Medical Fair Brasil impulsionará negócios em saúde

Spin-off da maior feira do setor no mundo acontece de 4 a 7 de maio em São Paulo

09 de novembro de 2020

O ano de 2021 será marcado pelo retorno dos grandes eventos, após um ano de paralisação por conta da pandemia da Covid-19 e o setor da saúde, bastante atingido, anseia por soluções a problemas recorrentes e que ficaram ainda mais evidentes. Neste cenário, de 4 a 7 de maio, no Expo Center Norte, em São Paulo, acontecerá a Medical Fair Brasil (MFB), spin-off da principal feira de saúde do mundo.

Organizada pela Messe Düsseldorf, multinacional há mais de 45 anos responsável pela realização da MEDICA, na Alemanha, a feira chegou ao território brasileiro para ser uma verdadeira plataforma de impulsionamento e geração de negócios para o segmento. A organização tem trabalhado para que os participantes tenham à disposição um evento completo, com todas as possibilidades que as feiras de negócios oferecem de forma presencial.

Mais do que priorizar a exposição de produtos e serviços, a MFB terá vasta programação com fóruns, simpósios e congressos. A apresentação de cases práticos e os êxitos obtidos durante a pandemia servirão como estímulo para melhorias. Segundo a diretora-geral, Malu Sevieri, ao propor uma programação contemplando atividades de conteúdo, a MFB propiciará aos participantes um melhor direcionamento para o relacionamento.

“Não se pode olhar para uma feira apenas com a perspectiva de vendas. Existem oportunidades que não se podem deixar passar, como a geração de mídia espontânea, crescimento dos leads da empresa e novas parcerias. Feiras de negócios representam a mais eficaz ferramenta para aprofundar e consolidar relacionamentos comerciais bem como conquistar a necessária confiança para concretizar mais negócios”, reitera.

Antecipando as novidades para 2021, a Emme Brasil, que representa a Messe Düsseldorf, lançou em outubro o Medical APP, um aplicativo exclusivo e totalmente gratuito para conectar todos os expositores, parceiros e visitantes. Trata-se de uma ferramenta de matchmaking intuitiva, que facilitará o encontro das necessidades de compradores com seus respectivos fornecedores. Esta é uma vantagem sem qualquer custo adicional, ou seja, empresas expositoras não pagam para utilizar o benefício, condicionado à participação na feira.

Empresas interessadas em expor seus produtos e serviços na MFB podem reservar seu espaço AQUI.

O Medical APP permite a conexão com a cadeia do setor de saúde através de poucos cliques. Os usuários podem promover seus produtos; aumentar seus leads qualificados e expandir seu network para todo o território nacional e internacional. Por meio de interação digital e utilizando inteligência artificial, o aplicativo contribui para o agendamento de reuniões One-on-One (1:1) com outros executivos.

“Quem utilizar o Medical APP poderá agendar e participar de reuniões com muito mais eficiência, além de se planejar para acompanhar nossa programação sem conflitos de interesse”, destaca Malu.

Para a MFB 2021, a Emme Brasil desenvolveu também um protocolo de higiene e segurança para atender a todos os requisitos e recomendações para tornar o ambiente da feira o mais seguro. O documento pode ser acessado AQUI.

Mais informações e inscrições para visitação no site: https://www.medicalfair-brasil.com.br/pt/

Reforma Tributária – Mesmo que votação não se concretize em 2020, tema segue aquecido nos bastidores

Saúde permanece em contato com líderes do governo abordando os drásticos impactos que a reforma pode causar ao setor

09 de outubro de 2020

Além dos desafios impostos pela pandemia de COVID-19 neste segundo semestre, o setor brasileiro de saúde vem lutando para mostrar aos parlamentares e decisores os altíssimos impactos que a Reforma Tributária, nos moldes em que está sendo traçada, terá sobre a população e os negócios. Com a Comissão Mista – grupo composto por deputados e senadores e encarregado de analisar a PEC 45/19 e a PEC 110/19 elaborando uma proposta única para simplificação do sistema tributário nacional – adiada até 10 de dezembro, há incertezas se teremos, de fato, uma definição sobre o assunto ainda em 2020 ou se a votação se concretizará em 2021.

Com as eleições se aproximando – o primeiro turno ocorrerá em 15 de novembro e as cidades que seguirão para o segundo turno terão a votação concluída em 29 do mesmo mês – a expectativa é a de que o assunto retorne com mais força em dezembro.

“Em novembro continuaremos debatendo o tema e participando de seminários”, comenta Armando Monteiro Bisneto, advogado e especialista em Relações Governamentais. Segundo ele, caso o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP/PB), que é o relator da Comissão Mista da Reforma Tributária, apresente seu parecer em 10 de dezembro, serão poucos dias úteis para que haja uma movimentação mais assertiva ainda em 2020. “Torna-se pouco provável que a reforma seja votada na Comissão Especial e passe por duas votações no Plenário da Câmara esse ano”, opina lembrando que a Comissão Mista não tem amparo regimental e que as votações na Câmara devem ocorrer com quórum de maioria qualificada, ou seja, com no mínimo 2/3 dos vereadores.

Paralelamente às eleições, outros assuntos ganharam prioridade no governo como, por exemplo, a PEC 186/2019, chamada PEC Emergencial para regulamentar o teto de gastos; o valor a ser pago pelo Renda Cidadã, programa que substituirá o Bolsa Família; e a votação do orçamento. “Essas externalidades entraram e tomaram a vanguarda, porém nos bastidores a Reforma Tributária continua sendo debatida, tanto que seguimos em um ritmo elevado de reuniões com assessores e parlamentares”, esclarece Eduardo Muniz Machado Cavalcanti, consultor para Reforma Tributária da Abramed.

