem nos ajudar? Somos um setor essencial e não podemos ser mais onerados. Os deputados nos ajudaram a superar as barreiras com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), fundamental para que 17 milhões dos mais de 23 milhões de testes RT-PCR realizados até agosto fossem feitos pela iniciativa privada e pela saúde suplementar, mostrando que tivemos um papel essencial na pandemia e podemos complementar a atuação do SUS”, pontuou Shcolnik.

Westphalen explicou que a Reforma Tributária o preocupa sobremaneira e que não pode ser aprovada da maneira que hoje tramita na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Disse ser preciso “lutar para que o Congresso entenda que a saúde foi o setor que mais contratou durante a pandemia; e respeitar e dar estabilidade à indústria brasileira da saúde, pelo menos, previsibilidade, já que são as empresas nacionais que mais investem em pesquisa e desenvolvimento (18%, antes 1,5% do governo)”.

Para Teixeira, que também é médico, várias ações têm sido feitas junto aos parlamentares frente aos vários projetos que tratam da Reforma Tributária no Congresso. “Conseguimos desonerar os profissionais liberais, com a redução da alíquota do imposto de renda. Mas tem outro projeto tramitando no Senado que pode onerar a saúde. Enfim, todo dia é uma guerra frente ao controle tributário, por isso, precisamos de um programa de Estado para a saúde”, explicou.

Fraccaro concordou com o deputado e falou da falta de isonomia tributária ao país que, segundo ele, é prerrogativa dada pela Constituição Federal de 1988, que dá isenção de tributos para a compra de produtos importados, o que reflete na competitividade da indústria nacional.

Por todos esses motivos, Teixeira defendeu um programa estratégico nacional de saúde e a autonomia do Ministério da Saúde para que o país consiga implementar e ampliar as políticas públicas no setor e o acesso da população a uma assistência de qualidade, com o apoio do segmento privado.

“Precisamos da união dos prestadores de serviços com os médicos, a indústria de transformação, a medicina diagnóstica que, dessa forma, proporcionará um melhor desfecho clínico e, por consequência, diminuir o impacto nos custos das operadoras. Oferecendo mais qualidade e ampliando o acesso ofertaremos uma saúde melhor e uma prestação de serviço mais efetiva”, afirmou o deputado.

Na visão de Vera, os custos na saúde suplementar são absurdos e faltam projetos de lei que visem à sustentabilidade do setor, para que o resultado não seja o reajuste dos planos e a redução no número de beneficiários. Ela comentou que uma comissão especial na Câmara dos Deputados trabalha na modernização da lei nº 9.656 (Lei dos Planos de Saúde) e espera que “olhem com responsabilidade para o cenário brasileiro, visando realmente à ampliação do acesso da população ao sistema privado de saúde”.

Para ter essas conquistas, Cremonesi disse ser importante que haja um grau de entendimento e de relacionamento entre todos os atores da cadeia da saúde. Ele apoia a estratégia do deputado Teixeira de união no setor, pois, na sua opinião, “enquanto houver um cabo de guerra entre pagadores e prestadores, as soluções sempre serão míopes”.

Há ainda outras questões que são desafios para a sustentabilidade do sistema de saúde no Brasil. Leme lembrou haver projetos de lei de reajustes de pisos salariais para algumas categorias no Congresso que têm causado enorme preocupação ao setor.

O deputado Teixeira concluiu dizendo acreditar que este ano nada deve evoluir em nenhuma das duas Casas, mas que no próximo ano, devido às eleições, os riscos aumentam, e que, por isso, é fundamental que os parlamentares e o setor estejam unidos para que todos entendam o quanto é importante garantir a sustentabilidade dos sistemas público e privado de saúde para uma assistência de qualidade à população brasileira.

5° FILIS discute a transformação e o futuro da medicina diagnóstica

Debate reuniu especialistas de mercado no segundo dia do evento

Moderado pelo conselheiro da Abramed e sócio da Clínica Imagem, Ademar Paes Junior, o debate “Transformação e o Futuro da Medicina Diagnóstica” marcou o segundo dia do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS).

