Na indústria, inovação e transmissão de conhecimento para controle da COVID-19

Antonio Vergara, da Roche Diagnóstica, fala sobre as estratégias da companhia durante a crise

Com a pandemia de COVID-19 ainda em curso, o setor de medicina diagnóstica segue com seu planejamento estratégico fortalecido a fim de atender às demandas populacionais para controle do novo coronavírus. Contando um pouco sobre os desafios enfrentados ao longo de 2020 e reforçando a importância do investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação, Antonio Vergara, presidente da Roche Diagnóstica Brasil, concedeu uma entrevista exclusiva à Abramed em Foco.

Nesse papo, o executivo reforça que a atuação global da marca permitiu que o Brasil aproveitasse toda a experiência vivida na China e na Europa para a melhor tomada de decisão e enfatiza que a companhia vem investindo continuamente em educação baseada em ciência para levar conhecimento sobre a infecção e sobre todas as inovações que estão disponíveis para a população.

Confira a entrevista completa.

Abramed em Foco – A pandemia impactou todos os setores da economia, sem exceção. Quais foram os principais entraves vividos pela Roche Diagnóstica ao longo dos últimos meses e qual foi a estratégia da companhia para vencer esses desafios?

Antonio Vergara – No último ano vivemos um período sem precedente, em que adaptação e foco foram fundamentais para encontrarmos com agilidade maneiras para apoiar a sociedade no enfrentamento da COVID-19.

Foram muitos os desafios, desde os cuidados para prezar pela segurança da nossa equipe de campo, que continuou ativa dando todo o suporte aos laboratórios e hospitais pelo Brasil; até a complexidade logística para conseguir disponibilizar os testes em todo país, superando a diminuição do transporte aéreo no início da pandemia.

Por termos uma atuação global, pudemos acompanhar de perto os desdobramentos da pandemia na China e na Europa, o que nos permitiu aprender com a experiência em outros países para estabelecermos planos de atuação locais efetivos. Ao mesmo tempo, nosso time local dedicou todos os esforços em diversas frentes para atuar de forma integrada e colaborar com parceiros, autoridades, governos e instituições para fortalecer as estratégias de combate à pandemia. Outro ponto importante foi o trabalho de educação contínua por meio da ciência em parceria com atores da saúde, levando conhecimento sobre a doença e toda a inovação disponível, estreitando o nosso diálogo com médicos, instituições de saúde e até mesmo a população.

Abramed em Foco – A Roche investe cerca de 20% do seu faturamento global em pesquisa e desenvolvimento, correto? Esse investimento tornou-se ainda mais indispensável frente à pandemia?

Antonio Vergara – Correto. Fazemos um alto investimento em P&D de forma contínua durante os nossos 125 anos e isso permite que possamos inovar constantemente para atender as situações de saúdes mais complexas, como a pandemia de COVID-19. Mas, além de oferecer novas tecnologias ao mercado, temos um compromisso com a segurança de nossos pacientes e isso se reflete na qualidade das nossas soluções.

Nosso foco em apoiar a sociedade neste momento permitiu que, poucas semanas após o anúncio da COVID-19, disponibilizássemos o primeiro teste PCR automatizado para dar suporte aos profissionais da saúde no diagnóstico da doença. De lá para cá, lançamos, globalmente, 15 soluções para auxiliar na gestão da doença, seis delas já estão disponíveis no Brasil: os testes moleculares por RT-PCR, antígeno, sorológicos e Point of Care.

Oferecemos um portfólio completo de altíssima qualidade, especificidade e sensibilidade em toda a jornada do diagnóstico, dentro e fora do laboratório. Seja na detecção do SARS-CoV-2 por RT-PCR ou antígeno, na triagem de pessoas infectadas pela análise de anticorpos totais e, agora, no monitoramento pós-vacinação com os testes de anticorpos Spike.

Considerando a previsão do calendário de vacinação e os tratamentos que estão por vir, a utilização eficiente dos testes é fundamental para mudarmos o cenário da pandemia. Ou seja, realizar o teste adequado, no momento adequado para o paciente certo. E tudo isso, levando em consideração a qualidade dos testes.

Pensar em inovação é também pensar em como ampliar o acesso a novas tecnologias para oferecer melhores resultados para os pacientes e, a longo prazo, promover a sustentabilidade do sistema de saúde. E nós, como Roche, estamos comprometidos em auxiliar a sociedade neste sentido.

Abramed em Foco – Rapidamente a Roche colocou, no mercado, o teste cobas® SARS-CoV-2. Como foi o processo de desenvolvimento desse teste sob a pressão da necessidade por exames diagnósticos? E quais os pilares da companhia para a comercialização de novos testes de qualidade para detecção da infecção pelo novo coronavírus?

Antonio Vergara – Foi preciso dedicação total e foco, em todos os sentidos. Sabemos que nossas soluções são elementos fundamentais no combate da pandemia. Neste último ano, vimos todos os nossos colaboradores, dos cientistas da Suíça, Alemanha e EUA, dos profissionais trabalhando em casa, até os engenheiros em campo nos países, dedicados em desenvolver, aprovar e disponibilizar nossas soluções pelo mundo.

Temos a inovação em nosso DNA, mas sem nossas pessoas sabemos que nosso impacto não seria o mesmo. Por isso, tenho muito orgulho em fazer parte da equipe Roche e estar escrevendo essa história ao lado de cada um de nossos funcionários no Brasil e no mundo. Digo isso porque para conseguir agilizar os processos e disponibilizar os testes o mais rápido possível foi preciso trabalhar em colaboração dentro e fora da companhia.

Outro fator fundamental para nós foi estabelecer o diálogo constante com clientes, governos e instituições para ampliar o acesso da população às inovações. Ao trabalhar ao lado de diferentes atores da saúde conseguimos identificar onde podemos agregar mais valor e estabelecer parcerias que façam a diferença.