Para o executivo, é notável que o empenho do setor de saúde em mostrar os impactos da reforma no acesso da população à assistência vem surtindo efeito. “Enxergamos que esse ponto está maduro, que os deputados entendem que saúde e educação merecem tratamento diferenciado”, pontua. Para ele, esse é um período de trabalho silencioso, porém muito importante pois a percepção da realidade trazida por uma reforma míope está sendo construída “tijolo a tijolo”.

Na visão de Monteiro Bisneto, o tema nunca saiu de cena e seguirá com ainda mais força no começo de 2021. “É um assunto que desperta muito interesse dos gabinetes e justamente por isso devemos sempre reforçar a nossa mensagem de quão prejudicial uma reforma mal elaborada será para setores essenciais como saúde e educação. Não podemos deixar a chama se apagar, mesmo que a reforma não seja votada ainda esse ano”, declara.

Entenda o impacto

A proposta de Reforma Tributária apresentada pelo Governo Federal ameaça a saúde de forma generalizada. Sem reconhecer a essencialidade desse setor, o texto considera a unificação de PIS/Pasep e Cofins sob uma alíquota única que aumentará drasticamente a carga tributária de instituições de saúde e ampliará ainda mais as dificuldades de acesso já existentes.

No setor de medicina diagnóstica os custos tributários podem subir até 40,4%. Isso representa aumento médio de R$ 3,6 bilhões ao ano para laboratórios e clínicas de imagem; para o paciente, exames até 10% mais caros.

“O sistema tributário brasileiro é, de fato, disfuncional e tem uma complexidade que contribui para a construção de um ambiente de negócios pouco favorável a investimentos e empregabilidade. Precisamos de uma reforma focada na simplificação dos processos com objetivo de reduzir, entre outros entraves, o custo de conformidade. Porém, onerar ainda mais o segmento de saúde inviabilizará a atuação de inúmeras empresas de medicina diagnóstica, que deixarão de existir, especialmente em regiões menos desenvolvidas economicamente”, comenta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed.

Clique AQUI e confira todas as matérias já publicadas pela Abramed sobre os drásticos impactos da Reforma Tributária na saúde. Aproveite para acessar, também, o estudo completo elaborador pela Associação (clique AQUI).

Representante do Ministério da Economia dialoga com executivos da saúde sobre ‘Projeto Custo Brasil’

Reforma tributária foi tema de webinar com participação de Lídia Abdalla, membro do Conselho de Administração da Abramed

6 de novembro de 2020

O “Custo Brasil” é uma expressão emergente no país há algumas décadas. Quem acompanha o debate econômico certamente já se deparou com o termo. Trata-se de uma denominação abrangente para uma série de custos de produção, ou despesas incidentes sobre a produção, que impactam tanto o exportador brasileiro na hora de colocar seus produtos no mercado internacional, quanto o produtor nacional de competir com mercadorias importadas. O tema foi debatido no “Painel Digital ICOS: Projeto Redução do Custo Brasil – Impactos no Setor da Saúde”, realizado no dia 20 de outubro.

No Brasil, as empresas gastam em média 1,5 mil horas por ano para organizar e preparar o pagamento de seus impostos, ou 89% mais do que a média dos países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O chamado “Custo Brasil” consome por ano R$ 1,5 trilhão do setor produtivo, ou o equivalente a 22% do Produto Interno Bruto (PIB). Os dados são de um estudo realizado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) em parceria com o Ministério da Economia.

Esses custos estão relacionados com aspectos legais em diferentes camadas que compõe a economia do país. Dentro desse cenário, a Reforma Tributária é uma das principais discussões em diversos setores brasileiros, inclusive o da saúde, e foi uma das principais pautas do encontro on-line.

Durante o webinar, executivos da saúde puderam dialogar diretamente com o CEO do Projeto Redução do Custo Brasil no Ministério da Economia, Jorge Lima. A conferência foi moderada pelo presidente do Instituto Coalizão Saúde (ICOS), Claudio Lottenberg, e contou com a participação de Eduardo Amaro, presidente da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Fernando Silveira Filho, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para a Saúde (Abimed), João Alceu, presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), e Lídia Abdalla, membro do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e presidente do Grupo Sabin.

No debate, sob a ótica da medicina diagnóstica, Lídia destacou a preocupação sobre os impactos da Reforma Tributária no setor. “Apoiamos a simplificação de tributos desde que não haja prejuízos. No entanto, a forma como ela está sendo proposta no Congresso traz um peso muito grande para as empresas. Nossos serviços, que hoje têm em média 5% de impostos, passariam a ter uma carga tributária próxima de 12%”, disse ao representante do Ministério da Economia.

Dessa forma, o custo da rede privada será maior e dificultará o acesso da população à assistência, resultando na superlotação do Sistema Único de Saúde (SUS). “A nossa atenção não é só com os grande e médios serviços de medicina diagnóstica, mas também sobre como trazer mais eficiência e otimização de recursos para que possamos garantir a sobrevivência dos pequenos serviços, que são importantes para muitas cidades brasileiras”, acrescentou Lídia.

Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), nos últimos quatro anos, devido à instabilidade econômica e ao aumento do desemprego, cerca de 3 milhões de pessoas deixaram de contar com planos de saúde. Com a atual proposta da Reforma Tributária, a Confederação Nacional de Saúde, Hospitais, Estabelecimentos e Serviço (CNSaúde) prevê o aumento de 5,2% no valor das mensalidades dos planos de saúde, sugerindo a perda potencial de até 500 mil beneficiários, que também passarão a depender do SUS.

“Medidas que afetam e inviabilizam a presença de usuários dentro do sistema privado, além de ter um impacto direto no setor suplementar, acarretam na sobrecarga de pessoas dentro do sistema público de saúde, que inclusive já terá consequências danosas devido a pandemia”, destacou Lottenberg durante a mediação do evento.

Outro alerta feito pelos executivos da saúde para o representante do Ministério da Economia foi o reconhecimento da essencialidade do setor nas discussões sobre a Reforma Tributária que acontecem no Congresso. “Isso não significa diferenciação, mas sim trazer competitividade para um setor que é gerador de riquezas para o país”, disse Silveira Filho.

Além de também defender a essencialidade da saúde, João Alceu destacou que na proposta de reforma que o governo enviou ao Congresso há uma alíquota diferenciada para os planos de saúde. “Gostaria de enfatizar que toda a cadeia produtiva da saúde deve ter este tratamento, porque assim é em outros países que têm o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) como mola mestra do sistema tributário de serviços”.

Segundo levantamento realizado pela Abramed, de todos as nações que possuem impostos sobre valor agregado, mais de 80% aplicam isenção ou alíquota reduzida aos serviços essenciais de saúde e educação, assim evitando todos os efeitos negativos acima indicados. “Precisamos avançar com uma reforma tributária que nos dê competitividade, mas sem onerar o bolso do cidadão brasileiro”, completou Silveira Filho.

Desoneração da folha de pagamento

Para minimizar os impactos negativos da reforma tributária no setor, uma das sugestões é a adoção da desoneração da folha de pagamento, o que permitiria que o setor de serviços abatesse os impostos sobre mão de obra assim como a indústria abaterá os impostos sobre insumos. A folha de pagamento representa cerca de 50% das despesas de laboratórios e clínicas de imagem, considerando contratações diretas e indiretas, segundo levantamento realizado pela Abramed.

Durante o debate sobre os impactos do Projeto Redução do Custo Brasil na saúde, Amaro explicou que as instituições associadas à Anahp somam cerca de 220 mil empregos formais e que “o custo com o pessoal é em torno de 50%”. Segundo ele, ao comparar o Brasil com países membros da OCDE, é possível observar uma grande discrepância e encontrar um caminho para conseguir melhorar o ambiente de trabalho no setor.

O representante do Ministério da Economia assegurou que o atual governo é defensor da desoneração. “A intenção é diminuir o custo trabalhista, essa é a nossa prioridade. Somos a favor da desoneração em tudo”, pontuou.

Durante o evento online, Lima também destacou a importância da saúde e educação no Brasil. “Todo país que conseguiu avançar cuidou desses setores. Nenhum conseguiu crescer sem se desburocratizar, inovar e sem ser mais liberal”. Ele também explicou que o Projeto Custo Brasil é complexo, transversal – atingindo todos os ministérios e órgãos independentes –, e que conta com o diálogo do setor produtivo com o Congresso.

Confira a íntegra do webinar clicando AQUI.

Câncer de Próstata – Homens deixaram de realizar exames preventivos na pandemia

Durante a crise de COVID-19, queda média de 34,6% no número de alguns exames relacionados à patologia preocupa; sem diagnóstico precoce, tratamento torna-se menos eficiente e há redução na chance de cura

5 de novembro de 2020

São diversos os exames que podem auxiliar os urologistas na detecção precoce do câncer de próstata, patologia que mata mais de 15,5 mil brasileiros todos os anos. Porém, dados levantados pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) apontam queda em todos eles durante a pandemia de COVID-19, o que leva a um cenário preocupante. Avaliando os números divulgados pelo Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS do Ministério da Saúde referentes aos procedimentos realizados entre janeiro e agosto de 2020 e comparando-os com as quantidades de testes no mesmo período de 2019, nota-se queda média de 34,6% no número de exames para diagnóstico da patologia na esfera pública.

A dosagem de antígeno prostático específico (PSA), exame de sangue que identifica uma proteína produzida pela próstata e, assim, pode apontar alterações no órgão, assinalou queda significativa de 34,4%. Outros dois exames de imagem também relacionados ao diagnóstico da patologia, ultrassonografia de próstata por via abdominal e por via transretal, apresentaram queda de 37,8% e 35,7% respectivamente. Já a biopsia reduziu 22,7% no período.

“Esses dados refletem o afastamento dos pacientes das unidades de saúde durante a pandemia. Além de encontrar algumas unidades fechadas, com receio de contrair o novo coronavírus, as pessoas adiaram procedimentos, o que pode levar ao atraso na detecção de doenças, entre elas o câncer de próstata. Com esse atraso, nos deparamos com consequências como o agravamento das patologias, piora do prognóstico e redução da chance de cura”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed. As empresas associadas à entidade – responsáveis pela realização de mais da metade dos exames de beneficiários da saúde suplementar – confirmaram redução de 39,5% no número de testes de PSA realizados entre março e agosto de 2020 no comparativo com o mesmo período do ano passado.

Culturalmente, os homens já são menos atentos à saúde e prevenção. Tanto que, em 2018, segundo dados do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, dos mais de 50 milhões de pacientes atendidos nas associadas à entidade, apenas 38% eram homens.

