Debates político e regulatório integram agenda do 5º FILIS com participação do Ministro da Saúde

Moderadas por Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, mesas abordarão principais pleitos atuais da medicina diagnóstica

6 de outubro de 2021

Durante a programação da edição 2021 do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS, evento que será realizado dias 13 e 14 de outubro de forma totalmente digital, dois debates trarão relevantes discussões sobre aspectos políticos e regulatórios da medicina diagnóstica. Na quarta-feira, dia 13, a partir das 9h, está confirmada a presença de Marcelo Queiroga, Ministro da Saúde, na abertura do Módulo Político com discurso sobre regulação e a importância do diagnóstico na pandemia.

Na sequência, haverá um debate com moderação de Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, e participação de Cristiane Jourdan, diretora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e Paulo Roberto Vanderlei Rebello Filho, diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O foco serão os desafios regulatórios para o desenvolvimento do sistema de saúde.

Considerando que as empresas associadas à Abramed são responsáveis por 56% de todos os exames realizados na saúde suplementar brasileira, o debate promete trazer apontamentos bastante importantes para a construção de uma estratégia que priorize a qualidade da assistência e auxilie na ampliação de acesso da população aos exames. Hoje, segundo dados do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, a quantidade de exames realizados na rede suplementar se equipara à rede pública: no sistema privado são feitos 916,5 milhões enquanto, no SUS, são realizados 981,6 milhões ao ano.

Já na quinta-feira, dia 14, Shcolnik volta a moderar um debate político. A partir das 9h, a mesa-redonda “Exames fora do ambiente laboratorial: acessibilidade ou risco” reunirá Fabiana Barini Rodrigues Alves, diretora adjunta da ANVISA, e o deputado federal Pedro Westphalen (PP-RS), para tratar desse assunto que ganhou ainda mais destaque durante a pandemia de covid-19.

Ainda nos primeiros meses da crise no Brasil, a ANVISA liberou, em caráter emergencial, a realização de testes rápidos para detecção da infecção pelo novo coronavírus em farmácias e drogarias. Nesse momento, surgiram muitas denúncias de que esses testes também estavam sendo realizados em ambientes totalmente inapropriados, como postos de gasolina e petshops.

Diante desse cenário, o setor de medicina diagnóstica se posicionou alertando sobre os riscos que a realização de exames fora dos ambientes altamente controlados dos laboratórios poderia gerar, principalmente diante de uma doença infecciosa, transmitida pelo ar, e que exigia o isolamento de casos suspeitos e confirmados. Além de questões pré-analíticas, que envolvem a necessidade de profissionais capacitados para coletar as amostras de forma segura, a preocupação também surgia em resultados tanto falso positivos quanto falso negativos que impactariam o comportamento das pessoas colocando todos em risco.

O debate do FILIS não deve se limitar à discussão de exames de covid-19 realizados fora dos ambientes laboratoriais, mas sim à importância da qualidade desses exames para a segurança dos pacientes.

A 5ª edição do fórum será realizada de forma totalmente digital entre 13 e 14 de outubro. As inscrições, que são gratuitas, estão abertas e podem ser feitas AQUI.

Economia e medicina diagnóstica – O que esperar do futuro?

Dia 13 de outubro, a agenda do 5º FILIS trará uma palestra e um debate sobre aspectos econômicos e o futuro da saúde

6 de outubro de 2021

A agenda do primeiro dia da edição 2021 do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS trará dois importantes debates sobre as perspectivas econômicas para o futuro do setor. Após a palestra internacional ministrada por Paul Epner, co-fundador da Society to Improve Diagnosis in Medicine (SIDM), grandes nomes da saúde nacional se reunirão para um debate sobre os impactos da pandemia. O 5º FILIS será realizado dias 13 e 14 de outubro de forma totalmente digital.

Na quarta-feira, dia 13, a partir das 10h15, Epner, que é membro do National Steering Committee for Patient Safety e já se apresentou em todo o mundo, trará sua vasta expertise na busca pela melhoria da medicina diagnóstica sempre focada na segurança do paciente.

Além disso, por também presidir a Coalition to Improve Diagnosis, uma coalizão com mais de 60 sociedades profissionais, sistemas de saúde, organizações de pacientes e entidades focadas na melhoria da qualidade da assistência, contribuirá com percepções amplas sobre como a união de diversos atores de uma cadeia bastante complexa como a da saúde pode auxiliar na transformação e consolidação do setor.

Na sequência, a partir das 10h55, Gonzalo Vecina, médico sanitarista e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, moderará o debate “Futuro da Saúde e os impactos econômicos no pós-pandemia”. Participarão, ao lado de Vecina, Julio Aderne, general manager da Abbott no Brasil; Marco Costa, CEO da Americas Serviços Médicos – United Health Group Brasil; Sidney Klajner, presidente do Albert Einstein; e Antonio Fabron Junior, CEO da DB Diagnósticos do Brasil.

A 5ª edição do FILIS será realizada de forma totalmente digital entre 13 e 14 de outubro. As inscrições, que são gratuitas, estão abertas e podem ser feitas AQUI.

Healthtech em crescimento, Pixeon fortalece soluções centradas no paciente

Felipe Clemente, CEO da Pixeon, fala sobre os projetos futuros da companhia

4 de outubro de 2021

Investindo em inovação para manter o paciente no centro de todas as ações, a Pixeon – empresa brasileira consolidada no mercado de tecnologia e que oferta um amplo portfólio de soluções de softwares para a área da saúde – trabalha com objetivos e metas bem definidos para 2022.

Nessa entrevista exclusiva para a Abramed em Foco, o CEO Felipe Clemente fala sobre os desafios gerados pela covid-19 e sobre as perspectivas futuras. “Felizmente não tivemos um impacto negativo nos investimentos, e seguimos trabalhando com o valor de R$ 83 milhões para o quinquênio que encerra em 2024”, comentou.

Confira a entrevista completa.

Abramed em Foco – Com a chegada da pandemia e os hospitais passando a direcionar a maior parcela de sua estrutura para atendimento a infectados pelo novo coronavírus e com um afastamento dos pacientes das clínicas e laboratórios, como ficaram os negócios da Pixeon? Como foi o impacto?

Felipe Clemente – Houve um impacto, sim. 2020 foi um ano sem precedentes, e acho que é impossível alguém dizer que não houve nenhum impacto em sua vida. Especialmente nos primeiros meses, em que não tínhamos nenhuma informação sobre como seria a pandemia. Foram vários tipos de impacto: tivemos que nos adaptar a novas formas de trabalho, novas formas de comunicação com os times… Nossa equipe precisou se adaptar ao home office que, em época de pandemia, exige um isolamento muito maior. E para lidar com os impactos na saúde da equipe, fizemos programas de saúde mental e atividade física, melhoramos as condições do home office disponibilizando cadeiras e mesas. Fomos aprendendo muito à medida que o tempo foi passando.

E por outro lado, tivemos impacto na inovação. Intensificamos o modo de pensar nossas soluções colocando o paciente no centro de tudo. Com isso, passamos a ter áreas dedicadas a transformação digital, antecipamos soluções que estavam previstas para ser lançadas mais tarde – como a teleconsulta que, por não ter previsão de regulamentação antes da pandemia estava sendo adiada, mas depois de três meses de crise nós conseguimos lançá-la.

Abramed em Foco – Vencidos os primeiros 15 meses da pandemia de covid-19, quais são os desafios da Pixeon para o próximo ano?