Abramed em Foco – A divisão de diagnóstico da Roche fechou o ano de 2020 com crescimento devido à produção de testes de COVID-19 e insumos para esses testes?

Antonio Vergara – De fato, o diagnóstico ganhou uma relevância que nunca vimos antes. Mas apesar do que muitas pessoas acreditam, atuar no mercado diagnóstico não foi sinônimo de alto faturamento. No ano passado, mantivemos um resultado estável fechando o ano com faturamento de R$674 milhões, crescimento de 0,3% em relação a 2019.

Por causa da pandemia, tivemos uma queda nas vendas de rotina. Ou seja, ao mesmo tempo que tivemos uma alta demanda pelos testes de diagnósticos de COVID-19, as pessoas deixaram de realizar exames regulares postergando os cuidados com a saúde de forma geral. Vimos pacientes com doenças crônicas parando seu tratamento, cirurgias sendo canceladas e diagnósticos sendo postergados.

Abramed em Foco – Qual é, a seu ver, o grande desafio da medicina diagnóstica brasileira hoje? E como a indústria pode ajudar o setor a vencer esses gargalos?

Antonio Vergara – O diagnóstico sempre desempenhou um papel fundamental na melhor gestão da saúde. Sabemos que 70% das decisões clínicas são tomadas a partir de análises laboratoriais e, apesar disso, ele representa apenas 0,4% para a Indústria do investimento em saúde. É preciso investir em inovação em saúde de forma constante para promovermos a melhor gestão da saúde. Tecnologias que foram disruptivas no passado já não são mais a melhor opção para evitarmos doenças de alto impacto. Como, por exemplo, quando falamos do câncer de colo de útero, que é prevenível se incorporarmos o teste de HPV no rastreio primário das mulheres com mais de 25 anos. Este é apenas um dos exemplos.

Por outro lado, de nada adianta trazermos inovações para o país se não conseguirmos ampliar o acesso da população a elas. Nesse sentido, temos dedicado nossos esforços para colaborar com clientes, instituições e governos, levar o conhecimento científico à sociedade médica e incentivar a incorporação de soluções que possam aprimorar a gestão da saúde de forma sustentável.

É preciso também que as pessoas tenham mais interesse sobre sua jornada da saúde, permitindo que tenham conhecimento para dialogar com seus médicos e decidir em conjunto o melhor caminho para cada situação. Nós, como líderes do setor, temos um papel importante em promover este conhecimento e auxiliar neste diálogo para evoluir a prática médica e transformar a maneira que cuidamos da nossa saúde.

Precisamos mudar o nosso olhar e investir mais em prevenção de doenças, detecção precoce e monitoramento efetivo, colocando a ciência de qualidade em benefício dos pacientes e da sociedade.

Abramed em Foco – Como enxerga a atuação da Abramed na medicina diagnóstica? O que espera da entidade como parceira para melhoria do setor?

Antonio Vergara – A Abramed tem tido um papel crucial em promover discussões dentro do setor e fortalecer nossa atuação junto às instituições, governos e agências regulatórias para a adoção de políticas e medidas que evoluam a assistência médica no país e promovam a sustentabilidade de toda a cadeia de saúde.

Ao promover conteúdos como este, por exemplo, a associação abre espaço para reflexões e debates importantes para o setor e futuras parcerias. Acho que a Abramed pode e deve continuar neste caminho de educação constante da sociedade, fortalecendo a importância da medicina diagnóstica e do impacto de se ampliar o acesso a inovações de qualidade para que as pessoas vivam mais e melhor. Estaremos ao seu lado para continuar ampliando o conhecimento de todos e construindo a saúde do futuro de forma sustentável.

Medicina diagnóstica tem papel relevante desde o início da pandemia

Wilson Shcolnik participou do workshop on-line promovido pelo CBEXs em que comentou os diferentes testes de Covid-19

26 de abril de 2021

Convidado pelo Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXs) para falar sobre os diferentes tipos de testes para a detecção da COVID-19 desde o início da pandemia, o presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Wilson Shcolnik, destacou a relevância da medicina diagnóstica e reforçou o protagonismo do setor durante a pandemia.

No encontro virtual, coordenado pelo presidente do Conselho de Administração do CBEXs, Francisco Balestrin, realizado no dia 14 de abril, Shcolnik fez uma avaliação do cenário desde a declaração de emergência em saúde pública decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no início de 2020 até os dias atuais.

Ele afirmou que foi um grande desafio para o setor, pois ninguém no mundo estava preparado para enfrentar essa crise. “Tivemos que organizar nossas infraestruturas e fluxos de atendimento, bem como buscar insumos pelo país e no mercado internacional, trabalhar a comunicação com as comunidades médicas e sociedades científicas quanto com a sociedade, principalmente após a OMS declarar que o melhor caminho para contenção da COVID-19 era a testagem em massa”, disse.

Mas o setor de medicina diagnóstica reagiu rapidamente e se adaptou à nova realidade, sendo pilar essencial para uma resposta eficaz, focada na menor geração possível de danos. “Os laboratórios clínicos ganharam destaque e os testes foram muito valorizados”, destacou Shcolnik, enfatizando a relevância dos exames diagnósticos em momentos de crises de saúde.

Entre os fatores que alavancam o protagonismo do setor estão o fato de que o exame molecular RT-PCR, considerado padrão-ouro para detecção do novo coronavírus, foi desenvolvido in house para que o diagnóstico fosse mais ágil. “Em meio a tantas incertezas sobre como agir contra esse patógeno desconhecido, testar o maior número possível de infectados, isolá-los e testar seus contatantes sempre foi a estratégia número um para combate à disseminação do novo coronavírus. Nunca houve dúvidas quanto à relevância do diagnóstico precoce”, ressaltou Shcolnik.