Mas as doenças não escolhem gênero. De acordo com estatística do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de próstata deve acometer 65.840 pessoas somente em 2020. “Com essa drástica redução no número de exames para detecção da patologia, quantos brasileiros perderam a oportunidade de ter a doença detectada em tempo hábil para receber o melhor tratamento?”, questiona Shcolnik.

No setor privado, a fim de reforçar à população que outras doenças não esperam a pandemia de COVID-19 acabar para se manifestarem, estimulando que todos retomassem seus cuidados, exames e procedimentos, laboratórios e clínicas intensificaram ainda mais os seus já rígidos protocolos de segurança. “Foi preciso investir em uma comunicação transparente, mostrar que as unidades estavam atuando com toda a segurança para receber esses pacientes. A redução de atendimento chegou a 70% no pico da pandemia, porém agora estamos conseguindo retomar nosso ritmo normal, levando novamente a possibilidade do diagnóstico precoce à população”, finaliza Shcolnik.

Gigantes da saúde, corrupção e o papel das associações são temas de debate virtual

Wilson Shcolnik participou de encontro no FHCB 2020 e enfatizou o empoderamento da Abramed no diálogo setorial

3 de novembro de 2020

A edição deste ano do Fórum Healthcare Business (FHCB 2020) também abordou a vertente do diagnóstico. Em encontro realizado em 21 de outubro, Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), foi um dos convidados para discursar sobre a nova realidade gerada pela pandemia de COVID-19 no painel intitulado “O salto quântico para uma nova realidade: a saúde global”.

Também participaram Franco Pallamolla, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (ABIMO), e Sérgio Rocha, presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (ABRAIDI). A moderação foi realizada por Lauro Miquelin, chairman do Grupo Mídia, marca idealizadora do evento.

O primeiro assunto abordado no debate enfatizou a formação de gigantes da saúde. Na medicina diagnóstica, segundo comentado por Shcolnik, a consolidação teve início há 20 anos com a Dasa e com o Fleury, porém, o executivo observa que essa movimentação não foi acentuada durante a pandemia. “Apesar da fragilidade de muitas clínicas e laboratórios que tiveram seus atendimentos reduzidos à 30% do normal, não ouvimos falar de fusões e aquisições no nosso setor”, explicou.

Porém, o executivo aproveitou a oportunidade para comentar que na área hospitalar e entre operadoras esse movimento de formação de gigantes segue ativo. “A Rede D’Or, que é a maior rede hospitalar do Brasil, anunciou a aquisição de uma clínica no Rio de Janeiro e o desejo de iniciar IPO. E a Notredame Saúde divulgou a aquisição de um grupo em Minas Gerais, adentrando um território dominado pela Unimed”, comentou.

Pensando no setor industrial, a China desponta ainda mais como uma das principais fornecedoras de materiais e equipamentos, como relatado por Rocha. “Os chineses têm uma participação extremamente importante no mundo inteiro na nossa área. Nas commodities, o domínio deles é enorme”, disse o executivo. Para ele, o Brasil sofre com a falta de investimento. “Não somos competitivos. Precisamos de investimento para essa virada”, complementou.

Pallamolla seguiu o raciocínio de Rocha afirmando que a consolidação já vinha em um ritmo crescente e que a pandemia contribui para que surjam ainda mais gigantes. “Temos de nos adaptar a isso, a lidar com players cada vez mais potentes. E, hoje, nossa indústria parece ser o elo mais frágil dessa cadeia”, disse.

Papel das associações

Diante de um cenário de desafios, Miquelin questionou o que as entidades estão fazendo para apoiar os associados. Na ocasião, Shcolnik comentou que a Abramed comemora 10 anos em 2020, consolida empresas de todos os portes e regiões e tem ganhado força e notoriedade para o debate público. “Temos conseguido interlocução com o executivo, o legislativo e com as agências reguladoras. Aproveitamos esse empoderamento para fazer essa aproximação”, disse ao mencionar que um dos principais pleitos do setor na atualidade tem sido a Reforma Tributária e que a Abramed elaborou estudos e se reuniu com lideranças para mostrar os graves impactos que uma reforma míope pode gerar no segmento. “Não estamos buscando vantagens, mas sim neutralidade tributária em relação ao que temos hoje. É o que estamos defendendo”, declarou.

Sobre a atuação junto aos associados, Pallamolla citou a parceria que a ABIMO tem com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para capacitar a indústria e mencionou a campanha “Saúde Feita no Brasil”, que privilegia a indústria nacional. Já Rocha contou que o maior desafio da Abraidi foi a variação cambial e que a união das entidades é extremamente importante para que o setor vença os empecilhos criados durante a crise.

Corrupção

“Na pandemia tivemos de fazer uma reflexão sobre a impunidade no Brasil. As empresas que são julgadas e condenadas por atos de corrupção, são expulsas das associações?”, questionou Miquelin.

Shcolnik apresentou o código de conduta da Abramed e lembrou que a Associação é membro do Instituto Ética Saúde, com aproximação recente até para compartilhamento do canal de denúncias. “Sabemos que na saúde esses atos ilícitos também ocorrem. Então temos nosso código de conduta com normas para relacionamento com fornecedores e operadoras de saúde, visto que nossas associadas têm cerca de 80% de seus exames contratados por essas operadoras e temos que nos relacionar com esses players”, contou.

Na ABIMO, Pallamolla afirmou nunca terem vivenciado uma empresa condenada e reforçou que, na verdade, não é a empresa que comete o desvio, mas sim as pessoas físicas. “Temos um manual de conduta ética e mecanismos para chegar a excluir um associado se necessário for”, afirmou. Na Abraidi, Rocha também citou o código de conduta e enfatizou a importância da participação de todos no Instituto Ética Saúde. “Essa é uma das lutas da Abraidi nos últimos anos”.