Felipe Clemente – Temos objetivos e metas bem definidas para o próximo ano e queremos sempre inovar, buscando colocar as necessidades do paciente no centro de todas as nossas ações. Apesar da pandemia ter sido um momento muito desafiador para todas as áreas, principalmente para a área da saúde, conseguimos aprender alguns aspectos importantes na comunicação com as instituições de saúde e com o paciente. Assim, as necessidades foram modificadas abrindo espaço para novas tecnologias e soluções se desenvolverem mais ainda, como a inteligência artificial, ferramenta de trabalho muito importante para médicos e profissionais do setor. 

Com isso, conseguimos perceber como cada vez mais a transformação digital é algo que faz a diferença no cotidiano, afinal, quem não precisou consultar um médico e fez por meio da videochamada durante a pandemia? Todos nós nos adaptamos e tiramos lições que vamos carregar, e para sempre impactar no modo como pensamos em saúde. Vamos levar esses aprendizados para os próximos anos, tendo como foco a inovação, o bem-estar do paciente e a otimização de processo para laboratórios e outras instituições de saúde, fazendo a transformação digital se tornar mais presente.

Abramed em Foco – A pandemia impactou negativamente os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação? Ou mesmo diante da crise os projetos conseguiram avançar?

Felipe Clemente – Conseguimos passar por este momento com o desenvolvimento acelerado e as expectativas altas para as novidades que estamos prestes a lançar – algumas delas ainda este ano. Felizmente não tivemos um impacto negativo nos investimentos, e seguimos trabalhando com o valor de R$ 83 milhões para o quinquênio que encerra em 2024, em todo o nosso portfólio de produtos voltados para todos os profissionais da saúde.

Abramed em Foco – A Abramed reúne empresas de medicina diagnóstica de todos os portes, de todas as regiões do Brasil. Como é o portfólio de diagnóstico da Pixeon pensando nas particularidades dessas empresas? Vocês têm soluções tanto para os pequenos quanto para os grandes?

Felipe Clemente – Temos um dos portfólios mais completos do mercado de saúde, e esse é um motivo de grande orgulho para nós. Temos soluções de gestão para hospitais (HIS), centros médicos (CIS), laboratórios (LIS) e centros de diagnóstico por imagem (RIS). Aliás, para diagnóstico por imagem, nós temos também um PACS (Pixeon Aurora) que recebeu prêmio internacional de qualidade por três anos seguidos.

Recentemente, desde que o BoaConsulta passou a ser Pixeon, também passamos a ter uma solução voltada a consultórios menores, o BoaConsulta Gestão. E por fim, temos uma solução de inteligência artificial para agendamentos que pode se encaixar perfeitamente em todas essas realidades.

Abramed em Foco – Pensando em acesso – que é uma das dificuldades de um país continental como o Brasil – como a indústria de diagnóstico pode auxiliar a levar testes mais precisos, eficazes e acessíveis para toda a população? Inteligência artificial é um caminho?

Felipe Clemente – Bom, temos vários desafios na saúde que a Inteligência Artificial pode atuar diretamente na solução. Por exemplo, um desafio encontrado pelo setor são os processos repetitivos da rotina e que não necessariamente envolvem o paciente. A utilização da Inteligência artificial para otimizar esses processos, além de aumentar a eficiência dos profissionais, também o ajuda com questões emocionais, diminuindo a sobrecarga e o estresse, se configurando como uma ferramenta muito útil para profissionais de laboratórios e da saúde, em geral.

O outro desafio mais evidente, é justamente o que você citou na pergunta: o dos testes. A IA auxilia demais em questões relacionadas a precisão e eficácia de testes, e ainda pode atuar como um facilitador na hora do profissional de saúde tomar decisões relacionadas a laudos e diagnósticos. E tudo isso está relacionado a acesso, sim. IA combinada com outras tecnologias (teleconsultas, exames e resultados on-line) vai facilitar a vida de quem mora em regiões remotas, por exemplo, e quer consultar com um especialista. Ou de alguém que viajou e precisou dos resultados dos últimos exames na viagem.

Em um país com proporções continentais assim como o Brasil, essas soluções facilitariam demais o acesso. Existe um custo muito grande na saúde do Brasil, e a aplicação da IA e outras soluções em nuvem vai torná-la mais barata e acessível.

Abramed em Foco – O setor de medicina diagnóstica tem falado muito sobre integração diagnóstica, ou seja, a utilização de resultados de diferentes exames para a melhor tomada de decisão. Como a indústria tem atuado, quais os segmentos que são mais promissores quando pensamos nessa integração?

Felipe Clemente – Sim, e esse é um ótimo tema para se debater. As pessoas com frequência acham que inovação é inventar algo totalmente novo, do zero. Quando na verdade, inovar pode ser uma maneira diferente de ver e usar ferramentas. A comunicação entre diferentes sistemas tecnológicos e a integração diagnóstica são duas etapas importantes para a inovação da medicina diagnóstica, e que anda lado a lado com a resposta anterior, sobre acesso.

E nesse aspecto, eu acredito que as soluções mais promissoras são aquelas que focam no paciente, que facilitam o acesso do paciente a diferentes exames e o compartilhamento de informação e histórico com o seu médico, sempre que necessário. É uma maneira diferente de pensar a tecnologia para a saúde, que inclui o paciente como personagem agente também, em vez de apenas um receptor de atenção clínica, facilitando a atuação assertiva dos laboratórios e de outras instituições envolvidas nos processos.

Abramed em Foco – Está ocorrendo um grande movimento de fusões e aquisições no mercado de medicina diagnóstica. Na indústria, esse movimento também se consolida? A Pixeon passou por fusões no último ano?

Felipe Clemente – A Pixeon passou por este processo no último ano com a aquisição do BoaConsulta. A ação, que se concretizou em setembro de 2020, nos colocou na liderança do mercado de healthtechs, com quase 6 mil clientes em toda a América Latina. A plataforma de agendamento de consultas, sistema de gestão clínica e telemedicina, criada em 2012, registrou recorde de tráfego em seu site no ano passado, somando quase dois milhões de acessos em um mês. Com isso, essa movimentação se tornou uma das etapas de um plano estratégico da Pixeon em se tornar cada vez mais protagonista na transformação digital do país.

Abramed em Foco – Qual o grande objetivo de vocês como uma healthtech?

Felipe Clemente – Nossos clientes são principalmente laboratórios e médicos, mas nossos clientes finais consequentemente se tornam os pacientes, por isso um dos nossos principais objetivos e metas como healthtech é valorizar a importância da jornada desta pessoa, sempre levando em consideração ações mais assertivas e que facilitem o cotidiano. O cliente como centro está na base de todos os nossos valores da transformação digital, para isso procuramos sempre utilizar as tecnologias disponíveis e a inovação, para buscar tecnologias que ainda não existem, tudo para melhorar a interação dos médicos com os pacientes de diversas instituições de saúde.

Abramed em Foco – Como enxerga a atuação da Abramed na medicina diagnóstica? O que espera da entidade como parceira para melhoria do setor?

Felipe Clemente – Enxergamos a Abramed como uma organização importante no setor, tanto no quesito representatividade das empresas quanto no quesito associação. O setor da medicina diagnóstica está sempre passando por transformações e precisamos cada vez mais de ações integradas para defender as causas em comum. Para a Pixeon, a transformação digital com foco nos laboratórios, médicos e pacientes é a meta diária, e ações para difundir como essas tecnologias são confiáveis e só existem com o propósito de facilitar o cotidiano de todos é algo de muita relevância para nosso trabalho. Com isso, queremos sempre levar melhorias e qualidade de vida aos nossos clientes, buscando o desenvolvimento de soluções totalmente eficazes e fáceis de se adaptar.