Além do teste molecular RT-PCR, contou o executivo, no Brasil os laboratórios privados rapidamente passaram a oferecer alternativas como o teste por proteômica, que detecta a proteína do novo coronavírus em amostras nasofaríngeas; o RT-LAMP, capaz de identificar material genético do vírus em amostras de saliva; e o sequenciamento genético de nova geração.

O presidente da Abramed ainda lembrou dos testes sorológicos (exames laboratoriais para IgG, IgM, IgA e anticorpos totais), que, diferentemente dos testes rápidos, quando realizados em ambientes controlados, que respeitam as boas práticas laboratoriais, são bastante confiáveis para identificar anticorpos e, assim, auxiliar no diagnóstico tardio e em inquéritos epidemiológicos.

E para ampliar a capacidade de testagem e, ao mesmo tempo, proteger os cidadãos, as unidades laboratoriais adaptaram suas estruturas para receber os pacientes com suspeita de COVID-19 separadamente dos que foram realizar outros exames. Uma das alternativas encontradas pelos laboratórios foi oferecer o exame para detecção do novo coronavírus em sistema drive-thru, como forma de minimizar qualquer risco ao paciente.

Com todas essas ações, mais de 40% dos diagnósticos da infecção pelo novo coronavírus realizados no Brasil ao longo de 2020 foram feitos por associadas à Abramed. Segundo Shcolnik, essas empresas realizaram, até o fim de dezembro, 10,1 milhões de testes, sendo 4,5 milhões RT-PCR e 5,6 milhões de sorológicos.

Dados confiáveis

A união do setor e a parceria público-privado para a análise de amostras coletadas por laboratórios menores em todas as regiões do país contribuíram para os resultados efetivos dos exames e para o maior controle da COVID-19, contou o presidente da Abramed. Ele explicou que o canal de comunicação direto criado entre os laboratórios privados e a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde tem sido importante para a notificação rápida dos resultados dos exames para diagnóstico da infecção e tem contribuído para que o mesmo ocorra com a unidades laboratoriais do Sistema Único de Saúde (SUS).

O executivo ressaltou que os dados gerados a partir dos testes positivos e negativos são essenciais para consolidar análises e fundamentar estratégias. Porém, não basta gerar dados, é preciso que essas informações estejam corretas.  “De nada adianta coletarmos informações ruins ou, então, de instrumentos pouco confiáveis. Esse é o caminho para tomarmos decisões erradas”, pontuou Shcolnik.

Por isso, ele enfatizou que os testes autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a serem realizados fora do ambiente controlado, como as unidades laboratoriais, devem ser realizados em ambientes apropriados, por profissionais capacitados, que usem controles de qualidade. “Caso contrário, teremos resultados questionáveis, pois um resultado falso negativo gerado pela realização de um teste rápido dentro da janela imunológica do paciente pode, por exemplo, criar uma falsa sensação de segurança.”

Dentro deste aspecto, sobre as Consultas Públicas 911 e 912 – sobre realização de exames laboratoriais em qualquer serviço de saúde –, realizada pela Anvisa em 2020, o presidente da Abramed explicou que a revisão da RDC 302/2005, que regulamenta os laboratórios clínicos para funcionamento, era um pleito frequente do segmento, visto que com a modernização de tantos processos que impulsionaram novas práticas, uma atualização se fazia necessária.

Porém, a revisão da norma por meio das CPs 911 e 912 assustou o setor. “A CP 911 trata das práticas farmacêuticas após a lei nº 13.021/2014 que dá a esses estabelecimentos o status de serviços de saúde. Desde então, farmácias estão se preparando para esse novo papel. Mas, para nós, essa assistência farmacêutica estaria relacionada ao monitoramento e uso de medicamentos (NQSurgicalDentistry). Não seria tão abrangente como estamos vendo agora que outros serviços também são oferecidos”, explicou Shcolnik.

Já a CP 912 cogita, sem limites, a liberação da realização de exames fora dos ambientes altamente controlados dos laboratórios clínicos, e, para o presidente da Abramed, adota terminologias incompatíveis com a realidade internacional, desconstrói os laboratórios brasileiros e desrespeita os profissionais do setor. “Entendemos que para o riscos sanitários serem minimizados, qualquer procedimento realizado em farmácia deve obedecer às regulamentações e normativas para as práticas laboratoriais exigidas dos laboratórios clínicos para a realizações de exames”, afirmou.

Shcolnik disse que as duas CPs (911 e 912) já foram encerradas e agora as entidades do setor de medicina diagnóstica e de análises clínicas aguardam o relatório da área técnica da Anvisa para dialogar com o órgão regulador.

Papel da ANS

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), na opinião de Wilson Shcolnik, teve um papel importante ao longo da pandemia ao incluir, desde março de 2020, no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, o teste RT-PCR para diagnóstico laboratorial da COVID-19. Em maio, mais seis exames que auxiliam no diagnóstico e tratamento do novo coronavírus foram incluídos na lista de coberturas obrigatórias dos planos de saúde e fizeram a diferença principalmente para o controle da doença nas pessoas internadas. “Os exames de dosagem de Dímero D, fundamental para diagnóstico e acompanhamento do quadro trombótico tem papel importante na avaliação prognóstica na evolução dos pacientes com COVID-19, e de Procalcitonina, que auxilia na distinção entre situações de maior severidade e quadros mais brandos da doença, são dois bons exemplos que constituíram um marco importante dessa pandemia”, frisou.