O debate completo pode ser assistido AQUI, no canal do YouTube do Grupo Mídia.

“São muitas vidas sendo perdidas por falta de prevenção”, diz Priscilla Franklim Martins

Em live da You Care Brasil, executiva reforça relevância dos exames preventivos para diagnóstico precoce do câncer de mama

30 de outubro de 2020

A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para 2020 é de que 29,7% de todos os diagnósticos de câncer no Brasil sejam de câncer de mama. A alta estatística assusta e liga um alerta ainda maior nesse Outubro Rosa: as mulheres precisam estar atentas à sua saúde, realizando os exames preventivos e, assim, ampliando suas chances de bons prognósticos caso sejam identificadas patologias como essa. Para falar sobre esse assunto, Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), participou de uma live comandada por Daniela Camarinha, sócia diretora da You Care Brasil.

Na ocasião, Priscilla trouxe outros dados alarmantes. “Serão mais de 76 mil casos de câncer de mama somente no Brasil em 2020. E, infelizmente, desse montante, aproximadamente 16,9% viram óbito. Estamos falando em muitas mulheres morrendo, muitas vidas sendo perdidas também pela ausência de exames preventivos”, comentou.

A alta taxa de mortalidade poderia ser reduzida com iniciativas que priorizam a prevenção. Considerando que, no Brasil, 70% dos diagnósticos de câncer são feitos nos estadiamentos 3 e 4, podemos perceber que há muito espaço para investir em conscientização. “Nos Estados Unidos, apenas 2% dos cânceres são identificados assim tão tarde”, comentou Priscilla sobre como o nosso país precisa investir em prevenção e valorizar os exames diagnósticos que a cada dia estão mais tecnológicos e com maior capacidade de identificação precoce de tumores. Uma mamografia, por exemplo, consegue identificar um nódulo de até 1mm no seio, ou seja, antes mesmo de ser possível senti-lo pela palpação.

Comentando ter ficado assustada com esses números, Daniela também apoia essas campanhas. “Sabemos que apenas com prevenção vamos conseguir sustentar a saúde no Brasil”, pontuou.

As previsões do INCA para 2020 não consideram, ainda, um cenário de pandemia, o que pode se tornar ainda mais drástico no futuro, visto que muitos exames diagnósticos e tratamentos foram atrasados (ou paralisados) devido ao receio trazido pela alta transmissibilidade do novo coronavírus.

“Vimos, no setor de diagnóstico, uma debandada muito preocupante dos pacientes. Claro que houve o impacto nos negócios, já que laboratórios e clínicas de imagem sentiram queda média de 70% no número de atendimentos nos primeiros meses da pandemia, mas esse afastamento é muito prejudicial à saúde das pessoas. Há quem interrompeu tratamentos e há quem estava com o pedido médico de um exame e o engavetou. Quantas doenças deixaram de ser diagnosticadas em tempo hábil de serem tratadas?”, questionou Priscilla.

Para trazer o paciente de volta aos serviços de saúde foi preciso investir em uma comunicação transparente, mostrando que saúde já é um setor altamente regulado e que os protocolos de segurança, já existentes, foram ainda mais reforçados. “Tivemos que educar a população de que outras doenças não esperam a COVID-19 passar, que elas não podiam esperar a vacina chegar para fazer os exames que poderiam também salvar suas vidas”, disse a diretora.

Daniela questionou, então, o que o Brasil precisa para melhorar esse cenário.

Toda essa atuação educacional, para Priscilla, deveria ser iniciada ainda no período escolar, para que as crianças crescessem aprendendo sobre saúde e sobre a importância da prevenção. Além disso, as famílias precisam estar unidas, para que todos cuidem uns dos outros. “Muitas vezes a mulher, quando vira mãe, está tão dedicada à família, aos filhos, que deixa de se cuidar. O homem também precisa aprender que ele faz parte disso, que ele também é responsável pela família. É uma mudança cultural, mas sou otimista e vejo que ela está acontecendo”, declarou.

Outros pontos mencionados pela diretora foram o investimento em políticas públicas mais eficientes, que facilitem o acesso à saúde; e a união de todos os elos da complexa cadeia, para que todos estejam alinhados em um mesmo propósito de prevenção. “É bom para o paciente e é bom para o sistema”, disse.

Priscilla também aproveitou a oportunidade para apresentar a Abramed, falar de todo o empenho dos grupos de trabalho que desenvolvem ações diversas buscando melhorias para o setor de diagnósticos, e comentou que a entidade está comemorando 10 anos agora em 2020.

A live está disponível no Instagram da YouCare e pode ser assistida AQUI.

Exames em farmácias aumentam acesso, mas aumentam também o risco ao paciente

Consultas públicas abertas pela Anvisa buscam opinião da sociedade sobre a realização de exames laboratoriais em farmácias e drogarias; Abramed mostra preocupação com a segurança dos pacientes

27 de outubro de 2020

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu duas Consultas Públicas (CPs) visando ouvir a sociedade brasileira quanto à realização de exames laboratoriais em farmácias e drogarias. Porém, a falta de definição de quais deles poderão ser realizados fora dos ambientes altamente controlados dos laboratórios clínicos é o que preocupa a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Hoje, farmácias e drogarias estão autorizadas a realizar apenas testes rápidos de COVID-19 e de glicemia.