Abordando temas relacionados à pandemia e a inovação, o painel contou com a participação de relevantes nomes do mercado como Armando Lopes, Diretor de Diagnósticos por Imagem e Digitalização da Siemens Healthineers na América Latina; Carlos Martins, presidente Roche Diagnóstica no Brasil; Cleber Morais, diretor-geral da Amazon Web Services; e Rafael Palombini, presidente e CEO da GE Healthcare para a América Latina. Juntos, eles discutiram como a Covid-19 transformou a visão da indústria diagnóstica, quais mudanças e oportunidades de avanços tecnológicos nos últimos 18 meses trouxeram para o Brasil e a humanidade.

“Na pandemia, a tecnologia passou a ser o grande habilitador de tudo, da manutenção preventiva, consulta remota, mas o mais importante é entender o paciente como o core de tudo isso, como a tecnologia pode ajudar o paciente nesta jornada”, afirmou Cleber Morais, da Amazon Web Services.

Para Morais, como divisão da Amazon que leva serviços de computação, armazenamento e segurança aos clientes através da internet, o apoio da empresa foi fundamental para ajudar os clientes a passar por este período pandêmico, destacando o papel da empresa na elaboração de uma das vacinas contra a Covid-19. “A Moderna utilizando uma tecnologia nossa, da WS, para conseguir desenvolver a vacina em um tempo recorde, por meio inteligência artificial, elasticidade e capacidade tecnológica maior”, reafirmando que o período consolidou a tecnologia como grande habilitador de redução de custos e acelerador de benefícios para os pacientes.

Mas antes da vacina ficar pronta, Carlos Martins, da Roche, lembrou que o teste diagnóstico foi “um herói silencioso no meio de tudo isso que ocorreu”. “Isolar doentes para separar da população saudável foi o que pode nos salvar antes da vacina”, pontuou ele, que utilizou dados significativos para contextualizar a relevância da medicina diagnóstica na prevenção e cura de doenças: “70% das decisões clínicas são baseadas em exames diagnósticos, seja in vitro, de laboratório; ou in vivo, no doente, de imagem”.

Segundo ele, devido à demanda, foi necessário um foco muito grande para que o primeiro teste de RT-PCR fosse lançado em janeiro de 2020. Deste esforço, ele acredita que nasceu um dos principais aprendizados da pandemia. “Vimos do que nós, seres humanos, fazemos quando estamos focados em um tema, qual o poder que temos quando estamos determinados a realizar algo conjuntamente”, afirmou.

Nesta linha, Rafael Palombini, da GE Healthcare para a América Latina, compartilha que “pessoas, empatia e relacionamento” foram a chave para toda uma nova perspectiva decorrente da pandemia. “ Precisamos entender como gerar valor em termos de relacionamento, de apoio, de estar próximo e se reinventar na busca do que fosse melhor para manter o setor de saúde funcionando e operando”, afirmou ele, contando que a partir daí, foi possível apoiar o time da linha de frente na utilização de equipamentos diferenciados, buscando ritmo e eficiência.

“Adicionalmente aos temas de volumetria de atendimento, acesso à saúde e utilização de máquinas está esse olhar no paciente em uma visão completa da sua jornada, como antecipamos buscando a saúde do indivíduo, o que em cima do hoje podemos prevenir o amanhã, essa conscientização”, explicou.

O nível de conscientização das pessoas com relação ao valor do zelo da saúde também foi destaque na fala do diretor da Siemens- Healthineers, Armando Lopes, explicando que essa conscientização “mudou de patamar”, lembrando que a taxa de abandono de exames diminuiu brutalmente. “A pessoa faz e no mesmo dia ou no dia seguinte quer saber o resultado. A discussão sobre comorbidades, como pressão alta, diabetes e sobrepeso também passou a ser discutida inclusive à luz da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados)”.