Na JPR, Abramed fala sobre segurança em saúde digital e lança Guia de Boas Práticas em Proteção de Dados para a Medicina Diagnóstica

Entidade participou da programação oficial do evento, no dia 24 de setembro

4 de outubro de 2021

A 51ª edição da Jornada Paulista de Radiologia (JPR) – realizada entre 22 e 25 de setembro – trouxe para o público participante uma extensa programação permeando diversas especialidades e áreas da medicina diagnóstica. Na seção sobre Gestão e Profissionalismo em Saúde, o painel com o tema “Segurança em Saúde Digital e LGPD – Como isso me afeta?” foi moderado pelo presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik e contou com participação do professor doutor Henrique Simão Trad, fundador da Lotus Radiologia; Luzia Sarno, CIO do Grupo Fleury; e Lucas Bonafé, advogado da Machado Nunes especialista em direito digital e proteção de dados.

Ao fazer a abertura do bate-papo, Shcolnik apresentou em primeira mão o Guia de Boas Práticas em Proteção de Dados para o Setor de Medicina Diagnóstica, uma publicação concretizada pelo Grupo de Trabalho (GT) de Proteção de Dados da Abramed. “Estamos tratando de um tema muito atual e esse guia pode ser uma importante ferramenta para que todos possam compreender melhor o assunto”, declarou. Os presentes puderam fazer o download da versão digital do guia por meio de um QR Code disponibilizado na palestra (clique AQUI para acessar).

Em sua contextualização sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e segurança digital, Trad explicou como a segurança afeta a infraestrutura de TI no ambiente da radiologia. Após mencionar aspectos relativos à transformação digital, o especialista abordou a significativa evolução da tecnologia da informação e explicou o que são dados sensíveis, um dos grandes ativos das empresas atuantes na área da saúde.

“O que é transformação digital? Em linhas gerais, é passar tudo para o digital. E isso transaciona nos materiais utilizados pelos radiologistas. Todos os mecanismos são, ao mesmo tempo, fonte e repositório de dados direcionados para algum lugar”, detalhou.

Outro assunto abordado foi a cibersegurança por ele definida como práticas, ferramentas e abordagens para proteger os dados e impedir que alguém desligue, por exemplo, equipamentos de ressonância que estão em funcionamento. “Os ataques estão cada vez mais frequentes e o nível de complexidade é crescente. Cada um desses ataques tem um objetivo que varia desde o simples prazer em atrapalhar até motivos econômicos que, inclusive, podem ser desastrosos”, disse. Entre os ataques que estão sendo observados no mercado estão pishing, malware, man-in-the-middle, password atacks e sequestro de dados.

Mas por qual motivo o setor de saúde vem sendo tão visado? Trad explica. “Dados médicos valem 25 vezes mais do que dados bancários. O cartão de crédito o usuário pode cancelar. O prontuário médico, não. Por isso os profissionais de saúde também devem tomar cuidado com os dados que estão transmitindo”, destacou.

O tema torna-se ainda mais importante com o advento da internet das coisas e o trabalho remoto, que de certa forma abriu as portas para novos ataques por conta da necessidade de acesso aos sistemas das empresas de diferentes locais, nem sempre tão seguros.

Especificamente no ambiente de radiologia, tecnologias como RIS/PACS estão cada vez mais complexas em suas interfaces, integrações e permissões. Mas onde entra, de fato, a LGPD?

Segundo Trad, a proteção de dados do paciente é, também, a proteção do médico. “O radiologista distribui, gera, armazena e comunica dados o tempo inteiro. Dessa forma, a lei está no dia a dia do profissional. O paciente, titular do dado, tem o direito de consentir, corrigir ou pedir a eliminação daquela informação a qualquer momento. E há, ainda, todas as questões relativas à sigilo e boas práticas”, pontuou.

Trazendo todo o conceito para a realidade dos laboratórios, Shcolnik convocou Luzia a falar um pouco mais sobre suas percepções quanto à preparação do setor de saúde. “Como você enxerga nosso segmento e qual seu diagnóstico sobre nossa adequação para que sobrevivamos aos desafios da LGPD”, questionou o executivo.

Luzia reforçou que o setor de saúde vem vivenciando um momento de crescimento significativo dos dados gerados dia a dia. “A questão é que, diferentemente da área financeira, nosso segmento não está preparado para isso. Nem clientes e nem pacientes. Não temos maturidade para proteger nossos próprios dados”, pontuou.

Segundo a especialista que comanda a área de tecnologia do Grupo Fleury, trata-se de um investimento pesado, mas a inércia e a falta de adequação podem gerar prejuízos consideráveis. “Do ponto de vista das empresas e clínicas menores, terceirizar é a solução para ter pessoas especializadas focadas em mitigar o custo”, disse.

Especialista em direito digital, Bonafé trouxe para o público presente bastante conhecimento sobre a regulamentação. Além de abordar as implicações jurídicas e as responsabilidades atreladas aos profissionais de saúde quando há vazamento de dados, mencionou que o mercado da saúde é bastante regulado e já tinha uma cultura de proteção dos dados do paciente. “Temos de ser diligentes na gestão das informações fazendo um trabalho jurídico a fim de compreender onde estão os gaps e observar quais podem ser os impactos”, disse.

Para pequenas e médias empresas – que são parte considerável da assistência em medicina diagnóstica no Brasil – o essencial é, na visão do especialista, entender onde estão essas brechas no dia a dia de trabalho, principalmente do ponto de vista ético. “Por vezes estão transitando dados de pacientes com uma liberdade maior do que deveriam. Claro que haverá burocratização de acesso para maior controle, mas será necessário”, pontuou.

Antes de finalizar sua apresentação, Shcolnik disse que ainda há muitas dúvidas sobre a solicitação de dados por parte das operadoras de planos de saúde, que contratam laboratórios e clínicas de imagem para prestação de serviços. Ao explicar a relação das empresas com operadoras no que tange ao intercâmbio desses dados, Bonafé sugeriu a criação de um contrato que detalhe como o compartilhamento será feito e quais serão as ações tomadas com as informações compartilhadas. “A solução seria cada um cuidar do seu dado, mas, por outro lado, quem tiver maior concentração de dados ganha mais. Teríamos que ter muita maturidade e ainda não temos no nosso país”, finalizou Luzia.

Wilson Shcolnik modera debate sobre telemedicina em evento promovido pelo CFM

Presidente do Conselho de Administração da Abramed recebeu especialistas para falar dos avanços da telessaúde

23 de setembro de 2021

Muitos dos debates sobre a evolução da telessaúde no país envolvem as resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM). Para abordar essa temática, traçando todo o histórico desse desenvolvimento, a entidade realizou, dentro do III Fórum de Segurança do Paciente, uma palestra que, moderada por Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), recebeu especialistas para apresentar tanto a visão do médico quanto a visão do paciente no que tange à disponibilidade da telemedicina no Brasil.

Participaram do encontro virtual Donizetti Dimer Giamberardino Filho, vice-presidente e coordenador do Departamento de Comissões e Câmaras Técnicas do CFM; Maria Inês Dolci, presidente da Organização Internacional de Associações de Consumidores de Língua Portuguesa (CONSUMARE); e Chao Lung Wen, docente e chefe da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP.