“A história nos mostra que muitos testes rápidos têm desempenho ruim, o que pode levar a resultados incorretos, imprecisos, e à falta de segurança dos pacientes”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed. O executivo, médico patologista clínico, reforça que os laboratórios contam com profissionais altamente treinados para operação de modernos equipamentos de classe mundial em ambientes controlados que seguem diretrizes rígidas impostas pela regulamentação atual, contribuindo para a obtenção de resultados confiáveis. “Exames realizados em laboratórios contam com profissionais que estudaram a calibração, a validação e o controle de qualidade desses equipamentos”, diz. “De que adiantaria uma moderna aeronave sem um piloto treinado para operá-la?”, complementa.

Segundo o presidente, a maioria dos testes rápidos – também denominados point-of-care testing (POCT) – não passa por avaliação da Anvisa antes de ter a utilização liberada. “Eles são registrados, porém não são validados. Cabe, assim, aos laboratórios, com toda sua expertise, realizar uma análise qualitativa dos dispositivos antes de analisar amostras colhidas de pacientes”, disse.

Foi o que ocorreu agora durante a pandemia do novo coronavírus. Com muitos testes chegando ao mercado, começaram a surgir os resultados tanto falso positivos quanto falso negativos. A fim de sanar esse problema, diversos laboratórios privados e entidades do setor de saúde se uniram em um projeto objetivando verificar o desempenho dos kits disponibilizados em território nacional. Os resultados provenientes de cerca de 15 mil amostras de pacientes analisadas evidenciaram problemas e estão disponíveis ao público.

Na visão da Abramed, a oferta de exames em farmácias e drogarias pode ser positiva, desde que haja regulamentação limitando a liberação apenas daqueles de baixa complexidade, à semelhança do que vem ocorrendo em diversos países. “A Inglaterra, por exemplo, só autoriza testes para controle de glicemia, colesterol, gripe e hepatite nas farmácias. Além da glicemia, a França autoriza a exames para influenza A e B e estreptococos. Já a Escócia permite apenas testes de gravidez e de HIV”, esclarece o presidente.

Para a Associação, é possível ampliar o acesso sem prejudicar a segurança dos pacientes. Exames laboratoriais embasam até 70% das decisões médicas, tamanha sua relevância no diagnóstico, na definição de tratamentos e no gerenciamento de doenças. Por esse motivo, liberar qualquer tipo de teste rápido em farmácia pode acarretar sérias consequências aos pacientes. “Um exame com resultado impreciso, pouco confiável, não é benéfico à sociedade. Não adianta ampliarmos o acesso aos exames, se os médicos não terão confiança naqueles resultados para escolherem a melhor abordagem no cuidado do paciente”, diz Shcolnik. Além disso, há a preocupação com os resultados críticos, ou seja, que exigem intervenção médica imediata.

As consultas públicas que tratam o assunto são a 911 e a 912, que seguem abertas no portal da Anvisa até 7 de dezembro. Hoje, os laboratórios clínicos são regulados pela RDC 302, que impõe rigorosas recomendações sanitárias. “Essa resolução representou um marco na conquista da qualidade dos serviços laboratoriais no Brasil. Caso as farmácias passem a realizar exames, devem seguir a mesma regulação dos laboratórios, até porque são esses rígidos protocolos que garantem a segurança e a confiabilidade dos resultados”, finaliza Shcolnik.

Para vencer a crise, bom relacionamento e capacidade de adaptação

Assinado por Antonio Fabbron Jr, CEO da DB Diagnósticos do Brasil, artigo aborda desafios e oportunidades da pandemia

27 de outubro de 2020

* Por Antonio Fabbron Jr

A pandemia de COVID-19 nos impactou diretamente e, nas primeiras semanas, sob tantas incertezas, também não sabíamos muito bem para onde tínhamos de caminhar. Porém, temos muitos aspectos a considerar e lições a tirar dessa crise. A primeira delas está na importância de construir um excelente relacionamento com fornecedores íntegros e de confiança. Se a crise nos trouxe algo interessante foi a chance de ver, realmente, quem é parceiro e quem é oportunista.

Durante a escassez de equipamentos de proteção individual (EPIs) – uma questão muito importante e que ganhou proporção enorme nos primeiros meses da crise no nosso país – nós fomos impactados, claro, mas graças à nossa estratégia de ter estoques controlados para três meses, entregas programadas e credibilidade junto aos fornecedores, conseguimos fazer com que esse impacto fosse assimilável.

Essa boa relação que fomos construindo ano após ano por negociar sempre com ética e transparência, foi extremamente importante. Foi graças a esse relacionamento que nossos fornecedores cumpriram seus compromissos conosco e mantiveram suas entregas, o que nos permitiu contornar o problema sem grandes sofrimentos.

Essa parceria foi fundamental, porém não foi nossa única arma para esse combate. Paralelamente, a capacidade de adaptação se mostrou ainda mais necessária. Para garantir que nossos estoques para três meses de EPIs pudessem durar mais, colocamos todo o nosso setor administrativo em home office, reduzindo a circulação nas nossas processadoras. Com a queda de movimento, as operações também caíram e aos poucos tudo foi se ajustando.

Também precisamos nos adaptar para solucionar os entraves logísticos. Antes da pandemia contávamos com quase 100 voos diários para trazer as amostras aos nossos laboratórios e mais de uma centena de operações terrestres. A paralisação e redução dessa malha nos obrigou a redesenhar toda a nossa logística.