Porém, a suspensão no atendimento aos procedimentos eletivos determinado pela ANS nos primeiros meses da pandemia, para o presidente do Conselho de Administração da Abramed, foi a responsável por momentos difíceis enfrentados pelo setor em 2020. “Chegamos a um decréscimo de quase 40% no número de atendimentos. Com o conhecimento adquirido pelos profissionais, o preparo de infraestrutura das empresas e com o correr natural da crise, o movimento começou a ser recuperado no fim do ano”, disse.

Shcolnik informou que no início de 2021, o setor teve o receio de novamente a agência reguladora decidir pela suspensão da resolução nº 259, responsável pela instituição de prazos para realização dos procedimentos pelos planos de saúde, o que não aconteceu. “A ANS entendeu que tal feito traria impactos à sustentabilidade do setor”, afirmou.

Desafios para o setor

Com o avanço da vacinação contra a COVID-19, o desafio para os laboratórios agora passa a ser também encontrar o teste sorológico com maior precisão para apontar a presença dos anticorpos protetores gerados a partir dos diferentes estímulos vacinais, já que os disponíveis atualmente podem não conseguir.

Shcolnik explicou que os testes sorológicos são desenvolvidos para verificar a presença de anticorpos contra o SARS-CoV-2, proteínas específicas que se ligam ao vírus com o intuito de defender o organismo. Porém, o vírus produz tipos diferentes de proteínas e o organismo pode contra-atacar por várias frentes. As principais proteínas que estimulam o sistema imunológico são a Spike, responsável pela ligação do vírus na célula humana e peça-chave na infecção; e as do nucleocapsídeo viral, envelope que protege e carrega a carga genética do vírus, o RNA viral.

“Dentro desse cenário, os fabricantes de testes de anticorpos utilizam uma dessas proteínas para o desenvolvimento dos reagentes”, ressaltou o executivo, lembrando ainda que cada vacina tem um tipo de mecanismo diferente de levar à imunidade e dependendo do tipo do imunizante, há um estímulo específico de anticorpos contra uma proteína. “Se o teste utilizado não cobrir essa proteína, o resultado pode ser um falso-negativo em alguém que está, de fato, imunizado”, completou.

O que há neste momento, segundo o presidente da Abramed, é que não existe evidência do que possa ser a melhor utilidade do exame que quantifica os anticorpos neutralizantes, mas ele acredita que esses testes podem trazer informações importantes. “Tenho acompanhado estudos nacionais de pessoas vacinadas que não desenvolveram anticorpos neutralizantes. Por isso, eu considero que esse exame, embora não seja ainda inteiramente conhecido, pode trazer sim informações relevantes que podem nos ajudar a entender a ação que houve por parte de organismos que já receberam o imunizante. Só não conhecemos ainda todo o espectro de utilidade dessas informações”, concluiu Shcolnik.

Abramed participa de audiência com o ministro da saúde Marcelo Queiroga

Reunião foi realizada na quinta-feira, 22 de abril, em Brasília (DF)

23 de abril de 2021

O Ministério da Saúde promoveu, na quinta-feira, 22 de abril, uma audiência para ouvir as necessidades da saúde suplementar nessa fase da pandemia e elencar propostas voltadas à sustentabilidade do setor. Wilson Shcolnik e Leandro Figueira, respectivamente presidente e vice-presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), apresentaram as demandas dos laboratórios e clínicas de imagem que seguem atuando fortemente durante a crise, ofertando e realizando múltiplos testes para detecção da COVID-19 e de anticorpos contra o novo coronavírus.

O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, recebeu, também, Eduardo Amaro, presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp); o deputado Pedro Westphalen, vice-presidente da Confederação Nacional da Saúde (CNSaúde); Mirócles Veras, presidente da Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB); e Aldevânio Morato, presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH).

No encontro, os executivos se colocaram à disposição do Ministério da Saúde para auxiliar na adoção de medidas para enfrentamento da pandemia e ressaltaram a importância da indicação de um profissional da saúde, atuante na área médica e conhecedor do segmento e de seus principais entraves, para assumir a pasta.

Teste de sorologia pós-vacina – Por que é importante avaliarmos a população

A pesquisa de anticorpos auxilia na compreensão dos efeitos da vacinação na resposta imune de cada indivíduo, mas não altera as medidas de proteção independentemente do resultado

22 de abril de 2021

A pandemia de COVID-19 tem sido um desafio para a ciência e para o setor de saúde. Aprender a lidar com uma doença nova, potencialmente fatal, e sem um tratamento eficaz até o momento vem exigindo da comunidade médica agilidade na interpretação de estudos clínicos e urgência nas tomadas de decisão.

Muito teve de ser feito com base em informações incompletas ou sob entendimento ainda em construção, conquistado a duras penas e em tempo real, concomitantemente à elevação ou diminuição no número de novos casos e de óbitos, nas sucessivas ondas da COVID-19 que tivemos até o momento.

Isso tudo não foi diferente na medicina diagnóstica, que desde o início da crise vem sendo apontada como essencial para o controle das contaminações. Além do RT-PCR, exame molecular considerado o padrão-ouro para detecção da infeção, surgiram os testes sorológicos, que têm papel complementar, auxiliando na identificação de anticorpos no sangue de pacientes que tiveram a COVID-19.

Até meados de dezembro de 2020, essa era a principal função do teste sorológico. A pessoa infectada fazia o teste para identificar anticorpos específicos contra diferentes proteínas do vírus SARS-Cov-2. Porém, com a chegada das vacinas e o início da imunização ao redor do mundo, pesquisadores e laboratórios passaram a realizar os testes sorológicos também para investigar a resposta imune de cada indivíduo à vacinação.

Nesse contexto, foram desenvolvidos novos testes sorológicos: um grupo busca a identificação do bloqueio da ligação da proteína Spike às células do doente e é denominado teste de anticorpos neutralizantes; outro identifica diretamente anticorpos gerados contra a proteína Spike.