Abrindo a sessão, Giamberardino Filho apresentou o histórico da telemedicina no país, que se inicia com a Resolução CFM 1643/2002, que define e disciplina a prestação de serviços através da telemedicina; passa pela Resolução CFM 2227/2018, que declara a telemedicina como forma de prestação de serviços médicos mediados por tecnologia e foi revogada no ano seguinte; e chega no cenário da pandemia de covid-19, que por apresentar uma necessidade emergencial de ampliar a assistência à saúde ao mesmo tempo em que evitava a exposição tanto dos pacientes quanto dos profissionais à contaminação, culminou em novas legislações como o Ofício CFM 1756/2020, a Portaria MS 467/2020 e a Lei nº 13.989/2020, também chamada de Lei da Telemedicina.

O ponto de partida do debate, na opinião do executivo, é a necessidade de valorização da autonomia tanto do médico quanto do paciente. “Temos de deliberar essa busca de consenso das duas autonomias dentro da racionalidade, que leva à tomada de decisões razoáveis e prudentes. E isso vale tanto para o atendimento presencial quanto para o atendimento à distância”, declarou. Em resumo, na visão de Giamberardino Filho, a telemedicina só deve ocorrer quando for uma opção tanto do profissional de saúde quanto do cidadão.

Também nesse sentido, Maria Inês reforçou que cada consulta é única e que há diferenças, também, de acordo com as especialidades médicas, o que reforça a importância de o sistema garantir que o atendimento virtual seja uma escolha. “O que não pode ocorrer, principalmente no contexto dos planos de saúde, é engessar o tipo de atendimento dado ao paciente. As duas opções devem estar disponíveis”, completou.

Um dos temas amplamente debatidos e que, inclusive, foi motivo de questionamento por parte da audiência diz respeito ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), um documento que explica objetivamente e de forma clara quais os procedimentos, vantagens e desvantagens, daquele atendimento. “É altamente recomendado que médico e paciente tenham um documento que formalize as informações e o consentimento com relação à proposta de encaminhamento e de procedimentos. E isso deve estar anexado ao histórico do paciente”, comentou Maria Inês reforçando que é um documento que pode ser usado como medida preventiva.

Porém, em se tratando de um atendimento virtual, como deveria ser esse processo? Por parte da classe médica, Giamberardino Filho comentou que há um grande empenho do CFM para facilitar o acesso dos profissionais à assinatura eletrônica. Paralelamente, considerando que esse documento também precisa de um consentimento por parte do paciente e que nem todo cidadão brasileiro contará com esse tipo de assinatura, o especialista fez apontamentos interessantes: “temos que ter plataformas com segurança de concordância dos atos praticados, tal qual temos em aplicativos bancários”.

Trazendo uma visão mais conceitual ao debate, o professor Wen declarou que muitas vezes subestimamos a telemedicina, resumindo-a a uma consulta feita por vídeo. “Não se trata apenas de uma videochamada. Temos a telemedicina síncrona e a assíncrona”, disse ele que visualiza quatro telemedicinas em nosso cenário: acadêmica, governamental, comercial e empreendedora, e social. “Cada uma dessas quatro telemedicinas tem características especiais e muitas vezes a forma de coordenação é diferente a cada uma”, disse ele que acredita que nos últimos anos tivemos muitos avanços no âmbito da academia e que a telemedicina comercial, que começou a ganhar força em meados de 2015, deve se ampliar consideravelmente até 2025 graças à incorporação do 5G.

Reforçando que não há uma competição entre a medicina tradicional e a telemedicina, mas sim uma somatória de forças que levarão ao conceito de medicina conectada, Wen declarou que o objetivo deve ser uma medicina sem distância, pois independentemente de onde o paciente está, o médico conseguirá acompanhá-lo.

Porém, para que todo esse cenário positivo que está sendo desenhado de fato possa se concretizar, é indispensável investir em educação e formação da classe médica. “Ferramentas não têm ética e responsabilidade. Quem tem é o profissional. A telemedicina tem que capacitar os médicos que utilizarão essa metodologia”, afirmou.

Como forma de mostrar os excelentes avanços que a tecnologia vem proporcionando, Wen disse que há evidências de que o telemonitoramento de pacientes idosos com doenças crônicas reduziu em 15% as visitas desses pacientes à emergência, 20% a admissão em hospital e 45% a taxa de mortalidade.

Por fim, quando questionados se haveria uma tendência de queda da utilização do atendimento remoto após sanada a pandemia de covid-19, os palestrantes concordaram que não há como fugir dos avanços tecnológicos. Na visão de Maria Inês, mesmo não havendo a possibilidade de substituição do atendimento presencial pelo virtual, visto que a telessaúde surge mais como um complemento, esses atendimentos seguirão. “É algo que veio para ficar, claro que com os aperfeiçoamentos que se fazem necessários e sem haver rigidez no ato médico”, disse.

Também estiveram presentes no debate Florentino de Araújo Cardoso Filho, conselheiro federal do CFM e representante da Associação Médica Brasileira (AMB) e Natasha Slhessarenko Fraife Barreto, conselheira federal pelo estado do Mato Grosso.

Warm-Up do FILIS trata dos movimentos setoriais que estão transformando a medicina diagnóstica

Executivos debateram temas como fusões e aquisições, tecnologia e LGPD; Vice-presidente da Abramed apresentou dados atualizados sobre as movimentações

15 de setembro de 2021

A quinta edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS) está se aproximando e para aquecer o mercado com informações relevantes sobre o setor, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) realizou, em 14 de setembro, o Warm-Up FILIS, encontro virtual com grandes líderes da saúde durante o qual foram apresentados dados sobre os principais movimentos setoriais que estão transformando o segmento.

Após abertura conduzida por Milva Pagano, diretora-executiva da entidade, Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed, fez uma rápida apresentação recheada de indicadores atualizados. Na sequência, convidou Fernando Torelly, CEO do HCor; Jeane Tsutsui, CEO do Fleury; e João Alceu, vice-presidente da NotreDame Intermédica para destrinchar esses dados e passar suas percepções empresariais quanto a esses movimentos consolidados.

Segundo Figueira, que apresentou dados computados pela KPMG, em 2020 o Brasil assistiu à concretização de 1.117 fusões e aquisições, sendo que o setor hospitalar e laboratorial foi responsável por quase 5% delas, uma tendência de crescimento notada a partir de 2015, ano em que houve mudanças regulatórias.

Importante observar que a maior parte dos investimentos provém de capital estrangeiro: 68,8% dos Estados Unidos, Argentina, Reino Unido, Canadá, França e Alemanha. “Muitos disseram que o capital chinês entraria no país de forma vigorosa, mas não é isso que vemos refletido nos números. Aliás, a Argentina, nosso irmão latino-americano, foi o segundo principal investidor no mercado brasileiro de fusões e aquisições”, declarou Figueira.

Observando o comportamento dos estados brasileiros perante essa movimentação, mais da metade de todas as fusões e aquisições ocorreu em São Paulo, estado que detém o maior número de beneficiários dos planos de saúde, hospitais, consultórios e laboratórios clínicos e de imagem. “Temos cerca de 20 mil unidades de apoio diagnóstico no Brasil e 58% delas estão instaladas em municípios com mais de 100 mil habitantes”, disse o vice-presidente. Quanto à expansão do setor, enfatizou que há um ritmo mais intenso em números absolutos no Sudeste, porém, em termos relativos, nota-se avanço mais acelerado no Norte, Sul e Nordeste.

Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), nos últimos dez anos houve crescimento de mais de 60% no número de laboratórios clínicos e de 96% na quantidade de serviços de diagnóstico por imagem instalados no país. Em contrapartida, uma redução de 8,8% nos laboratórios de anatomia patológica, um mercado que, segundo Figueira, é de difícil escalabilidade.

Para a economia, esse crescimento reflete em ampliação de emprego, renda e concentração de capital. “Hoje 70% dos prestadores de serviços vinculados à medicina diagnóstica têm até 9 empregados. Menos de 1% dos laboratórios do país têm, em sua estrutura, mais do que 100 colaboradores. É um mercado ainda bastante pulverizado e descentralizado”, pontuou.

Ainda trazendo informações sobre as tendências do setor, Figueira comentou que o mercado de TI avaliado em US$ 61 bilhões em 2017 deve alcançar a marca de US$ 149,2 bilhões até 2025; que estima-se que o mercado global de Internet das Coisas movimente cerca de US$ 158,1 bilhões em 2022; que há entre 20 e 30 bilhões de dispositivos médicos conectados; e que a LGPD deverá proporcionar maior transparência, segurança e confiabilidade para todos os players e usuários dos serviços de saúde.

Debates empresariais

Na sequência da apresentação de Leandro Figueira, o Warm-Up do FILIS recebeu executivos de grandes empresas do setor de saúde para debater as percepções quanto aos movimentos setoriais. Foram tratados assuntos de extrema relevância para o posicionamento estratégico da medicina diagnóstica na cadeia de saúde. Confira alguns destaques:

Fusões, aquisições e IPOs

Corroborando com os números apresentados por Figueira que mostram crescimento das fusões e aquisições do setor de saúde nos últimos anos, Jeane Tsutsui, CEO do Fleury, mencionou que assim como no segundo semestre as empresas do setor começaram a notar uma recuperação no número de atendimentos realizados após forte queda em decorrência da pandemia de covid-19, as fusões e aquisições também voltaram a ser retomadas graças a melhorias na visibilidade econômica.

“Esses movimentos são atrativos para ganho de escala. Além disso, apesar de todo o cenário macroeconômico extremamente desafiador, existe liquidez no mercado de capitais onde vemos oportunidade de aportes estrangeiros”, declarou a executiva reforçando que todos conseguem enxergar a importância da saúde, um setor que está valorizado.

Segundo Jeane, o grupo Fleury está adquirindo empresas de outros segmentos, porém não deixa de estar focado no seu core, que é a medicina diagnóstica. “Nosso primeiro posicionamento sempre será continuar crescendo em medicina diagnóstica. Mas investiremos em outras áreas a fim de manter a conexão com o cuidado do paciente trazendo, para perto, cada vez mais o elemento digital”, explicou. Para ela, a saúde deve ser cada vez mais integrada.

João Alceu, vice-presidente da NotreDame Intermédica, lembrou que as fusões e aquisições são de fato extremamente relevantes, pontuando inclusive que ao grupo está atualmente vivenciando um processo de fusão com a Hapvida. Porém, fez questão de enfatizar também que em 2020 foram concretizados vários IPOs. “Foi um ano muito forte para a abertura de capital, além das fusões tanto entre empresas do mesmo segmento quanto as inorgânicas que agregam novos setores”, declarou.

Dando exemplos sobre como a NotreDame Intermédica vem se desenvolvendo, disse que somente em 2020 a marca anunciou 19 aquisições, concluindo 15 delas. “Todas elas financiadas com capital próprio. 2021 tem sido muito interessante e 2022 também será”, completou. O executivo indicou que entre os princípios que estão por trás dessas movimentações estão expansão geográfica, economia de escala, mutualismo, verticalização, concorrência e retorno de investimento. Aproveitou, também, para mencionar o boom de healthtechs que invadem o mercado trazendo soluções pontuais para necessidades dos pacientes e das corporações.

Mudanças, verticalização e descentralização

Para Torelly, CEO do HCor, durante 2020 a grande preocupação estava em conseguir atender toda a população diante da crise do novo coronavírus, mas o país acordará em 2022 com uma indústria da saúde completamente diferente da atual. “Vejo que o segmento de saúde vai ser reinaugurado a partir do ano que vem, com crescimento significativo e um novo conceito onde a população aprendeu a importância de cuidar de si ao longo da vida”.

Passando para a temática da verticalização, segundo Alceu, o grau de verticalização da NotreDame Intermédica é de cerca de 72% e o executivo reconhece que descentralizar é preciso. “Fazemos isso de forma verticalizada pela abertura de centros clínicos menores e mais ágeis”, pontuou. “A regra geral é sempre ir aonde nossos clientes estão. Queremos inclusive aumentar o índice de verticalização”, completou.

LGPD

Recentemente o Grupo Fleury vivenciou um ataque cibernético e durante o debate no Warm-Up FILIS, Jeane mencionou que por eles já estarem há um certo tempo investindo na adequação do grupo para atender às diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), os estragos foram mínimos. “Já vínhamos trabalhando a segurança da informação com investimentos significativos, o que trouxe proteção às nossas bases de dados e nos permitiu reestabelecer o atendimento de forma relativamente rápida”, comentou.

A executiva ainda listou os três pilares principais adotados pela companhia durante esse processo de adaptação: mapeamento rigoroso de todos os processos de coleta e tratamento de dados dos pacientes; elevação dos níveis de segurança da informação; e mudança cultural por meio de treinamento e políticas de privacidade de dados.

Um ponto relevante trazido por Torelly ao debate foi a necessidade de apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS). “Me preocupa não falarmos do sistema público, onde muitos hospitais não têm as questões fundamentais para implementação da privacidade de dados”, disse ele que participa de um movimento onde profissionais da saúde estão doando tempo para auxiliar as instituições públicas a fim de reduzir a desigualdade.

5º FILIS

A 5ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS) será realizada de forma 100% digital nos dias 13 e 14 de outubro. A programação, que conta com palestrantes internacionais e grandes nomes do mercado brasileiro de saúde, está disponível bem como as inscrições, que são gratuitas. Clique AQUI para conferir.

Wilson Shcolnik coordena mesa redonda durante 2º Congresso Virtual da SBPC/ML

Foram realizadas quatro palestras com temas atuais e relevantes ao cenário da medicina diagnóstica

13 de setembro de 2021

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) marcou presença no 2º Congresso Virtual da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML). O encontro, que teve a transformação digital como tema principal, foi realizado entre os dias 7 e 11 de setembro. Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, foi o coordenador da mesa redonda “Desafios Laboratoriais do Século XXI”.

Foram, ao todo, quatro palestras com temas distintos, mas que contribuem de forma relevante com os principais debates conduzidos hoje no campo do diagnóstico. Confira, a seguir, os destaques de cada apresentação:

Burnout e inteligência emocional: os seus colaboradores vão bem?

A primeira palestra, comandada por Marina Reis, professora de gestão de pessoas e desenvolvimento humano, abordou burnout e inteligência emocional. Em sua apresentação, Marina enfatizou que para que a saúde esteja, de fato, no centro das empresas, é necessário aderir ao conceito de responsabilidade compartilhada. Segundo a especialista, o local de trabalho é um ambiente que ensina a cuidar da saúde. “O que temos visto nas grandes empresas são processos grandes de autogestão, autoconhecimento e principalmente autocuidado”, declarou.