Estrategicamente, já há alguns anos, tínhamos investido em unidades descentralizadas e a proximidade com nossos clientes, somada à essa redistribuição das operações, nos auxiliou a vencer mais esse desafio. Apostamos em um sistema multimodal dentro do qual agregamos operações terrestres em substituição a rotas exclusivamente aéreas. Sofremos, mas vencemos.

Porém, algumas dificuldades permaneceram no nosso setor de diagnóstico, mesmo depois de mexermos na rotina de nossas equipes e de reestruturamos nossa cadeia de suprimentos. Dificuldades essas que não dependiam apenas do nosso empenho, mas de uma união de fatores: somos extremamente dependentes de insumos internacionais. Diante de uma crise mundial, estourou uma crise por suprimentos. E sem produção interna, tivemos de entrar em uma briga com todos os outros países que também disputavam esses insumos.

Assim, a pandemia nos traz mais um aprendizado e um dos nossos grandes desafios, hoje, é criar uma situação econômica que favoreça as empresas nacionais, e as multinacionais com fábricas em território brasileiro, a produzir mais desses insumos que importamos. Somente assim conseguiremos enfrentar novas pandemias, novos cenários desfavoráveis, de modo mais sereno.

Precisamos nos tornar mais independentes e, também, mais digitais. Precisamos investir pesado em tecnologia. Ainda fazemos muita coisa de forma manual, o que nos torna vulneráveis. Somente com a transformação digital a cadeia de suprimentos torna-se mais inteligente para que possamos gerenciar em tempo real o que está acontecendo. Isso nos traz agilidade e segurança para enfrentar esses cenários tão desafiadores.

Apagamos incêndios e, agora, estamos trabalhando pela recuperação. Nossa queda nas atividades chegou a 70%. Porém, em setembro, conseguimos produzir 15% a mais do que produzimos em fevereiro, último mês antes da pandemia estourar no Brasil. E todas essas lições que aprendemos nos últimos sete meses vão contribuir para que o mercado de análises clínicas se recupere. Com respostas rápidas de nossos fornecedores, apoio de toda a cadeia, e com nossa capacidade de adaptação sempre em alta, acredito que nosso crescimento vai deslanchar. Muitas atividades que estavam represadas pelo medo da contaminação estão voltando e contamos com as parcerias que construímos – e fortalecemos na crise – para embasar nosso desenvolvimento.

* Antonio Fabbron Jr é CEO da DB Diagnósticos do Brasil

Cuidado inteligente – Em que fase estamos e quais os próximos passos

Sexto encontro do #DiálogosDigitais Abramed abordou inteligência artificial, LGPD, inovações em saúde e acesso único do paciente

21 de outubro de 2020

O advento da tecnologia vem transformando continuamente a saúde no mundo, tornando o cuidado muito mais inteligente, integrado e acessível a todos os pacientes. Para entender em que fase estamos, quais os empecilhos para o avanço mais rápido e como será a nossa realidade daqui a 30 anos, o sexto encontro da série #DiálogosDigitais Abramed, realizado na noite de 20 de outubro, recebeu especialistas do setor para um bate-papo moderado por Gustavo Meirelles, membro do comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e Gestor Médico no Grupo Fleury.

No debate sobre quais as tecnologias que estão revolucionando o mercado, estiveram presentes Armando C. Lopes Jr, diretor geral da Siemens Healthineers Brasil; João Fábio Silva, co-fundador e COO da Stark-4pl; Leonardo Vedolin, vice-presidente da área médica da Dasa; e Luis Gustavo Gasparini Kiatake, presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS).

Muito foi tratado sobre procura inteligente de sintomas e o futuro da saúde diante de uma revolução tecnológica exponencial. E, na visão de Lopes Jr, tudo isso só traz benefícios. “A inteligência artificial nos beneficia em três grandes vertentes: aumentar e melhorar a produtividade para que possamos ampliar o acesso; auxiliar a medicina personalizada; e contribuir com a gestão de saúde populacional”, comentou.

Sabendo que a tecnologia tem muitas possibilidades de contribuição à população, Silva aproveitou a oportunidade para fazer uma crítica a alguns conflitos que atravancam o desenvolvimento desse setor. “A dificuldade em colocar toda essa inovação em prática está em gerir interesses que fogem a fazer o bem ao paciente. É preciso quebrar barreiras políticas”, pontuou.

Para o executivo, a pandemia nos mostrou que temos a tecnologia em mãos, mas precisávamos de uma emergência para que o investimento fosse feito. “A telemedicina, por exemplo, tão óbvia e necessária, por qual motivo não foi aplicada antes do novo coronavírus?”, questionou. Assumindo-se otimista, complementou dizendo que sempre será defensor da tecnologia: “vejo muitas soluções que só precisam ser usadas, aceitas e implementadas rapidamente”.

Esse ciclo de oferta e demanda é, para Vedolin, natural. “O que a história tem nos mostrado é que quando a tecnologia se desenvolve em uma área, a demanda por aquela área também aumenta na mesma proporção”, declarou. Enfatizando que o homem acaba falhando ao prever o futuro e que, por esse motivo, ele não cogita fazer previsões, o vice-presidente da Dasa fez um retrospecto sobre a inteligência artificial na medicina diagnóstica. “Vejo que as modelagens de IA começaram muito ligadas à detecção de padrões, segmentação de lesões básicas e caracterização de lesões. Tudo isso auxilia o médico ao melhorar a qualidade do diagnóstico, levando-o a errar menos por estar baseado em critérios morfológicos. É a fase que vivemos agora. Creio que em cinco anos haverá uma evolução para um outro patamar com mais acurácia preditiva”, disse.