Estudos clínicos realizados com esses testes mostram que nem todo indivíduo vacinado apresenta soropositividade. Mas isso não significa que ele necessariamente não está protegido. O que vem ocorrendo, e pode ser notado pelos pesquisadores, é que nem sempre o teste é capaz de detectar exatamente o anticorpo que foi gerado pelo paciente. Além disso, o anticorpo não é a única fonte de defesa do organismo, que conta, também, com os linfócitos T, inacessíveis aos testes sorológicos.

Mesmo que os resultados dos testes sorológicos pós-vacinação ainda não sejam totalmente compreendidos, eles são uma importante fonte de informação para médicos e indivíduos vacinados que precisem ou queiram saber a sua resposta imunológica à vacina. Por isso, esses testes, embora complexos, têm um papel relevante se forem adequadamente realizados por laboratórios clínicos que tenham condições de oferecê-los seguindo os mais rigorosos padrões de qualidade.

Nesse contexto, algumas diretrizes precisam ser bem compreendidas. A conduta de proteção indicada hoje não deve ser, em hipótese alguma, modificada. Isso significa que tendo um resultado positivo ou negativo na pesquisa de anticorpos neutralizantes, o indivíduo deve permanecer utilizando máscara, realizando os processos adequados de higiene e cumprindo o distanciamento social. Não há, até o momento, qualquer indicação de reforço vacinal ou mudança do tipo de vacina.

Edição 2021 de #DiálogosDigitais Abramed inicia em abril

Primeiro episódio da segunda temporada está marcado para dia 27 e debaterá novos impactos da pandemia na saúde suplementar

13 de abril de 2021

Adaptando seu calendário de eventos ao cenário digital devido à pandemia de COVID-19, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) lançou, em 2020, a série #DiálogosDigitais, uma sequência de bate-papos virtuais que, ao longo de quatro meses, promoveu debates sobre os mais variados assuntos que afetam toda a complexa cadeia de saúde. Seguindo o projeto, a segunda temporada já tem data para começar: no dia 27 de abril, o primeiro episódio da edição 2021 abordará os novos impactos da pandemia na saúde suplementar.

Com moderação de Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed, o encontro também receberá Vera Valente, diretora-executiva da Fenasaúde; Carlos Eduardo Gouvêa, presidente-executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL); e Alex Galoro, diretor do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Abramed e gestor médico do Grupo Sabin Medicina Diagnóstica.

Das 18h às 19h30, os executivos conversarão sobre os desafios enfrentados pelo setor durante a pandemia e as perspectivas para o futuro da saúde suplementar.

Inscreva-se no canal da Abramed no YouTube clicando AQUI e acompanhe nossas redes sociais para participar desse primeiro encontro de 2021.

Na pandemia de COVID-19, sequenciamento genômico contribui com ações de saúde pública

Decifrar o código genético do vírus é o que permite a identificação das variantes e auxilia na construção de barreiras ao contágio

13 de abril de 2021

A genética molecular avançou de forma surpreendente desde o início do Projeto Genoma Humano, em 1990. O rendimento do sequenciamento de DNA aumentou, segundo artigo1 publicado em janeiro deste ano no New England Journal of Medicine, de 1.000 pares de bases por dia para mais de 1.000 pares de bases por segundo. Paralelamente, dados do National Human Genome Research Institute, divulgados pelo Painel Abramed2, mostraram que paralelamente ao aumento da produção, o custo por genoma caiu drasticamente entre 2001 e 2019, passando de US$ 95,2 milhões para US$ 1,3 mil.

Em um cenário de crise sanitária como o que o mundo está vivenciando desde o início de 2020, muitos dos esforços da pesquisa genética acabam direcionados às demandas da pandemia. No Brasil, apenas 48 horas depois que o primeiro caso de COVID-19 foi confirmado no país, pesquisadores brasileiros sequenciaram o genoma do novo coronavírus. Na época, essa conquista foi muito divulgada, pois decifrar o código genético do vírus era fundamental para a melhor compreensão da disseminação da doença e para que potenciais mutações futuras pudessem ser identificadas.

E foi exatamente o que aconteceu. O novo coronavírus vem sofrendo mutações genéticas que seguem acompanhadas pelos pesquisadores por meio do sequenciamento genômico e servem de base para a construção de barreiras ao contágio.

Documento divulgado pela consultoria McKinsey3 sobre a relevância do sequenciamento genômico como ferramenta para o combate à COVID-19, reforça que sem esses dados, as autoridades ficam cegas quanto às mutações, o que impacta diretamente no controle da crise sanitária. Segundo a publicação, entre as iniciativas fundamentadas no sequenciamento estão a realização de ações de saúde pública; a condução mais eficiente de investigações quanto à transmissão e a taxa de evolução; e a avaliação da eficácia em tempo real das medidas adotadas.

Na saúde pública brasileira, a Rede Genômica Fiocruz4 está junto com o Ministério da Saúde em um projeto de sequenciamento de amostras do novo coronavírus em todo o território nacional. Para isso, são utilizados três laboratórios centrais (Lacens) que estão aptos a realizar essa tarefa. Segundo divulgado pela entidade, até o momento foram realizados cerca de 3,6 mil sequenciamentos do genoma do Sars-CoV-2 no Brasil e mais de 60 linhagens do novo coronavírus já foram identificadas no país.

No setor privado, sequenciamento genômico está entre as principais atividades das empresas. Utilizando essa metodologia, por exemplo, a Dasa5 foi a rede responsável por confirmar os dois primeiros casos da variante do Reino Unido no Brasil (cepa B.1.1.7). Já o Fleury atuou em parceria com o Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, em um estudo inédito publicado em julho de 2020 na Revista Science sobre a forma como o novo coronavírus começou a se espalhar no território brasileiro.