Considerando que não há como falar em cuidado sem mencionar saúde mental, Marina comentou que antes mesmo da pandemia o Brasil já tinha altas taxas de ansiedade, e o novo coronavírus piorou esse cenário. Diante de tantas incertezas, o que a especialista incentiva é que todos tomem cuidado com o viés de negatividade. Para isso, levou ao congresso uma interessante frase de Rick Hanson, psicólogo norte-americano e autor de conteúdos sobre neurociência: “a nossa mente é velcro para coisas ruins e teflon para as coisas boas”.

O que Marina frisou foi que o medo é uma defesa, mas que não podemos viver o tempo inteiro com medo. “Precisamos ter esse cuidado para que nossa mente não permaneça sempre grudada a coisas negativas, senão teremos uma ansiedade exacerbada”, disse.

Depois de mencionar que estamos saindo do mundo VUCA (acrônimo em inglês para volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade) e entrando no mundo BANI (acrônimo em inglês para frágil, ambíguo, não-linear e incompreensível), a especialista encerrou sua apresentação com quatro focos para que consigamos prevenir o burnout: atenção plena, consciência emocional, conexão com o propósito e resiliência.

Medicina personalizada

Na sequência da palestra de Marina, a mesa redonda recebeu Armando Fonseca, médico especialista em pediatria e membro da SBPC/ML e de outras entidades do setor, para explicar a história e as vantagens da medicina personalizada, bem como a participação do diagnóstico nesse contexto.

Trazendo imagens históricas que demonstram que, a princípio, as doenças eram atribuídas a castigos divinos, Fonseca declarou que mesmo diante de cenários tão distintos da nossa atual realidade, é possível atribuir o conceito da medicina personalizada há Hipócrates, considerado o “pai da medicina” que viveu há mais de 2.300 anos. “Hipócrates já falava em personalização da medicina quando atrelava a alteração dos fluidos biológicos às doenças”, disse.

Enfatizando que não há uma competição entre a medicina tradicional e a medicina personalizada, Fonseca relembrou a importância do Projeto Genoma Humano para a evolução da ciência e mencionou um marco histórico para o Brasil. “No final de 2019, um projeto da USP sequenciou 15 mil genomas em uma plataforma de pacientes focada em relacionar manifestações clínicas e expressões da doença ao genoma. Isso nos inseriu no mundo da genômica definitivamente”, declarou.

O especialista também enfatizou o importante papel dos exames diagnósticos para a consolidação da medicina personalizada. Segundo ele, diagnosticar e tratar pacientes com base em suas características genéticas é o que prevê a medicina personalizada, além de acelerar a resolutividade para atenuar custos do sistema. Fonseca, inclusive, mencionou um dado do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico que reforça que até 70% das decisões clínicas são fundamentadas nos resultados de exames.

Ao longo de sua apresentação, Fonseca trouxe uma frase interessante atribuída ao médico Michael Yurkewics e que diz respeito ao diagnóstico individualizado: é mais importante saber que tipo de pessoa tem aquela doença, do que saber que tipo de doença tem aquela pessoa.

Telemedicina no laboratório clínico

Com a pandemia de COVID-19, a telemedicina cresceu de forma exponencial não só no Brasil, mas no mundo. Para tratar desse tema, a mesa redonda recebeu Eduardo Cordiolli, gerente médico de telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein e presidente da Saúde Digital Brasil.

Segundo Cordiolli, a mídia vem destacando os avanços da telemedicina, porém enquanto algumas reportagens declaram que as teleconsultas podem crescer até 15% ao ano, ele acredita que o desenvolvimento é muito mais agressivo. “Em 2021 falavam em 7,5 milhões de consultas virtuais e já passamos de 10 milhões. Acredito que o crescimento pode chegar a 80% ao ano”, disse. Para complementar essa percepção, o especialista declarou que em 2015 atendia um caso virtualmente por dia, em 2020 passou a atender 60 casos diários por meios digitais.

Há uma percepção de que esse crescimento não está atrelado apenas à necessidade de distanciamento gerada pelo novo coronavírus, os pacientes parecem aprovar a ideia de serem atendidos de forma remota. Trazendo dados europeus, Cordiolli mencionou o caso de um ambulatório espanhol que foi fechado durante a primeira onda de surtos, realizando apenas atendimentos remotos, e quando, posteriormente, foi reaberto, notou que 91% dos pacientes gostariam de continuar os atendimentos pela telemedicina. “A ideia de melhorar a experiência é tão forte que os pacientes querem a telessaúde”, disse.

Porém, como essa digitalização pode chegar à medicina diagnóstica? Segundo o especialista, os laboratórios clínicos, por exemplo, estão seguindo caminhos baseados em coleta domiciliar, testes point-of-care e aquisição de equipamentos portáteis de ultrassonografia. Isso, claro, do ponto de vista do contato entre profissional de saúde e paciente.

Paralelamente há toda uma atividade fundamental depois que os exames são coletados, e nesse momento a telessaúde pode se fazer ainda mais presente para atingirmos a quádrupla meta: acesso, equidade, qualidade e eficiência. “Se temos uma tecnologia possível, é desejável do ponto de vista humano, sustentável e viável, conseguimos produzir algo que mudará a saúde para melhor”, pontuou.

Para finalizar, reforçou que a telepatologia é muito importante, visto que há uma carência de médicos patologistas em determinadas regiões do país, e mencionou as quatro formas com que ela pode ser aplicada:

  • Estática – Quando a amostra é fotografada e a imagem enviada para análise em outro local
  • Dinâmica – Quando um técnico manipula a lâmina sob orientação de um médico à distância
  • Robótica – Quando o médico manipula, à distância, o microscópio
  • WSI – Quando toda a lâmina é fotografada em alta resolução e encaminhada para o médico, que consegue manipular a imagem para a análise
  • Híbrida – Mescla outras formas e permite a análise tanto da imagem quanto do microscópio se necessário for

Aquisição, associação ou terceirização: tendências do mercado

A última palestra da mesa redonda comandada por Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, foi conduzida por Fabio Sodre, médico patologista clínico, e trouxe, de forma didática, conceitos, vantagens e desafios de três processos que vem sendo muito vivenciados pelas empresas do setor de diagnóstico: aquisições, associações e terceirizações.

Em sua apresentação, Sodre falou sobre as tendências relacionadas a cada um desses formatos. “Nunca tivemos tantas aquisições no mercado de saúde brasileiro. As taxas de juros, apesar de crescentes, estão em níveis mínimos; há muito capital parado no mercado privado e os bancos estão retomando a confiança”, disse. Sobre associações, mencionou que diante desse cenário de múltiplas fusões, aqueles laboratórios que não querem ser adquiridos podem optar por se associarem e, quanto à terceirização, mencionou que a Lei nº 13.249 trouxe segurança jurídica fazendo com que as empresas pudessem terceirizar e, assim, focar nas vantagens competitivas e na busca por crescimento significativo.

O especialista também explicou um pouco mais detalhadamente cada processo.

O primeiro tópico abordado foram as fusões e aquisições e Sodre enfatizou que esse é um processo que sempre visa a geração de valor para o acionista, buscando sinergias entre as empresas. “A proposta é que as duas companhias juntas obtenham resultado melhor do que a somatória dos resultados individuais de ambas”, explicou.

Entre as armadilhas que precisam ser superadas, enfatizou que não basta apenas avaliar o balanço da empresa que vai ser adquirida, é preciso checar se aquela é a empresa “certa”. “Temos que observar a complementaridade, as sinergias e como está a cultura de cada empresa para que seja feito um processo suave de integração”, disse.