Tecnologia, convívio e investimentos – Outro aspecto citado por Lopes foi o fato de que embora muitas das ferramentas utilizadas na pandemia já estivessem disponíveis antes de 2020, foi durante essa “tragédia que se abateu sob a humanidade” que a telemedicina, por exemplo, foi usada com sofisticação tecnológica. “A maneira que enfrentamos esta pandemia é o que deixará um legado muito grande. O desafio do pós-pandemia será o modelo híbrido, que precisará manter o legado do afastamento, mas resgatar coisas anteriores importantes do convívio do nosso antigo normal”.

“O Brasil já consome tecnologia há muito tempo, no mundo ocidental somos o segundo maior mercado de full service depois dos Estados Unidos, temos uma rede pública bastante ampla, população grande, mas em alta tecnologia acabamos consumindo mais que desenvolvendo“, pontuou o moderador Ademar Paes Junior, que também preside a Associação Catarinense de Medicina (ACM). Segundo ele, o pós-pandemia traz a oportunidade de tornar o Brasil mais relevante no cenário de desenvolvedor de tecnologia e soluções para a saúde.

Para isso, Carlos Martins, da Roche, destaca a importância da proatividade da indústria na busca por parcerias. “Temos que nos conectar com todos os stakeholders, autoridades e profissionais de saúde, pois há necessidade de investimentos”, apresentando dados de que embora 2% de todo o valor associado à saúde esteja associado à medicina diagnóstica ao nível mundial, no Brasil este percentual é de apenas 0,5%.

Os demais debatedores também concordam que ainda há muitas lacunas a serem preenchidas no segmento de medicina diagnóstica no Brasil, responsável por suprir a necessidade de 25% da população que utiliza a saúde suplementar. “Investimos US$ 5 bilhões de dólares em desenvolvimento e pesquisa de healthcare e o fato da população brasileira ser heterogênea é muito importante para os algoritmos da inteligência artificial”, explica Rafael Palombini, da GE Healthcare para a América Latina.

Outro desafio citado no debate foi o envelhecimento da população. “O Brasil está se preparando para fazer uma transição demográfica muito grande. A população envelhecerá      nos próximos anos”, afirmou Ademar, que lembrou o pioneirismo do segmento da Abramed. “A medicina diagnóstica sempre foi pioneira em levar inovação para o paciente, e tenho certeza de que continuaremos a fazer esse trabalho de antecipar o futuro lá na ponta com o paciente, no consultório médico, na sala de cirurgia, no laboratório, na sala de imagem, para oferecer uma saúde cada vez melhor para o brasileiro”, completou.

O 5º FILIS foi realizado de forma totalmente digital, em dois dias com intensa programação. Confira aqui, a cobertura completa desta e das demais palestras e painéis concretizados nesta edição. A gravação estará disponível até o final do mês de outubro.

Pesquisas em saúde ganham escala na quarta revolução industrial

Em palestra no 5° FILIS, especialista britânico destaca necessidade de maturidade digital nos sistemas 

“Com muito investimento, existe a aplicação de ciência de dados e inteligência artificial para a pesquisa na área da saúde do diagnóstico ao tratamento”, afirmou o britânico Andrew Morris, Diretor do Health Data Research UK no segundo (14) no Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS). Diretamente da Escócia, ele ministrou ao vivo e de maneira remota a palestra “Ciência de Dados e Tecnologia em Medicina Diagnóstica” .

O médico destacou que a ciência e a pesquisa em saúde estão prestes a vivenciar a quarta revolução industrial que unirá disciplinas como robótica, sensores e tecnologia web para criar produtos incríveis. “A segunda coisa que será abraçada é a escala com grandes números, com mais pessoas participando de estudos clínicos”, explicou. Para ele, outra vantagem conquistada por meio da big data e de estudos mais amplos é a possibilidade de uma mesma pesquisa mapear diferentes tipos de doenças.

Após citar dados históricos da pesquisa em saúde – como o estudo realizado por cientistas de Boston (EUA) com 5.200 pessoas que, em 1948, levou a criação do termo fator de risco para englobar hipertensão, tabagismo, colesterol e diabetes; e a criação do National Health Service (NHS), o amplo sistema público de saúde britânico; Morris destacou os atuais desafios dos estudos globais do setor.