Referências:

(1) Human Molecular Genetics and Genomics — Important Advances and Exciting Possibilities

(2) Painel Abramed 2019 – O DNA do Diagnóstico

(3) Genomic sequencing: A vital tool in combatting the pandemic

(4) Covid-19: Rede Genômica Fiocruz vai sequenciar amostras do vírus no Brasil

(5) DASA detecta amostrar inéditas de variantes do Coronavírus no Brasil

(6) COVID-19: Grupo Fleury participa de estudo brasileiro inédito publicado na Revista Science

Cultura Justa é essencial para a prevenção de erros nas organizações

Medidas educativas e disciplinares contribuem para melhoria de processos e para a evolução da área de Compliance

12 de abril de 2021

Toda organização possui diretrizes que orientam a conduta e a forma como os processos institucionais devem ser conduzidos. Para garantir adesão a essas diretrizes, uma série de ações conjuntas devem ser conduzidas, com a criação de normas documentadas, implantação de mecanismos de controles internos, campanhas de comunicação e treinamentos institucionais.

Quando as regras institucionais são violadas, é necessário que se identifique o que impediu o seu cumprimento. Se houve falha na disseminação ou compreensão das normas, favorecendo erros, ou se houve uma infração intencional a uma regra conhecida.

As políticas de consequência, como podem ser chamados esses documentos, visam estabelecer as medidas e penalidades institucionais a serem aplicadas quando uma regra estabelecida não é seguida. Nelas estão previstas ações de remediação e correção para reestabelecer a ordem dentro de um ambiente organizacional. “As políticas de consequências ou de medidas educativas e disciplinares contribuem diretamente para a melhoria de processos e para a construção de uma cultura de conformidade dentro das organizações”, afirma a Vanessa Queiroz Torres, gerente de Compliance do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e membro do Comitê de Governança, Ética e Compliance (GEC) da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstico (Abramed).

Em organizações de saúde, como são as empresas de medicina diagnóstica, Vanessa explica que estabelecer um ambiente de Cultura Justa é fundamental. Isto porque erros na condução das atividades podem ser fatais. Desta forma, é muito importante que falhas e incorreções sejam distinguidas de infrações intencionais. “As instituições de saúde precisam conhecer os erros que ocorrem em seus processos para terem a oportunidade de corrigi-los e evitar reincidências, protegendo, por consequência, a segurança e a vida dos pacientes”, destaca.

Por definição, Cultura Justa é um modelo de governança que tem como um dos seus princípios o fato de que nem todos os erros ou violações de conduta são fruto de má intenção. A Cultura Justa busca estabelecer um ambiente no qual o relato de erros e de eventos adversos é favorecido e incentivado. Com a sua adoção, entre outras coisas, busca-se a criação de um círculo virtuoso, no qual os funcionários se sentem incentivados a reportar erros e falhas de processos nas diferentes áreas da empresa, que assim terá condição de aperfeiçoá-los, evitando que falhas não intencionais sejam cometidas e que as brechas para a prática de atos intencionais sejam diminuídas.

Cabe à política de medidas educativas e disciplinares conceituar de forma muito clara e objetiva o que é um erro e o que é uma infração ou violação. A distinção é fundamental para a definição da melhor medida a ser aplicada. Vanessa esclarece que os erros devem ser reconhecidos, compreendidos, em sua causa-raiz, e corrigidos. “Ações educativas permitem o aprendizado e previnem falhas decorrentes de erros humanos. As infrações ou violações devem ser apuradas para que se compreenda sua extensão e impactos e as medidas disciplinares devem ser aplicadas garantindo a justiça e a credibilidade institucional”, ressalta a gerente de Compliance do HIAE.

Consequências diferentes

As regras devem ser justas. Porém, situações diferentes merecem tratativas distintas, se necessário. A diretora de Auditoria, Gestão de Riscos e Compliance do Hospital Israelita Albert Einstein e diretora do Comitê GEC da Abramed, Viviane Souza Miranda, explica que uma mesma violação pode ter sido motivada com graus de intencionalidade diferentes. Como pode acontecer de uma mesma infração ser cometida de forma reincidente por uma pessoa e pela outra, não. “Se a gente puder garantir que depois de identificada uma violação, os processos foram corrigidos e os colaboradores treinados para que aquilo não ocorra mais, um segundo caso similar no mesmo processo vai precisar de um estudo mais aprofundado para avaliar se houve a intenção de burlar as regras”, esclarece.

Os fatores para a aplicação de medidas educativas ou disciplinares devem ser pensados tendo como objetivo maior a melhoria do ambiente de controle. “Critérios como cargo, danos causados, perdas financeiras geradas não podem ser balizadores das medidas corretivas a serem aplicadas. A intenção deve ser sempre evitar que a violação ocorra novamente. Quando a penalidade for útil para atingir este objetivo, ela deve ser aplicada”, garante Viviane.

Mas Vanessa Torres reforça que o objetivo principal é encontrar as fragilidades dos controles dos processos e corrigi-las e não punir pessoas. Para ela, quem erra precisa aprender enquanto quem viola tem de ser punido.

Até porque, diante de um processo falho, quem falhou em cumprir o que estava determinado, pode ser uma segunda vítima da vulnerabilidade a que esteve exposto. E o Compliance precisa ser justo e razoável para que consiga construir mudanças necessárias em parceria com as áreas. “No fim das contas, só se faz Compliance se cada pessoa também o fizer. Não é a área de Compliance que faz ele acontecer no dia a dia. São as pessoas que executam atividades, tomam decisões e compreendem o posicionamento institucional diante de dilemas éticos”, enfatiza Viviane Miranda.