Ao falar sobre as associações, quando há união de empresas com o objetivo de conquistarem, juntas, benefícios e desenvolvimento mútuo, Sodre apontou como benefícios o fortalecimento da capacidade de ação, a criação de soluções efetivas, e a possível redução de custos junto a fornecedores. “Há, também, a criação de confiança entre os associados para uma livre troca de ideias”, pontuou. Entre as dificuldades, destacou o processo mais lento de tomada de decisão, a presença de interesses divergentes, a possibilidade de uma gestão tendenciosa e a necessidade de tempo para interação entre os associados.

Por fim, o especialista falou sobre a terceirização, processo muito utilizado por grande parte dos laboratórios clínicos nacionais que comumente contratam empresas para realização de serviços tanto atrelados à sua atividade fim, porém mais complexos, quanto complementares à sua atividade como limpeza, segurança e portaria. “A terceirização permite a rápida tomada de decisão sem custos adicionais relativos à demissão e a transformação de um custo que antes era fixo, em variável”, explicou.

A saúde tem voz junto à ANPD – Seremos ouvidos e trabalharemos pela adequação

Assinado por Marcos Ottoni, da CNSaúde, artigo detalha cenário da aplicação da LGPD no Brasil

9 de setembro de 2021

Com o início da vigência da Lei nº 13.709/2018 (LGPD), ocorrido em setembro de 2020, bem como de suas sanções a partir de agosto de 2021, uma das principais preocupações do setor de saúde é assegurar que seus anseios e preocupações sejam ouvidos pelas autoridades reguladoras.

A boa notícia é que conseguimos uma das 23 cadeiras no Conselho Nacional de Proteção de Dados – CNPD, o qual auxiliará a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) no processo de regulamentação da LGPD. Agora, será possível ao setor apresentar suas peculiaridades e complexidades, bem como propor sugestões de como realizar uma eficiente gestão de nosso principal insumo (dados pessoais), sem deixar de lado a privacidade e o devido cuidado com as informações de nossos pacientes.

Além disso, poderemos participar, de forma ativa, do processo de regulamentação da norma junto à ANPD, órgão que também possui a atribuição de normatizar, educar e conduzir o processo de aplicação de sanções.

Um ponto importante, e que precisa ser destacado, é que não devemos encarar a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) como uma ameaça ao dia a dia do setor. Sabemos que a norma busca trazer uma profunda mudança de cultura organizacional no que tange ao tratamento de dados pessoais, e que esse é um processo que requer investimento e atenção. Porém, esse movimento em prol de uma eficiente governança de dados, além de caminhar no mesmo sentido de diversos países, especialmente europeus, permite ganhos de eficiência através da revisão de diversos processos internos e aprimoramento de práticas de compliance.

A Cisco divulgou um estudo que inclui empresas brasileiras e revela retornos positivos das organizações que investem nessa adequação. Segundo o relatório, para cada US$ 1 aplicado, o retorno é de US$ 2,70. Entre os reflexos, surgem melhorias de eficiência e de governança. Essa é uma boa oportunidade, e não uma amarra.

O importante, agora, é nos atentarmos à essa adequação lembrando, sempre, que a LGPD é uma lei principiológica com foco na regulação responsiva. Ou seja, ao contrário das legislações em que o binômio “comando e controle” eram a regra, a norma permite que as empresas e instituições se adequem à lei mediante a definição de suas próprias condutas de governança, lastreadas em análises de risco próprias e nos princípios legais existentes.

Enquanto isso, a ANPD pretende executar suas atribuições em três momentos bem definidos. O primeiro é o processo de regulamentação da Lei, mediante a realização de debates e consultas públicas, de forma bastante transparente. O segundo será promover o processo de conscientização e educação da sociedade quanto à importância das regras de privacidade e proteção de dados para os setores púbico e privado. E, em um terceiro momento, após a efetiva definição das regras, a Autoridade irá exercer o seu papel sancionador em sua plenitude. Assim, ao contrário do que muito se apregoa, o que vemos é que a Autoridade não está focada, neste momento, em punir, mas sim em normatizar e educar.

E quais devem ser os pontos de atenção iniciais do setor de saúde e, principalmente, das empresas de medicina diagnóstica? Primeiramente podemos pensar em quatro linhas principais:

  • Coleta de dados e a observância dos princípios da Lei – A empresa precisa avaliar o processo de coleta de dados para que seja possível verificar se as informações tratadas são necessárias, adequadas, e que tenham uma finalidade clara e amparada em uma base legal legítima, sempre buscando a coleta do mínimo necessário. Neste ponto, temos de rever o nosso dia a dia, a forma como trabalhamos, identificar o ciclo de vida desses dados e não enquadrar o tratamento em apenas uma base legal, como o consentimento, por exemplo.
  • Compartilhamento – Hoje o compartilhamento de dados é um dos grandes desafios do setor, já que os prestadores precisam compartilhar dados com o Governo Federal, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, Agências Reguladoras, e eventualmente com Operadoras de Planos de Saúde e outros players. Para a medicina diagnóstica o desafio é enorme, já que o segmento gera um grande volume de informações sensíveis e de extrema importância, cujo compartilhamento deve estar rigorosamente embasado em uma base legal clara.

  • Treinamento – Precisamos mudar a cultura das empresas e treinar nossas equipes para a importância da privacidade e proteção dos dados de nossos pacientes e colaboradores. Inicialmente, esse é o foco mais importante para uma empresa, ao invés de investirmos em projetos complexos e caros. Se conseguirmos o apoio dos nossos colaboradores para que todos entendam a necessidade de uma eficaz governança de dados, o sucesso do respectivo projeto de adequação será inevitável.
  • Segurança da informação – Recentemente o Valor Econômico publicou uma matéria que relata que, entre 2019 e 2020, as tentativas de invasão subiram 715%, sendo o setor de saúde um dos mais visados. De fato, o número de ataques contra o setor aumentou exponencialmente, seja em razão de uma atuação cada vez mais elaborada e arrojada de grupos de hackers, mas também diante de diversas vulnerabilidades estruturais existentes, seja do setor público ou privado, em decorrência da falta de investimentos em tecnologias de segurança da informação bem como em treinamento de funcionários. A segurança da informação passou a ser item obrigatório e prioritário para todas as empresas e em especial as do segmento de saúde.

Verifica-se que tais preocupações iniciais buscam assegurar o uso transparente e eficiente dos dados pelo setor, diminuindo-se os riscos de ferir ou afrontar direitos dos titulares.

Essa mudança de postura diante do tema é fundamental, pois sabemos que nosso segmento utiliza dados pessoais para as atividades mais básicas, seja para uma anamnese, para uma prescrição médica, realização de exames, identificação de doenças e prescrição de um tratamento.

Além disso, o advento das novas tecnologias, o uso da internet das coisas, a inteligência artificial, e o big data, associados à telemedicina e a um modelo de gestão da saúde trazem novos desafios envolvendo a privacidade e proteção de dados. E em um contexto de pandemia como o presente momento, ficou evidente, também, a importância do uso dos dados para a realização de pesquisas clínicas e científicas para o bem de toda a humanidade.

Neste contexto, compreender os princípios da LGPD, investir na mudança de cultura e garantir que os dados possam ser tratados em prol do desenvolvimento da saúde e da segurança dos pacientes é mandatório para os prestadores de serviços de saúde, e em especial para o setor de medicina diagnóstica.