De acordo com ele, o nível de maturidade digital dos sistemas é o principal deles. “É tudo muito fragmentado, então precisamos pensar como impulsionar o acesso e o compartilhamento de dados de grandes sistemas e isso precisa de uma equipe de ciência bem escolhida”.

Para enfrentar tamanho desafio, o NHS criou a organização que Morris dirige atualmente – a Health Data Research UK (HDRUK) – que conta com 12 financiadores nacionais e internacionais independentes. Por meio da organização, o Reino Unido consegue trabalhar com dados diversos de seus 68 milhões de habitantes. “É a democratização da ciência de dados e saúde. O setor precisa saber que tem dados com confiabilidade e transparência para serem usados de maneira escalada em benefício público”.

Nos últimos três anos, o HDRUK criou quatro institutos nacionais de dados, compostos por 86 organizações em 32 localizações do Reino Unido. “Isso mostra como conseguimos juntar a comunidade para compartilhar as políticas, os insights, as tecnologias de maneira escalada”. Além disso, foram instituídos subgrupos temáticos, os hubs, focados em câncer e saúde mental, por exemplo. “É uma coordenação para apuração e mentoria de dados, com evidências, que disponibilizamos para mais de 400 projetos da academia e do governo”, completou.

Segundo ele, o modelo de banco de dados da organização permite que sejam realizados diferentes tipos de pesquisa em todo o Reino Unido. Para exemplificar essa capilaridade geográfica e temática, ele apresentou alguns estudos de caso promovidos por meio do HDRUK, como a pesquisa da British Heart Foundation que conectou dados de doenças cardiovasculares com a Covid-19 através de dados de 54 milhões de pessoas cujas informações de cuidados primários e secundários estavam catalogados.

Outro exemplo citado pelo palestrante foi o estudo relacionado à eficácia das vacinas. “Sei que existem parcerias de trabalho com o Brasil nesta questão, mas o nosso time foi o primeiro a mostrar a eficácia de uma dose das vacinas da Astrazeneca Biontech e da Pfizer em termos de proteção, infecção, hospitalização e mortalidade”, lembrando que tais informações foram muito importantes na tomada de decisões políticas. “Em termos de genômica viral, o Reino Unido conseguiu sequenciar mais de 1,1 milhão de genomas virais para saber também a eficácia de vacinas, dados e resultados para demonstrar como esses diagnósticos podem influenciar políticas públicas”, afirmou ele, lembrando que há 18 meses a sequência viral era uma ferramenta de pesquisa e agora é uma ferramenta de uso clínico, que detecta, inclusive, a importação de novas variantes da Covid.

Internacionalmente, o HDRUK está trabalhando com diferentes organizações com o mesmo modelo. “É um cenário bem amplo de alianças de dados de Covid-19. Agora estamos com 12 grandes projetos e dois deles são em parceria com a Fiocruz para responder perguntas importantes globalmente”, completou ele, explicando que este esforço internacional possui liderança, inovação e especialização muito fortes também vindas do Brasil.

O 5º FILIS foi realizado de forma totalmente digital, em dois dias com intensa programação. Confira aqui a cobertura completa desta e das demais palestras e painéis concretizados nesta edição. A gravação estará disponível até o final do mês de outubro.

Especialistas debatem o legado e os desafios da medicina diagnóstica no pós-pandemia

Bate-papo abordou temas relevantes para o segmento no primeiro dia do 5° FILIS

O paciente no centro do atendimento, o acesso aos cuidados, a sobrecarga do sistema no pós-pandemia, a formação de profissionais e a fragmentação da saúde são alguns dos desafios econômicos para o segmento de diagnóstico debatidos na 5° edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS). Moderado pelo médico sanitarista e professor da Universidade de São Paulo, Gonzalo Vecina, o painel com o tema “Futuro da Saúde e os impactos econômicos no Pós Pandemia” reuniu para a conversa o CEO da DB Diagnósticos do Brasil, Antonio Fabron Junior; o General Manager da Abbott no Brasil, Julio Aderne; o CEO Americas Serviços Médicos – UHG, Marco Costa; e o Presidente do Hospital Albert Einstein, Sidney Klajner.