Ela alerta ser importante enxergar os riscos diante da falta de uma diretriz sobre medidas educativas e disciplinares. Além da possiblidade de que se cometa alguma injustiça por ausência de referências de como conduzir situações de erros e violações, constrói-se uma cultura de insegurança e medo, pois as consequências de qualquer ato inesperado não são claras para os colaboradores. Além disso, a tendência é que se tenha reincidência de eventos adversos, pois suas causas são desconhecidas e perde-se a oportunidade de construção de um ambiente seguro, de aprendizado, em que melhorias possam ser debatidas e processos aprimorados.

Por isso, as políticas de medidas educativas e disciplinares são importantes para garantir a ordem e a justiça nas organizações, evitando abusos. “Elas permitem que as medidas punitivas, em especial, possam ser aplicadas sem a violação de direitos trabalhistas e humanos e ajudam às instituições a criar um ambiente de confiança por parte de colaboradores e demais públicos, gerando um círculo virtuoso que favorece a retidão e integridade nas organizações”, conclui a diretora.

Laboratórios privados fizeram 3 milhões de testes de COVID-19 no primeiro bimestre; média mensal é maior do que a de 2020

Dados são das empresas associadas à Abramed; entidade alerta para a importância da indicação correta de cada exame

08 de abril de 2021

Com o agravamento da pandemia de COVID-19 no Brasil, os laboratórios privados nacionais seguem ativos na realização de testes assertivos e confiáveis para diagnóstico da infecção pelo novo coronavírus. Dados compilados pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) mostram que, entre as empresas associadas, foram realizados 3 milhões de testes no primeiro bimestre. Dessa forma, a média mensal em 2021 está superior a anotada entre março e dezembro de 2020, quando foram feitos cerca de 1,01 milhão de testes ao mês.

Os laboratórios privados realizam tanto o RT-PCR, exame molecular de alta complexidade apontado como padrão ouro para diagnóstico da COVID-19 por ser capaz de identificar em amostras nasofaríngeas dos pacientes o DNA do novo coronavírus; quanto os sorológicos, que avaliam amostras sanguíneas em busca de anticorpos e, dessa forma, conseguem indicar se aquele paciente já teve contato com a doença.

De março de 2020 até fevereiro de 2021, os laboratórios associados à Abramed – que representam 56% de todos os exames diagnósticos feitos na rede suplementar nacional – efetuaram 13 milhões de testes para COVID-19.

A Abramed alerta a população quanto à confiabilidade dos exames realizados pelo país, lembrando que é preciso utilizar kits validados e respeitar a janela imunológica para a garantia de resultados corretos. “Além da prescrição do exame correto para cada caso, precisamos lembrar que muitos testes rápidos que estão sendo utilizados fora dos ambientes altamente controlados dos laboratórios não foram validados previamente e não contam com a análise crítica dos profissionais que conhecem os processos laboratoriais. Dessa forma, os resultados obtidos por meio desses testes não são confiáveis e podem levar a decisões equivocadas”, pontua Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Sarstedt – Seu parceiro global na medicina e ciência

Presente no Brasil há mais de duas décadas, o Grupo Sarstedt é uma empresa global, de origem e sede oficial na Alemanha, mais especificamente na cidade de Nümbrecht

05 de abril de 2021

Com 15 unidades fabris e 34 subsidiárias espalhadas pelo mundo, nosso trabalho é compartilhar com o mercado de Medicina e Ciência, soluções inovadoras que não só otimizem a logística pré e pós-analítica, como também tragam as últimas e indispensáveis atualizações para a área, colaborando assim para os melhores resultados em projetos de alta performance de diversos setores, como:

Laboratórios diagnósticos, pesquisa científica, saúde animal/medicina veterinária, hospitais e bancos de sangue.

Versatilidade na atuação

Carro-chefe entre nossos produtos e de fabricação no Brasil, o S-Monovette®️ proporciona experiência exclusiva na coleta de amostras biológicas de forma fechada, ágil e com total segurança, já que conta com técnica híbrida de coleta no mesmo dispositivo.

A redução de interferentes na qualidade destas amostras também é trunfo do nosso produto. Com metodologia de coleta por aspiração, esta técnica reduz de forma importante a hemólise, além de diminuir a coagulação sanguínea. Dessa forma, os indicadores de produtividade e qualidade laboratorial são positivamente influenciados, o que otimiza os diferentes processos envolvidos em análises clínicas.

Atualidade

Nossa produção local de tubos de transporte de amostras biológicas teve início em 2018, com a primeira unidade fabril Sarstedt da América Latina, localizada no município de Porto Feliz (SP). E segue em evolução constante!

A nacionalização da produção e o investimento na nova fábrica teve como objetivo aprimorar a atuação da empresa no abastecimento do setor que envolve mais de 6 mil hospitais e milhares de laboratórios clínicos do país, os quais tiveram suas atividades intensificadas desde o início da pandemia da COVID-19.

Momento este que também intensificou nossas demandas, especificamente do produto Gasometria/Blood Gas, que auxilia na análise de gases sanguíneos, exames estes que seguem em pauta nas avaliações médicas, contribuindo para o acompanhamento e observação de doenças graves como a COVID-19. Na Sarstedt, priorizamos qualidade, atendimento e agilidade em todos os processos. Isso nos permite suprir demandas atípicas conforme a necessidade do momento, e também a tranquilidade no planejamento de ações futuras, trabalhando com assertividade e autonomia.

Abramed e Unidas realizam webinar sobre protagonismo feminino na saúde suplementar

Encontro virtual debate sobre os desafios profissionais e pessoais de lideranças femininas no Brasil

26 de março de 2021

Março é o mês das mulheres e para trazer luz as inúmeras dificuldades enfrentadas por brasileiras que lutam para ampliar sua representatividade no mercado de trabalho ao mesmo tempo em que enfrentam uma cansativa rotina pessoal, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e a Unidas Autogestão em Saúde realizaram um bate-papo com executivas que inspiram tantas outras profissionais.