Promovendo uma análise sobre o posicionamento do Brasil diante de um mundo tecnológico, Meirelles questionou Kiatake sobre o papel da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) nesse contexto de tecnologia. “O que muda para melhor e o que muda para pior?”, perguntou.

Ao responder, o presidente da SBIS declarou que muitas vezes os dados ficam ilhados dentro das empresas e que a LGPD pode contribuir em dois aspectos: forçar as companhias a olharem para seus compilados de dados e abrir os olhos da população para seus direitos como detentora dessas informações.

“A lei nos força a olha para dentro, a fazer um inventário de dados e isso é excelente. Além disso, traz um novo conceito onde a população começará a compreender que tem direito àquele dado e que essa informação pode gerar benefícios para sua saúde”, verbalizou.

Esse tema serviu de gancho para que o time de especialistas participantes do encontro virtual passasse a tratar da interoperabilidade, tão apontada como entrave no atual cenário de inovação tecnológica. Para Vedolin, é interesse comum que haja interoperabilidade entre todos os elos da cadeia de saúde. “Não tenho dúvida de que todos os protagonistas querem seguir esse caminho”, disse ao afirmar que, na sua visão, interoperabilidade é interesse da indústria, dos prestadores de serviços, das operadoras de saúde, das associações e, sobretudo, do próprio paciente.

Se todos querem trabalhar nisso, quais os entraves? Para Vedolin falta confiança. “É um problema sistêmico e os interesses devem estar alinhados. Em algum momento vai ocorrer, porém temos que evitar que ocorra pelo motivo errado, ou seja, que se desenvolva como forma de redução de custos quando, na verdade, deve acontecer para melhorar a experiência do paciente e a qualidade da assistência”, completou.

Depois de ouvir a experiência da Dasa nas palavras de Vedolin, quem assistiu ao debate pode conhecer a visão do Grupo Fleury na fala de Meirelles. “Para a interoperabilidade, ainda temos alguns entraves internos como, por exemplo, o identificador único do paciente, que é o que mais nos preocupa para garantir a segurança. Não sei pontuar quando, mas acredito que isso acontecerá nos próximos anos”, declarou.

Os dois executivos aproveitaram a oportunidade para relembrar que Dasa e Fleury, junto com outros grandes players da medicina diagnóstica do país, já se reuniram dentro da Abramed para conversar sobre interoperabilidade.

Visão de futuro

Após tantas abordagens distintas sobre a tecnologia em saúde, o questionamento final de Meirelles foi: o que terá mudado em 2050?

Lopes Jr. aposta em uma maior percepção do paciente sobre o uso de seus dados pelo setor; Silva enfatizou que a tecnologia estará avançada permitindo maior acesso remoto dos pacientes e oferecendo muitos equipamentos portáteis; Vedolin mencionou uma maior produção interna para suprir as carências do mercado nacional, a utilização de drones dentro da cadeia de supply chain e a genômica mais desenvolvida; e Kiatake trouxe maior conhecimento em células tronco e discussão ética mais fortalecida.

Para encerrar o bate-papo, Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed, trouxe a pergunta do presidente do Conselho de Administração da entidade, Wilson Shcolnik: “o que está sendo feito na sua área para preparar as pessoas para a saúde digital?”.

Kiatake e a SBIS apostam na inclusão do tema no currículo das universidades. “Temos que colocar essa consciência na garotada”. Já Lopes Jr. acredita ser possível extrapolar os muros da escola, já que “inovação nasce em qualquer lugar”. Para o executivo, criar é um processo que vem do conhecimento sobre a experiência de outros segmentos de negócios. Indo nesse mesmo caminho, Silva crê que além de expandir seus horizontes, é preciso se adaptar. “Para liderar e dar o exemplo à minha equipe, primeiro preciso aprender”.

Cientes de que o foco está nas pessoas, Meirelles e Vedolin apostam na educação. Para Meirelles, os principais pontos dessa formação profissional são educação em saúde, conscientização, desmistificação de novas tecnologias, e mentorias que deixam o caminho aberto para todos. Já Vedolin reforçou que educação é uma disciplina que se aprende. “É importante ter a experimentação como forma de aprendizado. Testar e errar leva ao conhecimento. Importante ter o erro como ferramenta de aprendizado. “É o que nos faz sobreviver em um mundo instável”, finalizou. O bate-papo completo deste episódio está disponível no canal do YouTube da Abramed (clique AQUI para assistir) e a próxima edição está marcada para 10 de novembro e trará, como tema principal, “Lei Geral de Proteção de Dados”.

Abramed fala ao Jornal da Cultura sobre consultas públicas 911 e 912 da Anvisa

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu duas consultas públicas (911 e 912) para saber sobre a possibilidade de as farmácias realizarem exames laboratoriais e para atualizar a resolução de 2005 que regula o funcionamento de laboratórios clínicos.

O tema foi pauta do Jornal da Cultura nessa segunda-feira (19/10) e contou com a participação do presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik, que alertou sobre o fato de quem nem todos os exames rápidos são de qualidade.

“Os testes rápidos muitas vezes não são avaliados pela Anvisa antes de serem liberados para utilização. Os que servem para dosar glicose, colesterol e triglicérides, por exemplo, não têm nenhuma avaliação e nós sabemos que o desempenho ruim pode levar a resultados incorretos”, destacou Shcolnik durante entrevista ao telejornal.

Assista a matéria completa em: https://youtu.be/Au7dfrbclXo