* Marcos Ottoni é conselheiro do Conselho Nacional de Proteção de Dados e Coordenador Geral Jurídico da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde)

Abramed leva importantes debates sobre medicina diagnóstica à Digital Journey by Hospitalar

Apresentações da entidade abordaram LGPD, Medicina Diagnóstica Hospitalar e Inteligência Artificial

9 de setembro de 2021

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) teve uma participação bastante forte na segunda edição da Digital Journey, programação virtual promovida pela Feira Hospitalar. O evento, que teve início em 16 de agosto, contou com três encontros conduzidos pela Associação no dia 30 abordando temas extremamente relevantes para a comunidade de medicina diagnóstica nacional: Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), Limites da Medicina Diagnóstica Hospitalar e Inteligência Artificial.

“Para aproveitarmos a oportunidade de mostrar um pouco mais do setor de medicina diagnóstica para o público da Digital Journey, trouxemos alguns temas muito relevantes. Tenho certeza de que esses debates blindaram o público com informações importantes sobre o segmento”, mencionou Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, na abertura das sessões.

Confira, abaixo, os links para as coberturas completas de cada uma das apresentações:

Proteção de dados em Medicina Diagnóstica
Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed
Rogéria Leoni Cruz, diretora Jurídica e Data Protection Officer do Hospital Israelita Albert Einstein
COBERTURA COMPLETA

Medicina Diagnóstica Hospitalar – Quais são os Limites?
Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed
Marcos Paulo Novais Silva, superintendente executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge)
Alessandro Ferreira, vice-presidente Comercial e Marketing do Grupo Hermes Pardini
COBERTURA COMPLETA

Inteligência Artificial como facilitadora do acesso ao diagnóstico e redutora das disparidades sociais
Cesar Higa Nomura, superintendente de medicina diagnóstica do Hospital Sírio-Libanês e membro do Conselho de Administração da Abramed
COBERTURA COMPLETA

PL 7.419/2006 – Abramed apresenta cinco pontos de atenção para o setor de medicina diagnóstica

Em audiência pública, Wilson Shcolnik representou o segmento no debate sobre alterações nos planos e seguros privados de assistência à saúde

9 de setembro de 2021

A 7ª Reunião Extraordinária da Comissão Especial destinada a proferir pareceres quanto ao Projeto de Lei 7.419/2006, realizou, no dia 1º de setembro, uma audiência pública para que diversos setores da saúde pudessem debater as questões relativas aos prestadores de serviço atuantes no sistema de saúde suplementar do país. Presidida pela deputada Soraya Manato (PSL-ES), a comissão tem, como relator, o deputado Hiran Golçalves (PP-RR).

Na ocasião, Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), apresentou cinco pontos de atenção na visão dos laboratórios e clínicas de diagnóstico por imagem.

“A Abramed é formada por empresas de diferentes naturezas que, juntas, realizam mais de 50% de todos os exames do sistema suplementar, sendo que muitas delas também atendem o Sistema Único de Saúde (SUS). Na pandemia de COVID-19, que estimamos terem sido realizados 35 milhões de exames, nossas associadas foram as responsáveis por efetuar cerca de 70% deles. Temos associados em todo o país e entendemos ser necessário dar ênfase a cinco pontos nessa discussão”, disse Shcolnik ao iniciar sua apresentação.

Confira, abaixo, os cinco tópicos apresentados pelo executivo:

Regras de contratualização – Apesar da Lei nº 13.003, o setor de medicina diagnóstica não tem recebido o repasse dos reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Além disso, há a existência das glosas, ou seja, serviços que foram prestados e faturados, mas foram contestados sem razão clara. “Sem a remuneração justa, corremos o risco de termos redução da qualidade dos serviços, prejudicando todos os beneficiários da saúde suplementar”, pontuou Shcolnik.

Desperdícios em saúde – Problema que deve ser visto com seriedade por afetar a sustentabilidade do sistema, os desperdícios existem e precisam ser combatidos. Porém, é preciso compreender que há uma inversão na pirâmide etária, ou seja, há o envelhecimento populacional somado a um aumento no número de doentes crônicos. Para essa população, os exames complementares são essenciais, pois as doenças precisam ser gerenciadas e o tratamentos controlados.

“Há uma tendência global de aumento no número de exames complementares e precisamos mudar a ótica de atenção à saúde, incentivando a promoção e a prevenção. Para isso, os exames complementares são indispensáveis”, esclareceu. O presidente também mencionou a relevância da medicina personalizada que, baseada em resultados de exames laboratoriais, é uma ferramenta que traz economia ao indicar a direção exata de tratamentos efetivos.

Substituição de prestadores de serviços não hospitalares – A substituição de hospitais nas redes credenciadas é feita com tratamento apropriado que protege o beneficiário ou a empresa contratante, mas não há essa mesma atenção na substituição de prestadores não hospitalares, como laboratórios e clínicas de diagnóstico por imagem. Ainda dentro desse contexto, há uma necessidade de envolver critérios de qualificação para evitar que o beneficiário perca prestadores ou os veja sendo trocados por outros que não são equivalentes. Segundo Shcolnik, o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde ainda não oferece um campo referente a qualificação para inserção de dados como certificados de acreditação.

Regulação de Prestadores de Serviços de Saúde pela ANS – “Nosso setor, por meio da Abramed, é contra a regulação de prestadores por considerar que ao longo de 20 anos de existência da ANS temos coexistido de forma pacífica e harmoniosa”, pontuou o executivo lembrando que os prestadores de serviço já são rigidamente regulados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que exige o seguimento de diversos critérios para minimizar ou eliminar os riscos sanitários.

Respostas aos novos desafios da saúde suplementar – O setor de medicina diagnóstica vem se adaptando a novos formatos de ofertas de serviços. Durante a pandemia de COVID-19, por exemplo, fortaleceu os atendimentos domiciliares e otimizou as informações em saúde para que esses dados pudessem balizar a tomada de decisão em benefício dos pacientes. “Ao mesmo tempo, temos adotado, em contratos com operadoras de planos de saúde, novas formas de remuneração a fim de atender às demandas do mercado”, complementou.

Após elencar os pontos de atenção quanto as mudanças ensaiadas pelo PL 7.419/2006, Shcolnik agradeceu a oportunidade dada à Abramed para expor as particularidades da medicina diagnóstica e agradeceu à ANS. “Reconhecemos o esforço da Agência que, enquanto não temos um marco regulatório, reativou a Câmara Técnica e agradecemos a incorporação ao Rol de novos procedimentos em caráter excepcional durante a crise de COVID-19, visto que esses exames têm sido essenciais para diagnosticar e gerenciar a gravidade da doença, principalmente nos pacientes hospitalizados”, disse.

Em sua declaração final, o relator Gonçalves enfatizou que a comissão visa ouvir todos os componentes do setor. “Essas audiências têm sido muito explicativas, auxiliando no meu convencimento e na ideia do que devemos construir em nosso relatório”, disse.

Além de Wilson Shcolnik, que representou a Abramed, também participaram da 7ª Reunião Extraordinária da Comissão Especial, Gustavo de Barros Macieira, gerente de análise setorial e contratualização com prestadores da Diretoria de Desenvolvimento Setorial da ANS; José Fernando Macedo, diretor de Defesa Profissional da Associação Médica Brasileira (AMB); Salomão Rodrigues Filho, segundo tesoureiro do Conselho Federal de Medicina (CFM); e Carlos Fernando da Silva, representante da Federação Nacional dos Médicos (Fenam).

É possível assistir à reunião na íntegra AQUI.