O webinar recebeu três grandes representantes da Abramed: Milva Pagano, diretora-executiva, foi uma das palestrantes bem como Claudia Cohn e Lídia Abdalla, ambas membros do Conselho de Administração da entidade. Também esteve presente Alexandra Granado, diretora-presidente do Metrus, instituto de seguridade social do Metrô de São Paulo. Patricia Melo e Souza e Marina Yasuda, respectivamente diretora de treinamento e desenvolvimento e diretora técnica da Unidas, foram as moderadoras.

Pensando no setor de saúde, sabemos que há uma prevalência de mulheres na área assistencial. O problema é que esse cenário se inverte nos cargos de alta liderança. “Reconhecemos que a ala feminina representa cerca de 80% dos trabalhadores na linha de frente, até por conta dos seus cursos de formação que, historicamente, são frequentados principalmente por mulheres. Mas fazer com que esse percentual seja no mínimo mais equilibrado ao longo de toda a hierarquia é um desafio global”, comentou Lidia que é presidente-executiva do Grupo Sabin, empresa onde cerca de 70% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres.

Porém, é preciso comemorar as conquistas, visto que o cenário está mudando. “As mulheres da minha geração, quando olham para trás, encontram algumas referências femininas. Mas, quando buscamos inspiração em executivas, não temos tantos exemplos. É ótimo saber que as gerações que estão chegando agora terão muitas mulheres bem-sucedidas para se inspirar. Tenho orgulho de atuar em uma empresa que serve de exemplo para tantas outras”, enfatizou Lidia.

Para Milva, que vem de uma carreira na advocacia e que se acostumou a permanecer em ambientes predominantemente masculinos, um dos caminhos para melhor compreensão do cenário de diversidade está no monitoramento. “Temos que reunir, sistematicamente, alguns dados e mantermos um diálogo aberto baseado em fatos, e não em análises subjetivas ou apenas em experiências pessoais de cada um”, disse sobre a importância da implementação de indicadores de gestão para aumento da diversidade de gênero nas corporações e lideranças.

Além dos indicadores, Claudia frisa que até mesmo a configuração dos sistemas precisa mudar para que as empresas incorporem, de fato, a diversidade como cultura. “Um formulário onde no campo de gênero só há possibilidade de declarar homem ou mulher, ou onde não há como inscrever um nome social, não cabe mais hoje em dia. É para mudar todo esse cenário, desde os pormenores, que as mulheres devem liderar a transformação, atuando inclusive com as políticas públicas”, afirmou a executiva que é CEO do Alta Diagnósticos.

Essa diversidade, que transcende a barreira do homem x mulher, é necessária até como vantagem competitiva na opinião de Lidia. “Nosso país é diverso, nossas empresas também precisam ser. Precisamos da inclusão para termos representatividade em todas as áreas. É justamente essa diversidade que cria um ambiente de inovação capaz de trazer ainda mais competitividade aos negócios”, disse. No Sabin, um comitê de diversidade foi criado especialmente para garantir essa cultura na empresa independentemente da região onde ela está atuando e das aquisições que vem realizando.

O debate também chegou à algumas características inatas às mulheres: “independente da maternidade, mulheres nascem com o senso de cuidar e acolher”, disse Marina. Complementando o raciocínio, Cláudia reforçou que, além disso, as mulheres são ótimas gestoras. “Mulheres equilibram muitos pratinhos ao mesmo tempo”, brincou.

Esse é justamente um dos fatores que geram uma pressão ainda mais intensa sobre a população feminina, que se autopressiona a dar conta de tudo e, por vezes, sente dificuldade em encontrar o equilíbrio. Compartilhando uma experiência pessoal, Alexandra relatou como foi o desgaste da pandemia em sua rotina. “Para poder me dedicar ao trabalho, eu tinha uma infraestrutura de apoio terceirizada. De repente, com a crise de COVID-19, eu me vi cheia de trabalho e com dificuldades para gerir a minha casa. E aí percebemos que é justamente essa infraestrutura que nos permite uma maior dedicação à vida profissional”, pontuou posteriormente enfatizando a necessidade de o país inclusive rever essa dinâmica que, por vezes, sobrecarrega as mulheres, visto que são elas que tantas vezes ofertam esse suporte doméstico.

Pensando em todo esse cenário, Patrícia pontuou que mulheres aproveitaram o momento de pandemia para ressignificar sua existência. “Muitas empresárias perceberam que estavam dando um peso muito maior a uma área da vida, tentando sempre provar que eram capazes e provar seu valor. Veio a pandemia e elas se viram, algumas vezes por necessidades de saúde na família, obrigadas a parar e readequar. Foi um momento de reflexão que, antes, elas nem se permitiam ter”, disse.

E as cobranças em cima do perfil da mulher brasileira, de fato, não param. Milva trouxe mais um contexto ao debate: a necessidade de as famílias promoverem uma quebra de estereótipos já dentro de casa, com os filhos e a família. “Falta esse equilíbrio de gênero dentro das residências que se estende ao âmbito profissional. Quando um homem, por exemplo, desmarca um compromisso de trabalho para levar o filho ao médico, ele é aplaudido. Quando a mulher o faz, ela ainda é recriminada. E essa é uma visão muito ultrapassada”, destacou.

Para finalizar o bate-papo, Milva salientou a importância da habilidade feminina de conciliação e acolhimento, especialmente no cenário que vivemos e declarou torcer para que cada mulher nunca perca seu dom do acolhimento. “Um acolhimento verdadeiro e altruísta que enxerga a situação pelo olhar do outro, sem deixar de ser assertiva e eficiente e compreender seus próprios limites. Esse deve ser um exercício de todas as mulheres em todos os dias”, finalizou.