De acordo com Vecina, é preciso articular como ficará a questão do acesso à saúde em um sistema sobrecarregado que ainda tem o ônus de muitos exames não realizados durante a pandemia de Covid-19. “É preciso discutir a questão do abalo econômico do setor que trabalha tanto com o Sistema Único de Saúde (SUS) quanto com a iniciativa privada”, disse ele, que destacou que a Abramed é um elemento fundamental para construir essa colaboração no segmento.

Adepto deste conceito de união do setor, Sidney Klajner afirmou que para alcançar o propósito de levar saúde para todos os cidadãos são necessárias ações colaborativas e que, neste sentido, “nenhuma organização conseguirá fazer nada sozinha”. O presidente também falou sobre a diferença entre custos e valor quando se trata de saúde. “Valor não é previsibilidade de custos. A entrega em saúde, o tratamento ou a alta complexidade podem ser o maior valor”, explicou.

Para Julio Aderne, o paradigma central no processo de criar valor no sistema de saúde é colocar o paciente no centro das decisões. “Cada elemento da cadeia de saúde, complexa e fragmentada, precisa colocar verdadeiramente o interesse do paciente no centro”, lembrando que, uma enquete realizada pela Abbott em maio com mais de duas mil pessoas de todas as regiões do Brasil revelou ser esse exatamente o desejo da população “estar no centro do atendimento”.

A pesquisa mostrou ainda que 70% das pessoas querem utilizar tecnologia para interagir com seus médicos, o que, segundo Aderne, se relaciona diretamente ao compromisso da Abbott como desenvolvedor de tecnologia: gerar informação através da tecnologia para permitir a maximização da eficiência do sistema.

“Nosso setor tem grande potencial, mesmo na crise econômica, nós crescemos, mas temos que acelerar as transformações em tecnologia e a qualidade do atendimento aos pacientes, colocando-os no centro dos cuidados e investindo em ações preventivas”, comentou Antonio Fabron Junior, ponderando que elementos culturais institucionais brasileiros – como a corrupção e a falta de articulação dos agentes públicos –devem impactar a curva de recuperação da economia no pós-pandemia.

De acordo com Fabron, para diminuir os impactos econômicos do pós-pandemia, os gestores de empresas de medicina diagnóstica precisam acelerar a transformação tecnológica que aumenta eficiência e produtividade, bem como a qualidade da relação com os clientes, lembrando ainda da relevância da medicina preventiva.

Nesta linha, Marco Costa destacou os Sistemas de Excelência de Cuidados Avançados voltado às doenças crônicas. “Temos uma campanha de tentar resolver o problema da fragmentação do cuidado da saúde suplementar no Brasil e estamos tentando criar um sistema de saúde integral da saúde”. Com uma visão otimista sobre o futuro, Costa afirma que a Americas está investindo na digitalização dos serviços e no oferecimento do acesso à saúde. “E assim vamos avançando na redução do atendimento em pronto-socorro tratando esse paciente em casa ou no sistema ambulatorial e assim diminuir um pouquinho essa fragmentação na saúde”, completou.

Papel fundamental no futuro da saúde, a formação em novos médicos e profissionais da saúde também foi abordada. Segundo Klajner, o investimento na área acadêmica veio para suprir a necessidade de atualização dos currículos das instituições tradicionais de ensino. “Não cabe mais a formação de um profissional que não contenha temas como transformação digital e gestão.  É obrigação de todo médico poder antever o que a sua caneta consegue realizar com o sistema de saúde”, disse, completando que as iniciativas de ensino do Einstein cresceram 80% em 2000, chegando a 85 mil alunos por conta da ampliação de ambientes virtuais.

Confira aqui o debate na íntegra deste e das demais palestras e painéis concretizados nesta 5° edição do FILIS. A gravação estará disponível até o final do mês de outubro.